Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
Fiquei de pé e limpei a neve do pijama. Minha mente tentava assimilar os últimos acontecimentos em meio a uma névoa negra de choque, mas, em um nível mais profundo, comecei a avaliar quais seriam meus próximos e cruciais passos. Eu precisava me manter seca. Precisava encontrar um abrigo. Olhei para as margens da floresta escura, onde a parede imponente de árvores balançava ao vento. A floresta parecia viva, assombrada, inquieta. As palmas das minhas mãos estavam arranhadas e sangrando por causa da queda. Olhei para elas sem reação, e o único pensamento que passou pela minha cabeça foi que aquelas não podiam ser minhas mãos. Aquilo não podia estar acontecendo comigo. Eu não estava ali fora de novo, no frio, enfrentando a morte. Calvin não faria isso comigo. Fechei bem os olhos e depois os abri, tentando afastar o nevoeiro e voltar à realidade — porque aquela não podia ser a minha realidade. Olhei para Idlewilde. Vista de fora, parecia ter se transformado. De uma hora para a outra tinha se tornado tão vasta e carregada de maus presságios quanto as montanhas ao redor, tão fria e impenetrável quanto um castelo de gelo. Bati os punhos nas janelas, mirando avidamente o ambiente aconchegante e quente lá dentro, enquanto o vento açoitava meu corpo através do pijama e as tábuas frias da varanda sugavam o calor dos meus pés. Eu não via Calvin. Meus olhos correram para o alto da escada. A porta estava aberta quando ele me atirara lá fora, mas agora tinha sido fechada. De repente, a realidade me chamou de volta. Atrás daquela porta, Calvin estava dando a Christopher suas opções: revele onde o mapa está escondido ou deixe Dulce congelar até a morte. “Vou congelar até a morte”, pensei. “Christopher não vai contar a Calvin onde está o mapa. Ele quer que Cal seja preso pelo assassinato da irmã. Ele está disposto a abrir mão de sua vida, e da minha, por isso.” A gravidade daquela conclusão me assustou e me fez sair do estado de paralisia. Christopher não iria ao meu resgate. Eu estava sozinha. Minha sobrevivência dependia unicamente de mim. Eu não sabia quanto tempo tinha. Uma hora, no máximo. Minha temperatura interna continuaria a cair, e eu sabia muito bem o que aconteceria em seguida. Eu perderia o controle dos pés e das mãos. Cada passo que desse seria lento e descoordenado. Em seguida, as alucinações começariam. Sem uma imagem precisa do que havia em volta, eu começaria a ver coisas que não eram reais. Sonharia com uma lareira crepitante e me sentaria tranquilamente junto ao fogo para me aquecer, quando, na verdade, estaria deitada na neve, me entregando a um sono profundo do qual nunca acordaria.
Cerrei os dentes, tentando suportar a queimadura provocada pela neve derretida que encharcava minhas meias, e atravessei correndo o quintal. Dei a volta na cabana, o vento me atingindo com toda a sua força. Meus olhos se encheram de água e meu cérebro gritou, em choque. Abaixei a cabeça e lutei para seguir em frente em direção ao canal. O canal. Era tão parte de Idlewilde quanto a cabana. Korbie e Calvin me apresentaram a ele na minha primeira visita, anos antes. O sr. Versteeg tinha mandado construir uma passarela sobre a vala profunda que corria ao longo dos fundos da propriedade, criando um recanto sombrio que Calvin tinha batizado, sem muita imaginação, de “o canal”. Korbie havia levado um pedaço enorme do carpete para lá, dando-lhe um toque de aconchego, e Calvin tinha pregado tábuas de madeira para fazer uma escada para que pudéssemos entrar e sair com segurança. Na última vez que eu tinha vindo para Idlewilde com os Versteeg, Korbie e eu descobrimos um maço de cigarros e as revistas pornô de Calvin escondidos sob o tapete. Em troca do nosso silêncio, Korbie e eu tínhamos chantageado Calvin, exigindo que ele desse cinquenta dólares para cada uma. O que eu não daria para voltar atrás e entregá-lo! Quando desci até o canal, meu coração ficou apertado ao descobrir que o alívio que ele oferecia agora era quase inexistente. As fibras do tapete estavam duras por causa do frio, e o vento não podia ser enganado: foi atrás de mim, me atormentando com suas rajadas invernais. Doía respirar, cada inalação me inundando com uma onda mais profunda de frio. Eu me sentia completamente sozinha. Eu não podia ligar para meu pai pedindo ajuda. Também não podia recorrer a Christian. Quanto a Christopher, ele estava amarrado a uma cama, sendo torturado por Calvin. Eu tinha que fazer uma fogueira, mas a enormidade da tarefa me paralisava. Se eu falhasse, não haveria ninguém para me salvar. Eu estava completa e verdadeiramente sozinha. Então me recostei no canal e comecei a chorar. Enquanto eu chorava, uma estranha lembrança me veio à mente: eu era muito nova, e tinha saído descalça em um dia de inverno para brincar de pique-pega com Ian e seus amigos. Meus pés estavam devastadoramente gelados, mas eu não queria sair do jogo nem por um minuto para entrar e calçar os sapatos. Em vez disso, afastei o frio da mente e continuei jogando. Queria me sentir daquele jeito de novo. Absorvida em alguma tarefa que me distraísse e me fizesse esquecer aquele frio penetrante e implacável. “Escave a neve para procurar galhos secos ao redor das árvores”, ouvi a voz de Christopher me dizer em pensamento. “Eu não posso”, respondi, desolada. Não posso andar na neve; não tenho sapatos. Não posso escavar a neve; não tenho luvas. “Resina de pinheiro. Queima como gasolina, lembra?”, insistia a voz de Christopher. “E perder o pouco de energia que tenho procurando?”, rebati. Passei as mãos trêmulas nas fibras rígidas do tapete, me perguntando quanto tempo restaria até que eu ficasse como elas. Congelada. Foi enquanto olhava desanimadamente para o tapete que tive uma ideia: os cigarros de Cal.
Levantei a ponta do tapete. Lá, aninhados em um emaranhado de ervas daninhas marrons, estavam um maço de cigarros e uma caixa de palitos de fósforo. Frios, mas secos. Havia uma chance de acenderem. Aquela pequena vitória me deu o gás de que eu precisava para agir. Por mais doloroso que fosse correr pela neve para encontrar gravetos, eu tinha que fazer isso. Elaborei depressa um plano antes que desistisse. Eu podia construir uma estrutura usando a lenha que o sr. Versteeg mantinha empilhada perto da porta da cozinha. Eu havia visto um ninho de pássaro caído sob uma das árvores, e poderia desfazê-lo e aproveitar os gravetos para fazer fogo. Além de pinhas e de casca de árvore. Podia também raspar a seiva de pinheiro com minhas unhas. Saí do canal batendo os dentes de frio e cambaleei na direção do vento. Cada rajada gélida parecia um tapa. Avancei aos tropeços, um pé ensopado de cada vez, e procurei me concentrar, até que meus pensamentos consistissem em apenas uma coisa: eu iria reunir tudo de que precisava para fazer uma fogueira, ou morreria tentando. Parei de lutar contra o frio insuportável. Eu estava congelando, e aceitei isso. Concentrei minhas energias em escavar, com os dedos frágeis, a neve acumulada em torno das árvores, procurando casca de árvore, pinhas, galhos e folhas secas. Enfiava cada tesouro encontrado nos bolsos, parando apenas para trazer a sensibilidade de volta aos dedos. Então voltava ao trabalho, raspando e cavando. Quando meus bolsos já estavam cheios, corri com passadas irregulares até o canal. Meus pés e mãos trabalhavam lentamente. Até o meu cérebro se arrastava, formando os pensamentos como uma engrenagem enferrujada que relutava para se pôr em movimento. Eu sabia que construir uma plataforma era o primeiro passo, mas escolher as peças adequadas em meio aos recursos que garimpei foi extremamente difícil. Minha concentração parecia se dissipar. Mesmo tremendo, tentei pegar os maiores pedaços de madeira juntos. Eu estava me cansando muito rápido. Minhas mãos tremiam de frio, e, com grande ponderação e frustração, tentei arrumar os galhos para formar uma tenda. Após vários minutos, eu tinha conseguido juntar seis ou sete gravetos na posição vertical. Desfiz o ninho de pássaro e cuidadosamente encaixei o material inflamável entre as pernas bambas da tenda. Meus dedos esbarraram em um dos lados, e a estrutura desabou. Com um grito de desespero, caí de joelhos, chupando os dedos para descongelá-los. Comecei de novo. Um graveto de cada vez, ergui novamente a tenda. Dessa vez, me saí melhor. Não estava perfeita, mas eu esperava que fosse o suficiente. Risquei um fósforo na caixa, e vi uma fumacinha subir. Voltei a riscar o fósforo várias e várias vezes, até ele ficar gasto. Peguei outro e tentei de novo. E de novo. Minhas mãos tremiam descontroladamente. Se um dos fósforos não acendesse logo, eu temia não conseguir mais riscar o fósforo na caixa com a força necessária. Minha mão esquerda já estava muito rígida para manipulá-lo direito. — Merda — esbravejei, exausta. Então tive a ideia de riscar o fósforo em uma pedra. Não sabia por que isso não tinha me ocorrido antes. Meu bom senso começava a desvanecer rapidamente — meus dedos não
eram a única parte de mim entorpecida demais para agir. Felizmente a plataforma tinha mantido a pedra seca. E, lentamente, meu cérebro se esforçou para processar cada comando. Pedra. Fósforo. Riscar. Depressa. Foi com uma espécie de choque que vi o fósforo chiar e acender. Olhei para a chama dançante, meus olhos se enchendo de lágrimas de assombro. Com extremo cuidado, encostei a chama no material inflamável. Aos poucos, uma fumaça começou a sair, e então a pegar fogo. Após alguns segundos, os gravetos começaram a queimar. Quando os pedaços maiores de madeira também pegaram fogo, levei as mãos ao rosto com um soluço de alívio. Uma fogueira. Eu não ia morrer congelada.
Autor(a): Mill
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
CAPÍTULO TRINTA E SETE Aconchegada junto à fogueira, esfreguei os dedos para recuperar a sensibilidade. A ideia de descansar um pouco era tentadora, mas eu sabia que o tempo estava passando. Não podia ficar ali sentada a noite toda — tinha que tirar Christopher da cabana. Eu tinha vencido uma batalha ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
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Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
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Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
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Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
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Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
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juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais