Fanfics Brasil - Paulo Renato Deep Inside

Fanfic: Deep Inside | Tema: Romance, drama, comédia


Capítulo: Paulo Renato

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2010


    Aquele verão tinha sido ótimo. Eu, Karina, AC e Jéssica éramos inseparáveis. Cinema, shopping, tardes de filmes de terror, ou vendo shows do McFly...Tudo era perfeito. Até a mania insistente da Ana Clara de tentar agradar os outros começar a afetar nossa amizade. Depois de uma briga boba, deixamos de ser um quarteto para virar um trio. Trio no qual eu me sentia excluida a maior parte do tempo.


    Fui distaída do meu pensamento quando o barulho no meu ouvido anunciava o recreio. Karina e Jéssica levantaram se preparando para o famoso ritual feminino de andar pela escola inteira a cada intervalo.


    -Vamos na cantina? - Karina perguntou já botando o dinheiro do lache no bolso de sua camisa. Karina era uma garota inteligente, muito magra de cabelos castanhos rebeldes que ano após ano ela tentava domar, cada vez com mais sucesso. Ela usava óculos e aparelhos que acabara de retirar no início do ano. Aquele tipo de garota que é considerada "a nerd" da sala, embora depois de virar braço direito da Jéssica isso estivesse começando a mudar.


   -Não tô muito afim; não gosto de andar pela escola. - Respondi sentando na mesa.


    -Vamos cara.- Jéssica falou sem muita intenção de realmente me animar. - A gorda deve estar cantando com o pessoal do coral de novo, a gente tem que ir ver isso. -Ela riu. "A gorda" era o apelido nada amigável que a garota tinha instituido a Ana Clara.


    Desde que a gente tinha brigado parecia que ela encontrava todas as possibilidades possíveis pra fazer piada com a menina de alguma maneira. Não que isso fosse muito espantoso. Jéssica era o tipo de pessoa que gostava de por os outros pra baixo. Aquela garota que ganha corpo antes de todo mundo e segue todos os caminhos errados; ela se divertia contando a história sobre como não se lembrava de ter perdido sua virgindade: com 12 anos tinha enchido a cara e acordado sem roupa na cama de um estranho com uma camisinha usada do lado. "Não foi díficil adivinhar o que tinha acontecido" ela dizia. Cabelos pretos com mechas vermelhas na ponta, uma paixão louca pela Jimmy Simmons, vocalista do Kiss, jeitinho mimado e uma alimentação a base de hamburguer e coca-cola ela era a imagem perfeita de uma "attention whore punk rock".


    -Não...to com preguiça, podem ir. - Eu disse dispachando as duas garotas pelos corredores antigos do colégio.


    Levantei da mesa e andei em direção ao pátio, onde o Octavio; um garoto negro gordinho que gaguejava com frequência, surpreendentemente egoísta e autoconfiante que eu considerava meu melhor amigo; estava sentado envolto de outros garotos que eu havia conhecido há alguns anos atrás e outros que eu nunca falara, mas conhecia de vista.


    -Octavio!- Eu disse me aproximando- Faz dupla comigo no teste de matemática?


    -Não. - ele respondeu na lata.


    -Por que?


    -Porque você é burra. - Ele disse, fazendo todos em volta rir e lançar comentários com pena de mim.


    -Eu sei que eu sou, por isso preciso de ajuda- Insistia, fazendo todos rirem com a nossa conversa.


    -Me dá um motivo pra fazer isso.


    -Você é meu amiguinho fofo e por isso me ajuda.


    -Não sou não, isso faz eu soar gay.


    "Ajuda a garota, cara" os meninos falavam em volta. Aquilo se estendeu a uma conversa mais elaborada e eu acabei sentando juntos com eles. Muitos daqueles garotos que eu considerava idiotas na minha visão de 11 anos, eram de fato, legais. Passando por tópicos como música, videogames e garotas, a conversa foi fluindo e o recreio acabando. Pouco antes do sinal bater, um dos garotos estendeu a mão com um pedacinho de papel na ponta dizendo:


    -Você é legal. Toma um convite pra minha festa. É no sábado.


    Eu sabia quem ele era. Paulo Renato. O garoto que era amigo do João no 6º ano e que eu considerava um completo loser.


    -Tomo mundo aqui vai. É na tijuca - Ele continuou - Vai ter uma piscina, pode ir com biquini por baixo e tal.


    Demorei um tempo pra assimilar a situação. Olhei pro papelzinho mais uma vez. Era um convite de festinha de aniversário com o Chuck Norris e um textinho a lá 4ª série : "Venha para minha festa, blá blá blá". Ele parecia legal, mas eu não podia ir pra festa dele...Pelo menos não sozinha.


    -Posso levar a Karina e a Jéssica? - Perguntei como impulso.


    -Ammm...Pode. - Ele disse e com isso o recreio acabou.


    Na sala de aula chamei a Karina e Jéssica num canto.


    -O Paulo Renato me chamou pra festa dele. -Disse esperando a reação delas


    -Serio?!- Karina falou caindo na risada.


    -Ahan...tem um convitezinho e tudo, olha. -Falei mostrando o convite.


    -Uhhhhhhh, ele gosta de você - A Jéssica também ria fazendo caras e bocas.


    -Nada a ver cara, ele só me chamou pra festa dele.


    -Claro...-Disse a Karina num tom irônico.


    -Eu perguntei se vocês podiam ir comigo e ele disse que sim. Vocês vão?


    Karina fez uma cara de azedo, mas a Jéssica parecia se divertir com a situação.


    -Vai ter bebida?


    -Deve ter pros adultos.


    -Se eu puder pegar uma cerveja eu vou. - Ela concluiu seu discurso, definindo assim, o que nós três faríamos no próximo sábado.


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Back to 2011


    Rafael e Ana Clara apareceram meia hora depois do telefonema, não só com uma mochila cheia de chocolates e salgadinhos, mas também com uma garrafa de Smirnoff. Sim. Eu tinha um lado errado. Depois de muitas noites chapada de Benflogin, um remédio alucinógeno que eu custumava tomar recreativamente, agora volta e meia saia usava uns goles de vodca pra me divertir com Rafael, AC e Felipe. Brincavamos de verdade ou consequencia e depois de algumas doses de alcool, chupões, amassos, e lap dances rolavam soltas. Sempre com a regra de não nos beijarmos.


    Depois de algumas horas eles foram embora. Deitei no sofá, imersa ao cheiro de bebida e chantilly. Varias embalagens de doces jogadas no chão e a bagunça típica de quando alguém ia na minha casa. A culpa subia a minha cabeça e já me arrependia de todas as coisas fúteis que eu tinha acabado de fazer. Era só todo mundo ir embora pra eu ser tomada por um vazio enorme. O quarto parecia gigante e eu tomada por uma sensação de sujeira. Não uma sujeira metafórica da qual os "pecadores" sentem. Era uma sujeira física mesmo, sentia meu corpo suado e grosso. Corri pro banho e la fiquei por umas duas horas. Era um momento só meu. Adorava o barulho da água batendo na minha cabeça e caindo, como uma chuva sem fim. Sai do banheiro pra encontrar meu quarto todo arrumado pela minha vó, como sempre. Liguei o computador pra falar com o Paulo que ja devia estar me esperando há um bom tempo.



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Autor(a): mavma

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