Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
Eu tinha que tirar Christopher de Idlewilde. Tinha que tirar todos nós dali. Não estávamos seguros com Calvin por perto. Calvin. Os crimes horríveis que ele tinha cometido… Ah, meu Deus, que seja um engano. Tinha que haver uma explicação. Ele devia ter tido um motivo. Eu estava deixando de ver alguma informação essencial. Não era tarde demais para ajudá-lo. Subi as escadas e espiei pela porta entreaberta do quarto. Dava para ouvir a voz de Calvin, carregada de fúria, enquanto ele falava com Christopher. — Onde está o mapa? Ele se sentou no colchão ao lado de Christopher, de costas para mim. Sob a luz fraca e cintilante da vela na mesa de cabeceira, eu via Christopher tremendo violentamente, fazendo as cordas que mantinham seus braços e pernas presos se agitarem. Calvin tinha enfaixado o ombro dele, mas só isso. Cal tinha aberto a janela, e uma rajada de vento correu por debaixo da porta, envolvendo meus tornozelos. Em questão de minutos, o quarto ficaria tão frio quanto o ar invernal lá fora. Eu tinha a sensação nauseante de que aquilo era apenas o começo do sofrimento que Calvin planejava infligir a Christopher. — Por que você está tão interessado no mapa? — A voz de Christopher saía com dificuldade por causa da dor, e sua respiração eram ruídos curtos e irregulares. Calvin riu de maneira tranquila e áspera, e isso fez meu couro cabeludo formigar. — Não é você quem faz as perguntas aqui. Observando pela fresta da porta, vi Calvin inclinar a ponta de uma vela sobre a camisa desabotoada de Christopher, que arfou bruscamente, e o barulho que fez se arrastou em um gemido baixo e sofrido. — Mais uma vez: onde está o mapa? Christopher arqueou as costas, tentando se libertar, mas não adiantou; aquela era uma corda de alta qualidade, padrão industrial. — Eu escondi. — Onde? — Você acha mesmo que vou dizer? — disparou Christopher, com uma resistência admirável, considerando-se que estava à mercê de Calvin e devia estar em tremenda agonia. Admirável ou não, foi a coisa errada a fazer. Calvin inclinou a vela mais uma vez, pingando cera no peito nu de Christopher. Seu corpo inteiro se retesou antes de ele deixar escapar outro gemido. O suor brilhava em suas têmporas e escorria pelas curvas de seu pescoço, enquanto o restante de seu corpo continuava a sofrer espasmos.
— Três pontos verdes no mapa — disse Christopher, ofegante, a voz rouca. — Você se esqueceu de anotar o que significavam. Dessa vez foi o corpo de Calvin que enrijeceu. Ele não respondeu, mas o subir e descer de seus ombros me indicou que aquele comentário o deixou perturbado. — Três pontos verdes, três abrigos abandonados, três garotas mortas. Consegue ver uma ligação? — O tom severo de Christopher deixou claro que ele não estava fazendo uma pergunta. Por fim, Calvin se manifestou: — Agora o sequestrador está tentando me acusar de assassinato, é isso? — Um dos pontos verdes em seu mapa marca a cabana de caça onde o corpo estrangulado de Kimani Yowell foi encontrado. Os outros dois marcam cabanas abandonadas. E já que estamos falando de teorias, aqui vai outra: não acho que o namorado de Kimani a tenha matado, e não acho que Macie O’Keeffe tenha sido morta por andarilhos nas margens do rio onde ela trabalhava como instrutora de rafting. E não acho que Anahí Uckermann tenha ficado bêbada e acidentalmente se afogado em um lago. — A voz de Christopher ficou embargada quando ele falou o nome da irmã. Engolindo em seco, disfarçou a emoção com um olhar intenso e sombrio. — Acho que você as matou, e depois jogou o corpo delas onde não seriam encontrados. Calvin ficou calado. Suas costas se ergueram devido à respiração acelerada. Ele ainda buscava algo para dizer. — Que tipo de assassino idiota cria uma prova física contra si mesmo? — perguntou Christopher. — Você já contou essa sua teoria a Dulce? — disse Calvin, finalmente, quase tendo sucesso em não deixar a emoção transparecer na voz. — Por quê? Até que ponto você está disposto a ir para guardar seu segredo? Você mataria Dulce se ela soubesse? Calvin deu de ombros. — Não importa. Dulce nunca acreditaria em você. Meu corpo inteiro se retesou. Me encostei na parede, tremendo de medo. Meu estômago se revirou. Aquele não era o Calvin que eu conhecia. O que tinha acontecido com ele? — Não conte com isso. Tenho uma história bem convincente — disse Christopher. — No começo, pensei que Shaun fosse o assassino. Quando você atirou nele, minha primeira reação foi me desesperar… eu tinha perdido a única pessoa que poderia me dar respostas. Minha segunda reação foi me perguntar por que você o matou. Assim, do nada. Você poderia ter amarrado Shaun e o deixado lá para a polícia, mas em vez disso atirou nele. E nem sequer se abalou. Percebi, então, que não era a primeira vez que matava alguém. Isso me fez desconfiar de você, mas eu não tinha certeza de nada até ver o boné de beisebol dos Cardinals que você deu a Dulce. E seu mapa. O chão pareceu deslizar sob meus pés. Minhas pernas tremiam. Eu tinha que sair da cabana. Tinha que buscar ajuda. Mas só de pensar em voltar para o frio cortante da floresta, tão escura e cheia de perigos, meu coração disparava. Quanto eu conseguiria andar? Dois, três quilômetros? Eu congelaria até a morte antes de o sol nascer.
— Quem é você? — perguntou Calvin, intrigado. — Você não é da polícia… Se fosse teria uma arma e um distintivo. — Ele se levantou para encarar Christopher do alto. — O que você é? Em um movimento convulsivo, Christopher se atirou para cima, os músculos do ombro que não foi atingido e do pescoço saltando enquanto fazia força para se libertar das cordas, que o prendiam firmemente. As colunas da cama começaram a ranger. O som pareceu dar mais energia a Christopher, que jogou o peito ainda mais para a frente, tentando juntar os pulsos e quebrar a cama. Rapidamente, Calvin colocou a vela que segurava na mesa de cabeceira, recorrendo à ameaça mais imediata que trazia na cintura: sua arma. — Fique quieto ou vou meter outra bala em você — ordenou ele, apontando a arma para Christopher. Christopher o ignorou e puxou as cordas com ainda mais força, o rosto contorcido pelo esforço e pelo mais puro ódio, o suor escorrendo sem parar. As colunas da cama protestaram com um rangido ainda maior da madeira que se arqueava, e Calvin disparou um tiro para o alto em advertência. Christopher caiu de volta no colchão, a respiração curta e entrecortada. Deixou escapar um gemido gutural de tristeza, e seus membros desabaram inutilmente, voltando à posição inicial de estrela. — Você é um covarde — disse ele a Calvin. — Não foi à toa que seu pai se esforçou tanto para fazer você ter sucesso em alguma coisa… ele sabia que não tinha potencial algum para ser explorado. Ele não precisou se preocupar com Korbie. Ela sabe como conseguir o que quer, mas você deve ter sido uma grande decepção. Você nunca iria conseguir nada na vida. Seu pai sabia disso. No fundo, você também sempre soube. As costas de Calvin se empertigaram. — Você não me conhece. — Não há muito para conhecer. Calvin enfiou a arma no rosto de Christopher. O corpo de Cal tremia. — Posso fazer você parar de falar. — Você matou aquelas garotas. Matou. Fale. Pare de fingir e seja um homem. Isso é ser um homem, Calvin. Admita o que fez. — E por que você se importa? — disparou Calvin, furioso. — Você não liga para as pessoas. Deixou minha irmã sozinha para morrer naquela cabana. A resposta de Christopher foi quase inaudível, de tão calma e letal: — Se eu soubesse lá atrás que Korbie era sua irmã, teria me certificado de que ela vivesse o bastante para garantir que você estaria presente quando eu cortasse a garganta dela. Um músculo na mandíbula de Calvin saltou de raiva, e seu dedo se retesou no gatilho. — Eu devia matar você agora. — Antes de eu dizer onde está o mapa? Eu não aconselharia. Cheguei à conclusão de que você tinha matado aquelas garotas antes de vir para cá. E precisava garantir que, mesmo que eu não conseguisse matá-lo, a pena de morte não deixaria você escapar. Wyoming usa injeção letal, sabia? Não sou um homem de muitos arrependimentos, mas
vou lamentar muito não estar lá para ver você se borrar todo quando o prenderem à maca. Deixei o mapa em um lugar fácil de ser achado pela polícia. Pode contar com isso. — Você está mentindo. — Calvin descartou a ameaça imediatamente, mas um tremor em sua voz sugeria preocupação. — Você revistou minhas roupas. Sabe que o mapa não está comigo. Por que acha que eu não trouxe? Porque sabia que não podia correr o risco de deixá-lo cair nas suas mãos de novo, porque sabia o que o mapa realmente marcava… o túmulo de suas vítimas. Christopher falou de forma calma e equilibrada, mas seu corpo, abalado por tremores, e o brilho do suor no rosto pálido e contorcido, revelavam a dor agonizante que sentia. Um grande círculo vermelho se espalhava pelo lençol. — Vou dar uma escolha a você — disse Calvin, finalmente. — Diga onde está o mapa e eu mato você com um tiro na cabeça. Continue me enrolando, e vou matá-lo da forma mais lenta e criativa que puder. — Não vou falar. Dando um tiro na minha cabeça ou não, se você me matar, muito provavelmente vai ser acusado de assassinato em primeiro grau, e não tem a menor chance de escapar da pena de morte com todo esse sangue nas mãos. Os olhos de Calvin examinaram Christopher com curiosidade. — Quem é você? — perguntou Calvin novamente, quase com assombro. Christopher levantou a cabeça do travesseiro, os olhos refletindo uma luz brilhante e selvagem. — Sou o irmão mais velho de Anahí Uckermann. O último cara da face da Terra com quem você deveria ter mexido. O comedimento de Calvin quase se desfez, mas ele se recuperou rapidamente. Jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada espirituosa. — O que é isso? Você acha que matei sua irmã e agora está aqui atrás de quê? Vingança? Me deixe adivinhar. Mason não é o seu verdadeiro nome. Seu cretino esperto — acrescentou, com um estranho misto de admiração e repulsa. No corredor, eu me apoiava na parede para me manter de pé. Tinha cometido um erro terrível. Christopher estava dizendo a verdade. Ele tinha largado a faculdade para vingar a morte da irmã. Eu me lembrava de quando ele contara como eram próximos, e que ela era tudo para ele. É claro que ele queria que a justiça fosse feita. Será que seus pais sabiam? Seus amigos? Que mentiras e desculpas ele tinha contado quando fora embora? Eu começava a perceber a enormidade de sua missão. Ele tinha aberto mão de tudo para encontrar o assassino da irmã, e agora estava prestes a desistir da última coisa que tinha: sua vida. Porque Calvin nunca o deixaria sair dali vivo. Calvin deu de ombros, indiferente. — Acho que O poderoso chefão estava certo. Sangue é sangue e nada mais se compara. Christopher fechou os olhos, com uma expressão transtornada no rosto. — Não vou parar até conseguir o mapa de volta, é melhor você saber disso — disse Calvin, dando a volta na cama e parando do outro lado. Ele ergueu os olhos em direção à porta, atrás da qual eu me escondia. Congelei. Estava escuro no corredor. Eu sabia que ele não podia me ver. Ele continuava a olhar em minha direção, mas eu tinha certeza de que não estava prestando atenção, de
que seu olhar era vazio, desfocado. Não havia como distinguir minha silhueta na escuridão. Ele esfregou o queixo com força, e eu sabia que o olhar estampado em seu rosto significava que ele estava ponderando qual seria sua próxima jogada. Quando os olhos de Calvin focaram novamente em Christopher, aproveitei a chance. Caminhei em silêncio pelo corredor e desci até a cozinha. Verifiquei o telefone. Sem tom de discagem, como Korbie dissera. Ou a tempestade havia derrubado os fios, ou Calvin os cortara. Calvin havia deixado o celular no balcão, mas estava sem sinal. Revirei as gavetas da cozinha à procura de uma arma. Nada. Na sala de estar, vasculhei as gavetas da escrivaninha, mas Calvin já tinha pegado a arma. Cada vez mais em pânico e desesperada, olhei sob as almofadas do sofá. Quase joguei a última almofada contra a parede, de tão frustrada que estava. O sr. Versteeg colecionava armas. Devia haver várias na cabana. Rifles, revólveres, espingardas… onde estavam? Corri até o antigo baú junto à parede oposta, minha última esperança. Levantei a tampa, o coração cheio de ansiedade. No fundo do velho baú entalhado havia uma pequena pistola. Com os dedos trêmulos, guardei-a em um dos bolsos do meu pijama. Fiquei de pé, sentindo o peso da arma. Eu seria capaz de atirar em Calvin? Se as coisas chegassem a esse ponto, eu seria capaz de matar o doce menino vulnerável que sempre esteve à mercê do pai — o garoto por quem eu tinha me apaixonado? Nossa história havia começado anos antes, e sua vida estava tão profundamente entrelaçada à minha que era impossível encontrar dois fios separados. Quem era aquela versão distorcida e doentia de Calvin? Eu sentia que ele estava se afastando cada vez mais, frio e distante, e a perda me despedaçava por dentro. Ao me virar, encontrei Calvin parado atrás de mim.
Autor(a): Mill
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
CAPÍTULO TRINTA E CINCO — Procurando alguma coisa? — perguntou Calvin. Demorei até encontrar algo para dizer. — Um cobertor. Estou com frio. — Tem um no encosto do sofá. Onde sempre fica. — Tem razão. Olhei bem fundo de seus olhos escuros, tentando obter alguma pista do que se passava ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
-
juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
-
Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
-
Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
-
juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
-
juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
-
juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
-
Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
-
Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
-
juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais