Fanfics Brasil - Capítulo 13 Gelo Negro- Adaptação vondy

Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 13

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Seguimos nesse ritmo arrastado por mais uma hora. Eu já não conseguia mais ver a estrada — apenas vislumbres passageiros de asfalto preto por baixo do branco ofuscante. A intervalos de poucos metros, os pneus derrapavam e travavam. Pisei mais fundo no acelerador, mas eu sabia que não daria para subir lentamente daquele jeito para sempre. Uma coisa era defender meu orgulho. Outra era nos matar sem necessidade. O carro morreu. Liguei de novo e pisei no acelerador. Vamos lá. Ande. Eu não sabia se estava tentando convencer o carro ou a mim mesma. O motor gemeu e morreu novamente. A subida íngreme, aliada ao fato de a estrada estar coberta de neve, tornava impossível continuar dirigindo. Eu não conseguia sequer ver onde tinha parado, e isso me assustava. Podíamos estar a centímetros de um desfiladeiro. Liguei o pisca-alerta de novo, mas nevava tão forte que ninguém conseguiria nos ver até que fosse tarde demais. Peguei, então, o mapa de Calvin e tentei me orientar. Mas era inútil. Não dava para identificar ponto de referência algum em meio à brancura da neve. Ficamos em silêncio por vários minutos, nossa respiração embaçando as janelas. Fiquei feliz por Korbie, pelo menos uma vez, não falar nada. Não ia aguentar discutir com ela naquele momento. Não parava de pensar nas nossas alternativas. Não tínhamos comida — só na cabana. A sra. Versteeg tinha mandado seu assistente levar a comida para lá no fim de semana anterior, para que não precisássemos levar. Nossos celulares estavam sem serviço. Tínhamos sacos de dormir, mas acampar na estrada à noite era realmente uma opção? E se um caminhão nos atingisse por trás? — Que droga — resmungou Korbie, limpando o vapor das janelas e olhando pasma para todo aquele branco lá fora. Eu nunca tinha visto a neve cair tão forte e tão rápido daquele jeito. Tinha coberto a estrada, e já estava se acumulando. — Talvez devêssemos voltar agora — falei. Mas isso também não era exatamente uma opção. Descer a montanha coberta de neve e água parecia ainda mais perigoso do que subir. E eu já estava exausta do esforço que fizera para chegamos até ali. Uma dor de cabeça infernal começou a me importunar. — Não vamos voltar. Vamos ficar aqui — disse Korbie, decidida. — O Urso deve estar a uma ou duas horas da gente. Ele vai nos rebocar com a picape. — Não podemos ficar no meio da estrada, Korbie. É muito perigoso. Deve haver um acostamento mais à frente. Saia do carro e empurre. — Como? — Não podemos ficar paradas aqui — falei. — Estamos no meio da estrada. Eu não sabia se estávamos no meio da estrada. O chão, as árvores e o céu eram um grande borrão branco. Não havia como saber onde um terminava e o outro começava. E, embora na verdade eu não achasse uma boa ideia mover o carro — não quando não conseguíamos ver nada —, estava cansada das sugestões estúpidas de Korbie. Queria que ela acordasse. — Saia e empurre. Os olhos dela se arregalaram, e logo depois se estreitaram.


 


— Você não pode estar falando sério. Está nevando lá fora. — Tudo bem. Você dirige. Eu empurro. — Não sei dirigir carro com marcha. Eu sabia disso, e fazê-la admitir melhorou meu humor, exatamente como eu esperava. Estávamos presas e eu não tinha a menor ideia de como nos tirar dali. Então, uma sensação estranha tomou conta de mim. De repente fiquei com medo de estarmos com problemas ainda maiores do que imaginávamos. Afastei aquele pensamento assustador e saí do carro. Na mesma hora, o vento e a neve fustigaram minha pele. Procurei meu gorro de esqui de lã nos bolsos do casaco. Cinco minutos na neve e parecia um pano de prato molhado. Eu tinha um chapéu reserva (um boné de beisebol que Calvin tinha me dado no último verão) enfiado em algum lugar no fundo da minha mochila, mas não era impermeável. A única razão para eu tê-lo trazido nesta viagem era a satisfação de devolvê-lo, mandando uma mensagem clara para Calvin de que o havia superado. Enrolei meu cachecol vermelho no pescoço, com esperança de que se saísse melhor do que meu gorro. — Aonde você está indo? — gritou Korbie pela porta aberta. — Não podemos dormir aqui. Se deixarmos o jipe ligado a noite toda, vamos ficar sem gasolina. Se não ligarmos o aquecedor, vamos congelar. Eu olhava bem dentro dos olhos dela, para ter certeza de que minha amiga entendia o que eu estava dizendo. Eu mesma mal entendia. A ideia de que podíamos estar em perigo parecia vagar sem rumo no fundo da minha mente. A ficha não queria cair. Eu ficava pensando no meu pai. Será que ele sabia que estava nevando nas montanhas? Ele podia estar em sua picape agora, vindo nos resgatar. Não estávamos correndo perigo de verdade, porque meu pai viria nos salvar… mas como ele iria nos encontrar? — Mas não era para nevar! — disse Korbie com voz estridente. Se meu pai tivesse previsto isso, ele não teria me deixado sair. Eu estaria em casa agora, segura. Mas pensar isso era perda de tempo. Eu estava ali, estava nevando, e precisávamos encontrar um abrigo. — Você está sugerindo que a gente durma aí fora? — Korbie apontou para a floresta, que parecia escura e assombrada em meio ao redemoinho de neve. Cruzei os braços para manter as mão aquecidas. — Não devemos ser as únicas pessoas aqui em cima — falei. — Se andarmos por aí, podemos encontrar uma cabana com as luzes acesas. — E se a gente se perder? A pergunta me irritou. Como eu ia saber? Eu estava com fome, precisava ir ao banheiro e estava presa em uma montanha. Estava abandonando meu carro em busca de um abrigo melhor, e não sabia se encontraria algum. Meu telefone não funcionava, eu não tinha como falar com o meu pai, e meu coração batia tão rápido que estava me deixando tonta. Fechei a porta e fingi não ter ouvido a pergunta. Procurei colocar “me perder” no fim da minha lista de preocupações. Se meu pai não conseguisse subir a montanha, se Korbie e eu passássemos a noite no jipe, se não encontrássemos uma cabana, iríamos congelar até a morte. Eu não dissera isto a Korbie, mas não sabia direito onde estávamos. Seu senso de direção era pior do que o meu, então ela havia me encarregado de ler as instruções do sr. Versteeg e nos levar em segurança até Idlewilde. As placas de sinalização estavam cobertas de gelo, deixando-as ilegíveis, e, embora eu tivesse fingido estar confiante, não tinha certeza se a última curva que fizera estava certa. Havia uma estrada principal que subia a montanha, mas se eu tivesse saído dela muito cedo, ou tarde demais… O Urso estava indo atrás de nós em sua picape, mas, se tivéssemos feito o caminho errado, ele nunca nos encontraria. Idlewilde podia estar a quilômetros dali. Korbie saiu do carro e foi falar comigo. — Talvez eu devesse ficar aqui enquanto você vai procurar um abrigo. Assim uma de nós continua sabendo onde o carro está. — O jipe não vai nos ajudar em nada se essa tempestade durar a noite toda — ressaltei. A neve, que caía cada vez mais forte, se prendia ao cabelo e ao casaco dela. Eu queria acreditar que a neve começaria a diminuir em breve. Também queria acreditar que o Urso estava logo atrás da gente, mas uma sensação de pânico que apertava meu peito me dizia que eu não podia contar com isso. — É melhor ficarmos juntas — falei. Parecia uma boa ideia. Parecia o tipo de coisa que Calvin diria. — Mas e se o Urso não nos achar? — protestou Korbie. — Vamos caminhar por meia hora. Se não encontrarmos ninguém, voltamos. — Promete? — Prometo — falei, tentando manter a voz tranquila. Não queria que Korbie soubesse o quanto eu estava preocupada. Se ela descobrisse que eu não tinha tudo sob controle, iria surtar. Argumentar com ela estava fora de questão. Eu a conhecia bem o bastante para saber que iria começar a chorar ou a gritar comigo. E então eu não conseguiria raciocinar. E era isso que eu precisava fazer. Raciocinar. Raciocinar como alguém que sabia como sobreviver a imprevistos como aquele. Pensar como Calvin. Peguei uma pequena lanterna que leváramos conosco e comecei a nos guiar em meio à tempestade. Avançamos lentamente pela neve por trinta minutos. Então quarenta e cinco. Eu seguia a estrada para não me perder, mas tinha escurecido tanto e nevava tão forte que era fácil errar a direção. Já estávamos andando havia quase uma hora, e eu sabia que estava abusando da sorte — logo, logo Korbie começaria a reclamar dizendo que queria voltar. — Só mais um pouco — falei, não pela primeira vez. — Vamos ver o que tem ali na frente, depois daquelas árvores. Korbie não respondeu, e me perguntei se ela estava, finalmente, tão assustada quanto eu. A neve feria a minha pele como dentes afiados. Cada passo doía, e meu cérebro começou a pensar em outro plano. Havia sacos de dormir e cobertores no jipe. Não conseguiríamos dormir no carro, não enquanto ele estivesse parado na estrada, mas se colocássemos várias camadas de roupa, escavássemos um monte de neve e dormíssemos bem juntas para conservar o calor…



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Autor(a): Mill

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 43



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  • Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04

    É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23

    Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler

  • Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39

    Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*

  • Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18

    Tá acabando :&quot;(

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54

    Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14

    Calvin se lasco mane

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32

    Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez

  • Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53

    Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*

  • Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52

    kKKK Calma Korbie não matou ninguém

  • juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04

    Korbie matou quem? Mdsss posta mais


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