Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
Mason pareceu duvidar. — Ela não parece nada confortável. Sério, você pode ficar com o sofá. Vou me sentir melhor se você aceitar. — Ele então abriu um breve sorriso depreciativo. — Esta é a sua chance de me fazer suportar minha carga de dor. — Por que de repente meu conforto importa para você? — ataquei. — Você está me prendendo aqui contra a minha vontade. Você está me forçando a caminhar na neve em condições extremas, perigosas e desgastantes. E eu devo acreditar que você está subitamente preocupado com como me sinto? Porque é assim que me sinto: odeio isso aqui. E odeio você. Mais do que já odiei qualquer outra pessoa! Uma centelha de emoção atravessou seu rosto antes de assumir o ar impassível de novo. — Estou mantendo você aqui porque há uma nevasca lá fora. Você não sobreviveria sozinha. Está mais segura aqui comigo, mesmo que não acredite. Fui tomada, então, pela raiva. — Não acredito nisso. É exatamente o tipo de mentira em que você quer que eu acredite para me manter passiva e obediente. Está me mantendo aqui porque precisa de mim para sair desta montanha, fim de papo. Odeio você, e vou matá-lo, se tiver a oportunidade. Adoraria fazer isso, na verdade! Eram palavras fortes, e percebi que provavelmente nunca cumpriria a ameaça. Mesmo se eu tivesse oportunidade, não acho que seria capaz de matar um ser humano, mas queria me fazer perfeitamente clara. Nada daquilo estava bom para mim. Eu estava com raiva e frustrada, mas a verdade era que, quanto mais tempo eu passava com Mason, mais difícil era acreditar que ele fosse capaz de matar um ser humano. Eu tinha visto o choque e o horror em seu rosto quando Shaun atirou brutalmente no guarda-florestal. E mesmo que a princípio eu tivesse desconfiado de que Mason pudesse estar envolvido no assassinato da garota cujo corpo eu havia encontrado na cabana, eu estava começando a achar que ele não tinha nada a ver com aquilo. Talvez nem soubesse do corpo. — Fique com o sofá, por favor — disse Mason uma última vez, em uma voz irritantemente calma. — Nunca — sussurrei, furiosa. Então, fuzilando-o com o olhar, joguei seu cobertor no chão e me sentei na cadeira de balanço com toda a pompa possível, como se ela fosse um trono. O espaldar curvo machucava minhas costas e o assento duro, de madeira, não tinha almofada. Eu não ia conseguir dormir nem vinte minutos ali. Toda vez que me mexesse, acabaria acordando. Enquanto isso, Mason, que devia estar esgotado, dormiria profundamente no sofá. — Boa noite, Dulce — disse Mason, hesitante, apagando a luz. Não respondi. Não queria que ele achasse que eu estava amolecendo, ou que estava abrindo uma brecha para ele. Eu não iria ceder. Enquanto ele me mantivesse ali, eu o odiaria. Acordei encharcada de suor. Por vários segundos desorientados, não conseguia lembrar onde estava. Sombras tremeluziam nas paredes, e me virei para descobrir de onde vinham — a lareira, que estava mais fraca, mas ainda exalava calor. Quando estiquei as pernas, a
cadeira de balanço rangeu, e foi então que lembrei como era vital não fazer barulho algum. Mason se mexeu com o ruído, mas, depois de uma pausa, voltou a ressonar suavemente em meio à escuridão. Ele estava esparramado no sofá, o rosto pressionado à almofada, a boca ligeiramente aberta, os braços e pernas muito longos caídos para fora. Ele parecia diferente com a luz do fogo dançando em seu rosto e um travesseiro abraçado junto ao peito. Parecia mais jovem, mais menino. Inocente, até. Seu cobertor tinha caído no chão durante a noite, e, passando silenciosamente por Mason, pulei o pano, ouvindo o tranquilo subir e descer da respiração dele. O ar parecia quase sólido enquanto eu me encaminhava à porta da frente. Tentando não diminuir o passo, peguei avidamente uma lanterna de cabeça e um cantil, que, para minha grande sorte, havia sido deixado por um deles no balcão da cozinha. O cantil estava cheio. Um golpe de sorte ainda maior. Pé ante pé, os olhos fixos na maçaneta da porta, que parecia ficar mais longe a cada passo. Um segundo depois, estava com a mão nela. Meu estômago deu uma cambalhota, em parte de alegria, em parte de medo — não havia como voltar atrás. Girei a maçaneta bem devagar e, quando parou de rodar, tudo o que eu tinha a fazer era puxá-la. A pressão na cabana mudaria ligeiramente quando eu abrisse a porta, mas Mason não notaria. Estava em um sono profundo. E o fogo afastaria a corrente fria que deixei entrar. De repente, eu estava na varanda, avançando lentamente, a porta fechada atrás de mim. Eu meio que esperava ouvir Mason se levantar de um pulo e tentar me alcançar, gritando para que Shaun acordasse. Mas o único som vinha do vento extremamente frio atirando neve, fina como areia, no meu rosto. A floresta era terrivelmente escura; eu só dera uns cem passos depois que saí da cabana e, ao olhar para trás, já não a via mais. A noite a envolvera em uma escuridão aveludada. O vento me açoitava através das roupas, fustigando qualquer pedaço de pele que eu não tivesse coberto, mas eu estava quase grata por isso. O frio me mantinha bem acordada. E se Mason e Shaun estivessem me procurando, seria impossível ouvirem meus movimentos, abafados pelo barulho do vento que assobiava pelas encostas. Encorajada por esse pensamento, fechei mais o casaco, protegi os olhos da precipitação que soprava e tomei bastante cuidado na subida íngreme repleta de fragmentos de rocha e tocos de árvore escondidos embaixo da neve. As rochas eram tão acidentadas que, se eu caísse de mau jeito, poderia quebrar um osso. Uma coruja piou no alto. O som se propagou pela floresta lúgubre, juntando-se ao uivo do vento agitando os galhos, que batiam uns nos outros, criando um efeito assustador. Tentei acelerar o passo, mas a neve era muito densa, e toda hora eu caía de joelhos, quase derrubando o cantil e a lanterna que eu levava nos braços. Por mais tentada que estivesse a ligá-la, eu não podia correr o risco. Até estar a uma distância segura da cabana, evitaria usá-la, para que não servisse de farol para Mason e Shaun. Quando cheguei ao topo, meu ritmo de escalada diminuíra e minha respiração estava ofegante. Minhas pernas tremiam de exaustão, e nós de tensão se formavam na base das
minhas costas. A ansiedade das últimas vinte e quatro horas estava cobrando seu preço: eu nunca me sentira tão sem energia, tão pequena e impotente à sombra das montanhas traiçoeiras. De acordo com o mapa de Calvin, eu precisava passar por aquele desfiladeiro e descer até a bacia, seguindo até o posto central da Guarda Florestal. Mas era quase impossível saber ao certo que caminho fazer e, enquanto eu me esforçava para atravessar a neve, minhas botas afundavam cada vez mais, tornando cada passo sempre mais pesado. Senti um calor e uma coceira ao longo das costuras internas das roupas e embaixo dos braços. Eu tinha começado a suar, o que era um problema. Mais tarde, quando eu parasse para descansar, o suor iria resfriar e congelar contra a minha pele, baixando rapidamente a temperatura do meu corpo. E, quando isso acontecesse, seria preocupante. O posto central estava a quilômetros de distância. Eu tinha que continuar andando. Mas, por segurança, diminuí ainda mais o ritmo. Peguei um pouco de neve, fiz uma bola meio pastosa e coloquei-a na boca, deixando a mistura gelada derreter ao descer pela garganta. Era dolorosamente frio, mas revigorante. Se eu estava suando, precisava beber alguma coisa. Parecia impossível que eu pudesse desidratar em um tempo frio como aquele, mas eu confiava nos guias de viagem e no meu treinamento. Um feixe de luz nebuloso balançava de maneira instável em meio à mata à frente. Instintivamente, me escondi atrás de uma árvore. Colei minhas costas a ela, tentando raciocinar rápido. A luz vinha de trás de mim, não muito distante. Apurei os ouvidos para escutar melhor. Uma voz de homem, gritando. O vento distorcia as palavras, mas ele estava chamando meu nome. —Dulce! Não sabia dizer se era Shaun ou Mason, mas quase rezei para que fosse Shaun. Eu tinha alguma chance de escapar dele. A floresta era um vasto labirinto; ele nunca conseguiria me achar. — Dulce! Não… machucar você. Pare… correr! Eu não chegava a estar acima da linha das árvores, mas a mata densa que cobria a parte inferior da montanha havia diminuído. Eu não tinha a proteção de que precisava, e embora de fato estivesse indescritivelmente escuro, ele tinha uma lanterna. No minuto em que eu saísse a campo aberto, ele me veria. Eu estava encurralada. A luz seguiu em outra direção. Depois de pensar um pouco, decidi correr. Saindo do meu esconderijo, disparei rumo ao próximo grupo de árvores, usando o braço livre para me impulsionar e ir mais rápido. Ainda longe da minha meta, tropecei, estendendo as mãos enquanto caía estatelada na neve um segundo antes de a lanterna voltar, iluminando a escuridão acima de minha cabeça. Rastejei como um soldado mais alguns metros, arrastando meus suprimentos comigo e me escondendo atrás de um afloramento de rocha que se projetava como um iceberg do mar de neve. Vi o feixe de luz da lanterna projetar-se de forma intermitente pelos galhos à frente. Ele estava cada vez mais perto, subindo a montanha muito mais rápido do que eu havia conseguido. Segurei firme contra o peito o cantil e a lanterna, fiquei de pé e corri até
outro grupo de árvores. — …podemos nos ajudar! “Podemos nos ajudar”? Senti uma vontade avassaladora de rir. Ele achou mesmo que eu ia cair nessa? Ele queria sair da montanha. Assim que eu o ajudasse, ele me mataria. Eu tinha mais chances de sobreviver enfrentando a floresta sozinha. Coloquei minhas provisões na neve ao meu lado. Apoiei nas coxas as mãos protegidas por luvas e me inclinei para a frente, dando ao corpo um momento de descanso. Minha respiração estava tão ofegante que eu tinha certeza de que ele ouviria. O ar feria minha garganta a cada vez que eu inspirava. Eu estava tão zonza que temia desmaiar de uma hora para outra. — Dulce? É o Mason. “Droga, droga, droga.” Ele me chamava com uma voz tranquilizadora, mas eu não me deixaria enganar. — Sei que pode me ouvir — continuou. — Você não está muito longe. Há outra tempestade chegando; é por isso que o vento aumentou. Você não pode ficar aqui fora. Vai congelar até a morte. Fechei bem os olhos para protegê-los das rajadas de neve. “Ele está mentindo, ele está mentindo.” Eu repetia aquelas palavras para mim mesma, pois sentia minha determinação enfraquecer. Eu estava assustada, desesperada e com frio e, para minha surpresa, realmente queria confiar nele. Queria acreditar que ele me ajudaria. Isso era o que mais me assustava. Porque, lá no fundo, eu sabia que estaria morta no momento em que saísse de trás da árvore. Do meu esconderijo, eu o vi se ajoelhar e observar onde minhas pegadas haviam remexido a neve. Mesmo se eu tentasse correr, seria inevitável. Ele me pegaria agora ou em cinco minutos. — Pense nisso, Dulce— gritou Mason. — Você não quer morrer aqui fora. Se está me ouvindo, grite o meu nome. “Nunca”, pensei. Eu o vi encontrar meu rastro e começar a correr em direção a onde eu estava escondida. Eu sabia o que estava por vir, mas conhecer meu destino não diminuía a necessidade intrínseca de sobreviver. Fiquei de pé e corri o máximo que pude. — Dulce, pare! — gritou ele. — Não! — falei, virando-me para encará-lo. — Nunca — disparei. Eu não ia voltar. Eu lutaria. Preferia morrer lutando a deixar que ele me arrastasse de volta. Ele começou a me iluminar com a lanterna, pensou melhor, e, em vez de apontá-la para meu rosto e me cegar, perguntou: — Você está bem? — Não. — Está ferida? Havia uma preocupação evidente em sua voz. — Só porque não estou ferida não significa que estou bem.
Autor(a): Mill
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Ele subiu até onde eu estava, se aproximando com cautela. Andou ao meu redor, me examinando em busca de ferimentos. Então, seus olhos correram para o chão, para as provisões roubadas. — Você pegou um cantil e uma lanterna — disse ele, soando quase impressionado, o que me fez sentir uma estranha mistura de orgulho e irrita ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
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Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
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Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
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Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
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Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
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juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais