Fanfic: Gelo Negro- Adaptação vondy | Tema: Vondy
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
— Calvin não vai me matar antes que eu diga onde está o mapa — observou Christopher friamente. — Ele acha que precisa encontrá-lo antes que um guarda-florestal ou um policial encontre. — Onde está o mapa? — Quando voltei ao nosso abrigo hoje de manhã depois de caçar e não a encontrei, soube na hora que você tinha vindo para Idlewilde. Eu sabia que Calvin era um assassino e que precisava encontrar você o mais rápido possível. Eu não tinha tempo para levar o mapa até a central da Guarda Florestal. Então o deixei sob a árvore. Blefei com Calvin. Ninguém vai encontrar o mapa sem ajuda. E, mesmo que encontrem, não vão saber o que significa. Vão jogar o mapa fora ou entregar a um guarda do parque. Mas não vou deixar Calvin descobrir que ele pode se safar dessa. Temos que fazer com que ele se sinta ameaçado, com medo de ser desmascarado a qualquer momento. Dulce, vou fazer de tudo para você sair daqui viva. Você vai ter que mostrar à polícia onde o mapa está. — Nós dois vamos sair daqui vivos — corrigi com firmeza. — Calvin poderia atirar em você, para eliminar uma testemunha, mas acho que ele não vai fazer isso — continuou Christopher, ignorando minha afirmação anterior. — Você é a última moeda de troca dele… se você morrer, ele sabe que não vou ter por que entregar o mapa. O plano dele é o mesmo de antes. Usar você para tentar me forçar a falar. E é por isso que vamos ficar juntos e ir atrás dele. Vamos tentar pegá-lo por trás e desarmá-lo. Depois, só precisamos mantê-lo preso até o entregarmos à polícia. — E se ele nos pegar? Christopher olhou para mim sem falar nada, mas eu sabia a resposta. Na melhor das hipóteses, tínhamos cinquenta por cento de chance de pegá-lo. Christopher me beijou ardentemente. Eu me senti aquecida e tranquila enquanto ele me abraçava com força, e queria que ele não me soltasse nunca mais. Queria que pudéssemos ficar ali, abraçados, e que de alguma forma isso bastasse. — Não temos que ir atrás de Calvin — sugeri em voz baixa. — Podemos caminhar até a cabana na estrada e ligar para a polícia. É o mais seguro a fazer. — Ele matou minha irmã — disse Christopher. — Não vou fugir. Quero justiça. Me dê a arma. As sombras que se formavam em seus olhos me preocupavam. Toquei a manga de sua camisa. — Christopher, me prometa uma coisa. Prometa que não vai matá-lo. Seus olhos se fixaram nos meus. — Passei o último ano movido pela ideia de matá-lo. — Ele não merece morrer.
Eu não estava mais apaixonada por Calvin, mas o conhecia desde criança. Já tinha visto seu lado bom e seu lado ruim. Era tarde demais para ajudá-lo, mas eu também não queria destruí-lo. Ele era irmão de Korbie. Meu primeiro amor. Tínhamos uma história. Mas, o mais importante, eu não queria que Christopher acabasse como Calvin. Um assassino. — Ele merece coisa pior — disse Christopher. — Ele achou que matar fosse a resposta. Quero mostrar a ele que existem outros caminhos. — Você está me pedindo para deixar vivo o homem que assassinou brutalmente minha irmã — disse ele, com a voz tensa. — Ele vai ficar preso. Por muito tempo. Se parar para pensar, isso nem é realmente viver. Por favor, prometa. — Não vou matá-lo — disse ele, por fim, de forma sombria. — Por você. Mas minha vontade é fazer isso. Entreguei a arma a ele, torcendo para não estar cometendo um erro. Christopher viu que a arma estava carregada. — Quando isso acabar, vou dar a Anahí um enterro digno. Com a família e as pessoas que a amavam presentes. Ela merece isso. Baixei os olhos. — O corpo na despensa. A garota usava um vestido justo preto. Era Anahí, não era? Lágrimas marejaram os olhos de Christopher. Ele olhou para o céu escuro, piscando para secálas. Christopher sabia que era ela desde que eu lhe contara que tinha encontrado o corpo, mas só agora seus ombros estremeceram e sua respiração acelerou. Ele havia guardado a dor, porque precisava ser forte. Por mim. Ele não poderia me proteger se estivesse focado nela. — Ela o perdoou, Christopher. Você tem que acreditar nisso. Ela decidiu sair para beber. Decidiu sair de lá com Shaun. O que aconteceu depois disso é horrível e imperdoável, e não estou dizendo que ela merecia ser morta, porque com certeza não merecia… ninguém merece… Mas, em algum momento, ela tinha que parar de contar com você para salvá-la e aprender a salvar a si mesma — falei, do fundo do coração, com uma intensidade que eu jamais conseguiria explicar a Christopher. Eu precisara ficar presa com ele para ver como era dependente do meu pai, de Ian e de Calvin. Christopher tinha me ajudado a ver que eu precisava mudar. E tinha estado ao meu lado enquanto eu dava os primeiros e assustadores passos para transformar minha atitude. E agora cabia a mim decidir o que faria com aquela força e independência recém-descobertas. Christopher deixou escapar um ruído atormentado do fundo da garganta. — Se ao menos eu conseguisse me perdoar… Não paro de me perguntar por que Calvin fez isso. — Ele enxugou os olhos com a manga da camisa. — Preciso saber o motivo, porque, na minha mente, tem que haver uma explicação lógica, quando, na realidade, não há nada de lógico na mente de um assassino. — Calvin se ressentia porque Anahí tinha entrado para Stanford e ele, não. Ele passou a vida inteira sendo levado a acreditar pelo pai que mulheres são, de alguma forma, inferiores, e pensar que alguém inferior a ele pudesse ter obtido mais sucesso era algo que
o matava por dentro. — Ao explicar as motivações de Calvin, percebi como eram frívolas e insignificantes. O que só tornava a violência dele ainda mais incompreensível. Christopher olhou para mim. — Calvin a matou porque ela entrou para uma faculdade para a qual ele nem queria ir? — Ele balançou a cabeça com desgosto e tristeza. — Foi por isso que ele pegou o boné dos Cardinals dela? — Como assim? — O boné dos Cardinals que Calvin deu a você. Era da Anahí. A mancha amarela em cima… não era mostarda, era tinta. Eu estava com ela quando isso aconteceu. Pintamos o quarto dela de amarelo juntos. Amarelo com listras pretas — disse Christopher, em um tom tranquilo, mas vi a angústia em seus olhos. — Calvin levou o boné como um símbolo de seu triunfo sobre ela, como se ele tivesse tomado de volta o que era seu por direito. O boné nem sequer pertencia a Calvin. Eu tinha passado o ano anterior agarrada a ele, porque não estava pronta para desistir de nós dois. Achava que o boné era dele e queria senti-lo perto de mim. Mas eu estava me apegando a algo que não era real. Aquilo doía, mas, estranhamente, também tornava mais fácil deixá-lo para trás de uma vez por todas. De repente, Christopher ergueu o rosto para o céu. — Está ouvindo isso? Parei para ouvir e identifiquei o ruído distante de um motor, que vinha na nossa direção. — O que é? — Um helicóptero. — A polícia? — sussurrei, relutante em nutrir esperanças tão rápido. — Não sei. — Ele me encarou. — Alguém pode ter encontrado o seu carro abandonado e pedido ajuda. Podem estar procurando você e Korbie. — Ele fez uma pausa. — Mas acho difícil já terem mandado um helicóptero para cá agora à noite e com este tempo. — São eles. — Disse a mim mesma que tinha que ser a polícia. Eu não podia suportar a ideia de não ter ninguém vindo em nosso socorro. Enterrei o rosto no ombro de Christopher. — É a polícia. Ou a equipe de busca e salvamento. Eles vão nos encontrar. Vamos ficar bem. Percebi, pela tensão e a rigidez de seu corpo, que ele não tinha tanta certeza e que preferia agir com cautela. Ele acariciou meu cabelo com tranquilidade, mas sua voz deixava transparecer a dúvida. — Mesmo que seja uma equipe de busca, não podemos correr a céu aberto e fazer sinal para eles. Não sei se Calvin atiraria em nós com testemunhas por perto, mas não quero correr nenhum risco. Até pegarmos Calvin, vamos ficar escondidos entre as árvores, tudo bem? Caminhamos pela neve, avançando pela floresta e dando a volta pelos fundos de Idlewilde. Ainda que Christopher estivesse logo à frente, mancando, eu me sentia sozinha. A floresta estava sombria e escura. Qualquer coisa podia estar à espreita. Eu sentia os olhos das árvores em mim. Será que Calvin estava nos observando?
De repente, ouvi um ruído suave de passos atrás de mim. No mesmo instante em que me virei, Calvin saltou agilmente em meio à neve, caindo agachado perto de mim. — Christopher! — gritei. Christopher se virou e apontou a arma para Calvin, que parou abruptamente e mirou em mim. Ficamos os três paralisados. — Se atirar em mim, eu atiro nela — ameaçou Calvin. — Você está ouvindo o helicóptero lá em cima — disse Christopher. — É a polícia. Acabou, Calvin. Eles acharam o mapa. Estão vindo atrás de você. Você vai para a cadeia. — Isso é um helicóptero de vigilância — disse Calvin com desdém. — Provavelmente de busca e salvamento. Alguém deve ter encontrado o carro da Dulce na estrada e pedido ajuda. Eles não podem nos ver aqui embaixo. Bela tentativa de me intimidar, mas não estou com medo. — Tenho certeza de que você está com medo — disse Christopher. — Não de ser pego, mas de nunca estar à altura. Você está com medo do fracasso. É assim que escolhe seus alvos. Que tipo de homem gosta de dominar garotas indefesas? Vou dizer a você: nenhum. É frustrante perceber que você não é um homem de verdade, Cal? Respirei fundo. Ele estava tentando fazer Calvin perder o controle? — Vai ser bom matar você — disse Calvin, entre os dentes cerrados. — Claro que vai — respondeu Christopher, em um tom despreocupado. — Estou ferido, e é disso que você gosta, não é? Um alvo fácil. Um sorriso indolente e ardiloso se abriu no rosto de Calvin. — Gastei um tempo com elas, principalmente com Anahí. Cada chute, cada contorcer, cada brilho de pânico nos olhos dela… fiz tudo para prolongar isso, me senti invencível com todo aquele poder e controle — continuou ele, sabendo exatamente o que dizer para perturbar Christopher. — Só lamento não ter ouvido os gritos dela, mas amarrei a corda em volta do seu pescoço com tanta força que ela não deu um pio… Os olhos de Christopher arderam de ódio, e então tudo aconteceu rapidamente. Christopher partiu para cima de Calvin, agarrando o pulso dele e derrubando a arma longe. Em seguida, deu um soco no rosto de Calvin, que cambaleou para trás, gritando e segurando o nariz. — Você quebrou meu nariz! — gritou Calvin, furioso. Christopher pegou a arma de Calvin e a apontou para ele. — Hoje é seu dia de sorte, então. Existem mais duzentos e cinco ossos em seu corpo que eu gostaria de quebrar. Mãos na cabeça. Com o rosto pálido, Calvin deixou escapar uma risada nervosa. — Você não atiraria em mim. Dulce, você não vai deixá-lo fazer isso. Eu conheço você. — Não fale com ela — disparou Christopher. — Você não merece falar com ela. É um desgraçado inútil que não merece viver. Calvin pareceu assimilar as palavras de Christopher, piscando várias vezes. Então balançou a cabeça, os olhos vazios e sem foco. — Você não é a primeira pessoa a me dizer isso.
— Como você encontrou as garotas? — perguntou Christopher, sem rodeios. — Você deve ter pesquisado sobre elas ou algo do tipo. — Calvin trabalhou com Macie como guia de rafting — falei. — Provavelmente a matou quando descobriu que ela ia para Georgetown no outono. E Kimani estudava em Pocatello High, escola rival da nossa. Ele sabia que ela devia ir para Juilliard. Todos na cidade sabiam. — Meu pai vai me matar — disse Calvin, atordoado. — Não posso acreditar que ele ganhou. O que quer que ele tenha dito em seguida foi engolido pelo vump-vump barulhento das hélices do helicóptero. O estrondo foi tão grande que achei que o helicóptero estivesse passando exatamente acima de nossas cabeças. Ignorei o conselho de Christopher; se visse um holofote por perto, sairia correndo para pedir ajuda. Calvin ergueu a cabeça em direção à cúpula negra que pairava sobre ele. Sua expressão foi da descrença à compreensão. Uma sombra de derrota atravessou seu rosto, um olhar melancólico, impotente, quase infantil. Ele juntou os pulsos, estendendo-os na direção de Christopher. — Vá em frente. Me amarre. — Sua voz falhou e ele começou a chorar. — É melhor mostrar ao meu pai que sei receber minha punição como um homem. Naquele momento, meu coração se despedaçou. Queria abraçar Calvin e dizer a ele que ia ficar tudo bem, só que não ia. Nada estava bem. Ele não estava bem. Aquela versão distorcida e doentia dele estava além de qualquer ajuda. Eu me perguntava o que o sr. Versteeg diria quando descobrisse o que Calvin tinha feito. Será que se sentiria responsável? Acho que não. Ele evitaria Calvin, mantendo distância da desgraça do filho. Christopher juntou os braços de Calvin nas costas. Comecei a chorar. Eu me sentia vazia por dentro, mas não achava que estava triste. Ou talvez estivesse. Triste porque tinha amado Calvin, e não entendia como o garoto por quem eu me apaixonara tinha se transformado em uma pessoa tão cruel e destrutiva. Triste porque eu teria feito qualquer coisa para ajudá-lo. Mas agora já não sabia se isso era possível. — Onde estão as coisas da Anahí? — perguntou Christopher. — Onde você colocou? — No canal atrás de Idlewilde — respondeu Calvin, com uma resignação serena. — Eu estava lá — falei. — E não vi nada. — Há uma tábua solta na parte de baixo da passarela. — Os ombros de Calvin estavam caídos, o queixo enfiado no peito. — Se você a tirar, vai ver um espaço oco em cima. Coloquei tudo em um envelope. Não parecia ser nem um pouco do feitio de Calvin nos ajudar, mesmo que ele tivesse percebido que estava encurralado e que não havia como fugir. Será que fora necessária uma derrota para mudá-lo? Antes que eu desvendasse as verdadeiras motivações de Calvin, Christopher apontou para a cabana com o queixo, indicando que deveríamos entrar. — Vamos amarrá-lo primeiro. Já na cabana, Christopher empurrou Calvin até uma das cadeiras da cozinha. Subi para pegar a corda que Calvin tinha usado para amarrar Christopher, e, juntos, prendemos os pulsos e os
tornozelos de Calvin à cadeira. Ele não lutou. Ficou imóvel, olhando para o nada. — Acho que isso prova que eu nunca fui bom o suficiente — disse Calvin. — Não fui bom o suficiente para ser o cara que você queria. Não fui bom o suficiente para Stanford. Nem mesmo bom o suficiente para escapar impune de um assassinato. — Ele riu, um som sufocado e infeliz. — Pena que eu não nasci menina. Korbie vem escapando impune de assassinatos a vida toda. Christopher se virou para mim. — Me mostre o canal.
Autor(a): Mill
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CAPÍTULO QUARENTA Christopher e eu checamos todas as tábuas da passarela. Duas vezes. Mas todas estavam bem presas. — Ele mentiu — concluiu Christopher. — Não há nada aqui. — Por que ele mentiria? Christopher e eu nos entreolhamos. Imediatamente corremos até a escada e ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 43
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Mill Postado em 29/10/2015 - 16:18:04
É pena que acabou, também irei sentir saudades. Podem deixar assim que eu fizer outra fanfic eu posto aqui pra vocês ler #gelonegro! Lovei!
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 20:43:23
Maravilhosa pena que acabou deixar aqui sua nova web quero ler
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Polivondy16 Postado em 28/10/2015 - 19:19:39
Foi perfeita! Ficaram juntos <3 Ameeei! Obrigada você por compartilhar essa história com a gente, e espero que compartilhe muitas mais! Amei #gelonegro! Lovei! Lovei! Lovei! E infelismente.... num tem como escrever o posta mais...né! Vou sentir saudades *-*
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Mill Postado em 28/10/2015 - 16:48:18
Tá acabando :"(
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:12:54
Tadinha da dul ele não pode fazer isso com ela
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:09:14
Calvin se lasco mane
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juhcunha Postado em 28/10/2015 - 00:07:32
Essa merda d Calvin não pode morre ele tem que pagar pelo que ele fez
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Polivondy16 Postado em 27/10/2015 - 21:56:53
Acabando? Mas já? Logo agora que o pesadelo acabou... Essa Becca é cruel! Não, Christopher! Você não pode ir embora! Quero muito vê-los juntos! Posta mais *-*
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Mill Postado em 27/10/2015 - 16:44:52
kKKK Calma Korbie não matou ninguém
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juhcunha Postado em 26/10/2015 - 23:07:04
Korbie matou quem? Mdsss posta mais