Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
Com a arma em punho, Shaun correu agachado colina abaixo, em direção à cabana escura e tranquila, que parecia ainda menor em razão dos inúmeros pinheiros, cujas pontas pareciam tocar o céu. — Ele vai voltar logo — disse Mason, como se isso fosse me confortar. — Quando é que você vai me contar de quem está fugindo e por quê? — perguntei, assim que ficamos sozinhos. Ele olhou para mim e não disse nada. Não dava para saber se a razão de seu silêncio era arrogância ou precaução. Ele parecia o tipo de cara que calculava cada palavra, cada movimento. Precaução, concluí. Porque ele tinha muito a esconder. — Você está fugindo da polícia, eu sei que é isso, então pode parar de fingir que não sabe do que estou falando. Você fez algo ilegal. E agora só está piorando as coisas me sequestrando. — Acha que seu pai já sabe que você não chegou à cabana? — perguntou ele, evitando o assunto. — Você ficou de ligar para ele quando chegasse? — Eu disse que ligaria — admiti, tentando entender aonde Mason queria chegar. — Seu pai não vai conseguir chegar aqui com esse tempo e, mesmo que conseguisse, não saberia onde procurá-la, mas você acha que ele entrou em contato com o parque florestal e disse que você não chegou à cabana? Ou você estava falando a verdade quando disse que seu pai acha que você sabe se virar sozinha? Observei-o com cautela. — Eu disse ao Shaun que meu pai sabe que posso cuidar de mim mesma, mas não falei nada disso com você. Quando Shaun e eu estávamos cozinhando, você estava escutando? — É claro que estava — disse ele, disfarçando qualquer possível constrangimento com um tom de irritação. — Por quê? — Eu tinha que saber o que você contou ao Shaun. — Por quê? Ele me encarou por um bom tempo, pensativo, mas não respondeu. — Quem você estava espionando… Shaun ou eu? Você e ele são mesmo amigos? De repente me senti impelida a fazer essa pergunta a Mason, por causa da estranha tensão que sentia entre os dois. Talvez eu estivesse errada o tempo todo. Talvez eles não fossem amigos. Mas, então, por que estavam juntos? De uma coisa eu tinha certeza: Shaun me dava muito mais medo. Eu nunca perguntaria essas coisas a ele, nem mesmo usaria esse tom. — O que faz você pensar que não somos? — perguntou Mason do mesmo jeito breve e irritado. — Ele mentiu para você. Disse que tentei me matar, mas foi ele que fez as marcas no meu pescoço. Dava para ver pela placidez em seu rosto que ele sabia que tinha sido Shaun que me machucara. — Ele estava com medo do que você faria com ele se soubesse o que aconteceu? Ele sabe que você não quer que me machuquem? Foi por isso que ele mentiu? — perguntei.
— Acha mesmo que eu iria me intrometer e impedi-lo de machucar você? — perguntou secamente. — Por que eu faria isso? Recuei ao ver o desprezo estampado em seus olhos. — Vocês, garotas, são todas iguais — murmurou ele, com nojo. — O que isso quer dizer? — Você acha que vou salvá-la — disse, amargo, em tom de acusação. Os olhos dele encontraram os meus, e, mesmo sob a fraca e fria luz da aurora, vi a dor profunda que transmitiam. Senti um nó na garganta. Toda partícula remanescente de esperança dentro de mim desapareceu. Ele não iria me ajudar. Eu tinha me enganado a seu respeito; ele não iria amolecer. Era tão inútil para mim quanto Shaun. Queria virar as costas, indignada, para mostrar que ele não podia me tratar daquele jeito, mas eu não podia me dar o luxo de desperdiçar o tempo que tínhamos sozinhos. Procurei conter o desespero e me concentrei nas perguntas que precisava fazer. — Por que você mentiu sobre a insulina da Korbie? — Para acobertar você. Shaun saberia de cara que foi enganado. Como você acha que ele teria reagido a isso? Pense um pouco, Dulce. Preciso de você para me tirar desta montanha. Você não me serve se estiver morta. — Então você estava pensando em si mesmo quando mentiu. — Eu vi o jeito como você me olha, Dulce. Você acha que vou protegê-la; que, caso se trate de uma obrigação moral, vou fazer a coisa certa. Não sou como Shaun, mas também não sou um cara bom. Ele não estava mais olhando para mim, e sim para o horizonte. Carregava a expressão atormentada e imprevisível de alguém assombrado por velhos fantasmas. Senti um estranho calafrio por dentro. Começava a achar que ele talvez fosse mais perigoso do que Shaun. Que ele estava esperando o momento certo, entrando no jogo de Shaun, até estar pronto para atacar… O barulho da neve sendo pisada nos alertou para a volta de Shaun. Virei-me em direção ao som, meus olhos correndo imediatamente para a arma em sua mão. Ele não a havia usado — eu teria ouvido o tiro. Mesmo assim, a forma como ele a segurava, como uma extensão natural e experiente de sua mão, fez minha coluna enrijecer. Ele sorriu. — Tudo limpo. Parece um posto avançado da Guarda Florestal. Ninguém vai lá há dias. A esperança a que eu vinha me agarrando pareceu se esvair. Vazio? Há dias? Eu estava tão arrasada que queria me ajoelhar na neve e chorar. — E, ainda melhor, tem várias coisas para saquearmos: comida enlatada, roupas de cama e lenha seca embaixo de uma lona nos fundos — continuou Shaun, com um brilho ávido nos olhos. Ao meu lado, Mason relaxou. — Vamos pegar suprimentos e ficar aqui por algumas horas, então. Descemos até a cabana. Na porta, Shaun nos mostrou como tinha entrado, balançando a chave com um ar de poder.
— Encontrei embaixo do capacho — explicou. — Que gente idiota e ingênua. Mason segurou a porta para que eu passasse. Entrei sem observar a cabana por completo, mas à procura de sinais específicos que Shaun talvez tivesse deixado passar, indicando que um guarda estivera ali recentemente e que poderia voltar a qualquer momento. O ar viciado estava cheio de poeira. Não havia pratos nos balcões da cozinha, nem qualquer cheiro remanescente de café. Nenhuma pegada úmida ou enlameada no piso de linóleo. Um balcão separava a cozinha da sala de estar. Havia um sofá de veludo cotelê, um tapete com motivos indígenas e um tronco velho que servia como mesinha de centro. Também não havia pratos por lá, nem jornais. No canto ao lado da lareira, havia uma antiga cadeira de balanço coberta por uma fina camada de poeira. Uma porta no fim da sala de estar dava em um pequeno quarto com um telhado inclinado. Mason foi buscar lenha e, logo depois, voltou com os braços cheios. Despejou tudo perto da lareira e começou a acender o fogo. Shaun tirou as botas, enfiou a arma na parte de trás da calça e caminhou lentamente até o quarto, onde desabou de bruços no colchão. — Fique de olho nela, Ace — disse ele do quarto. — Estou exausto. Fico com o próximo turno. Comecei, então, a abrir casualmente as gavetas e os armários da cozinha. Shaun estava certo: iríamos comer bem naquele dia. Milho enlatado, ervilha, molhos, leite em pó, arroz, feijão e óleo vegetal. Açúcar, farinha de trigo, farinha de milho, vinagre. Eu me agachei em frente à pia e dei uma olhada no armário. Achei um saco plástico transparente lotado de material de primeiros socorros… e um canivete. — O fogo está aceso — disse Mason do alto, e na mesma hora fechei o armário e me levantei. O balcão da cozinha nos separava, e escondi as mãos nos bolsos para Mason não perceber que elas estavam tremendo. — Isso é bom — respondi automaticamente. Seus olhos turvos logo ficaram em estado de alerta, desconfiados. — O que você está fazendo? — Procurando algo para cozinhar. Estou morrendo de fome. Ele continuou a me encarar, examinando cada detalhe com atenção. Deu a volta no balcão e abriu lentamente as portas dos armários. Seu olhar corria de cada armário para o meu rosto, como se minha reação pudesse lhe fornecer uma pista do que eu estava tramando. Havia um porta-facas com facas de carne no balcão, e ele imediatamente o pegou, me observando com receio. Terminou de verificar os armários em cima do fogão e andou em direção ao balcão na minha frente. Em questão de segundos, ele abriria a porta embaixo da pia. — Você vai ter que me mostrar como funciona o fogão — falei, mexendo nos botões. — Posso cozinhar alguma coisa para a gente quando o fogão estiver ligado. Temos um a gás em casa, então não sei usar o elétrico — acrescentei, tentando manter a voz neutra. Depois de olhar ressabiado para mim uma última vez, Mason voltou sua atenção para o fogão. Ele girou um dos botões velhos e gordurosos. Imediatamente, um agradável cheiro de fogo tomou a cozinha, e, quando estendi a mão acima das bocas, senti o calor cada vez maior.
Autor(a): Mill
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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— Um bom sinal — falei. Ele balançou a cabeça, concordando. — A energia está funcionando… Por enquanto. — Dormir ou comer primeiro? — perguntei. — Você decide — disse ele, fazendo parecer que a decisão cabia a mim e que para ele tanto fazia. Mas, em um raro momento de d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
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Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
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Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
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Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
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Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
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juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais