Fanfic: A lenda dos Semi-Titãs | Tema: Percy Jackson e os Olimpianos

Aula de esgrima, o treinamento perfeito para extravasar toda minha raiva e frustração. Pelo menos seria o último daquela tarde, que apesar de estar terminando, ainda mantinha o sol com seu brilho arrogante estampado no céu. Eu caminhava sozinha, tentando evitar os outros. Eu havia feito isso durante o dia inteiro, para variar. Só não queria que ficassem chateados comigo, pelo meu comportamento de hoje, a última coisa que quero hoje, é magoa-los. Além do mais, Milena ficaria preocupada com a minha mão enfaixada, digo, preocupada mesmo, ao extremo. Olhei para ela e a trouxe até o alcance de meu rosto; o sangue seco marcava as bandagens e o ferimento não tardava a arder constantemente. Mas nada disso me afligia. Feridas, era algo que eu já estava acostumada.

Em um instante, percebi que ainda faltava muito para chegar a Arena, então resolvi tomar o rumo direto para o local. Foi um bom tempo de caminhada até chegar ao lago, faltava muito ainda e meus passos não são tão rápidos. Já estava ofegante, quando parei e apoiei minhas mãos nos joelhos, para descansar, o pior é que acabei por andar tão rápido, que senti minhas costelas doerem. De repente, uma sensação de vulnerabilidade tomou conta de mim, acompanhada de sons de passos. Alguém estava me seguindo, e eu tinha certeza que não eram nenhum de meus amigos.

Vasculhei cuidadosamente o ambiente ao meu redor; o único som que se podia ouvir era o canto das aves. Concentrei o meu olhar em todas as direções, mas aparentemente, nada se movia. Franzi o cenho, podia ser apenas um delírio meu, afinal, os últimos acontecimentos haviam de atordoado de um modo inexplicável. Deixando isso de lado, voltei a caminhar normalmente, mas antes de meu vigésimo passo, ouvi vários sons em meio às árvores. Como se alguém estivesse se esgueirando na folhagem densa. Com o canto do olho, pude perceber um vulto no chão, tentando acompanhar o movimento das sombras das árvores.

Elas estavam ali. Ou pelo menos, uma delas.

E certamente, essa não esperava uma atitude de minha parte. Quando joguei em direção à ela um encantamento, que por pouco não a atingiu. Após isso, mesmo com as sombras das árvores, avistei-a tentando fugir de mim, e eu tinha que ir atrás dela. Nunca usei os meus poderes daquela forma, nada além de manipulação de sombras, ou criação de chamas, mas eu sabia o que podia fazer e como fazer, sempre soube. Concentrei toda a força daquele encantamento, e senti minha visão se turvar. Logo, tudo se tornou azul, menos o espectro, no qual sua cor negra se destacava em meio à minha nova visão.

- Agora você não escapa.

Sussurrei à mim mesma, de forma um tanto sombria.

E assim, eu o segui correndo velozmente, floresta adentro. Lutando para alcançá-lo. Seus esforços para me despistar, eram inúteis. Eu podia vê-lo em qualquer lugar. Mas quanto mais aquela perseguição se estendia, mais cansada eu ficava; o uso de fortes encantamentos me enfraquecia, e não importava o quanto eu me esforçasse, o espectro ainda era muito rápido. Inesperadamente, ele (ou ela) correu até o mesmo local, onde havíamos encontrado Jaci e Nico, na primeira vez em que tudo aconteceu. Como eles haviam relatado, eu achei que o espectro desceria o barranco, mas pelo contrário... ele simplesmente desapareceu.

Meu corpo também já não aguentava mais. Eu arfava e minhas pernas ardiam, assim como meus olhos. Ao modo como fui de aproximando da beira do barranco, diminui a velocidade, sentindo meus poderes e minha força se esvaírem, caí de joelhos no chão e assim fiquei um bom tempo, enquanto minha visão voltava a revelar-me as cores habituais.

Após ter me recuperado um tanto, levantei aos poucos e observei o vasto campo além daquele barranco rochoso. Esses espectros foram bem espertos, em se esconderem em uma região que não poderíamos ultrapassar. Bem... poderíamos, se Quíron não ficasse sabendo.

Inspirei e respirei fundo, recuperando o fôlego. Quando tudo em mim já se estabilizara, ouvi um ruído entre uns arbustos próximos de mim e então, eu o vi novamente.

Aquela brincadeira já estava me irritando.

Por sorte, o fato de eu me sentir extremamente nervosa, fez com que a força de meus encantamentos se revigorassem. E em um movimento rápido, lancei naquela direção, o mesmo que havia tentado antes, e dessa vez funcionou. Eu o aprisionei.

Naquele momento, pude vê-lo de uma forma mais detalhada, enquanto o espectro se contorcia ferozmente no meio de meu círculo negro.

- Não esperava por essa não é? – Eu ri debochadamente – Agora me diga o que é você?  E o que está fazendo aqui?!

O que eu estava pensando? Um espectro não fala... bem, pelo menos, é o que se entende, devido à situação. A não ser que Nico converse com ele. Mas como iria mantê-lo preso? Não havia como.

O ser então parou de se mover, achei que algo estivesse errado, não queria machucá-lo. Tentei caminhar devagar em direção a ele. De repente, em um susto, senti um corpo pesado se jogar contra o meu, e o forte impacto de minhas costas contra o chão, não houve tempo par lutar, muito menos para saber o que me atacara. Quando dei por mim, já havia sido dominada por uma menina, aparentemente mais velha, que me encarava ferozmente com seus olhos azuis, enquanto eu sentia o fio da lâmina de sua adaga roçar agressivamente em minha garganta.

- Deixe a minha irmã em paz, ou então eu vou...

Antes que ela terminasse a frase, algo se materializou à minha frente e caminhou em nossa direção. Uma bela menina, de cabelos longos e escuros, e de olhar amável.

- Ketlyn, deixe-a! Está tudo bem, ela não iria me machucar.

Implorou ela. Ketlyn, a menina que me mantinha imobilizada, bufou de irritação diante da afirmação.

- Viu só Kamily?! Eu avisei que não devíamos nos expor tanto! Eu falei para sermos discretas e usar nossas formas de sombras apenas na escuridão, mas você nunca me ouve! Eu devia ter te proibido de assistir a aquele jogo de batalha dos campistas!

ESPERA AÍ... O QUE?!