Fanfic: Presas da Paixão | Tema: Anime, Vampire Knight

Nada mais chato do que um dia de chuva. O céu na sua cor mais triste. Aclamando que o sol aparecesse. “Esta igual aquele dia... sangue, frio, medo...”. Passeando pela largas ruas de Kyoto, Yuki sentia-se entediada. Vagava de um lado para o outro esperando que o tempo passasse ou que alguém a salvasse daquele tédio.

A rua estava lotada de pessoas e estava com dificuldade de caminhar.  Quando percebeu um senhor estranho a chamava. Havia aparência velha e usava um capus. Ele estava encostado contra uma parede e segurava um cartaz “saiba a nossa verdade”.

Aquele senhor não parecia nada confiável para Yuki. E achava estranho que parecia que ele apenas tentava chamar a sua atenção e de mais ninguém. Intrigada com o que poderia ser a “verdade” e o suposto interesse que aquele senhor tinha nela decidiu se aproximar. “O que ele poderia fazer? Há tantas pessoas por aqui. Por que não dar uma espiada nessa tal verdade?”

- Minha querida senhorita! Há quanto tempo não a vejo. Sabia que não poderia estar enganado diante sua presença. – ele suspirou.

Yuki colocou-se diante dele.

- Deve estar me confundindo. Não conheço você.

- Não conhece a mim. Mas conhece meu querido senhor. – ele estendeu a mão. – minha jovem, tens um tempo para conhecer tua verdadeira forma?

- Seu senhor? – ela lhe entrega a mão.

- Sim, aquele que a amou por vários anos.

O seu coração tremeu. Era como se seu sangue começasse a correr mais rápido. Uma corrente elétrica passou pelo seu corpo logo após o contato de suas mãos.

Yuki pensou ter visto um rosto muito familiar. Aquela imagem lhe passava calor. Era como se pudesse abraçar o sol. Era como se houvesse encontrado tudo aquilo que havia procurando ao longo de seus 18 anos. Tentou tocá-lo. A imagem virou-se sangue, havia um choro que vinha de muito longe. Não podia ouvir o que era. Ela se deu conta que já não estava mais naquela rua movimentada, parecia uma casa antiga com os móveis cheios de sangue. Lágrimas corriam em seus olhos enquanto passava em volta deles. Um senhor alto em roupas negras olhava em sua direção, porém ela não conseguia enxergar seu rosto. Aproximou-se. Sentiu medo. Foi então que percebeu o dentes que sobre saltavam a boca daquele homem. Ele tentou agarrá-la e a cena de 10 anos atrás repetiu-se em sua cabeça. Ela voltou para aquele dia cinza e sangrento.

Sem perceber alguém estendeu a mão em seu ombro fazendo-a despertar da angustia que estava sua mente.

- O que está fazendo aí parada?

- Haru... – ela vira-se e encara o rapaz a sua frente.

- Você se perdeu?

Yuki nota que o senhor não está mais ali. Ela corre os olhos para os lados e não vê ninguém.

- Yuki, está tudo bem?

- Acho que sim. Não tinha um senhor por aqui?

- Não. Estava você olhando de frente para essa parede sem se mover.

Ver Haru ali tornou tudo mais confortável para Yuki. Eles se conheciam há muito tempo. E foram adotados por um homem que os encontrou perdidos. Ambos eram órfãos. Haru havia perdido seus pais e seu irmão gêmeo numa tragédia, ele era o único sobrevivente. O pai adotivo, o diretor da universidade que estudavam, Jay Takahashi deu-lhes uma casa e os tornou uma família. Jay sempre evitava falar sobre o incidente que levou a morte da família de Haru, quando eram mais jovens Yuki questionava muito o que havia acontecido. Mas hoje, ela já não se importa mais com as cicatrizes do passado. Nem com as dela própria, ela queria esquecer.

- Vamos voltar. – Haru saiu andando em direção a multidão.

- Espera! Ei! Haru!

Haru era alto e destacava-se entre as pessoas. Tirando o fato de que era muito bonito e que muitas garotas suspiravam quando ele passava, Haru sempre foi muito frio e calado, nunca havia se relacionado com ninguém e até era difícil a relação com Yuki e Jay.

Mas ele sabia ser gentil, do seu jeito mas sabia. Indiretamente os ajudava, mostrava-se preocupado. Ela sabia que para ele ter vindo até ali para ver se estava tudo bem era porque estava preocupado há muito tempo.

- Por que está correndo? Não temos que voltar tão cedo para a universidade.

- Não gosto desse lugar. O cheiro daqui é horrível.

“Cheiro?”

A única coisa que Yuki não havia notado. Cheiro.

- Há sangue lá, Yuki. Espero não ter que encontra-la aqui novamente. – ele agarrou firmemente a mão dela puxando-a para andar mais rápido.

- Sentido cheiro tão forte de sangue parece até um vamp... – Yuki calou-se e desapressou o passo.

Dentes sobre saltando da boca. Sangue. Algo que parecia ser improvável havia acontecido com ela há 10 anos atrás.

Haru percebeu o olhar triste que tomou o rosto dela e rapidamente trocou o assunto.

- Parece que o diretor vai querer sopa no jantar hoje. Não é o que você mais gosta de comer?

Ela sorriu. Fica feliz por ter a mão de Haru segurando a sua. Ela deu continuidade ao assunto e os dois continuaram a caminhar.

Chegando mais perto da entrada da universidade as mãos deles se soltaram rapidamente.

- Yuki, estava preocupado!

O rapaz belo de cabelos negros e olhos grandes e gentis surgira na frente deles.

Haru revirou os olhos e passou reto por ele.

- Olá, Haru.

- Ren.

Haru rapidamente adentrou a universidade deixando Yuki e Ren ali.

Ren era o aluno de mais tempo da universidade. Estava há uns 3 anos a mais que ela. Porém eles se conheciam há muito tempo. Ren é um grande amigo do diretor, fazendo que o contato deles fosse direto. E ele sempre foi a paixão secreta de Yuki. Sempre desejava vê-lo, sempre desejava estar com ele. Sabia que era impossível. Pois Ren sempre fora o rapaz mais bonito da universidade, era o mais gentil e educado. Tirando que sua família era uma das mais rica de Kyoto.

Ele jamais olharia para ela como uma mulher. Os olhos de Ren viam Yuki como irmã. Como um bem precioso que ele deveria proteger. E era o que ele sempre vinha fazendo ao longo desses 10 anos. Igual ao incidente triste de anos atrás que ainda assombrava Yuki.

- Ren, desculpe. Acho que perdi a hora enquanto estava fazendo compras. Desculpe por preocupa-lo! – ela sorriu de canto e prosseguiu. – Você sempre fica preocupado comigo, obrigada por cuidar de mim. Como aquela vez... – ela baixou a cabeça.

- Yuki... – ele posicionou sua mão no queixo dela e levantou sua cabeça. – por que está sendo tão formal comigo? Sempre irei me preocupar com você. Como aquela vez. Aquilo nunca mais voltará acontecer.  – ele sorriu.

“Ah.. como continuar com uma expressão tão triste perto desse sorriso que me passa o maior calor do mundo?”. A sensação repetiu-se. Yuki lembrou-se da imagem que havia tido quando falara com aquele senhor estranho. A imagem do sorriso que aquecera sua alma mais cedo.

- Ren... como me achou aquela vez? – sua voz tremia.

- Você realmente gostaria de falar sobre isso?

- Sim.

Ela não conseguia esconder o nervosismo. Sua mão tremia.

Ela viu que começou a anoitecer rapidamente. Já estava tarde e estava em dúvida se deveria ou não começar esse assunto.

Ele riu baixinho e passou o mão no rosto dela.

- Prometo que quando estiver mais calma, poderemos conversar disso.

- Não precisa falar o que não deve, Ren.

Uma outra voz surgiu vindo atrás de Ren.

- Haru, por que voltou? – ela se recompôs e seus olhos cruzaram com os de Haru.

- Não confio nesse cara. O diretor está preocupado com você. Vamos. – ele puxou Yuki e saiu andando.

- Ei, espera um pouco, você foi muito grosseiro com Ren. – ela se desvencilha das mãos de Haru. – Desculpe, Ren.. outra hora conversamos! – ela grita e abana.

Ren apenas sorri e abana de volta para ela.

-Por que fez isso? Ele nunca fez nada pra você! Ah eu já sei... só porque ele é mais popular, o mais bonito da universidade? -  ela riu – Não esperava isso de você, recomponha-se, Haru!

Ele parou e olhou direto para os olhos dela. Ela corou de imediato. Os olhos cinzas de Haru pareciam que estavam hipnotizando-a. Ela sabia que Haru era realmente bonito. Tanto quanto Ren.

- Podiamos não falar dele?

- Não vá dizer que sente um cheiro ruim dele, como hoje cedo. – ela riu

- E se for?

- Sério, você pode estar me assustando. – ela bateu no ombro dele.

Ele não desviou em nenhum momento os olhos dela. Ele estava sério. Ele começou a corar. Haru começou a tossir desperadamente. Apertava fortemente seu pescoço como se estivesse com dor. Rapidamente o Haru sério começou a se tornar fraco. Ele agachou-se. A tosse cada vez era mais forte.

- Haru, está tudo bem???? – Yuki agachou-se do seu lado. – Vou procurar o diretor.

No momento em que ela iria disparar para correr, Haru segurou-se em sua mão.

- Yuki...

Quando Yuki finalmente voltou a si viu que havia sangue. Muito sangue. O movimento foi tão rápido que ela não conseguiu ver. A única coisa que viu foi que Haru estava preso no seu pescoço. Ele estava perfurando cada vez mais fundo.

Yuki voltou para há 10 anos atrás. Naquele dia chuvoso. Enquanto só havia ela no meio daquele gramado, chorando, pedindo ajuda.

Um senhor apareceu em sua frente e lhe ofereceu a mão. Pode deixar que eu lhe ajudo querida, disse ele. Quando Yuki olhou-o, elas apenas viu os olhos vermelhos da cor do sangue e seus dentes pontiagudos sobre saltando a boca.

Vampiro.

Quando ele por fim iria ataca-la, lá estava ele. Um garoto havia pulado na frente e protegeu o ataque do monstro.

Monstro.

O garoto estava coberto de sangue. E o homem já estava caído ao chão.

O garoto com os cabelos negros e olhos grandes e gentis estava ali. Estendendo sua mão.

E foi isso que veio em sua mente quando os dentes de Haru perfuravam sua veia.

“Ren...”