Fanfics Brasil - Doce descoberta - adaptada

Fanfic: Doce descoberta - adaptada


Capítulo: 30? Capítulo

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O telefone não parava de tocar. Dulce finalmente esten­deu a mão até o aparelho no criado-mudo e atendeu


— Dulce?


Ela suspirou. Era um esforço necessário para cessar o tormento.


— Anahí, não quero conversar. Tomei um calmante e gostaria de dormir. Por favor...


— Só um comprimido?


— Só — confirmou, desanimada com a preocupação da irmã. — Boa noite.


Desligou o telefone e ajeitou-se na cama, de costas para o lado vazio, o lado de Christopher, determinada a bloquear qualquer pensamento. Queria... precisava... de alívio por uma noite. No dia seguinte pensaria em tudo o que acontecera. Era difícil demais, confuso demais, terrível demais lidar com os fatos naquele momento.


Trapaceira!


Fechou os olhos com força e desejou que a palavra perturbadora parasse de ecoar em seu cérebro.


Trapaceira... trapaceira... trapaceira...


Não era verdade... não era! Fizera concessões em tudo. Até...


Simplesmente, Christopher não entendia o que significava para ela ter um bebê... como era devastador ver seu corpo rejeitar o que ela mais de­sejava. Não tinha nada a ver com Memo. Nada!


Automaticamente, tateou o ventre. O espaço vazio doía. Não tole­raria mais fazer sexo com Christopher, sentindo-o no lugar onde perdera o bebê. Não era justo da parte dele esperar isso dela... não era justo... A aliança não significava que ele podia tomá-la sem seu consentimento, embora ele pudesse achar que ela barganhara daquela forma... nada de sexo sem casamento.


Trapaceira...


Não... não...


Não daria certo se não fosse mútuo. Pelo menos, Christopher percebera o fato e a deixara, sozinha, sozinha com o vazio que não suportava e não podia preencher.


Embalou-se angustiada, embalou-se para dormir e entregou-se à inconsciência, flutuando em sonhos perturbadores, nos quais tudo o que buscava lhe escapava e se transformava em nada.


Então, um ruído forte começou, insistente, forçando-a a emergir do sono. Era dia. Fechou os olhos novamente. O dia seguinte chegara, e ainda não queria encará-lo.


Trapaceira...


Contorceu-se enquanto a palavra voltava a atormentá-la.


O ruído era a campainha. Desesperada em entregar-se a qualquer distração, levantou-se da cama, vestiu um penhoar e foi à porta, amar­rando o cinto e ajeitando os cabelos. Uma coisa era certa. Não era Christopher. Ele usaria a chave.


Abriu a porta, resignada a ter de lidar com alguém. Exceto que esse alguém era Anahí, que entrou no apartamento sem ser convidada. Ela estava sozinha, sem Marcelino, e Dulce achou melhor assim, embora ima­ginasse quem se encarregara do bebê.


— Vai dormir dia e noite? — indagou a irmã, mostrando determi­nação para brigar.


Dulce suspirou e desejou que Anahí tivesse ficado longe.


— Que horas são?


— Hora de você cair em si.


— Oh, não comece...


— Farei mais do que isso. Estou cheia da sua falta de sensibilidade, Dulce. Crucificou um homem decente, e vou fazer você reconhecer isso nem que seja a última coisa! — Anahí olhou-a de cima a baixo. — Vou lhe fazer um café antes. E acredite, isto é amor fraternal!


Ela foi para a cozinha antes que Dulce se recuperasse do ataque repentino. Crucificar? Sentiu um arrepio cora a palavra. Rapidamente, convenceu-se de que a irmã exagerava, como sempre fazia quando es­tava preocupada. Christopher devia ter lhe telefonado, embora com certeza não tivesse comentado nada sobre a noite anterior.


Trapaceira...


Estremeceu e foi atrás da irmã, encontrando-a junto à cafeteira elétrica.


— Não sei o que Christopher lhe disse...


— Ele me telefonou porque estava preocupado com você, Dulce, — Anahí fitou-a condescendente. — Você, que não deu a mínima para ele desde que abortou. Como se não fosse o filho dele também.


Dulce sentiu-se culpada e envergonhada. Estivera tão imersa na pró­pria dor que não vira o sofrimento dele... E Christopher devia ter sentido a perda, querendo o bebê tanto quanto ela. Ele até declarara isso na noite anterior. Devia ter reagido, mas o peso em seu coração era grande demais para se abalar por ele.


Anahí instalou o coador na cafeteira e ligou-a, sempre com movi­mentos nervosos.


— Nunca pensei que diria isso da minha própria irmã... —Voltou-se e encarou-a. — Mas você é uma miserável egoísta e cega, Dulce.


Em choque, Dulce abriu a boca para falar, mas Anahí não deu chance:


— Tomar o amor de Christopher e fazer o que fez a ele... tratando-o como se fosse nada... dando-lhe as costas... desconsiderando-o...


— Espere um pouco! Christopher nunca disse que me amava.


— Não, acho que ele não se revelou. — Anahí ergueu o queixo, desafiando uma negativa. — É o tipo de homem que não diria isso porque você já havia dito que não o amava. E você confirmou isso nas últimas semanas, não? Deixou bem claro, para que ele não tivesse a que se agarrar.


Dulce enrubesceu, mas procurou se defender.


— Amor nunca entrou no nosso casamento — esclareceu. — Desde o começo...


— Christopher estava perdidamente apaixonado por você, Dulce — informou Anahí, com um olhar compassivo. — Isso ficou claro para a família toda no batizado de Marcelino. Pergunte a qualquer um. Pergunte a qual­quer convidado do casamento. Só você estava cega. Só você...


— Não, está enganada! Ele se sentia fisicamente atraído por mim, sim. E queria uma família...


— Com você. Porque era você — impôs a irmã, sem dó.


— Não... — Dulce meneou a cabeça convicta. — Porque ele estava pronto.


— Ele a amava — repetiu Anahí, inabalável. — Ele a adorava. Você sempre foi o foco das intenções... cuidar de você, fazer o que a satisfazia... ele fez tudo o que podia para fazer você feliz. — Fez uma pausa, meneando a cabeça ante a estupidez cega. — Aceite, Dulce. Não é luxúria. E amor em letras maiúsculas.


Christopher era aquele tipo de homem, percebeu Dulce. Ele tratava a mãe da mesma forma. Via-se... Ele amava a mãe.


— E aposto o que quiser como ele achou que, se lhe desse todos os seus sonhos, você viria a amá-lo também — continuou Anahí. — Mas o primeiro sonho se desfez e você mostrou que ele não valia mais nada para você, não foi?


Dulce massageou as têmporas. Não quisera magoar Christopher. Só que... não podia...


— Não se incomode com tudo o que ele fez para ajudar você — prosseguia Anahí, irônica. — Não se importe com a necessidade dele de partilhar o que ambos sentiam, para continuarem em frente, a ne­cessidade dele de companheirismo que ele pensou ter conseguido com o casamento. Ele não perdeu só o filho, você lhe tirou tudo o que havia prometido também.


Trapaceira...


— Christopher demonstrou amor por vocês nessas últimas semanas, Dulce. Ficou óbvio para mim e para mamãe que ele estava desesperado para que você estivesse novamente com ele, em vez de perdida em seu mundo. Não sei o que aconteceu entre vocês ontem à noite, mas imagino. Você deve ter dilacerado o resto de esperança que Christopher tinha em chegar ao seu coração. Mesmo assim... mesmo assim... ele se importou com você... pedindo a mim que verificasse se você estava bem, para garantir que você ficasse bem.


Dulce não captara o desespero dele. Na verdade, não. Passara em branco. Ele ficara tão zangado... e a atitude violenta...


— Vai continuar fazendo de conta que ele não a ama? — desdenhou Anahí, impiedosa.


— Eu... ele nunca disse... — Dulce não conseguia raciocinar direito. Ergueu as mãos para afastar as acusações. As lembranças voltavam... Christopher se declarara... de várias formas. Mas simplesmente não atinara.


A última noite da lua-de-mel... Não me importo em banir as rosas de nossa vida... Não me pareceu conveniente... e na noite anterior... Eu me casei com você por você. Não interpretara aquelas palavras pelo que significavam. Ignorara-as, relacionando-as ao orgulho de Christopher e não ao amor.


A cafeteira apitou.


— É melhor se sentar antes que desmaie — aconselhou Anahí, fria. — Vou lhe trazer o café.


Sim, sentia-se fraca. Foi para a sala. Os pratos com o resto do jantar que Christopher preparara ainda estavam na mesa, a comida gelada. Apoiada no encosto da cadeira, fitou o desarranjo do prato, sabendo que o com­promisso que selara com Christopher estava em pior estado.


Se quer o divórcio, basta dizer.


Falara de forma tão indiferente, insensível. Enquanto ele...


Arrepiada, agarrou-se à cadeira com mais força, enquanto doloro­samente reconhecia a verdade que Anahí lhe atirava. Agira de forma cega e egoísta em relação a Christopher. Ele chegou a citar Memo... Emitira todos os sinais, mas ela não vira.


— Oh, ótimo! — Anahí apreciou o caos, pousou as canecas de café na mesa e retirou os pratos. — Pode se sentar agora — autorizou, enquanto voltava para a cozinha.


Dulce se sentou. Não tinha mais forças para lutar. Anahí voltou e sentou-se à mesa, determinada a solucionar o pro­blema.


— Não sinto pena de você, Dulce — esclareceu. — Não é a única mulher a sofrer um aborto. Teve sorte por ter acontecido com seis semanas.


Dulce franziu o cenho. Sorte?


— Algumas mulheres carregam o filho por muito mais tempo antes de perdê-los. Chegando até a seis meses...


— Não! Não continue... com isso — implorou Dulce.


— Imagino a decepção, mas pelo menos aconteceu rápido — retomou Anahí, mais gentil. — E o médico disse que não há motivo para não tentarem novamente.


Dulce imunizou-se ao argumento. Repugnava-lhe a idéia de tentar novamente. Parecia errado. Mesmo que Christopher a perdoasse pela mágoa que ela infligira... não, não podia fazer isso.


Anahí continuou argumentando.



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Autor(a): natyvondy

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Dulce permaneceu quieta, esperando que a irmã acabasse. Finalmente, Anahí terminou, após revisar cada questão de consciência que lhe passara despercebida. E fez um excelente trabalho, pensou Dulce, triste e irônica. Não havia volta. Não se tratava mais de um casamento de conveniência, não com o amor de Christ ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 904



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  • stellabarcelos Postado em 13/04/2016 - 01:10:57

    Que fanfic linda! Amei amei amei

  • larivondy Postado em 18/10/2013 - 21:50:05

    noossa, Dul meio egoísta mas tadinha, tava mals, ameei a web!!

  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:24

    Sei que você já terminou de postar aqui a algum tempo, talvez nem venha mais aqui, eu também já terminei de ler a algum tempo, mas esqueci de dizer e preciso comentar, esta foi uma das mais belas histórias que eu já li no e-novelas.
    Assim como a Jessikavon, também espero que você volte a postar webs aqui algum dia... no mais, você sabe que é minha lindinha e torço muito por você,boa sorte com tudo o que for fazer, te adoro...
    Beijinhos da tua fã que te admira muito, muito, muito e que Papai do céu te abençoe sempre e sempre te ilunine em tua caminhada... *-*

  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:23

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  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:23

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  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:22

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  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:21

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  • anjodoce Postado em 31/12/2009 - 03:05:21

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