Fanfic: Encanto - Mine-DyC --Finalizada | Tema: Vondy
Os sentidos foram retornando aos poucos para Dulce. Primeiro a audição que denunciava um quarto calmo com apitos eventuais de alguma máquina e o cantar de algum passarinho ali perto. Depois o gosto amargo em sua boca, gosto de remédio e sangue. E então todo o seu corpo latejou em dores fortes e a sensação de ainda estar naquele lugar, com aqueles homens. E foi justamente nesse momento que ela abriu os olhos, encarando uma luz branca forte que estava em cima de sua cabeça. Demorou alguns segundos para que ela reconhecesse aquele lugar.
- Bom dia, querida. - uma voz doce e calma lhe cumprimentou e Dulce, ainda desorientada, olhou para a enfermeira que lhe sorria amigavelmente.
- Eu estou...
- A salvo, sim. Foi um pouco difícil te trazer de volta e acredito que você esteja com muita dor ainda, mas acredite que isso é um bom sinal.
- Christopher? Cadê ele? E os bandidos? Eli e os capangas... eles iam matar o Christopher, iam..
A enfermeira segurou uma de suas mãos, fazendo com que ela parasse.
- Dos bandidos eu não sei, mas o seu Christopher está bem. Deve acordar a qualquer minuto.
- Ele está muito machucado? - ela perguntou sentindo o nó na garganta.
- Fisicamente, sim. Mas, as feridas do corpo se curam com mais facilidade do que as da alma. - a mulher respondeu. - E essas, querida, você tem e estão profundas demais para serem ignoradas.
Dulce desviou o olhar. Não precisava ouvir isso porque ela sentia cada rasgo em sua alma, cada pedaço que faltava em seu coração. Ela podia jurar que seu interior transbordava com as lembranças e sua pele passava a sentir tudo. Um ferida inteira, era assim que ela se sentia. A culpa não era o único sentimento. Medo, trauma, asco de si mesma por ter aceitado tudo, por ter se rendido. Tudo era um doloroso adicional.
- A médica já deve estar vindo. - a mulher falou. - Beba um pouco de água.
A água foi bem recebida pela sua garganta seca, refrescante como deveria ser. Quando a porta abriu revelou uma mulher mais velha com cabelos negros e um rosto indiano, vestindo um jaleco branco que lhe caia perfeitamente bem e pollito com o rosto cansado, mas olhos brilhantes. Com o passo apressado, ele passou pela doutora e se lançou para a garota, apertando-a contra o peito.
- Não consigo dizer como estou feliz por você estar viva. – ele disse.
- Eu...
- Minha paciente precisa respirar. – a médica interferiu. – O senhor já me atrapalhou demais com o senhor urckermann.
Dulce empurrou pollito um pouco para olhar a mulher.
- Christopher acordou? – sua voz saiu fraca por causa da sensação de alívio.
- Sim, ele acordou. Vocês pareceram combinar até nisso. – pollito respondeu sorrindo, e logo passou a mão pelo rosto tentando esconder uma fina lágrima que rolara pelo seu rosto.
- Quero vê-lo agora. – Dulce falou firmemente.
- Depois que eu te examinar, talvez você possa sair daqui acompanhada pela enfermeira. – a médica rebateu séria. – A propósito, sou a Doutora Padma.
Dulce sorriu fracamente e pollito se afastou para o canto do quarto. Não soltou mais uma palavra enquanto a médica checava os aparelhos, sua temperatura, pressão arterial e seus ferimentos, apenas olhava para pollito que parecia tentar encorajá-la fazendo caretas que supostamente deveriam ser engraçadas.
- Mais tarde um psicólogo virá aqui para conversar com você. – Padma informou anotando alguma coisa em sua prancheta.
- Homem? Não teria como ser uma médica? Eu ... eu ... não...
As palavras ficaram perdidas e ela recebeu um olhar compreensivo da médica.
- Claro. Vou passar o seu caso para a Doutora Sylvia.
- Agora eu posso ver o Christopher? – Dulce perguntou ansiosa
- Só um pouco e você vai na cadeira de rodas.
Dulce concordou. Não sabia que tinha forças o suficiente para se manter de pé e aquela parecia a melhor opção. Sua enfermeira ia chamar alguém para ajudar, mas pollito se ofereceu e pegou-lhe nos braços com uma facilidade que a surpreendeu. Só entendeu o porquê disso quando pediu um espelho para se olhar um pouco e viu seu reflexo magro e abatido.
Foi pollito quem guiou sua cadeira pelo corredor do hospital com sua enfermeira, que se chamava Glória, ao seu lado, pronta para qualquer problema. Ela ficou de cabeça baixa por todo o caminho, brincando com seus dedos finos como se eles fossem interessantes demais para não receber toda aquela atenção. Tudo para não ver os rostos piedosos que lhe encaravam com curiosidade. Até mesmo os diversos seguranças espalhados pelo lugar lhe olhavam rapidamente. Era como se fosse um bicho torturado que teve sua foto divulgada por qualquer rede social e despertasse a piedade em todos.
Quando parou na porta do quarto 768, ela sentiu um frio na barriga. pollito abriu a porta e entrou sem avisar. O quarto estava claro e Christopher se encontrava sentado na cama, sorrindo para tomaz e poncho, mas seu olhar parecia distante. Eles passaram três dias desacordados no hospital e mesmo assim parecia uma eternidade. E foi quando ela entrou no quarto, que os olhos dele acharam o caminho para a realidade.
Se fez silêncio no quarto, quase que imediatamente. Dulce conseguia ouvir as batidas do seu próprio coração. pollito empurrou a cadeira até a beira da cama eChristopher nunca pareceu tão perto e tão distante ao mesmo tempo.
- Nós precisamos achar sua mãe, então... – pollito falou soltando a cadeira, olhando para os meninos sugestivamente.
- É... ela ainda não me fez um cafuné. – tomaz disse puxando poncho junto com ele.
Só um tapa que pollito deu na cabeça de tomaz foi ouvido antes da porta ser fechada atrás deles. As mãos da garota suavam e Christopher parecia apenas hipnotizado olhando para ela. As palavras fugiram dos dois, como se tivessem percebido, como os meninos perceberam, que eram inúteis naquele momento.
Christopher estendeu a mão para ela que aceitou. Não era uma corrente elétrica que passava por eles, era algo muito maior. Era calor e frio, passado e presente, amor e dor. Não, definitivamente eletricidade não tinha nada a ver com aquilo.
A primeira lágrima rolou pelo rosto dela e logo depois, sem perceber, ela estava sendo erguida por Christopher, sendo puxada de encontro ao corpo dele. Depois de tantos corpos se aproximando dela, depois de tantas mãos sujas tocando-a, era ele quem estava tomando conta dela novamente. Ela estava sentada de frente para ele com o rosto encaixado em seu pescoço quente, que tinha ainda o cheiro leve do perfume que ele gostava tanto de usar. E foi ali, num lugar tão conhecido que ela chorou.
Ela podia sentir as lágrimas molharem o pescoço dele, seu próprio rosto, mas lavarem sua alma. Ruídos sem sentido saiam de sua garganta tentando se livrar também de toda a dor que sentia, de todas as lembranças ruins. Apagando as marcas. As mãos de Christopher se revezavam entre suas costas e seus cabelos.
- Eu sei... – Christopher sussurrou respondendo a todos os sons sem sentido aparente. Ele sabia o que ela estava sentindo e sabia acima de tudo o medo que havia de lidar com tudo aquilo.
- Eu te amo. – Dulce falou se afastando para olhá-lo.
O carinho em seu rosto a fez fechar os olhos por um momento.
- Eu te amo. – foi a vez de Christopher se declarar.
Dulce abriu os olhos novamente e viu no rosto dele alguns hematomas roxos, outros verdes, uns cortes fundos e mesmo assim ele continuava tão bonito quanto antes. Ela encostou a mão na barriga dele e ouviu o suspiro pesado por causa do simples toque. Aquele fora o lugar favorito dos outros homens para bater nele.
- Os médicos disseram que foi sorte eu não ter tido uma hemorragia interna. Sem grandes danos aos meus órgãos. – ele disse com um tom mais leve.
- Minha enfermeira disse que seus ferimentos foram mais graves que o meu.
- E ainda assim estamos aqui e você está quase sentada em mim. Então, eu estou melhor do que você.
- Tudo o que nós passamos...
- Ficou no passado, candy. – ele interrompeu a garota – Tudo o que passamos ficou no passado.
- Não, Christopher. Tudo o que passamos ficou na sua pele, na minha... A minha mente está uma bagunça, e não consigo pensar que você poderia estar fora disso tudo.
- O que você está querendo dizer?
- Eu vou embora, Christopher. Vou voltar para o Brasil, vou enterrar Londres na minha memória, vou fingir que nunca te conheci.
A risada dele ecoou pelo quarto. Carregada de ironia, divertimento e desespero.
- Não, Dulce você não vai. – ele falou de forma crua e objetiva
- Christopher...
- Você me ama e eu te amo. Eu não passei por tudo o que passei para desistir agora que só o que temos a fazer é superar traumas e construir uma vida. Eu não vou te deixar ir depois de que você ofereceu seu próprio corpo para me salvar, não depois do desespero que me possuiu quando ele te tocava, te batia. Você não vai sair da minha vida sem tentar ser feliz comigo.
Dulce respirou fundo e sentiu os lábios de Christopher tocando os seus num beijo delicado, sem línguas e suspiros, apenas os lábios e o calor deles. Dois minutos se passaram e quando, enfim, se separaram suas testas estavam juntas marcando ainda a proximidade.
- Eu te prometo aqui e agora que vou ser paciente com seus limites. Prometo que todos os dias eu vou tentar apagar as impressões que aquele sujeito imundo deixou na sua pele até que ela reconheça apenas o meu toque. E eu vou te beijar levemente quando você tiver medo e vou te beijar com toda paixão quando estiver pronta. Prometo que a partir de agora a nossa vida começa, Dulce. Você só precisa me prometer que não vai fugir.
E pela primeira vez em dias, ela sorriu.
- Eu prometo.
Autor(a): Anna Uckermann
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Capítulo 22“We both know our own limitationsAnd that's why we're strongNow that we've spent some time apartWe're leading each other out of the darkCause we both know” (We both know – Colbie Caillat feat Gavin Degraw) - Nós precisamos parar de ficar saindo desse hospital como se fosse um confortável hotel. – Christophe ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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cmsvondy Postado em 04/11/2015 - 01:10:09
Muitooo linda essa fanfic, parabéns foi mega bem escrita, a história foi incrível !!!! Ameei
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stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 00:56:14
Amei muito! Muito lindo! Parabéns
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ana_vitoria_gadelha_de_souza Postado em 21/10/2015 - 17:32:36
Postado
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marianasvs Postado em 20/10/2015 - 22:47:47
CONTINUAAAAAAAAAAAAAAA MDS, VICIEI, CONTINUA
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Dulce Amargo Postado em 20/10/2015 - 19:47:16
Continuaaaaaaaa
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stellabarcelos Postado em 20/10/2015 - 15:21:29
Eles não podem conseguir fazer nada com ela!!! Por favor! Continua
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stellabarcelos Postado em 20/10/2015 - 05:14:33
Leitora nova chegando agora! Haha tô louca pra você continuar! Postaaaaa
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heloise_savinon_uckermann Postado em 20/10/2015 - 03:59:46
Meus* sofrendo* desse* faz* meu* simplesmente tudo* teclado loco eu hein pirou na batatinha ta louco
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heloise_savinon_uckermann Postado em 20/10/2015 - 03:53:06
Criatura eu TO chorando aqui com menús bebés sorprendo desde jeito. Gosto de fanfics Assim q me faxes chorra de emoção,qué faz ter Raiva quando algo da errado,ou seja,que mechem com me u emocional,e essa é simplemente tu do isso!! Quando se le essa web VC pensé "O MUNDO PRECISA LER ISSO" e é ISSO q eu desejo q varios leitores venham aqui ler essa Coisa MARAVILLOSA e se emocione tbm......CONTINUUUAAA esto u ansiosa para os próximos capítulos bjinhos:)
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Juju Uckermann_ Postado em 19/10/2015 - 13:11:55
Continuuaaa!!!! Q fofos :))!