Fanfics Brasil - Capítulo 3 Serra Dourada

Fanfic: Serra Dourada | Tema: WebNovela de Época


Capítulo: Capítulo 3

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CENA 1- CASA DOS CAIADO. EXTERIOR. DIA.


Após ficar alguns minutos sem palavras, Brasil recupera a fala.


BRASIL ― E como foi que vosmecê soube disso?


MARIA TERESA ― O mensageiro que trouxe o telegrama disse ao Sebastião, que disse a mim.


BRASIL ― Então agora a senhorinha fica de conversas com os escravos, também?


MARIA TERESA ― Ora papai, não é nada disso.


BRASIL ― Pois saiba que está proibida de dirigir a palavra a este escravo. Fale apenas com Rosa que é a doméstica. E nenhum outro mais, entendeu?


O pai acelera em pegar o seu cavalo.


MARIA TERESA ― Onde vai o senhor?


BRASIL ― Vou apurar essa história. Diga à senhora sua mãe que eu não jantarei em casa. E preparem-se para ir ao velório. A carruagem do governo virá buscá-las.


Brasil sai em direção a cidade montado em seu cavalo.


Corta.


CENA 2 - CASA DAS AMORIM. INTERIOR. DIA.


As irmãs Amorim já estavam com suas roupas de sair.


DARCY ― Continuo achando um equívoco irmos visitar dona Antonieta agora. Ela deve estar desolada, tadinha.


DARLI ― Por isso mesmo vamos. Somos boas cristãs e temos que fazer a nossa parte de ajudar os necessitados.


DARCY ― E o que será que vai ser dela agora?


DARLI ― Não sei. Uma viúva não tem muito o que fazer, não é?


DARCY ― Será que o filho vai tocar os negócios do pai?


DARLI ― Quem? O jornalista? Duvido muito. Mas, ele tem outro filho, lá na corte.


DARCY ― Ah é. Mas esse menino veio tão poucas vezes aqui.


DARLI ― Dizem que ele não gosta daqui. Onde já se viu...


DARCY ― Mas agora ele vai ter que vir aqui mais vezes, não é? Pra ajudar a mãe.


DARLI ― É o que um bom filho faria. Agora, será que ele é um bom filho?


DARCY ― Ouvi dizer que é raparigueiro.


DARLI ― Então puxou ao pai. É sorte que dona Antonieta não conheça nenhum bastardo do coronel por aí.


DARCY ― Quem sabe, agora que o coronel morreu, se não aparecem alguns?


As duas continuam a caminhar em direção a casa do coronel  Bulhões, fofocando. Corta.


CENA 3 - casa dos bulhões. exterior. dia.


A carruagem com o corpo de Leopoldo estsciona diante da casa. Félix sente um nó no estômago.


FÉLIX ― Não sei como vou dizer isso a minha mãe.


EUGÊNIO ― Não tenha rodeios. É mais duro, mas a dor passa mais rápido.


FÉLIX ― O senhor vem comigo?


EUGÊNIO ― Sim, claro.


CENA 4 - CASA DOS BULHÕES. INTERIOR. DIA.


Félix e Eugênio entram em sua casa e vão de encontro à Antonieta, que estava na capela.


FÉLIX ― Ma-ma-mãe, temos que conversar.


ANTONIETA ― O que foi, meu filho? Está pálido! E o que o coronel Eugênio faz aqui?


EUGÊNIO ― Não se preocupe comigo, dona Antonieta. Preocupe-se em se cuidar.


ANTONIETA ― Em me cuidar? Por que? O que está acontecendo?


FÉLIX ― O pa-pa-papai. O papai morreu, mamãe. Ele foi assassinado.


Félix começa a chorar copiosamente, abraçando a mãe que, deseperada, começa a chorar e a gritar.


ANTONIETA ― Eu sabia! Eu sabia! Eu senti! Que tragédia, senhor! Que tragédia.


EUGÊNIO ― Acalme-se, dona Antonieta, acalme-se! Pelo amor de Deus!


Félix segura o rosto da mãe, vermelho de tanto chorar.


FÉLIX ― Agora temos que ficar juntos, minha mãe. Ouviu? Agora que o pai se foi nós temos que nos unir!


Antonieta soluçava de tanto chorar, sem condições de dizer alguma coisa.


Corta.


CENA 5 - CASA DOS BULHÕES. EXTERIOR. DIA.


As irmãs Amorim se aproximavam da casa quando viram a carruagem bem guardada, com um médico diante dela.


DARCY ― Virgem Santíssima! Aquele é o corpo do coronel Leopoldo?


As duas fazem o sinal da cruz.


DARLI ― Valha-me minha Nossa Senhora de Sant'Ana! Coitado do coronel! Coitada de dona Antonieta!


DARCY ― Eu disse que estávamos vindo em péssima hora.


DARLI ― Bobagem! Vamos, vamos entrar, vamos ajudá-la.


Ao tentar se aproximar, um guarda as impede.


DARCY ― Mas nós somos amigas da família. Estamos aqui para ajudar a senhora dona Antonieta! Tenha compaixão, seu guarda.


GUARDA ― Ordens do coronel, senhoras.


DARLI ― Qual coronel? O que está aí, pelo que vejo, não está em condições de dar ordem. O senhor guarda nos dê licença.


As duas passam pelo bloqueio do guarda, que nada faz.


CENA 6 - CASA DOS BULHÕES. INTERIOR. DIA.


Antonieta é levada, consternada, em direção ao quarto.


ANTONIETA ― Cadê ele, Félix? Cadê o corpo do meu marido? Eu tenho o direito de vê-lo.


FÉLIX ― Não! Mamãe! Não agora. Espere. Vamos arrumá-lo antes do velório.


Antonieta se dispara a chorar novamente.


EUGÊNIO ― Fique tranquilo, Félix, prometo que vou organizar tudo. O doutor já está preparando o corpo.


ANTONIETA ― E o seu irmão, meu filho? Temos que avisar o seu irmão!


FÉLIX ― Já providenciei isso, mamãe. O coronel Eugênio mandou um mensageiro à corte. Acredito que em uma semana meu irmão esteja conosco.


As irmãs Amorim entram, chorosas.


DARCY ― Minha amiga dona Antonieta, que tragédia!


DARLI ― Estamos aqui para ajudá-la no que for preciso!


FÉLIX ― Bendito seja Deus! Veem se as senhoras conseguem acalmá-la.


As duas se desorientam.


DARLI ― Eu vou ver se o doutor não tem nada para acalmar-lhe os nervos.


DARCY ― Dê a ela um chá de camomila. É bom para acalmar.


DARLI ― Ou talvez um suco de maracujá. Onde estão os escravos?


ANTONIETA ― Nós não temos escravos. Meu marido era um abolicionista, mas agora ele se foi.


Antonieta continua a chorar, desesperada, enquanto é amparada pelas irmãs e pelo filho.


CENA 7 - CASA DOS CAIADO. INTERIOR. DIA.


Dona Terezinha está chocada com a noticia.


TEREZINHA ― Sei que não éramos amigos, mas, que tragédia meu Deus. Que tragédia.


MARIA TERESA ― A cidade anda muito violenta ultimamente.


TEREZINHA ― Vou rezar pela alma do pobre coronel Leopoldo, e para que a virgem dê força à Antonieta.


MARIA TERESA ― Papai disse que vamos ao velório. A senhora sabe que eu não gosto dessas coisas.


TEREZINHA ― Mas nós precisamos ir, minha filha. Sabe que é importante.


MARIA TERESA ― Não sei porque, o maior interessado não está lá para ver.


TEREZINHA ― O que é isso, menina? Que falta de respeito para com os que já partiram! Pois saiba a senhorita que vai me acompanhar ao velório sim. Não quer que eu vá sozinha, quer?


MARIA TERESA ― Não senhora, mamãe. Me desculpe.


TEREZINHA ― E agora vamos rezar. Vamos rezar que é a melhor coisa que fazemos.


CENA 8 - CATEDRAL DE GOYAZ. INTERIOR. DIA.


O coronel Brasil entra pela catedral que, assim como toda cidade, está bem movimentada por conta da notícia.


FREI SIMÃO ― Posso lhe ajudar em alguma coisa, coronel?


BRASIL ― Preciso ter um particular com dom Abel, frei.


FREI SIMÃO ― Impossível. Sua eminência está preparando a liturgia para a missa do coronel Leopoldo. Que tragédia, não é mesmo?


O coronel fica insatisfeito.


BRASIL ― Realmente, uma tragédia.


FREI SIMÃO ― Sei que o senhor nem deve estar sofrendo, afinal a cidade inteira sabe que os senhores eram inim--


O frei se cala rapidamente, percebendo a trapalhada que fez.


BRASIL ― O senhor frei devia aprender a ficar mais de boca fechada.


O frei não responde, envergonhado.


BRASIL ― Sabia que muitos homens morrem por aí por falarem demais? Inclusive padres. O senhor pode ser promovido de frei para anjo, sabia? Se eu fosse o senhor teria mais cuidado e escolheria melhor as palavras.


O frei começa a se tremer todo, pálido.


BRASIL ― Sabe quando Dom Abel pode me atender? Preciso desfazer um mal entendido.


FREI SIMÃO ― Agora só depois das missas do coronel Leopoldo. Talvez o senhor queira adiantar o assunto comig--


BRASIL ― Com o senhor, que troca lé com cré? É capaz de eu falar a palavra ouro e chegar aos ouvidos do bispo a palavra couro.


O frei fica em silêncio, ofendido.


BRASIL ― Pois então eu vou esperar essas missas. Quero ser o primeiro a ser recebido pelo bispo depois que todo esse circ--, quero dizer, que todo esse velório acabar.


FREI SIMÃO ― E assim será feito, coronel. Não se preocupe.


BRASIL ― Passar bem então, frei Simão.


FREI SIMÃO ― Deus lhe abençoe, senhor coronel.


O coronel vira as costas para o frei, sem lhe responder, que fica encucado com as palavras do coronel.


Corta.


CENA 9 - GOYAZ. EXTERIOR. PASSAGEM DE TEMPO.


A Câmera registra a chegada das pessoas, pouco a pouco, no velório do coronel Leopoldo. Mais adiante, ela registra o cair da noite na Serra Dourada e, em seguida, seu amanhecer. Com o raiar do dia há o traslado do corpo do coronel até o cemitério, onde há uma multidão de pessoas.


CENA 10 - CASA DOS BULHÕES. INTERIOR. DIA.


A câmera focaliza os rostos do filho de Leopoldo, Félix, de dona Antonieta, abatida, do coronel Brasil e de sua esposa, dona Terezinha, do coronel Eugênio Jardim e da esposa Natália, além da filha do coronel Brasil, Maria Teresa, que ao lado de Emília Jardim e das irmãs Amorim, rezavam pela alma do falecido, até que dom Abel autoriza o cortejo fúnebre até o cemitério da família.


CENA 11 - CEMITÉRIO DE GOYAZ. INTERIOR. DIA.


Com a chegada do corpo até o cemitério, Dom Abel rompe o silêncio.


DOM ABEL ― Estamos aqui nesta manhã tristonha, minhas irmãs e meus irmãos, para nos despedirmos deste que foi um grande orgulho para todos os vilaboenses. Coronel Leopoldo Bulhões sempre foi um homem honrado, temente à Deus, um político íntegro e que sabia defender bem as suas ideias.


Dona Antonieta começa a chorar e é amparada rapidamente pelo filho e por outros presentes. O bispo continua a falar.


DOM ABEL ― Que o Pai Celestial, em infinita bondade, receba este homem no reino dos céus e que, em sua misericórdia, perdoe seus pecados terrenos que nada são diante da magnitude de Deus que é, pai, filho e espírito santo. Amém.


Todos fazem o sinal da cruz e, neste momento, coronel Eugênio começa a falar.


EUGÊNIO ― Sei que as senhoras e os senhores, assim como eu, também estão consternados com o ocorrido, mas quero aproveitar o ensejo para fazer-lhes um comunicado.


Todos ficam em silêncio, prestando atenção às palavras do coronel Jardim.


EUGÊNIO ― Meu amigo Leopoldo voltava da corte com uma carta de Sua Majestade, o Imperador, quando foi brutalmente assassinado na estrada real já ao cruzar a Serra Dourada. E neste papel que tenho aqui, em minhas mãos, há a minha nomeação como presidente da província de Goyaz! Posição esta que irei executar com muito gosto, para honrar o desejo de meu amigo coronel Leopoldo.


Todos os presentes dão vivas e batem palmas.


Close na expressão de espanto do coronel Brasil.


Corta.


FIM DO CAPÍTULO.



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Autor(a): leocupertino

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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CENA 1 - GOYAZ. EXTERIOR. DIA. Câmera passeia pela cidade enquanto aparece, abaixo, o letreiro 7 DIAS DEPOIS. O barulho dos sinos repicam, ao raiar do dia, para a missa de sétimo dia do coronel. A cidade inteira está a se reunir diante da Catedral. CENA 2 - CATEDRAL. EXTERIOR. DIA. Os presentes passam e cumprimentam dona Antonieta, agora vestida toda d ...


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