Fanfic: Deep Inside | Tema: Romance, drama, comédia

Junho de 2008

    -Maria, telefone pra você - Disse minha vó entregando o objeto do qual eu raramente fazia uso. Logo quando eu estava fazendo mais uma das milhões de casas e famílias que eram inutilizadas logo após a criação no The Sims.

    -Alô? -Eu disse, acreditando que ouviria a voz da Karina como resposta, afinal, ela era a única pessoa que me ligava.

    -Oi Maria...É a Ana Clara...Do colégio.

    Ana Clara. Sim, a garota gordinha de cabelos castanho aloirados com quem eu vinha falando cada vez mais durante as aulas. Branquinha com sadinhas leve e o jeito mais atrapalhado que eu ja vi. A menina trazia certa semelhança a mim mesma com seu jeito meio menino de falar besteira e pensar merda. Esse era o tipo de comportamento que eu nunca tive com a Karina.

    O telefonema se estendeu por uma hora...e depois mais uma. E cada dia que se passava mais telefonemas era feitos e mais horas passavamos no telefone, contando casos sobre a Karina e a Natasha (melhor amiga dela), até o ponto em que deixamos de falar sobre nossas melhores amigas e nos tornamos melhores amigas. Durante anos dividimos paixões adolescentes e sonhos impossíveis. Brigamos mais que um casal de namorados e ficamos, muitas vezes, mais que puta uma com a outra. Ainda assim numa quarta-feira, dezembro de 2013 tive que largar meu afazeres devido a uma janelinha piscando no meu monitor que dizia:

    Ana Clara: Cara, tenho uma parada pra te contar. Posso te ligar?

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Back to 2011

Mais uma vez, o sinal altissímo bateu anunciando o final das aulas naquela manhã. Já havia me despedido de todos e seguia para saída quando o Felipe pós o braço em volta do meu ombro.

-Posso ir pra sua casa?- Ele disse, num tom casual.

-Claro, por que não? - Respondi já acustumada com o novo hábito do garoto de ir para a minha casa depois da escola. Não que a gente fizesse nada muito útil; a gente conversava, via uns vídeos, escutava umas músicas... Felipe morava com o seu pai, com quem tinha um relacionamento bom, mas nada muito íntimo. Como nenhum dos dois sabia cozinhar, o menino contentava-se diariamente a congelados e comida de lanchonete. Por esse motivo, ficava com um sorriso maior que o rosto com os pratos da deliciosa comida caseira da minha vó; e como ele a agradava, ela nunca reclamava das tardes que o menino passava lá em casa.

Já haviamos almoçado quando meu celular vibrou no meu bolso. "Maria, eu e o Rafael estamos indo praí" Disse a Ana Clara que destacou o desvio de rota que fariam pelas Lojas Americanas antes. Rafael era um peculiar garoto com certo toque indiano na aparência. Fazia pouco tempo que tinha se assumido gay, embora todos soubessem muito antes. Ele e Ana Clara tinham adquirido a péssima mania de "pegar emprestado" certas guloseimas e produtos das Lojas em que passavam.