Naquela noite, naquela primeira e única noite de amor entre os dois foi a coisa mais importante que poderia acontecer, Anahí saiu da cama em meio a seus medos, o desanimo pela vida a fazia se arrastar em cada simples passo a caminho do banheiro.O telefone tocou e ela mudou o trajeto com o mesmo ânimo.
Anahí: Alô - sentou-se na cama sem a menor das vontades.
Rodrigo: Bom dia gata - sorriu e ela se esforçou para ao menos ser simpática. - Imagino que hoje sendo sábado a senhorita queira fazer algo diferente. - tentou. No fundo Rodrigo sabia que o que Anahí mais desejava era se enfiar novamente no hospital, local onde ninguém a deixava entrar fora dos horários programados.
Anahí: Bela tentativa - sorriu. Suspirou desanimada - A mãe do Poncho me ligou ontem a noite, marquei de encontra-la no hospital - confessou e Rodrigo fez careta.
Rodrigo: Se quiser posso acompanha-la - se ofereceu. Anahí gostaria de dizer que não, mas Rodrigo estava sendo um ótimo amigo. Ela sabia que depois do acidente estava insuportável a tal ponto que todos os amigos haviam se afastado, mas Rodrigo permaneceu e ela lhe devia muito.
Anahí: Ok, pode ser - concordou deixando Rodrigo feliz.
Mas um banho em lágrimas, mas lembranças, naquela noite se amaram, dormiram juntos. Na manhã seguinte a aquela noite de amor Poncho à surpreendeu com um maravilhoso café da manhã na cama, fizeram amor mais uma vez e então seguiram para um sitio onde curtiram a natureza, era forma que Poncho encontrou de comemorar, até chegou a hora dela ir para casa, a estrada parecia tranquila até tudo se transformar em dor. Rodrigo os encontrou, havia sido seu anjo da guarda desde então, sempre ao seu lado quando Poncho quase morreu na primeira parada cardíaca, quando convulsionou dias depois, quando a família de Poncho não à queria mais por perto devido seu estado. Ele sempre a compreendeu, sempre tentou ocupar sua mente, mas a verdade é que só Poncho poderia resolver seu problema, bastava acordar do coma.
Quando entrou no hospital entranhou o fato de encontrar todos os familiares de Poncho presente, não que eles não estivessem por ali o tempo todo, mas era estranho que todos estivessem ao mesmo tempo. Ruth quando a viu se aproximou, as duas se abraçaram.
Ruth: Estávamos apenas a esperando – olhou para Rodrigo que vinha logo atrás – Mas ele não poderá entrar contigo – avisou e Anahí olhou para Rodrigo se lamentando.
Rodrigo: Tudo bem, eu espero aqui – disparou sem graça. A verdade é que se sentia muito mal em meio aos familiares de Poncho, mas por Anahí, por tudo que presenciou naquela noite, por tudo que estava acompanhando na vida dela enfrentaria mais essa.
Todos acompanharam até uma pequena sala, à família inteira e Anahí se sentia perdida, não sabia o que estava fazendo ali, na certa a noticia seria boa, não havia ninguém chorando, mas algo lhe apertava o coração, talvez a necessidade daquela reunião se acabar e ela poder estar com o noivo, mesmo que dormindo como nos últimos dez meses, mesmo com o sentimento dor em cada pedaço de seu coração, preferia estar ao lado dele.
Médico: Bom... a senhora Herrera solicitou essa reunião ...porque o filho dela e irmão ou parente de todos aqui presentes está em coma profundo a exatos dez meses como todos sabem. As funções neurológicas provavelmente estão afetadas a ponto de mesmo sem nenhum medicamento ele continua inconsciente, os tramas dos pulmões que foram perfurados pelas costelas é um agravante já que ele precisaria retomar a respiração sozinho para que soubéssemos o grau de comprometimento, as sequelas no cérebro são imaginais... enfim, em vista disso tudo demos uma sugestão aos pais do paciente e ela foi definida ontem de manhã – O clima era tenso, o silêncio profundo ao ponto de deixar Anahí surda, sua respiração já estava irregular, não fazia ideia de que sugestão se referiam, mas algo lhe dizia que não era boa.
A família de Alfonso Herrera era unida ao extremo, os irmãos se amavam, eram super companheiros, Ruth era viúva de seu primeiro casamento e voltou a se casar com Nilton que ocupou o lugar do pai de Poncho como ninguém. Os sobrinhos eram lindos e amados, não havia brigas ou discursões que aquela família não saberia resolver.
Anahí respirou fundo antes de olhar ao redor naquela sala silenciosa, não era possível que ninguém perguntaria qual era a sugestão.
Ruth: Pode continuar doutor, eu não terei condições de contar – solicitou deixando cair as primeiras lágrimas daquela manhã. A verdade é que Ruth também estava sofrendo muito, era açoitada por pesadelos com o filho a chamando, lhe relatando dores, gemendo e isso era torturante. Todas as manhas acordava aos gritos e o marido lhe acalentava. Ver Anahí chorando pelo filho também a maltratava e juntando tudo e mais o cansaço por todos os dias estar dentro de um hospital chegou ao ponto de pedir a Deus lhe levasse logo o filho, que lhe fizesse descansar, que lhe tirasse o sofrimento visto em seus pesadelos. Quando o medico fez a sugestão lhe causou ânsia, mas refletindo achou que aquilo poderia ser um sinal, poderia ser Deus lhe fazendo a vontade do termino do sofrimento do filho. Não era fácil, mas seria melhor.
Médico: O estado dele chamamos de coma irreversível, ou seja, ele não voltará – aquelas palavras eram facas afiadas entrando no corpo de Anahí, ela sentiu as lágrimas escorrerem, não era possível, ele voltaria sim, ele acordaria sim, eles se casariam e seriam felizes – Pensando assim nossa equipe sugeriu o desligamento dos aparelhos – a sala rodou, era muito para uma manhã onde o medo lhe conduziu aquela sala, onde a noite havia sido como as outras, cheias de pânico e saudade. Não podia ser verdade.