Fanfic: Encanto - Mine-DyC --Finalizada | Tema: Vondy

As luzes do hospital ofuscavam a visão de Christopher e Dulce que corriam pelos corredores brancos do lugar. Dulce vestia ainda a roupa do jantar e estava envolvida com o casaco de Christopher. Cada passo parecia fazer com que o tempo acelerasse a parasse ao mesmo tempo. 

Encontraram poncho, tomaz e pollito na frente do quarto que pablo estava. tomaz andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça, falando sozinho.poncho estava sentado no chão com a cabeça baixa enquanto pollito parecia congelado, olhando para a porta como se pudesse ouvir o que acontecia lá dentro. 

- Como ele está? O que aconteceu? – Dulce disparou as perguntas. 

- Ele saiu da cirurgia e está ali dentro com uma equipe médica. O idiota resolveu sair do bar para... para te ligar e logo depois tinha uma mulher gritando e ele estava no chão, ensanguentado. – pollito respondeu cansado, sem sequer piscar. 

- E não viram o suspeito? – Christopher perguntou.

- A mulher disse que o cara falou alguma coisa, esfaqueou ele e correu. Aquele policial gordo e inútil está esperando o pablo acordar para depor. Como se ele tivesse apenas tirando a soneca da tarde. 

- A culpa é minha? – Dulce choramingou. 

-Não, Dulce . O Louis foi quem misturou as coisas com tequila. – pollito disse – Não foi a melhor combinação. 

Christopher abraçou a garota, protegendo-a, confortando-a, sentindo as lágrimas silenciosas e quentes molharem sua camisa. 

- Vocês dois estão.... – tomaz parou de andar para observar a cena, mas foi calado pelo olhar de pollito. 

A porta do quarto foi aberta e algumas pessoas de branco saíram. 

- Vocês podem entrar agora para vê-lo, mas sem grandes agitações. O que dispensa o senhor, policial. Pode voltar amanhã, por favor. – o médico disse firmemente, não se importando com a “autoridade” do outro homem. 

- Ele corre algum risco? – poncho perguntou. 

- Por sorte a faca atingiu apenas alguns órgãos de raspão conseguimos estancar a hemorragia e fechamos o ferimento. Agora é vigiar o processo de recuperação. – ele respondeu. 

Dulce se desvencilhou dos braços de Christopher e se afastou o máximo que conseguiu. Ele a olhou confuso, e, encolhida, ela apenas deu de ombros. Os outros começaram a entrar no quarto e ela não se moveu. Christopher não entendeu, mas tão pouco insistiu. Seguiu os amigos, deixando a garota sozinha no corredor com seus fantasmas. 

(..)

pablo tinha a aparência quase fantasmagórica por causa da perda de sangue, mas um sorriso fraco estampava seu rosto. 

- Vejo que tiraram a faca, mas não a cachaça. - tomaz comentou se aproximando da cama.

- Tiraram, colocaram algo melhor. Morfina na veia, dude. - pablo retrucou com a voz fraca e trêmula.

Sorrisos nervosos e aliviados foram dados e então o quarto ficou quieto. As perguntas voavam no ar, mas não eram feitas. A felicidade no rosto do doente foi se esvaindo cada vez mais até que não sobrou nada além de um rosto preocupado que olhava diretamente para Christopher. 

- O que houve, pablo? 

- É a Dulce. Eu tinha ido até o lado de fora ligar para ela e um homem se aproximou e... - pablo vacilou por um instante - Disse que não se desfila por aí com uma prostituta comprada num leilão. Ele disse pra eu fazer o que deveria ter feito e descartá-la. 

- E o que você disse? - Christopher perguntou. 

- Que eu paguei por ela e que poderia fazer o que bem entendesse, inclusive tê-la como minha namorada. E então ele enfiou a faca em mim, literalmente, amigos.- a tentativa de brincadeira não dera certo, todos eles se encaravam tão alarmados quanto antes. 

- Ela está na mídia, como sua namorada. É óbvio que eles achariam isso perigoso. Uma menina raptada que agora namora um dos príncipes encantados do Reino Unido....é expor a operação. 

- Então, precisamos escondê-la novamente. - Christopher falou como se fosse simples.

-Ela é uma pessoa, Christopher. Quanto tempo você acha que ela vai aguentar ficar presa num lugar sem desejar morrer? Sem perder a sanidade? -poncho perguntou. 

- Ainda assim será melhor do que perder a vida nas mãos desses homens.- ele retrucou.

- Ou colocar as nossas vidas em risco. -tomaz falou - Nós sabemos muito bem como as coisas funcionam. Eles podem, ou acabar com as nossas carreiras ou acabar com as nossas vidas. Acho que não previmos quão perigoso seria tê-la ligada a nós. 

- A culpa não é dela. -Christopher defendeu-a.

- Não, a culpa é sua que a comprou num leilão qualquer e que brincou de bom moço invés de concluir o trabalho de dispensá-la. - tomaz disse alto, as pupilas dilatadas pela adrenalina.

- tomaz, você não sabe o que está falando. - pollito advertiu - Ninguém aqui acha isso, nem mesmo você. 

- O pablo quase morreu por causa dessa brincadeira, a graça acabou. Christopher, vá terminar o que você começou para que possamos continuar em paz. - o garoto continuou irritado.

Christopher fechou as mãos em punhos forçados e deu um passo a frente. poncho ficou em seu caminho enquanto pablo ameaçou levantar da cama. Foi pollito quem falou mais alto, mandando os dois se acalmarem e pablo ficar quieto no lugar em que ele estava. tomaz respirava com dificuldade num canto enquantoChristopher estava vermelho. Os dois não paravam de se encarar, como se a falta de contato fosse provocar uma reação em cadeia. 

- Parem com isso. – pablo falou com a voz fraca – A culpa não foi da Candy. Eu tive a estúpida ideia de colocá-la na mídia, de fingir ser o namorado dela. Não pensei que os caras tivessem um senso de humor tão delicado.

- Tudo o que precisamos pensar agora é em um outro plano, um que não coloque nenhum de nós em perigo e não mantenha a Candy numa gaiola. – poncho disse se afastando aos poucos. 

- E principalmente que não diga que eu tenho que estuprá-la e entregá-la aos cafetões. – Christopher disse, saindo de perto de todos. 

tomaz concordou, envergonhado pelo seu pensamento, mesmo que justificado pelo desespero. As respirações foram aliviando aos poucos e o assunto ia morrendo junto com o ritmo acelerado. Ninguém mais esperava tocar no que foi dito naquele quarto nem mesmo quando a procura pela solução começasse. E, principalmente, ninguém esperava contar a Dulce. 

O que eles não esperavam era que ela ouvia tudo, com os ouvidos próximos a porta entreaberta. Não tinha coragem de chegar perto de pablo, não depois dos momentos que passara com Christopher; não depois de ir até o lado de fora do bar desprotegido para falar com ela. 

Ironicamente, ela era a culpada por tudo e provavelmente já era culpada por algo pior. A vida deles em risco. Dulce era uma ameaça, e sabia disso. Talvez soubesse desde o início. 

Então ela correu o mais rápido que pôde, o mais rápido que suas pernas moles conseguiam correr e as lágrimas que embaçavam seus olhos permitam-na enxergar. Na porta do hospital, deixou o casaco de Christopher cair. Seu cheiro quase a fizera desistir, voltar atrás, ser egoísta ao ponto de continuar com os meninos, de continuar com ele. 

E quando Christopher saiu do quarto, queria mais do que tudo envolver nos braços, novamente, a garota que havia mudado sua vida e protegê-la do mal. Mas, ela não estava em frente ao quarto, nem nos corredores ou na cafeteria. Ela simplesmente não estava mais ali. Não havia sinal de que ela esteve ali a não ser o casaco preto caído na entrada do hospital.

- Onde está a Candy? – poncho perguntou a Christopher, preocupado com o amigo que corria pelo hospital. 

- Foi embora. – ele respondeu atordoado – A Dulce foi embora.