Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
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A porta do passageiro se abriu e Anahi conseguiu focar a visão por tempo suficiente para ver o caubói. Pela primeira vez notou que o nariz dele parecia meio torto, provavelmente um troféu de alguma briga de bar. Saber que ele tinha um temperamento forte deveria fazê-la gostar ainda mais dele, porém, estranhamente, Anahi se pegou desejando encontrar um homem que conseguisse controlar os impulsos e que não fosse dado a explosões infantis. Era o tipo de coisa civilizada que sua mãe diria. Reprimindo aquela sensação, Anahi culpou o cansaço por sua atitude irritantemente racional. Ela precisava dormir. Logo. O caubói pegou o chapéu da cabeça dela e devolveu-o ao cabelo louro curto e bagunçado. “Achado não é roubado…”, ela quis protestar. Mas não conseguia formar as palavras. Ele a pegou do banco e a colocou sobre o ombro. A parte de trás do vestido estava subindo, mas ela não conseguia fazer com que as mãos lhe obedecessem e puxassem o tecido para baixo. Sua cabeça estava tão pesada e frágil quanto um dos vasos de cristal da mãe. Estranhamente, assim que esse pensamento lhe ocorreu, sua cabeça milagrosamente ficou mais leve e pareceu sair de seu corpo, flutuando para bem longe. Não conseguia lembrar como tinha chegado ali. Tinham ido na picape? Anahi olhou para os saltos das botas do caubói deixando marcas na neve lamacenta. O corpo dela balançava a cada passo, e o movimento estava deixando seu estômago embrulhado. O ar muito frio, misturado ao cheiro forte dos pinheiros, fazia suas narinas arderem. As correntes de um balanço rangiam na varanda e mensageiros dos ventos tocavam uma música suave na escuridão. O som a fez suspirar. E estremecer. Anahi ouviu o caubói destrancar uma porta. Tentou manter as pálpebras abertas por tempo suficiente para ter uma ligeira noção do que havia em volta. Teria que ligar para o irmão de manhã e pedir que fosse buscá-la. Supondo que soubesse lhe dizer onde estava, pensou, ironicamente. Seu irmão a levaria de volta para o chalé, repreendendo-a por ser tão imprudente e autodestrutiva, mas apareceria. Ele sempre aparecia. O caubói a colocou de pé, segurando-a pelos ombros para ajudá-la a se equilibrar. Anahi olhou lentamente ao redor. Uma cabana. Ele a levara para uma cabana de madeira. A sala em que estavam tinha móveis rústicos de pinho, do tipo que pareceria brega em todos os lugares, menos em uma cabana. Uma porta aberta do outro lado da sala levava a uma pequena despensa com prateleiras de plástico nas paredes. O cômodo estava vazio,
exceto por uma desconcertante barra de metal que ia do chão ao teto e uma câmera em um tripé, posicionada de frente para a barra. Mesmo em meio ao torpor em que Anahi estava, o medo a dominou. Ela tinha que sair dali. Algo ruim iria acontecer. Mas seus pés não se moviam. O caubói a apoiou contra a barra. Assim que a soltou, Anahi caiu no chão. Seus sapatos altos saíram do pé quando seus tornozelos deslizaram para o lado. Ela estava bêbada demais para conseguir se levantar. Sua mente girava, e ela piscava desesperadamente, tentando encontrar a porta que levava para fora dali. Quanto mais tentava se concentrar, mais rápido a sala girava. Sentiu vontade de vomitar e virou para o lado para não sujar as roupas. — Você deixou isso no bar — disse o caubói, colocando o boné de beisebol do Cardinals na cabeça dela. Tinha sido um presente do irmão quando ela fora aceita em Stanford, algumas semanas antes. Seus pais provavelmente o haviam convencido a fazer isso. De maneira muito suspeita, o presente chegara logo depois que ela anunciara que não iria para Stanford — nem para nenhuma outra faculdade. O pai tinha ficado tão vermelho, tão sem ar, que ela teve certeza de que uma fumacinha sairia dos ouvidos dele, como nos desenhos animados. O caubói tirou a corrente dourada que Anahi trazia no pescoço, os dedos ásperos roçando o rosto dela. — É valioso? — perguntou ele, examinando de perto o pingente em forma de coração. — É meu — disse ela, de repente muito na defensiva. Ele até podia ter pegado o chapéu fedido de volta, mas o pingente era dela. Um presente que seus pais lhe deram na noite de seu primeiro recital de balé, doze anos antes. Foi a primeira e única vez que eles aprovaram algo que ela decidira fazer — era a única coisa que a fazia pensar que, lá no fundo, eles deviam amá-la. Fora do balé, sua infância tinha sido comandada, pressionada e moldada pela vontade deles. Dois anos antes, aos dezesseis, sua própria vontade falou mais alto. Arte; teatro; bandas indie; dança contemporânea instigante e improvisada; reuniões com ativistas políticos e intelectuais que haviam abandonado a faculdade para buscar uma educação alternativa (o que não significa que abandonaram os estudos); e um namorado com uma mente brilhante e atormentada, que fumava maconha e escrevia poesia em muros de igreja, bancos de parque, carros e na ávida alma de Anahi. Os pais tinham deixado claro o desgosto pelo novo estilo de vida da filha. E responderam com toques de recolher e cada vez mais regras, estreitando as paredes do confinamento, sufocando-a e tirando sua liberdade. Rebelar-se contra eles foi a única maneira que Anahi encontrou de enfrentá-los. Chorou escondido quando largou o balé, mas precisava feri-los de alguma forma. Eles não tinham o direito de escolher o que iriam amar na filha. Ou demonstrava por ela amor incondicional ou a perderiam completamente. Aquelas eram suas condições. Aos dezoito anos, Anahi tinha uma determinação de aço. — É meu — repetiu.
Autor(a): Mill
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Precisou se concentrar o máximo que pôde para falar. Tinha que conseguir seu pingente de volta, e precisava sair dali. Sabia disso. Mas uma estranha sensação havia se apoderado de seu corpo; era como se estivesse assistindo àquela cena sem, no entanto, sentir qualquer emoção. O caubói pendurou o cordão com o ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
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Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
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Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
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Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
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Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
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juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais