Fanfics Brasil - Capítulo 21 MEU ROMEU

Fanfic: MEU ROMEU | Tema: Vondy


Capítulo: Capítulo 21

26 visualizações Denunciar


Capítulo Vinte e Um


Ponto sem Volta


P.O.V Dulce


Hoje


Nova York


Sala de ensaios do Teatro Graumann


Quarto dia de ensaio


Estou roendo as unhas. Basicamente destruí todas elas e parti para a pele das cutículas. Não ajuda no nervosismo, mas me faz parar de andar de um lado para o outro. Marco está conversando com Christopher. Está passando a cena com ele. Meu estômago se aperta. É uma combinação de náusea e antecipação irracional. Quero vomitar meu almoço. Marco fala baixinho, mas posso ouvir cada palavra.


— Sarah está aqui para confrontá-lo sobre por que você a está afastando. A mãe dela revelou que ela não é a garotinha de cidade pequena que você achou que ela fosse, e isso o fez pensar que nunca será bom o bastante pra ela. No fundo, você sempre acreditou que aquilo era bom demais para ser verdade, e agora todas as suas dúvidas foram confirmadas. 


Christopher assente enquanto franze a testa em sinal de concentração. Seus braços estão cruzados sobre o peito. Uma postura defensiva. Ele olha para mim, então de volta para Marco. Seu rosto é uma pedra. Não tenho mais cutículas.


Preciso de um cigarro, mas não tenho tempo.


— Quero sentir que você pensa que ela fica melhor sem você, mas isso o está matando. Entendeu?


Ele assente e sua perna vibra. Ele está nervoso. Bom.


— Dulce?


Minha vez. Marco vem e coloca o braço sobre mim.


— Você está confusa pelo comportamento de Sam. Você o ama, e não importa o quão diferentes sejam suas origens. Ele parece ter desistido, mas você quer que ele lute. Certo?


Faço que sim. O movimento me deixa enjoada. Quero me sentar.


— É aqui que sentimos seu desespero. Você não o vê há dias. Você só quer que ele fique, ta?


— Ta, certo. — Dou a entender que estou mais segura do que me sinto. Ele confia que eu faça meu trabalho. Não quero decepcioná-lo.


— Tire alguns minutos para se preparar, daí continuamos da entrada de Sarah.


Me preparar? Como eu me preparo para isso? Para sentir essas coisas incrivelmente pessoais e significativas? Para beijá-lo? Ando de um lado para o outro. Quero encontrar meu personagem, porque ela é o isolamento entre fantasia e realidade. Mas só encontro a mim. Minha dor. Minha confusão. Fecho os olhos e respiro. Longas respirações, ar entrando pelo nariz, saindo pela boca. Tento imaginar um lençol branco num varal, soprando ao vento. É meu foco. Hoje não consigo. A imagem está borrada e inconstante, como um canal de tv que não consigo sintonizar. Meus olhos ainda estão fechados quando escuto passos. Então o calor está na minha frente, e sei que ele está aqui.


— Que foi? — Meus olhos ainda estão fechados. Tento manter o foco. Ele oscila como uma miragem.


— Quer conversar sobre alguma coisa?


— Na verdade, sim. Estou com essa queimação esquisita sempre que faço xixi. O que significa? — Mantenho minha respiração constante.


Ele suspira.


— Estou falando da cena.


— Sei do que você está falando.


— Claro que sabe.


— Vamos apenas fazer e ver o que acontece. — Se eu correr gritando da sala, então eu me preocupo com isso.


— Tem certeza?


Nunca estive menos certa de nada na minha vida. Abro os olhos.


— Tudo bem. O que você quer conversar?


Ele enfia as mãos nos bolsos.


— Como começo essa porr/a?


Eu espero. Sei no que ele está pensando, porque ele parece estar com dor. Algumas coisas nunca mudam.


— Dulce, você não acha maluco que não falamos sobre nenhuma das merd/as que aconteceram entre nós e, em poucos minutos, eu vou beijar você?


— Não, não vai.


— Sim, vou. Está no roteiro.


— O que estou falando, seu idiota, é que Sam vai beijar Sarah. Você e eu vamos estar em outro lugar, tá?


Ele dá um passo à frente e eu resisto em recuar. Não faço mais isso. O corpo dele exala calor pelas minhas roupas. Por mais que eu não queira olhá-lo nos olhos, ele não me dá muita escolha.


— Nós dois sabemos que não funciona assim. — Ele fala tão baixinho que apenas eu posso ouvir. — Por mais que queiramos que sejam apenas emoções dos personagens, serão os meus braços ao redor de você, a minha boca na sua. Agora eu estou bem fodido, considerando que toda nossa bagagem poderia encher uma loja de departamentos. Mas, já que você parece tão tranquila em não discutir nada, vamos escancarar essa porr/a e ver o que sai.


A habilidade dele em me deixar morta de raiva em trinta segundos é extraordinária. Ele quer conversar agora porque é bom para ele? A única coisa pior do que a habilidade de tomar decisões em relacionamentos é o senso de oportunidade dele.


— Você teve três anos para conversar. Mas a única vez que me procurou foi quando estava bêbado e ininteligível.


— Não é verdade. Os e-mails...


— Estavam cheios de joguinhos e tentativas patéticas de me fazer ir atrás de você... de novo. Eram vagos e auto-indulgentes, e você não se desculpou nem uma vez, seu canalha arrogante.


— Está tudo bem? — Marco nos chama. Nós colamos sorrisos falsos no rosto e assentimos.


— Sim, tudo — Christopher responde, com a voz embargada. — Só exercitando algumas ideias.


— Excelente. Vamos começar, então.


Christopher se vira de volta, mas para mim essa conversa já deu.


— Vamos logo fazer a cena. — Não estou no clima para ficar na mesma sala que ele, quanto mais fazer uma cena de amor. — Pega o roteiro e vamos.


Ele ri, mas o som é surdo.


— Não preciso de um roteiro para esta cena.


— Não, acho que não precisa.


Tomamos nossas posições iniciais nos lados opostos do espaço. Marco bate palmas para silenciar a sala.


— Tá, quando estiver pronta, Dulce.


Entro em cena com mais raiva do que deveria estar nesse ponto da peça, mas que se foda. Vou usar a raiva. Interpretamos a cena, palavras fortes e emoções amargas escapando entre nós. Eu dou a volta por ele. Ele mantém a distância. Ferido e evasivo. Está arrasando.


— Acha mesmo que temos uma chance? — ele pergunta. Posso sentir sua intensidade do outro lado da sala. — Não temos. Você sabe. Eu sei. A vaca de country club da sua mãe sabe disso, e ela é a única com coragem para dizer em voz alta. Para de lutar com o inevitável. O inevitável sempre vence.


Minha voz está fraca, porém fervendo. A raiva se apodera de mim. Ele está errado. Como de costume. Eu rastejo para a pele de Sarah e faço das suas reações as minhas.


— Quando você se tornou esse covarde?


— Na mesma hora em que descobri que não conhecia nada sobre você.


— Você me conhece! Conhece as coisas que são importantes.


— Porr/a nenhuma! Eu conhecia a pessoa que você fingia ser e, mocinha, você é uma atriz e tanto. Me enganou completamente.


A sala está zumbindo com tensão. Está buscando uma saída. Não vou dar isso a ele.


Eu me aproximo.


— Sam, eu sei que você me ama. Sei assim como sei que o céu é azul e a Terra é redonda. Se me deixar agora, vai acordar daqui a cinco anos e se perguntar que diabos você fez, porque as pessoas buscam a vida toda o que a gente tem, e você está jogando isso fora. Você não vê?


Minha raiva está tomando o ar, tornando-o denso e duro de respirar.


Ele não consegue nem olhar para mim. Um animal ferido prestes a desmoronar.


— Não posso ser seu projeto, Sarah. Um erro que você acha que pode corrigir.


Ele se vira para sair.


— Não! — O tormento na minha voz o faz parar. — Você nunca foi um projeto para mim, e você não vai embora até me dizer que não me ama.


Os ombros dele caem e ele murmura um xingamento.


— Diga!


Ele se vira. Sua expressão está tomada de conflito. Transbordando de dor.


— Se quer acabar com a gente, então pelo menos faça o trabalho direito.


Ele está resistindo, mas não vou recuar.


— Diga.


Ele respira fundo


— Eu não te amo.


Quase posso ouvir seu coração rachando com a dor em sua voz. Eu ordeno que ele diga novamente. Ele diz, porém mais baixo. Estou acabando com ele, para ele não conseguir se afastar. Tem de ficar e se sentir destruído como eu. Peço a ele para dizer mais uma vez, e ele mal consegue respirar com o esforço.


— Eu... Não... Te amo.


Sua atenção está focada no chão. Ele está despedaçado.


— Acredita nisso? — pergunto.


Quando ele olha para mim com olhos cheios de agonia e água salgada, eu


me sinto como se estivesse me afogando.


— Não — ele responde. E, antes que eu tenha tempo de pensar ou me preparar ou correr, ele avança em minha direção. Suas mãos estão no meu rosto. Seu toque me faz ofegar. No momento em que tento levar ar para os pulmões, ele cobre minha boca com a dele.


Tudo explode. Meu corpo e minha mente se deleitam. Sentidos à flor da pele. E três anos desaparecem num milissegundo ofuscante. Os lábios são exatamente como me lembro. Quentes e macios. Mais deliciosos do que consigo descrever. Ele respira com força, e suas mãos me apertam, uma a minha bochecha, a outra a minha nuca. Ele solta um leve som da garganta, e o calor me invade. Meu corpo está contra o dele, minhas mãos estão em seu cabelo. E cada motivo pelo qual eu deveria ficar longe dele perde o sentido quando nossas bocas se encontram. O beijo é rude e desesperado e cheio de uma paixão que não quero sentir. Mas é aí... aí onde moram todas as melhores lembranças dele. Era isso o que deveríamos ter sido. Sempre. Bocas e mãos umas nas outras, respirar o ar um do outro. Aproveitando nossa conexão de almas, não fugindo dela. Suas mãos roçam sobre um corpo trêmulo que não se incendeia desse jeito há tempo demais. É por isso que não tive um relacionamento longo nos últimos três anos. É por isso que eu dormia com os caras e nunca ligava de novo. Porque eles não eram assim. Desejo desesperadamente que alguém me destrua do jeito que ele faz, mas eles nem chegam perto. Esta é a primeira vez que me sinto realmente excitada desde que ele partiu. E me odeio por isso.


Liberto minha boca e consigo suspirar um “Christopher” antes que ele murmure um “Deus... Dulce”, saindo dos personagens e me beijando novamente.


Meu corpo ainda não está satisfeito, mesmo que meu cérebro saiba que isso é errado. Cada parte de mim anseia por ele. Os ruídos que ele faz são melancólicos e desesperados. Mãos me puxam mais para perto. Braços me envolvem. Não consigo acreditar que no mundo de erros que criamos juntos isso ainda possa parecer tão certo.


— Tá, já deu — Marco solta um pigarro. — Vamos parar antes de precisarmos arrumar um quarto para vocês. Bom trabalho. Química excelente.


 O feitiço foi quebrado. Os olhos de Christopher se abrem quando me afasto.


—Dulce...


Eu o empurro para longe. Ele não pode me beijar assim e dizer meu nome nesse tom e me possuir desse jeito sem a porr/a da minha permissão. Ele dá um passo à frente, mas não consigo manter o controle. Antes que ele possa me tocar novamente, dou um tapa nele.


Ele recua um passo, sua expressão é tão confusa que, por alguns segundos, me sinto mal pelo tapa. Eu não deveria. A culpa é dele. Ele sabe que tipo de poder tem sobre mim. Ele contou com isso, e tirou proveito. Agora meu corpo está pulsando e doendo. Precisando dele de uma forma que não consigo controlar. Odeio que ele ainda possa me fazer sentir assim. Que com um beijo ele possa demolir cada mecanismo de defesa que já tive contra ele.


Eu o odeio por isso, mas me odeio ainda mais por querer tudo de novo.


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): coxinha

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Capítulo Vinte e Dois Ponto sem Volta – Part.2 P.O.V Dulce Seis anos antes Westchester, Nova York Diário de Dulce Querido diário, Depois de toda a merd/a que ele me fez passar nas últimas duas semanas, Christopher admitiu que sente atração por mim. Bem, ele disse que ler meu diário o deixou durinho, o que acredito ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 45



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Hels Postado em 03/04/2016 - 03:08:40

    PARA TUDO! Eu AMO esse livro, até tinha pensado em fazer uma adaptação vondy. Não acredito que você fez, acho que vou chorar - de felicidade obviamente - quero ver as treta se formarem, sempre achei Ethan e Cassie muito vondy hahahaha.

  • cmsvondy Postado em 20/03/2016 - 22:03:35

    Eu tenho mais tempo para ler aos finais de semana mas o máximo que você conseguir postar é ótimo !!!!

  • lalah Postado em 20/03/2016 - 19:56:07

    para mim, vc postava todo dia :)

  • lalah Postado em 20/03/2016 - 19:55:52

    Amei, continua!

  • cmsvondy Postado em 20/03/2016 - 02:38:56

    Continua sim, concerteza !! Estava arrasada achando que você tinha abandonado a fic, fiquei muito feliz que voltou !!!!!!

  • lalah Postado em 19/03/2016 - 20:45:00

    continua baby

  • cmsvondy Postado em 19/03/2016 - 16:53:00

    Continuaaaaaa

  • thaysaantana Postado em 19/03/2016 - 15:44:55

    Começando hj!

  • cmsvondy Postado em 04/01/2016 - 22:25:02

    Volte a postar por favor !!!!!!

  • cmsvondy Postado em 08/11/2015 - 01:07:07

    Continua


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais