Fanfics Brasil - Capitulo 68 Gelo Negro- Adaptação vondy

Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 68

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                                   * * *


 


 


 


Não havia se passado nem meia hora quando um rosnado alto e enfurecido me acordou. Eu tinha caído no sono no sofá da sala de estar, com a cabeça no colo de Calvin. Não me lembrava de ter feito isso, mas devia ter acontecido, porque no instante em que ouvimos a voz de Christopher esbravejando de dor no alto das escadas, Calvin ficou de pé em um pulo, me deixando cair bruscamente no sofá de couro. Ele saiu depressa em direção às escadas. — Não suba — disse, me lançando um olhar de advertência. — Quero falar com ele sozinho. Algo na voz de Calvin me deixou inquieta. Se ele agredisse Christopher, os policiais não veriam isso com bons olhos quando chegassem. E eles chegariam. Não naquela noite, mas talvez no dia seguinte. Com sorte, o sol derreteria a neve nas estradas o suficiente para podermos sair em busca de ajuda. Eu sabia que Calvin não ia gostar de ser questionado, mas ele não estava usando a razão. A raiva, obviamente, o tinha dominado. Ele matara Shaun, e eu estava com medo de que fizesse o mesmo com Christopher. Ele não conseguiria encobrir os dois assassinatos, e o fato de estar agindo como se isso fosse possível só provava que não estava sabendo lidar com a situação. Eu tinha que ajudá-lo a recuar e a pensar com clareza. — Calvin, não toque nele. Calvin parou na escada e me encarou, a mandíbula cerrada, tamanha era sua fúria. Seu corpo estava tão rígido que parecia uma estátua. — Ele machucou minha irmã. E machucou você. — Ele não me machucou. Calvin bufou, com deboche. — Você está se ouvindo falar? Ele sequestrou você. E fez você caminhar pelas montanhas congeladas como uma prisioneira. Como eu poderia convencer Calvin, sem parecer que havia sofrido uma lavagem cerebral, de que Christopher tinha salvado a minha vida? Christopher tinha me tratado bem. E prometera me ajudar a chegar a Idlewilde, quando teria sido mais fácil para ele me deixar sozinha na floresta para morrer congelada. Mesmo depois de eu ter entregado o mapa a ele, Christopher continuou comigo. E eu tinha certeza de que se não tivesse fugido, ele teria ficado comigo até o fim.


— Fique fora disso — disse Calvin. — Você passou por muita coisa e não está pensando com clareza. — Eu passei por muita coisa, Calvin — falei, apontando o dedo para meu peito. — Sei o que aconteceu lá fora na montanha. E estou pedindo para você deixá-lo em paz. Deixe que a polícia cuide dele. Ele me observou com a cabeça ligeiramente inclinada, perplexo. — Por que você está protegendo esse cara? — Não estou protegendo ninguém. Só estou pedindo para deixar a polícia cuidar disso. É para isso que ela serve. — Ele sequestrou você, Dulce. Está me ouvindo? O que ele fez foi ilegal e perigoso. Mostra um completo desrespeito pela vida humana. Ele achou que nunca seria pego. Usou você, e vai continuar usando pessoas como você, a menos que alguém o detenha. — Pessoas como eu? — repeti, incrédula. Calvin agitou os braços, impaciente. — Indefesas. Ingênuas. Você é a presa perfeita para esse tipo de cara. E ele é um predador. Detecta fraqueza e incapacidade da mesma forma que um tubarão sente o cheiro de uma única gota de sangue a um quilômetro de distância. Senti o rosto queimar. Shaun e Christopher não tinham me sequestrado porque eu era incapaz. Na verdade, Shaun me escolhera no lugar de Korbie porque pensara que eu tinha experiência em trilhas. Porque fui inteligente o bastante para convencê-lo de que Korbie tinha diabetes e que por isso deveria ser deixada para trás. Fiquei de pé em um pulo. — Você é tão idiota, Calvin. Acha que sabe tudo, mas não sabe. Talvez você devesse perguntar por que Shaun e Mason me levaram com eles, mas deixaram Korbie na cabana. — Porque Korbie não é nem de longe tão submissa ou indefesa como você — disse Calvin, assertivo. — Você passou a vida inteira esperando seu pai, Ian, até mesmo eu, e provavelmente um monte de outros caras, aparecerem para resgatá-la. Você não consegue fazer nada sozinha, e sabe disso. Mason e Shaun olharam para você e viram um alvo fácil. Uma garota ingênua com baixa autoestima. Korbie nunca teria ficado com eles por tanto tempo quanto você. Ela teria lutado. Teria fugido. — Eu fugi! — protestei. — Vou dizer por que eles escolheram você — prosseguiu Calvin tranquilamente, o que só me deixou ainda mais furiosa. Eu não suportava mais aquela serenidade indiferente ou o olhar condescendente em seu rosto. Me perguntei o que eu tinha visto nele. Ele não tinha nada a ver comigo. Eu tinha passado oito meses da minha vida sofrendo por um idiota egoísta e convencido. A ironia era que Calvin havia passado os últimos oito meses tentando escapar do pai, mas ele não era capaz de ver o que eu via. Ele estava se transformando no pai. Era difícil saber se eu estava falando com Calvin ou com o sr. Versteeg. — Porque eles queriam se aproveitar de você. Alguns caras… caras como Mason… gostam de exercitar seu poder sobre as garotas. Isso os faz se sentirem invencíveis. Ele precisava de você para se sentir no controle.


