Fanfics Brasil - Capitulo 32 Gelo Negro- Adaptação vondy

Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 32

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                                 * * *


 


 


 


 


A lua estampara o céu a maior parte da noite, mas, pouco antes de amanhecer, foi encoberta pelas nuvens, deixando-nos outra vez sob aquela indescritível sombra de imensidão negra. O vento também voltara, chicoteando as árvores e queimando nosso rosto. Recorremos às lanternas de cabeça, ainda que Mason tivesse deixado claro que precisávamos economizar pilhas. As instruções da embalagem diziam que cada lanterna só tinha vida útil de três horas. Minhas costas doíam com o peso da mochila. Minhas pernas, rígidas de frio, moviam-se pela neve com passos curtos e lentos. Fora um pequeno cochilo na cabana, eu não dormia havia quase vinte e quatro horas. Minha visão entrava e saía de foco, enquanto eu tentava me concentrar no tapete monótono branco cristalino que se estendia em todas as direções. Eu fantasiava como seria deitar na neve, fechar os olhos e sonhar que estava em outro lugar, em qualquer outro lugar. — Tenho que fazer xixi de novo — falei, parando para recuperar o fôlego. Não estávamos indo rápido, mas o peso da mochila e o impacto da descida íngreme e acidentada estavam cobrando seu preço. — Você está dando muita água a ela — queixou-se Shaun com Mason. — Toda hora ela precisa parar. — Ele se virou para mim. — Vá rápido. Mason me ajudou a tirar a mochila e apoiou-a em uma árvore antes de tirar a sua. Ele girou o ombro algumas vezes para relaxar, e percebi que o peso começava a incomodá-lo também. — Não ligue para ele — disse Mason e, embora não houvesse gentileza em sua voz, também não havia desprezo. Seu tom foi mais trivial, sem emoção. Ele me entregou sua lanterna de cabeça. — Pode levar uns cinco minutos. Andei uma curta distância e fui para trás de um pinheiro. Desliguei a lanterna e me virei para olhar por entre os galhos, observando-os. Shaun estava se aliviando ali mesmo, sem procurar um lugar mais reservado nem nada, e Mason tinha apoiado o braço em uma árvore, descansando o rosto na curva do cotovelo. “Se alguém pudesse dormir em pé, seria assim”, pensei. De nós três, Mason era o mais forte, então fiquei surpresa em ver que ele era quem mais estava se cansando com a caminhada. Ele tirou uma das luvas e esfregou os olhos, com um ar cada vez mais exausto. Me perguntei, então, se um dos dois notaria que eu não havia voltado caso os cinco minutos se transformassem em dez. Eu podia correr. Era uma opção que piscava como uma lâmpada com mau contato em minha mente. Tinha prometido a mim mesma que aproveitaria a primeira chance que tivesse. Eu podia voltar para buscar Korbie e nós duas juntas poderíamos procurar ajuda. Mas, se o mapa de Calvin estivesse certo, nós veríamos a cabana da Guarda Florestal quando chegássemos ao próximo declive. Eu podia correr agora, e enfrentar aquela imensidão sozinha, ou podia ficar, e rezar para que houvesse um guarda na cabana. Pensei um pouco mais para a frente. Quando víssemos a cabana, Mason e Shaun seriam pegos de surpresa e eu também teria que fingir espanto. Precisaria fazer os dois acreditarem que não tinha planejado encontrá-la, e teria que convencê-los a bater à porta.


 


Então, comunicaria disfarçadamente ao guarda que eu estava em apuros — nós dois estávamos. Porque se eu levasse Mason e Shaun até a cabana da Guarda Florestal, arrastaria o guarda do parque para o meio dessa história. Querendo ou não. A diferença, procurei me convencer, era de que o guarda do parque era treinado para lidar com o pior. Depois de ter certeza de que Mason e Shaun não tinham vindo checar o que eu estava fazendo, peguei o mapa de Calvin e o examinei atentamente sob a luz da lanterna. Um pouco depois da cabana da Guarda Florestal havia um lago estreito e pequeno. Calvin anotara: “Fonte de água limpa.” Guardei essa informação antes de voltar para onde estavam Mason e Shaun. — Quanto tempo até descansarmos? — perguntei a eles. — Não podemos continuar andando toda vida sem dormir. — Vamos descansar depois que o sol nascer — disse Mason. — Temos que chegar à rodovia quando eles limparem as estradas. “Assim você vai poder roubar um carro antes que a polícia o encontre”, pensei. — Sei que há um lago não contaminado por perto, mas isso vai nos tirar do caminho por cerca de uma hora — falei. — É a nossa última oportunidade de conseguir água limpa. Mason assentiu. — Então vamos reabastecer no lago, armar um abrigo temporário e tirar um cochilo rápido. — Ele estendeu a mochila na minha direção, e provavelmente percebeu a cara de desgosto que fiz, porque sorriu de leve, como que se desculpando. Então baixou a voz, para que as palavras seguintes ficassem apenas entre nós dois. — Sei que a mochila está pesada, mas estamos quase lá. Só mais algumas horas. Peguei a mochila com ar desconfiado, sem saber direito como interpretar aquele pequeno gesto de gentileza. Ele estava me fazendo refém. Como esperava que eu reagisse? Retribuindo o sorriso? Então me lembrei do corpo na cabana, e tentei conciliar aquela versão atenciosa de Mason com a de um possível assassino. Sua gentileza era sincera? Será que ele me mataria se precisasse? — Mais algumas horas — repeti. Não disse isso a ele, mas, se as coisas saíssem como eu esperava, iríamos parar bem antes. Menos de trinta minutos depois, quando nos aproximamos da subida da encosta, caminhando em diagonal por entre as árvores para pegar a parte menos acidentada da montanha, vi pela primeira vez a cabana da Guarda Florestal. Era pequena, dois ou três cômodos, no máximo, com um telhado baixo e uma pequena varanda. Até aquele momento, eu mantivera minha esperança sob controle, com medo de não encontrar a cabana, mas de repente meu coração se encheu, ardendo em meu peito. A sensação de alívio me atingiu com mais força do que o vento frio. A cabana estava logo à frente. Com um guarda lá dentro, eu tinha certeza. Depois de tudo que tinha dado errado, eu finalmente teria um pouco de sorte. O pesadelo chegaria ao fim. Ao meu lado, Mason parou. Agarrou meu braço e me puxou para trás de uma árvore. Shaun pulou para o outro lado, escondendo-se atrás de outra árvore a poucos metros de distância. Dava para ouvir a respiração acelerada e entrecortada de Mason.


 


— O abrigo lá em baixo. Você sabia disso? — perguntou, sussurrando em um tom áspero. Fiz que não com a cabeça. Falar poderia me denunciar. Uma estranha e deliciosa esperança retumbou em meu peito, e eu tinha medo de que Mason pudesse identificá-la em minha voz. — Então é uma coincidência? — questionou ele, incrédulo. — Eu não sabia! — falei, com os olhos arregalados. — Pense, o abrigo é minúsculo em comparação com a imensidão da floresta. Seria mais fácil não encontrá-lo. Eu teria que ter um mapa para achá-lo no escuro. É uma coincidência, só azar. Shaun apontou um dedo ameaçador para mim. — Se você sabia disso, se nos trouxe aqui de propósito… — Eu não sabia, juro. Vocês têm que acreditar em mim. — Eu estava tão perto. A distância até a cabana da Guarda Florestal lá embaixo era pequena. Eu não podia estragar tudo. — Você escolheu o caminho e me disse aonde queria ir. Você teve mais controle sobre a direção que seguimos do que eu. Mason cobriu a boca com as mãos, pensando. — Ninguém pode nos ver de lá com essa escuridão. Não fomos vistos. Nada mudou — disse ele. — Então vamos dar a volta pelo caminho mais longo — disse Shaun. — Andamos uns dois quilômetros em outra direção, se for preciso. — E se a cabana estiver vazia? — sugeri. — Se os canos não tiverem congelado, deve ter água corrente. Provavelmente comida e outros suprimentos também. Se nos reabastecermos aqui, não vamos ter que sair da nossa rota para encontrar o lago de que falei. Isso vai nos poupar muito tempo. Mason me observou. — Você está sugerindo que a gente invada o abrigo? — perguntou ele. — Não vamos conseguir chegar à rodovia com o que temos. Precisamos reabastecer. Precisamos principalmente de mais água. — Olhe em volta — disse Shaun, chutando neve em cima de mim. — Temos um inesgotável suprimento de água. — A temperatura está negativa — disse Mason secamente. — Como vamos derreter a neve? Dulce está certa. O abrigo deve ter água corrente. — Não estou gostando nada disso — murmurou Shaun, cruzando os braços, irritado. — Nós concordamos: nada de pessoas. Descer até lá é muito arriscado. — Eu desço primeiro — sugeri. — E olho pela janela. Não vou fugir… já tive muitas chances de fazer isso. Afinal, aonde eu iria? — Se alguém vai, sou eu — disse Shaun. — Estou com a arma. Ao ser lembrada disso, inspirei silenciosamente. Será que o guarda também tinha uma arma? Não sabia. Esperava que eu soubesse o que estava fazendo. Esperava que, quando tudo acabasse, eu ainda achasse que nos levar até ali tinha sido uma boa ideia. Mason assentiu para o amigo. — Veja o que você consegue pegar.



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Autor(a): Mill

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

          Com a arma em punho, Shaun correu agachado colina abaixo, em direção à cabana escura e tranquila, que parecia ainda menor em razão dos inúmeros pinheiros, cujas pontas pareciam tocar o céu. — Ele vai voltar logo — disse Mason, como se isso fosse me confortar. — Quando é ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 43



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  • Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04

    É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23

    Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler

  • Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39

    Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*

  • Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18

    Tá acabando :&quot;(

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54

    Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14

    Calvin se lasco mane

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32

    Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez

  • Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53

    Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*

  • Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52

    kKKK Calma Korbie não matou ninguém

  • juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04

    Korbie matou quem? Mdsss posta mais


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