Fanfics Brasil - A profecia: Maria Helena POV A lenda dos Semi-Titãs

Fanfic: A lenda dos Semi-Titãs | Tema: Percy Jackson e os Olimpianos


Capítulo: A profecia: Maria Helena POV

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Então é isso que "elas" são.


Espectros.


O olhar de Milena foi de encontro ao meu, e tenho certeza de que estávamos pensando a mesma coisa. 


- Primeiramente, precisamos falar com Quíron. Ele saberá o que fazer, pois não sabemos se esses tais espectros são perigosos ou não. 


Sugeriu Thalia. 


Milena engoliu em seco.


- Quíron? Acha mesmo que é a melhor alternativa?


Thalia voltou-se para ela com uma sobrancelha erguida, mas eu sabia o porque. Milena sempre soube esconder quando estava nervosa, mas agora, sua voz estava trêmula, como se ela estivesse prestes a chorar.


- E se ele não acreditar na gente?


Perguntou Math.


- Vai acreditar...se Nico nos ajudar.


Respondeu Thalia. Todos olhamos para ele, esperando alguma resposta.


- Por que ele só acreditará se eu afirmar?


- Ué, existe outro filho de Hades por aqui? 


Ironizou ela. Nico bufou, mas não consegui entender o motivo.


- Está bem...podem deixar comigo.


Disse ele por fim. 


- Hã, pessoal...acho melhor voltarmos, não? Os outros campistas podem desconfiar. 


Disse Math, em uma voz quase que inaudível. 


- Desconfiar do que? De que nos afastamos para fazer uma rodinha de maconha? Ah, faça-me um favor. 


Respondeu Jaci. 


Eu, minha irmã e Thalia soltamos um pequeno risinho. Foi realmente engraçado o jeito como ela se referiu à droga. Math deixou as pálpebras caírem pela metade e entortou os lábios. 


- Está certo...vamos voltar.


Disse Thalia, ainda rindo. 


***


O caminho era distante, então voltamos todos com passos apressados, quase que correndo. Até aquela hora, deviam estar procurando por nós, mas queriamos passar despercebidos. Demos a volta no pavilhão e para o nosso azar, Quíron e o Sr. D esperavam por nós de braços cruzados. 


Freamos como cavalos de corrida que receberam a ordem de parar. Eu cerrei os dentes em um "vish" inaudível para os outros. 


- Podem nos dizer o que estavam fazendo tão distantes do acampamento?


Perguntou o Sr. D em seu tom grosseiro natural.


Thalia começou a falar.


- E-eu...nós...nós precisamos falar com vocês.


Diferentemente do Sr. D, Quíron mudou de expressão, entendendo que o assunto era sério, pelo tom de Thalia.


- O que aconteceu? Algo grave?


- Bem...mais ou menos...


Disse Math.


- Então falem! Desembuchem!


Gritou o Sr. D.


Nós nos entreolhamos, esperando a vez de Nico se pronunciar. Até que o mesmo deu um passo à frente e se aproximou de Quíron.


- Senhor, é algo que eu e Thalia gostaríamos de falar à sós com você.


O diretor de atividades voltou seu rosto à mim, à Milena, à Jaci e à Math. Os únicos que sobraram na história. 


Então, inesperadamente, Nico chamou por Jaci, dizendo que ela era sua principal testemunha, que ela havia visto primeiro o motivo do assunto. Esta pareceu se impressionar com a atitude dele e se aproximou de Nico, timidamente. Minha irmã lançou um olhar decidido à mim. Eu sabia o que ela estava pensando, sabia que tinha sido ela a primeira e ver uma das "sombras", mas preferia que o centauro não a visse de maneira errada, como uma mentirosa, pois estávamos no acampamento havia pouco tempo, e devido a isso, não achei que ele fosse acreditar nela, simplesmente pelo fato de não conhecê-la totalmente. Balancei a cabeça disfarçadamente, mas ela me ignorou.


- Eu também senhor. Sou parte do assunto. 


Quíron sorriu e acenou positivamente. 


- Então...os três, podem me acompanhar. 


Disse ele, virando-se e colocando as mãos atrás das costas. Nico e Thalia começaram a segui-lo. Milena deu alguns passos à frente, mas antes de juntar-se à eles, virou-se para mim uma última vez e eu sorri, encorajando-a. Um sorriso em seus lábios estendeu-se de volta para mim e ela correu para o lado de Thalia. 


Math e eu ficamos parados, acompanhando os passos dos seis em direção à Casa Grande, até se tornarem pontos no gramado do acampamento. Sorrindo, Math olhou para mim e jogou a cabeça para o lado, pedindo para que eu o seguisse. Juntos andamos até o anfiteatro para esperar por nossos amigos; levaria um bom tempo até convencer Quíron e o Sr. D, de que o que havíamos visto era real.  Ao chegarmos, Math encontrou algumas tábuas e as amontoou no chão. 


- Bem...faça sua mágica, filha de Hécate. 


Disse ele, com os braços estendidos em direção às tábuas. Uma expressão desafiadora estampada em seu rosto.


- Está certo...mas se afaste.


Respondi com um meio sorriso. Ajoelhei-me perto do amontoado e estendi a mão, pronunciando baixinho um feitiço, até que uma chama surgiu no meio das tábuas e cresceu até consumi-las por inteiro. 


Eu me joguei para trás e Math sentou ao meu lado, com os braços apoiados nos joelhos. Levantei a cabeça em direção ao céu estrelado, tentando identificar as constelações. Math fez o mesmo. 


- Qual dessas deve ser a tal de Zoë, que Thalia tanto fala?


Disse ele, de repente. 


- Procure uma menina com arco e flecha. 


Respondi.


Ele estreitou os olhos por um instante e depois de um tempo, voltou seu olhar para baixo e juntamente com um forte piscar, balançou a cabeça. 


- Não estou conseguindo ver...são muitas estrelas juntas!


Reclamou. 


- Isso é verdade. Mas aposto que consigo achá-la antes de você!


Ele voltou-se olhar à mim com um sorriso maroto no rosto e meu coração disparou. 


- Ah, é mesmo? 


Desafiou ele. 


- S-sim. 


Respondi. 


- Então está bem...o último que achar terá que...que...arrumar a cama do outro por uma semana!


- Não acha isso meio bobo, já que dormimos em chalés diferentes?


- Ei, é uma brincadeira, não precisamos estar falando sério...precisamos?


Eu soltei um pequeno riso.


- É claro que não.


- Ótimo.


Disse ele rindo também. Nos voltamos para o céu, tentando achar a constelação de Zoë. Mas confesso, que meu olhar se perdeu nas estrelas e eu não consegui mais me concentrar no objetivo da brincadeira. Tudo que eu pensava era como me sentia feliz em ter momentos assim com Math e em como era bom para mim sempre vê-lo sorrir. 


Math nunca foi um rapaz que eu pudesse considerar realmente bonito, não que ele não fosse, mas não tinha uma beleza estonteante, era impossível compara-lo com Jeremy Sumpter ou Alex Pettyfer. Mas tenho que dizer, que ele é melhor do que os dois. Não pelo seu rosto, mas por sua  personalidade, por seu coração. Sabe quando você vê uma pessoa linda, mas quando conversa com ela, percebe que ela é idiota como um tijolo? E quando você vê uma pessoa nem tão bonita assim, mas quando passa a conhecê-la, você tem a certeza de que o coração dela vale mais que uma joia? Math é assim, ele tem uma beleza diferente, uma beleza rara, que vem de dentro dele. Ele é uma daquelas pouquíssimas pessoas, que só de olhar para seu exterior você percebe que se trata de alguém bom, inteligente e maduro.


É por isso que sinto algo especial por ele, porque sempre senti, desde que cheguei aqui no acampamento.


- E então, achou a constelação? 


Perguntou, tirando-me de meus pensamentos. 


- Hã...eu...não. E você?


- Eu achei! Ali, para a esquerda, bem perto das trigêmeas. 


Disse ele apontando para um ponto nas estrelas. Eu segui seu dedo, então distingui a forma de uma menina com arco e flecha a postos. 


- Agora consigo ver! Essa deve ser a constelação preferida de Ártemis, não?


- E é mesmo...


Disse uma terceira voz ao nosso lado, na qual reconheci que era a de Thalia. Eu e Math nos levantamos ao perceber a chegada dos quatro. Tínhamos expressões de preocupação no rosto. 


- E então como foi? 


Perguntou Math, ajeitando sua calça. 


- O Sr. D como sempre, não acreditou e Quíron ficou em dúvida, por que Hades não deixaria um espírito sair do Mundo Inferior. 


- Mas eu expliquei a ele que um espírito é totalmente diferente de um espectro, mas mesmo assim não adiantou. 


Disse Nico. 


- E qual é a diferença dos dois? 


Perguntei. 


- Quer mesmo que eu explique agora? Por que vai demorar.


Pensei um pouco, então balancei a cabeça.


- É melhor não. 


- E agora, o que vamos fazer? 


Perguntou Jaci. 


- O melhor é agirmos como se nada tivesse acontecido e esperar até que algum de nós as veja de novo. 


Disse Milena. 


Todos ficamos parados, encarando algum ponto fixo na estrutura do anfiteatro, pensando no que fazer. 


- Bem...eu não sei vocês, mas eu estou com sono e vou para o meu chalé, antes que todo mundo vá dormir. 


Disse Jaci depois de um tempo, enquanto esticava os braços para cima.


- Eu vou também. Você vai Maria? 


Perguntou Milena. Eu acenei positivamente. 


Houveram alguns "boa noites" antes de nos dispersarmos para fora do anfiteatro em direção à nossos respectivos chalés. 


Já estava à caminho do meu, quando senti uma mão no ombro e me virei, deparando-me com minha irmã, que tinha um sorriso estampado no rosto branco.


- Preciso dizer alguma coisa?


Perguntou ela, de um jeito faceiro. 


- Não.


Respondi secamente, apressando meus passos.


- É sério. Tem que dizer à ele sobre seus sentimentos!


- Mi, não somos adolescentes bobas, por isso você devia saber que esse não é o assunto mais importante da minha vida a ser tratado. 


- Eu sei, eu só não quero te ver sofrer mais e você já tem quinze anos!


- Não estou sofrendo, tenha certeza disso. 


Declarei, me virando bruscamente. 


- Amanhã pode ser tarde demais...sabe como é a vida de um semideus!


Disse ela às minhas costas. 


Um suspiro pesado escapou pelos meus lábios.


- Toda hora pode ser tarde demais. 


Respondi por fim, antes de voltar a andar apressadamente. 


***


Fui a última à adentrar no chalé. Todos os meus meio-irmãos já desfaziam a cama, escovavam os dentes, ou já se encontravam em sono profundo. Depois que Lou Ellen saiu do banheiro me apressei para ocupar o cômodo e como todos os dias me preparei para dormir.


Já era tarde da noite e o sono ainda não havia se apoderado de mim, tantas coisas estranhas estavam acontecendo e sem nenhuma explicação. Talvez fosse sempre assim e mesmo depois de quatro meses eu ainda estivesse me acostumando. Não tinha como saber. Minha mente pareceu viajar e depois de um tempo, percebi que estava lembrando da vida que tinha antes de vir para cá. Lembranças boas, onde eu era só mais uma criança despreocupada que brincava alegremente com seu pai e sua irmã em um gramado esverdeado logo abaixo de uma árvore frondosa. 


Foi com essas boas memórias que minhas pálpebras aos poucos foram se fechando, até meu corpo se desligar totalmente. 


Eu estava em uma sala de aula, onde só haviam meninas sentadas nas carteiras. Entre elas, uma garota ruiva de cabelos desarrumados em um uniforme que ela certamente odiava, escrevia um texto sobre vasos sanguíneos e os diferentes tipos de sangue. De repente, seus olhos assumiram uma cor verde brilhante e ela assumiu postura na cadeira, petrificada. Então começou a falar em uma voz assustadora, sobrenatural.


Pelo mundo cinco semideusas seus destinos enfrentarão


Atrás da joia da protetora dos bruxos elas se perderão


A mortífera, a vingadora, a corajosa e a esquecida


Com a filha da morte farão sua aliança


E a filha legítima do homem leal


Terá a sua metade eternamente adoecida. 


Após ter tido essas palavras, o verde brilhante em seus olhos se apagou e ela caiu para o lado, em desmaio. 


Levantei em um sobressalto. Eu suava frio. O que eram aquelas palavras? Quem era aquela garota? Então lembrei da fisionomia dela; ela era exatamente compatível a descrição que me deram de Rachel Dare, o novo Oráculo do acampamento, que por azar não se encontrava no mesmo. Uma chama de pavor se acendeu dentro de mim. Ainda de pijama, saltei da cama e sai em disparada do chalé, em direção à Casa Grande, gritando por Quíron. 


Quando estava perto o suficiente, pude ver que as luzes do interior da casa estavam acessas. Mas, porque? 


Abri a porta de repente, arfando e suando. Quíron me olhou com espanto e ao me acalmar examinei melhor a sala e percebi que Jaci e Milena se encontravam no sofá, com os olhares voltados à mim. Arqueei uma sobrancelha em direção à minha irmã, que respondeu com um olhar assustado. 


- Não, Maria...me diga que você também não.


Disse Quíron. 


- O que está acontecendo? 


Perguntei. 


- Sente-se aqui.


Respondeu ele, indicando com o braço um lugar no sofá onde as meninas se encontravam. 


- Senhor, eu tive um sonho e-


Comecei, enquanto sentava no sofá.


- Sim, minha jovem, eu sei...


Interrompeu ele. Não consegui esconder meu desespero, o que estava acontecendo?


- Como assim? E por que elas estão aqui? 


Perguntei com um tom alterado.


Quíron soltou um suspiro pesado. Argh! Por que ele não dizia logo?!


- Elas estão aqui Maria, por que tiveram o mesmo sonho que você. 


Eu olhei assustada para minha irmã, que acenou tristemente com a cabeça.


- Mas isso é impossível! Como?...quer dizer...vocês contaram a ele sobre os versos assustadores?


Perguntei à elas.


- Sim, elas me contaram...contaram que vocês sonharam com o nosso Oráculo. Seria mais fácil se Rachel estivesse aqui conosco.


Meu ataque de desespero pareceu cessar. Abaixei os braços lentamente, com olhos voltados para o chão.


- O que tudo isso significa?


Perguntei, dessa vez calmamente.


- Certamente, vocês três sabem que os sonhos de semideuses não são apenas sonhos, não é? 


Acenamos positivamente com a cabeça.


- Bem...então devo lhes dizer que todos esses versos assustadores...bom...vocês acabaram de sonhar com mais uma profecia. 


- Mas, nós apenas sonhamos com ela. Não quer dizer que ela seja dirigida a nós, não é Quíron?


Disse Jaci.


Quíron ficou em silêncio por um tempo.


- Não é Quíron?!


Repetiu ela, num tom assustado.


- É Jaci...é sim...o sonho foi dirigido a vocês, então certamente a profecia também é.


Um silêncio horrível pairou entre nós três. Aquilo não estava acontecendo. Não podia estar acontecendo.


- Então como vamos desvendá-la? Não sabemos nada sobre isso ainda. 


Disse Milena. 


- Eu tenho alguma ideias, mas tenho que lhes dizer que uma profecia pode ter dois sentidos, não levem tudo para o lado literal. Qual é o primeiro verso?


Pelo mundo cinco semideusas seus destinos enfrentarão.


Respondeu Milena. 


- Ótimo. Então, vocês inevitavelmente fazem parte dessas cinco, as outras duas devem aparecer a qualquer instante, por que vejo que ninguém mais além de vocês teve o mesmo sonho. O próximo por favor.


Atrás da joia da protetora dos bruxos elas se perderão.


Bem...poderemos dizer que essa missão as levará até outros lugares, já que diz que vocês ficarão perdidas...talvez seja isso. Mas o resto...não consigo entender. Diga-me a próxima parte, talvez ela nos dê uma pista.


A mortífera, a vingadora, a corajosa e a esquecida. Com a filha da morte farão sua aliança.


- Certo, então...


Quíron parou pensativo por um instante.


- Então?


Perguntamos em uníssono, impacientes.


- ...Eu não tenho ideia do que esses últimos versos possam significar... Só sei que cada um desses títulos é voltado a cada uma de vocês, vocês só precisam descobrir qual pertence à qual. E o último?


E a filha legítima do homem leal. Terá a sua metade eternamente adoecida.


Respondi. Nesse segundo, não precisei da explicação de Quíron para entender exatamente, quem de nós era filha legítima do "homem leal". Meu pai. 


- Milena...a filha legítima...é você.


Disse à ela, com olhos marejados. Ela cobriu o rosto com a mão e curvou o corpo para frente. Eu a abracei e encostei o queixo em seu ombro, enquanto mais lágrimas desciam pelo meu rosto. 


- Acalmem-se meninas. Lembrem-se a profecia pode ter dois sentidos. 


Avisou Quíron, tentando nos confortar. 


- E agora o que fazemos?


Soluçou Milena, levantando a cabeça em sua direção.


- Eu aconselho vocês a descansarem. Não há nada que possamos fazer agora.


***


- Eu não acredito nisso!


Gritei, levantando areia juntamente comigo. 


Estávamos em frente ao mar. Não conseguimos voltar para os nossos chalés depois do que nos acabara de ser revelado. Era madrugada, a lua era única que compartilhava de minha ira.


- Maria...se acalme. Talvez, tudo fique bem... Quíron disse que-


- Argh! `Quíron disse`, eu sei o que ele disse! Mas e se estiver errado?!


- Lembre-se das histórias...Percy Jackson não morreu como ele achava que a profecia dizia.


- Isso é por que a profecia não era dele! Era do tongo do tal Castellan! Mas agora é diferente, você é a filha biológica do nosso pai! E-eu não posso acreditar que algo de ruim vai acontecer com você...


Disse com a voz embragada, começando a chorar. 


Milena se levantou e pôs a mão eu meu ombro.


- Eu estaria pior se fosse com você.


- Como consegue ficar tão calma assim, sabendo que o seu destino não foi bom com você?


Perguntei indignada.


- Não tenho medo do destino, mas do que pode me levar à ele. Mesmo assim, tenho a certeza de que algo maior que ele, vai se apiedar de mim.


Disse ela com doçura.


Eu a encarei por um instante. Ao longe, o sol despontava no horizonte, anunciando a chegada de uma nova alvorada, enquanto a lua me dizia `adeus`.


- Eu queria que tivessemos nascido mortais. Garanto que ai sim, seriamos irmãs de sangue. 


- Como assim? Você é adotada, Maria?


Perguntou Jaci. Que até aquele momento, observava a conversa em silêncio.


- É uma longa história.


Respondi.


- Por isso mesmo minha irmã. Uma longa história, uma história que nos torna o que somos. O que você é.


Disse-me Milena.


- Uma história triste! Cheia de perdas e feridas!


Rebati.


- A vida de um semideus não é fácil. 


De repente, o som de uma trompa se espalhou pelo ar. Era hora de os campistas acordarem. 


- É isso ai. E enquanto formos semideusas, seremos alvo dos monstros e do mundo.


Declarei com incredulidade, antes de dar as costas para a praia e sair à passsos duros. 


A hora do café da manhã se seguiu sem nenhuma palavra minha. Nem com Math eu havia conversado naquela manhã. Quando o café acabou, desci sozinha o pavilhão e segui em direção ao chalé para escovar meus dentes. Eu sai do banheiro e passei pelo meu beliche onde havia um espelho ao lado dele e analisei a figura que ali se encontrava; uma garota com o coração dolorido pela perda do pai e que agora teria de enfrentar um grande desafio em sua vida, sabendo que tudo acabaria mal para a pessoa que mais amava. 


- Justo quando eu achava que não poderia ficar pior!


Gritei, furiosa, socando o vidro do espelho que espatifou em pedaços. Senti uma dor lancinante na palma da mão e cai de joelhos. Abrindo-a, vi um corte profundo e sangrento, que começava na parte lateral e se abria até a parte inferior de meu dedo indicador. 


- Idiota!


Disse à mim mesma. 


A dor me impedia de levantar, parecia que meu braço estava paralisado, o sangue jorrava com velocidade. Foi quando alguém abriu a porta e dei graças à Deus (É, isso mesmo! à Deus!) por ser o meu curandeiro favorito. 


- Maria, está tudo bem? Eu- MEU ZEUS!!! O que foi que você fez?!!!


- E-eu soquei o espelho e-


- Não se mova! Eu já volto!


Interrompeu ele, correndo para fora. Não demorou muito tempo para ele voltar, com um pequeno vidro alaranjado, um pote com água e algumas bandagens.


- Venha, sente aqui!


Math me deu apoio, até eu sentar em minha cama, ainda segurava minha mão com força. Em seguida, ele a tomou, mergulhou-a no pote com água e a lavou delicadamente, secou-a com uma toalha e pingou cinco gotas de um líquido transparente no ferimento. Senti muita dor quando o líquido entrou em contato com o corte. 


- Ah!!!!! Você é louco?!!!!!


- Só um pouco. 


Disse ele, sorrindo. 


Então, apertou a minha mão e balbuciou um encantamento. Por fim, enrolou o corte com as bandagens. 


- Obrigada Math.


Consegui dizer. 


- Está tudo bem...e agora? Como vamos fazer para limpar esse sangue no chão?


- Acho que papel higiênico deve resolver, não?


- Sim, vou pegar um pouco. 


Ele foi até o banheiro e trouxe alguns papéis higiênicos e encheu o pote novamente, com água limpa. Enquanto limpávamos o chão e o que restou do espelho. Math arqueou uma sobancelha e perguntou:


- Por que você socou o espelho?


- Por que eu estava com raiva.


- Está certo, mas... por que você estava com raiva?


Parei de limpar o chão e voltei meu olhar para baixo. Lembrando-me de tudo o que eu havia ouvido, comecei a soluçar novamente. 


- Ei, ei...o que houve? Por que está chorando?


Disse, colocando a mão em meu ombro. Eu o encarei com os olhos marejados e o abraçei fortemente, não porque era ele, mas porque eu precisava realmente de um abraço. Senti Math apertar os braços envolta de mim e afagar meus cabelos.


- Calma, vai ficar tudo bem... 


- N-não, não vai...


Soluçei.


- Como assim?


Eu me afastei e apertei os olhos com os dedos.


- A Mi vai se machucar...a profecia disse que...que ela vai adoecer.


- Que profecia?


- A profecia do meu sonho, a profecia do Oráculo. 


Math ficou em silêncio por alguns instantes, estava prestes a perguntar algo, quando ouvimos a porta abrir, e o Sr. D entrou.


- O que está acontecendo?


Perguntou ele, confuso pela cena.


- Maria Helena se machucou, só vim ajudar.


- Pois muito bem rapaz, agora vá para junto dos outros campistas. 


- Sim, senhor. 


Disse Math, enquanto passava de cabeça baixa pelo deus.


- E você ai? Como se machucou? 


Perguntou ele, no mesmo tom desinteressado.


- Eu me cortei por-


- Está bem, já ouvi o suficiente, agora tome o mesmo rumo de seu amigo, sim?


- Sim, senhor D.


Respondi, num tom grosseiro. 


- Olha lá, o tom de voz que usa comigo menina!


Repreendeu ele, enquanto eu passava pela porta.


- O que é agora?


Reclamou Quíron, que surgiu logo atrás dele.


- Essa garota, que não sabe respeitar quem deve ser respeitado!


- O que você falou para ele Maria?


- Eu só disse, sim senho-


- Espere...o que é isso na sua mão?


Perguntou ele, preocupado. Eu olhei para o curativo.


- Ah, isso? Eu me cortei, mas está tudo bem agora.


- Entendo...bem, o treinamento já vai começar, é melhor você se juntar ao outros.


- Está certo...obrigada senhor.


Me virei para trás, quando Quíron chamou-me pela ultima vez. 


- Diga à Milena e à Jaci que preciso falar com vocês três, mais tarde.


Eu acenei positivamente com a cabeça e segui em direção à Parede de Escalada. 


O dia seria longo.


 


 


 




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Autor(a): zodiacdragon

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

O veículo da famíllia Hawkings se deslocava apressadamente pela estrada, por pouco não passando do limite de velocidade. O trânsito estava calmo na BR-116, comparado ao habitual; pelo menos era o que Josh pensava, ou talvez a sua pressa e o seu desespero o faziam ter uma percepção um tanto quanto equivocada em relação ao ...


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