Fiz um som furioso para mostrar que não concordava com o que ele estava dizendo. Christopher não era nada parecido com o tipo de homem que Calvin descrevera. Ele nunca tentaria me controlar. Shaun, sim. Mas não Christopher. Calvin nunca acreditaria em mim, mas, quando estávamos na encosta da montanha, eu não fiquei na aba de Christopher. Ele não deixara. Eu sobrevivi porque ele confiou em mim, porque ele sabia que eu era capaz de cuidar de mim mesma. Eu tinha crescido mais nos últimos dias do que em quatro anos do ensino médio. — E agora? Quem é o idiota aqui? — concluiu Calvin. — Cale a boca — falei, a voz tremendo de raiva. — Ninguém está culpando você, Dulce. Você sofreu uma lavagem cerebral. Se você pudesse sair do seu corpo e ver tudo isso sob outra ótica, pararia de tentar arranjar desculpas para um criminoso. Você o defendeu o tempo todo. Se eu não soubesse do que aconteceu, acharia que você tem uma queda por ele. O que quer que eu esperasse ouvir, não era isso. Abri a boca para refutar o que Calvin acabara de dizer, mas não tinha como me defender. Senti meu rosto ficar quente. O rubor subiu pelo meu pescoço, e senti as pontas das minhas orelhas formigarem. Calvin percebeu minha reação, seu rosto denunciando o choque. Ergueu as sobrancelhas, perplexo, e em seguida uma sombra anuviou seu rosto. Por um momento, tive medo de que ele tivesse adivinhado meu segredo, mas ele balançou a cabeça, dissipando qualquer sinal de decepção ou traição que eu imaginara ter visto em seus olhos. — Quero dez minutos a sós com ele — disse Calvin, sem rodeios, e subiu as escadas. Eu me joguei no sofá, abraçando os joelhos e me balançando para a frente e para trás. Senti frio de repente, apesar do fogo que queimava a poucos metros. Uma estranha névoa pairava em minha cabeça. Se ao menos eu conseguisse pensar em um plano… Eu precisava impedir Calvin de ir longe demais. Mas como? Korbie talvez conseguisse convencer o irmão. Mas ela havia tomado remédios e estava dormindo, e Calvin perderia o resto do juízo se eu a acordasse. Mesmo se eu conseguisse acordá-la, eu duvidava de que ela se daria ao trabalho de ajudar Christopher. Para ela, Christopher era Ace, um dos homens que a abandonaram sozinha em uma cabana para morrer. Inquieta, me levantei e fui até a cozinha. Já que não pararia de pensar no que estava acontecendo no quarto lá em cima, decidi fazer algo útil e pelo menos manter as mãos ocupadas. Arrumei a cozinha e levei o lixo para fora. Quando levantei a tampa da lixeira atrás da porta, fiquei surpresa ao encontrar vários outros sacos de lixo lá dentro. Pelo cheiro, os sacos estavam ali fazia semanas. Mas até onde eu sabia, os Versteeg não iam a Idlewilde havia um tempo. Não era possível que Calvin tivesse produzido tanto lixo nos dois dias em que estava ali. Será que os Versteeg tinham se esquecido de tirar o lixo na última vez em que estiveram na cabana, no fim do verão anterior? Aquilo não combinava nada com o sr. Versteeg. Ele contratava um serviço de limpeza após cada viagem para deixar o lugar impecável. Confusa, voltei para a cozinha e abri os armários. Estavam lotados. Principalmente com besteiras, com as coisas preferidas de Calvin. Cereais, tirinhas de carne, donuts, biscoitos salgados e manteiga de amendoim crocante. Eu sabia que a sra. Versteeg tinha mandado


