Fanfics Brasil - Capitulo 09 Hurts Like Satan

Fanfic: Hurts Like Satan | Tema: Vondy


Capítulo: Capitulo 09

457 visualizações Denunciar


09.
My favorite inside source; i’ll kiss your open sores. You’re gonna stink and burn.




Richard pousou no chão como se tivesse sido arremessado, rolando uma ou duas vezes antes de se chocar com uma parede de tijolos vermelhos, deixando um rastro preto e gosmento no chão — seu sangue. Ele respirava de boca aberta, sentindo dor, com o cenho franzido e o pescoço quase deslocado. Os cortes causados pelo filho de Lilith ainda estavam aparentes e sua recuperação demoraria tempo demais, caso ele não arrumasse um sangue forte o bastante para fazê-lo cumprir com sua palavra de vingança. 
Ele arregalou os olhos para o breu da madrugada, deixando-os com um brilho insano quando a recordação sussurrou em seus ouvidos. 
“A prole de Lilith vive. A lenda é viva.”
O demônio fincou as garras na parede para se pôr de pé. Fez força nas asas trêmulas e nas coxas com músculos rígidos, sujos de sangue preto, que mais parecia graxa, e seguiu pela rua até sua esquina. Ali, pulou e voou pelos céus. 

O hospital mais evidente ficava próximo de onde Richard havia sido arremessado, por falta de fôlego para continuar voando — para sua total sorte. Ajoelhando-se no chão quando tentou pousar novamente, amaldiçoou o filho de Lilith pelos machucados que causou em seus ossos, em sua pele e em seus músculos; mas percebeu que, graças ao sangue de Dulce, a recuperação estava caminhando bem. 
Ele precisava encontrá-la o mais rápido possível. 
A parte dos fundos do hospital estava vazia, com cigarros apagados no asfalto da rua. Richard puxou as asas, escondendo-as nas costas, inclinando o pescoço, machucando enquanto as costelas estalavam em dor, alargando-se. Passou a mão nos rasgos de suas roupas, limpando superficialmente o sangue que ainda escorria, agora em menor quantidade. Virou-se, ainda um pouco manco, e empurrou a porta do hospital até que a tranca quebrasse em um estalo alto para seus ouvidos sensíveis — ele entortou o rosto em raiva e dor, franzindo ainda mais o cenho. 
Seus olhos estavam extremamente negros.
Richard caminhou pelo corredor branco, escuro pela hora da madrugada, entrou no vestiário dos enfermeiros e tomou um banho quente, limpando todo o resto de sangue preto impregnado em sua pele extremamente branca. 
Os espelhos ficaram cobertos de vapor, enquanto o chão parecia sujo de lama. 
Richard roubou o uniforme de um dos enfermeiros e, com os cabelos negros molhados e bagunçados, seguiu pelo corredor a caminho do cheiro de Dulce. Ele sorria amigável para todos que passavam e o encaravam com certa dúvida, amaldiçoando-o, marcando seu rosto, sentindo a garganta coçar e os dentes doerem sempre que imaginava o gosto de sua carne. 
Ele virou os corredores, passou por quatro quartos, até chegar onde seu cheiro era mais forte. Parou à frente da porta de vidro coberto por persianas brancas fechadas por apenas um segundo, antes de encaixar seus dedos na maçaneta de metal frio e começar a abrir a porta.
— Enfermeiro? Oi, meu nome é Maya e eu sou a mãe de Dulce Burwell. Aconteceu alguma coisa? — a mulher que falava rápido tinha o cheiro semelhante, graças ao casaco que usava. Richard se virou lentamente, com os olhos quase esbugalhados. Os caninos afiados palpitaram em ódio e fome. O machucado do pescoço doeu tanto que ele quis quebrá-lo e jogá-lo longe. 
— Senhorita Burwell — respondeu Richard, seco e rígido, mal piscando. Maya estava preocupada, com o cenho levemente franzido e a boca entreaberta. Ele notou que suas unhas estavam roídas e úmidas. — Só vou trocar o medicamento — ela olhou suas mãos vazias. 
— Vai aplicar o quê? — indagou ela, encolhendo os olhos, inclinando o rosto. — Qual é seu nome? 
— James Chapman — ele fechou a boca. — Senhora, por que não me acompanha? Parece estressada — ele abriu um temível sorriso de canto. Maya relaxou as feições por um segundo.
— Tenho que ficar aqui — ela apontou com a mão espalmada para cima para a porta. — Para caso ela acorde, precise de alguma coisa...
— Meu turno já está acabando — disse ele, com outro sorriso infernalmente maravilhoso, olhando para o lado, depois para ela —, temo que não nos veremos mais hoje, senhorita Burwell... Sei que Dulce não vai ficar aqui mais tempo — ele olhou em seus olhos. 
— Não vai — ela assentiu, com um sorriso tranquilizado. — Ficou traumatizada por causa da briga de bar que teve... 
— Briga de bar? — ele franziu o cenho. — Não soube dos detalhes... — ele se mostrou preocupado, cruzando os braços, separando um pouco mais as pernas. Maya sorriu com o olhar dele. — Sei que não deveria estar fazendo isso, senhorita Burwell, mas será que...
— Por favor, me chame de Maya — ela esticou a mão espalmada para ele. Richard sorriu e assentiu. 
— Será que você, Maya — ele arqueou uma das sobrancelhas —, não gostaria de me contar essa temível história que aconteceu com a sua filha hoje, tomando um café? — ele sorriu amigável. Maya olhou para o chão com um sorriso tímido. 
— Eu não acho que isso seja certo, senhor Chapman... 
— Não é justo que não me chame de James — ele riu de uma forma adorável. Maya encarou seus perfeitos lábios, depois, seus olhos incrivelmente negros. — Venha me ver, Maya, daqui a meia hora — ele falou pausadamente, sem ao menos piscar. — Estou curioso sobre você. E, obviamente, sobre sua filha. Um café não mata ninguém — ele riu com aquilo. Maya sorriu junto e cruzou os braços também. 
— Só um café, porque realmente preciso de um. 

Depois de exatos trinta minutos, lá estava Maya, sentada em uma das cadeiras de uma cafeteria fora do hospital, do outro lado da rua, próxima de uma esquina. 
Richard disse que, como funcionário do hospital, não aguentava mais o café daquela lanchonete, que a cafeteria do outro lado da rua tinha panquecas com muito mais recheio. Maya riu e concordou, contanto que estivessem lá, no máximo, dez minutos depois. Richard respondeu que cinco bastavam. 
Eles realmente chegaram a tomar um café e Maya comeu um bolo de queijo com recheio de patê de presunto, depois foram caminhar pela rua, conversando sobre como foi horrível para ela descobrir que a filha estava praticamente se prostituindo para ajudar nas despesas de casa. 
— Eu me senti culpada quando descobri, porque se não tivesse casado com um homem tão horrível quanto o pai dela não estaríamos em condições tão desagradáveis hoje em dia — a voz esganiçada de Maya denunciava que ela logo choraria. Richard, frio e irritado, se poupou de passar o braço pelos ombros da mulher e puxá-la para um abraço lateral de consolo. 
— A culpa não foi sua — repetiu pela décima vez, com os olhos direcionados para o chão. Passariam pelo beco pela quarta vez, e aquela parecia a perfeita para empurrá-la ali, delicadamente, já que estava tão distraída contando seus problemas. 
Ele não sabia como os médicos aguentavam.
— Foi, sim, James! — respondeu, com os olhos marejados, olhando para ele. — Gastei todo o dinheiro que tínhamos comprando aquela casa idiota e praticamente a obriguei a... — ela gesticulou com as mãos, começando a chorar. 
Richard olhou para o lado, encheu as bochechas de ar e rolou os olhos. Ele mordeu o interior do lábio com força, a ponto de sangrar, apertou os pulsos e, quando passaram pelo vão, em um movimento rápido demais para olhos humanos, segurou os ombros de Maya e a prensou contra a parede, mordendo com força seu pescoço, tampando sua boca para impedi-la de gritar.
— James! — ela sussurrou, tentando empurrá-lo. — O que está fazendo?! — ele mordeu de novo e, dessa vez, conseguiu perfurar sua pele, fazendo o sangue jorrar. 
— Meu nome não é James, Maya, e eu não sou um enfermeiro — ele olhou em seus olhos a proferir, sorrindo com os lábios sujos de sangue, rindo a ouvi-la começar a gritar. 
Ele tampou novamente sua boca, pressionando-a com tanta força que seu grito apavorado não parecia nada além de um miado. Sugou seu sangue com força enquanto mordia seu pescoço, mastigando sua carne, engolindo-a de qualquer jeito, comendo-a como se fosse um animal irracional. Logo Maya morreu, perdendo a força nas pernas e o brilho dos olhos. Ela escorregou no chão, de forma que ele precisasse se ajoelhar para continuar se alimentando. Puxou-a pelos pulsos para o canto mais escuro daquele beco, atrás de uma pilha de lixos. 
Richard percebeu que, por mais que a semelhança fosse pouca, Maya tinha um quê de maldição em seu sangue. 
Com a boca, o queixo e o pescoço sujo de sangue, ele se sentiu regenerar. Torceu a cabeça, sorrindo para o céu daquele início de manhã. Então abaixou-se novamente, tornando a comer a carne da mãe da protegida do filho de Lilith, começando, assim, sua vingança.

Dulce acordou com uma sensação estranha. Procurou com os olhos encolhidos sua mãe pelo quarto, mas ela não estava ali. Molhando os lábios, ela apoiou as mãos espalmadas atrás do quadril para se posicionar sentada na cama, começando a acompanhar o movimento do lado de fora do quarto. 
Próximo da recepção, um grupo de médicos e enfermeira conversava sério, olhando, de relance, para o quarto da garota. 
Dulce se alarmou, empurrando os edredons de seu corpo, ficando de pé, caminhando rápida até a porta, abrindo-a com um empurrão que chamou a atenção de quase todos que estavam ali. 
— Onde está minha mãe? — fora a primeira coisa que perguntou, com a voz ainda rouca de sono. Ela olhou para a sala de espera, com os sofás de veludo e as poltronas de couro preto. — Mãe? — ela gritou, andando para um dos corredores que levaria à cafeteria. — Mãe!
— Dulce! — um dos médicos a chamou, correndo até ela. Dulce se virou com os olhos cheios de lágrimas; seu coração batia forte. 
— Cadê ela? — sua voz se tornou mais rouca. O médico suspirou, olhando para o chão. — CADÊ ELA? — o médico a encarou. 
— Sua mãe desapareceu durante o final da madrugada. Algumas enfermeiras disseram que ela saiu com um homem, com um enfermeiro — ele molhou seus lábios. — Ela havia comentado com Anabelle, a médica que estava cuidando de você no primeiro turno da noite, que sairia para tomar um café e...
— Onde-ela-está? — Dulce não conseguia vê-lo, graças às suas lágrimas. O ar parecia navalha quando passava por sua garganta.
— O dono da cafeteria foi jogar o lixo fora, Dulce... E a encontrou esquartejada. Eu sinto muito. Sua mãe está morta.





Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Anna Uckermann

Este autor(a) escreve mais 26 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

10.Poi faire se laisser reprendre? C’est une embuscade. Escute!  “Esta é a última carta que escrevo.Há certo tempo acreditei que a esperança poderia me salvar; acreditei que o mundo poderia ser um lugar melhor caso fugíssemos de nossos problemas — mas como sou ingênua e infantil a ponto de acreditar que eles n ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 3



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • Plopes Postado em 17/12/2015 - 19:18:03

    G-zuis que fic maravilhosaaaaaaa continuaaa

  • Raíssa Victória Postado em 29/10/2015 - 17:19:34

    Oi,tudo bem???Sei que demorei muuuuito pra vir,mas vou ler os caps e depois,quando eu fizer a critica eu te aviso,ok?! :*

  • Raíssa Victória Postado em 18/10/2015 - 14:20:39

    m.fanfics.com.br/fanfic/50104/criticando-fanfics-critica (Quer que eu critique [Fale o que acho] a sua fanfic?Se quiser,vai lá nesse link.Só quero te ajudar! :)


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais