Fanfics Brasil - Capítulo 7 Serra Dourada

Fanfic: Serra Dourada | Tema: WebNovela de Época


Capítulo: Capítulo 7

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CENA 1 - GOYAZ. EXTERIOR. DIA.


Passagem de tempo da noite para o dia. O foco é sobre o acampamento improvisado levantado pelo escravo Benedito Rodrigues.


CENA 2 - ACAMPAMENTO IMPROVISADO. EXTERIOR. DIA.


O cavalo do coronel Brasil se aproxima do acampamento montado pelo escravo que, já de pé, começava a preparar a terra sozinho.


BRASIL ― O tal do preto é um bicho muito burro, mesmo. Larga mão dessa enxada.


BENEDITO GONÇALVES ― O sinhô trate de me respeitá, porque agora eu um homi livre!


BRASIL ― É livre coisa nenhuma. É só o que me faltava: um escravo me dando ordens.


BENEDITO GONÇALVES ― Eu num sô mais escravo não, sinhô. A sinhá Terezinha libertô eu.


BRASIL ― Isso foi um grande mal entendido. Mas, aproveite, aproveite que logo logo vosmecê vai estar de volta a senzala.


O coronel se afasta enquanto Benedito continua a sua construção.


CENA 3 - CATEDRAL. INTERIOR. DIA.


O coronel entra na Catedral pisando duro.


FREI NAZARENO ― O senhor coronel veio falar com o bispo, estou certo?


BRASIL ― Sim, frei. E é um assunto muito urgente.


FREI NAZARENO ― Vosmecê me acompanhe, por favor.


Os dois caminham até a enorme sala do bispo.


Corta.


CENA 4 - ACAMPAMENTO IMPROVISADO. EXTERIOR. DIA.


FREI SIMÃO ― Bom dia, senhor Benedito.


BENEDITO GONÇALVES ― Bão dia, frei Simão.


FREI SIMÃO ― Não pude deixar de perceber a conversa que vosmecê teve com o coronel Brasil. O que queria o coronel?


BENEDITO GONÇALVES ― Ah, frei, o de sempre. Veio me ameaçá.


FREI SIMÃO ― Mas vosmecê não é um homem livre agora?


BENEDITO GONÇALVES ― Pois é, mas parece que o coroner quer mudá essa história.


FREI SIMÃO ― Vamos rezar. Vamos rezar para que ele não consiga.


Benedito se benze e continua a trabalhar, Frei Simão se despede do ex-escravo e segue a caminhar cumprimentando e abençoando as pessoas da cidade.


CENA 5 - CATEDRAL. INTERIOR. DIA.


DOM ABEL ― Bom dia, coronel. Que bons ventos o trazem?


BRASIL ― Eu vou ser muito breve, eminência: minha esposa cometeu um pecado e apenas vosmecê pode repará-lo.


DOM ABEL ― Ora, então porque a vossa esposa não veio até o meu encontro? Digo, se foi ela quem cometeu o pecado.


BRASIL ― Mas não é desses pecados de mulheres que estou a falar, dom Abel. Ela se intrometeu nos assuntos das minhas terras.


DOM ABEL ― Não estou entendendo...


BRASIL ― O senhor não está a par do que vem acontecendo ao lado do convento?


DOM ABEL ― O senhor se refere à obra para Nossa Senhora do Rosário?


BRASIL ― Construída por um--


DOM ABEL ― Escravo? Pelo que me chegou ele não é mais escravo.


BRASIL ― Então vosmecê já sabe que foi a minha mulher quem libertou aquele escravo, não foi?


O bispo coça a cabeça, intrigado. Corta.


CENA 6 - CASA DOS CAIADO. INTERIOR. DIA.


Maria Teresa e Tarquinio conversam no quarto dela.


MARIA TERESA ― Vosmecê devia era estar grato. Emília é uma moça muito bonita.


TARQUINIO


Grato, minha irmã, eu? Até parece que não me conhece.


MARIA TERESA ― Ah meu irmão, como pode saber se não gosta dela se ainda nem a conhece?


TARQUINIO ― Vosmecê está de troça com a minha cara. Só pode ser.


MARIA TERESA ― Não estou entendendo...


TARQUINIO ― Eu lhe expliquei toda a minha história nas cartas que lhe mandei.


MARIA TERESA ― Não... As cartas que recebi de vosmecê foram doces, mas não havia nenhuma revelação.


TARQUINIO ― Ora, e como não?


Maria Teresa corre para pegar as cartas que o irmão a enviara da corte. Ela revira as gavetas, mas não as encontra.


MARIA TERESA ― Mas elas estavam aqui! Mamãe deve saber do paradeiro delas. Ou talvez Rosa saiba.


TARQUINIO  ― Ou talvez vosso pai tenha dado um fim nelas.


MARIA TERESA ― Ele não faria isso!


TARQUINIO ― Vosmecê tem certeza de que não recebeu nenhuma das cartas que lhe enviei explicando a minha história?


MARIA TERESA ― Mas, que história vosmecê tanto esconde?


Tarquinio engole em seco, pronto para contar para a irmã toda a verdade a seu respeito.


Corta.


CENA 7 - PALÁCIO DA PROVÍNCIA. INTERIOR. DIA.


Sem nenhuma cerimônia de posse, Eugênio Jardim assume o posto de novo presidente da província. As primeiras pessoas que ele recebeu em audiência foram os Bulhões.


FÉLIX ― Confesso que estou surpreso, senhor presidente.


EUGÊNIO ― Ora, menino Félix, chame-me de coronel Eugênio. Vosso pai era muito meu amigo.


JOSÉ LEOPOLDO ― Saiba que pode contar com o meu apoio na corte, coronel.


EUGÊNIO ― Fico-lhe muito grato. Ter um deputado que defenda os nossos interesses é muito importante.


JOSÉ LEOPOLDO ― Também é um abolicionista, coronel Eugênio? Notei a falta dos Caiado aqui hoje. Se meu pai confiou esta missão ao senhor é porque sabia de suas convicções.


Um longo silêncio se forma no gabinete do presidente da província.


EUGÊNIO ― Na verdade, deputado, eu nunca tratei desse assunto, especificamente, com vosso pai.


FÉLIX ― Este é um assunto que poucos tem coragem de tocar, meu irmão.


JOSÉ LEOPOLDO ― Vosmecês estão cometendo um erro. Há um projeto de lei no nosso congresso sobre a abolição. Ele já está pronto...


EUGÊNIO ― Mas não está tramitando.


JOSÉ LEOPOLDO ― Não, ainda. Mas vai, muito em breve.


EUGÊNIO ― Deputado, se me premite, gostaria de conversar a sós com o seu irmão.


José Leopoldo e Félix são pegos de surpresa. Corta.


CENA 8 – CATEDRAL. INTERIOR. DIA.


DOM ABEL ― Então, pelo que eu entendi, o senhor coronel quer que eu desfaça essa alforria?


BRASIL ― Sim. Eu sei que não é uma competência da Igreja, mas sei que o senhor é bem próximo da família Jardim.


DOM ABEL ― Eu sou próximo de todas as famílias, coronel. Talvez um pouco menos da sua por um motivo que eu não sei qual é.


BRASIL ― Nunca destratamos o senhor, Dom Abel.


DOM ABEL ― Não foi isso que eu disse. Em todo caso, não posso fazer nada pelo senhor.


BRASIL ― E por que não? Só quero que o senhor seja um intermediário.


DOM ABEL ― Que apego tem o senhor pelo escravo Benedito Rodrigues?


BRASIL ― Questão de honra, senhor. O pai dele foi escravo do meu pai, e o avô dele foi escravo do meu avô.


DOM ABEL ― Estou achando que há mais que isso nessa história, senhor coronel. Desculpe a minha franqueza.


BRASIL ― Certo, bispo. O escravo detém um ouro encontrado em minhas e que, pela lei, me pertence, mas como a minha esposa fez o favor de libertá-lo ele acha que o ouro é dele.


DOM ABEL ― Pois vosmecê pode ficar sossegado. O ouro não está em poder do negro.


BRASIL ― E como o senhor sabe?


DOM ABEL ― Ele doou tudo o que encontrou para Nossa Senhora do Rosário. Disse que vai erguer uma igreja para ela.


BRASIL ― E o senhor autorizou sem me consultar, Dom Abel? O senhor é um insano.


DOM ABEL ― Respeite a Igreja, senhor coronel! Nós aceitamos todo o tipo de esmolas.


BRASIL ― Esmolas? Quilos de ouro não são esmolas, bispo!


DOM ABEL ― A avareza é um pecado capital, coronel.


BRASIL ― A ganância também!


O coronel Brasil se levanta e vira as costas para o bispo.


BRASIL ― Vou imediatamente falar com Eugênio. Isso não vai ficar assim.


O coronel bate a porta e sai.


CENA 9 - CASA DOS CAIADO. INTERIOR. DIA.


Maria Teresa parecia boquiaberta com a revelação do irmão.


MARIA TERESA ― Mas, isso não é pecado? Tarquínio, meu irmão...


TARQUINIO ― Ah, não, vosmecê também vai me condenar? Eu pensei que pudesse ter o seu apoio.


Neste momento, a pequena Ana entra no quarto.


ANA ― Mas vosmecê tem o meu, irmão Tarquinio. Não importa o que vosmecê é. Eu sei que sou sua irmã e estou muito feliz em tê-lo conosco.


Ana abraça o irmão, completamente emocionado.


MARIA TERESA ― Sabe... Ana tem razão. Também vou apoiar vosmecê. Mas, o que nossos pais falam a respeito?


TARQUINIO ― Bom... O coronel me proibiu de chamá-lo de pai e me mandou embora depois que me viu com... Você sabe.


ANA ― Papai é horrível. Outro dia o vi fazendo mal para a Rosa, nossa escrava.


Maria Teresa e o irmão arregalam os olhos, assustados com a revelação da pequena Ana.


Corta.


CENA 10 - PALÁCIO DA PROVÍNCIA. INTERIOR. DIA.


Na ausência de José Leopoldo, Félix conversa com Eugênio.


EUGÊNIO ― Vosmecê sabe muito bem do carinho e apreço que tinha por vosso pai, não é?


FÉLIX ― Claro que sei. E sei também que os senhores eram bons amigos.


EUGÊNIO ― Os melhores! E também, se formos parar para pensar. Juntas as nossas famílias são as mais ricas da região.


FÉLIX


Nossas famílias tem algumas diferenças, coronel. Vosmecê ainda faz uso do trabalho escravo. Meu pai nunca teve um empregado desses em casa. Os nossos tinham remuneração.


EUGÊNIO ― Isso são detalhes, rapaz. Detalhes.


FÉLIX ― Não estou entendendo o rumo dessa conversa.


EUGÊNIO ― Estive pensando muito e... Acho que já está na hora de minha filha Emília casar e ter sua família. Então pensei: quem melhor para ser marido dela do que o jovem jornalista Félix Bulhões? Quer se casar com a minha filha, senhor?


Félix faz uma expressão de pânico com a oferta do coronel Eugênio.


Corta.


 


FIM DO CAPÍTULO



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Autor(a): leocupertino

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