seu assistente ir até lá no fim de semana anterior para deixar caixas de comida para mim e para Korbie, mas as caixas estavam fechadas. Continuavam intocadas no hall de entrada, no mesmo lugar onde haviam sido deixadas. Não fazia sentido. Por que os Versteeg deixariam a cabana totalmente abastecida durante o inverno, se não tinham a intenção de ir para lá? Se eu não soubesse que a cabana não tinha sido usada durante esse tempo, acharia que alguém tinha morado ali durante todos aqueles meses. Um estranho arrepio subiu pela minha espinha. Havia mais coisas que não faziam sentido. Coisas que vinham me incomodando fazia algum tempo. Pouco antes de matar Shaun, Calvin tinha dito: “Já o vi por aí”, mas como? Christopher disse que Shaun havia se mudado para Wyoming cerca de um ano antes, e Calvin tinha passado a maior parte do ano anterior em Stanford. Quando ele teria visto Shaun? Uma suspeita impensável passou por minha mente, mas procurei afastá-la. Eu não podia duvidar de Calvin. Eu não iria duvidar dele. O que havia de errado comigo, para eu estar pensando o pior dele? Eu não tinha motivo algum para não confiar nele. Mas foi exatamente isso que me vi procurando em seguida: motivos. Explicações. Provas de que aquela ideia alarmante fervilhando na minha cabeça era completamente ilógica. Na sala de estar, vasculhei os papéis na escrivaninha atrás de sinais que comprovassem que alguém estava morando em Idlewilde nos últimos meses: contas de luz, água, gás, correspondência recente, revistas, jornais. Não achei nada. Já o banheiro era outra história. Havia um círculo rosado no vaso sanitário, indicando que tinha sido usado, mas não limpo. O balcão e a pia estavam sujos de pasta de dente seca. Havia manchas de água espirrada no espelho em cima da pia que nunca tinham sido limpas. Eu sabia que o sr. Versteeg teria contratado alguém para limpar a cabana antes de a família ir embora no final do verão anterior. Alguém tinha estado ali depois disso. Alguém tinha estado ali durante o inverno. Engoli em seco. Não queria pensar em quem teria sido. De volta à sala de estar, vasculhei as gavetas da escrivaninha mais atentamente. Um pedaço de papel chamou minha atenção. Era um contracheque de uma empresa de rafting, Snake River. O documento tinha sido emitido em quinze de setembro do ano anterior, e estava no nome de Calvin, semanas após ele supostamente ter ido para a faculdade. Fechei os olhos, tentando examinar a terrível suspeita que se formava, latejante, na minha cabeça. Cal? Não, não, não. Macie O’Keeffe, a guia de rafting que tinha desaparecido em setembro do ano anterior, trabalhava na Snake River. Será que tinha sido assim que Calvin a conhecera? Será que tinha sido por causa dela que Calvin não tinha me ligado e logo depois terminara comigo? Será que eles estavam namorando, brigaram e uma noite, após o trabalho dela, ele… Eu não conseguia concluir o pensamento. Não podia pensar nisso. Cal estava na faculdade havia oito meses. Ele não podia ter matado Macie em setembro… ele não podia ter matado ninguém. Apertei a ponte do nariz para afastar uma tontura. Aquilo não podia ser verdade, tão confuso e visceral quanto um pesadelo. Como Calvin podia ser um assassino?


 


Revirei mais freneticamente as gavetas. Peguei um folheto amassado com a palavra DESAPARECIDA! impressa em letras garrafais na parte superior. Alisei as dobras sobre o rosto sorridente de Anahí Uckermann. O buraco na parte superior do cartaz me levava a acreditar que provavelmente fora pregado em uma árvore ou poste de telefone. Fazia sentido que equipes de busca tivessem vasculhado Jackson Hole e arredores. Todas aquelas pessoas procurando incansavelmente por uma garota desaparecida, e Calvin tinha pegado o folheto para guardar de lembrança. Uma lembrança do que ele tinha feito. “É verdade”, pensei, perplexa. Ele vinha se escondendo em Idlewilde. Não foi à toa que tentou fazer com que Korbie e eu desistíssemos da viagem. Seus segredos estavam ali. Sua mentira se escancarava cada vez mais, me engolindo por inteira. Calvin, um mentiroso. Calvin, um estranho. Calvin, um assassino.



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Autor(a): Mill

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 43



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  • Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04

    É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23

    Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler

  • Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39

    Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*

  • Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18

    Tá acabando :&quot;(

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54

    Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14

    Calvin se lasco mane

  • juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32

    Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez

  • Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53

    Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*

  • Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52

    kKKK Calma Korbie não matou ninguém

  • juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04

    Korbie matou quem? Mdsss posta mais


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