Fanfic: Encanto - Mine-DyC --Finalizada | Tema: Vondy
A foto de pablo correndo pela rua com uma desconhecida já circulava na internet quando Christopher esperava a menina terminar de se arrumar. Não que seu amigo se importasse em ser fotografado, mas nunca pensou que ele fosse ignorar tão veemente a presença deles e do risco que eles traziam. Em todas as manchetes, a palavra “misteriosa” aparecia com grifos e o fato de que eles estavam na casa dele não era esquecido.
Preocupado não definia bem o que ele estava sentindo. Havia algo de errado naquilo e não eram as fofocas que surgiriam a partir daquele momento. Sua pele se arrepiava com o que sua mente tentava descobrir.
Pensou, inclusive, em desistir do passeio. Porém seus pensamentos não duraram muito. Aquele sorriso merecia mais oportunidades para aparecer, se exibir. E seu pensamento se confirmou quando ele a viu. Os cabelos soltos e a roupa quase romântica, uma saia florida, regata preta, sapatilhas e algo dourado enfeitando-a.
- Estou pronta. – candy disse sorrindo.
Christopher colocou numa rádio qualquer e, enquanto a música desconhecida preenchia o silêncio do carro, candy olhava pela janela toda a paisagem cinzenta de Londres. Andar pelas sombras, se escondendo, fugindo, indo para os buracos que ia sempre, não tornara possível ver todas as nuances daquele lugar. O verde das árvores que, naquele dia, brilhava juntamente com os raios solares.
Os acordes da música tão conhecida a fez olhar para Christopher, que corou. O primeiro sucesso da banda tocava agora com toda a sua animação, o que fez a garota rir.
- Não sabia que ainda tocavam essa música. - ele se justificou, corando ainda mais.
Por que ficara tão envergonhado assim? Sua voz mudara, sim, mas não era ruim antes.
- Eu gosto dessa, sempre me faz rir. - Dulce deu de ombros.
- Então você ouvia One Direction antes. - Christopher falou como se estivesse falando
"touche".
- Nunca disse que não ouvia. Eu só... só não tinha te reconhecido e...
- Se você tiver sorte, quem sabe eu não cante pra você? – ele disse, parando o carro.
- Só se for pra eu dormir, né? – ela debochou abrindo a porta, percebendo logo o que havia dito. – Não! Quero dizer... não assim. Eu só...
Christopher riu, jogando a cabeça para trás.
- Eu sei disso, menina. – ele falou tentando se controlar, vendo-a respirar aliviada, saindo do carro.
“Não que isso não seja uma possibilidade.” – o pensamento foi calado antes que virasse algo concreto.
Uma brisa soprou fraca e quase imperceptível e enquanto Dulce andava distraída, olhando o mar à sua frente, Christopher procurava ao redor algum sinal de paparazzi. Tudo estava tranquilo, estranhamente tranquilo. Talvez eles estivessem seguindo o pablo, pensando que a garota misteriosa estivesse escondida em seu carro.
candy olhou para trás e, num convite mudo, pediu que ele se aproximasse. O barulho das correntes sendo rompidas quase foi ouvido por Christopher. Ele não estava pronto para voltar a ser o que era, tão pouco podia continuar naquela escuridão.
Então, ele caminhou até a garota sorridente.
- Isso aqui é lindo. – ela disse, tentando captar cada detalhe: as construções, as pessoas, o clima, a luz...
- Sim, é lindo. – ele concordou, também achava que na, simplicidade daquele lugar, havia as melhores características. O lindo ali se definia.
As pessoas andavam distraídas pelas ruelas, algumas aproveitavam o sol, outras apenas ocupadas demais com os problemas da vida corriam sem pensar, sem sentir. As barraquinhas de peixe, as lanchonetes e outras lojas que vendiam artigos para turistas estavam movimentadas.
- Vamos almoçar? Já ouvi seu estômago roncar umas três vezes, daqui a pouco ele vai falar e, pela dona, tenho certeza de que ouvirei palavras proibidas. – ele disse, apontando um pequeno restaurante com algumas mesas na calçada, ignorando a expressão chocada no rosto da garota.
Mal chegaram no restaurante e uma garçonete ruiva e alta se aproximou sorrindo com seus dentes brancos e alinhados. A pele branca e as sardas a transformavam no oposto perfeito de Dulce. Tão linda, tão britânica que a garota teve que engolir um pouco da inveja que sentiu. Ela era uma garçonete, mas parecia que as das haviam trocado de lugar numa brincadeira sem sentido.
- Deseja uma mesa lá dentro? Do canto de sempre, imagino. - ela falou como se já se conhecessem há anos.
- Não, Becky. Hoje eu quero ficar aqui fora. - Christopher respondeu sorrindo para Dulce que retribuiu fracamente.
A garçonete encarou Dulce por um momento e voltando a sorrir de forma afetada, mostrou uma mesa mais próxima ao mar. Decorada com um guarda-sol branco e forrada com uma toalha da mesma cor, a mesa parecia vindo de algum estoque de um filme veneziano. Christopher puxou a cadeira e a menina sentou-se um pouco menos tensa. Foi a vez de Becky se sentir incomodada.
- Então, quando souber o que vai pedir, e só me chamar. - ela disse entregando o cardápio.
- Acho que dois nº 12 com Coca-Cola. - Christopher pediu e olhou para sua acompanhante - É um prato que contém arroz com ervilhas e brócolis, salmão e uma salada de rúcula. Se você não gostar, posso pedir outra coisa.
- Parece ótimo para mim, obrigada.
Becky concordou e saiu anotando o pedido, olhando por cima dos ombros o casal estranho que estava sentado ali. Duas pessoas que se olhavam desconfortáveis e sem saber o que pensar, perdidos num mundo particular intransponível.
- Achei que você não fosse querer ficar dentro de um cômodo abafado. O objetivo é sair, não? Aqui fora é fresco e temos o mar com...
- E se te verem comigo? Você tem uma reputação a preservar, Christopher. - Dulce interrompeu o pensamento dele.
- Se me verem com você, vão apenas pensar que já passei do meu período de luto e agora arrumei uma namorada desconhecida que estava correndo animadamente com um dos meus melhores amigos na rua da minha casa. - ele falou - Em outras palavras, vão sentir pena de mim por ser o maior corno da história.
- Do que você está falando?
- Das fotos suas que já estão circulando pelas redes sociais como "a garota misteriosa que estava brincando com pablo do One Direction" - Christopher explicou - Vocês saíram perfeitos nas fotos, se divertindo tanto... tão felizes.
Num ímpeto, Dulce levantou-se quase levantando a mesa junto.
- Isso não podia ter acontecido, Christopher! Vão me tirar daqui. Vão descobrir que estou ilegalmente e vou... - ela parou por um momento e seus olhos congelaram num lugar muito distante dali. - Eles vão me achar.
Christopher foi até a garota, segurando-a pelos ombros, forçando-a a olhar para ele. O pânico que crescia dentro dela poderia fazer com que ele surtasse também se não tivesse um plano.
- Eu já liguei para meu advogado, candy. Ele está providenciando seu visto, tudo conforme a lei. Ninguém vai te tirar daqui. - seu tom de voz era suave, quase como se estivesse ensinando a uma criança que não havia um monstro dentro do armário - E eles não vão te achar. Acredite, se não denunciarmos nada, eles não vão tentar te recapturar. Não quando você estará sempre em frente às câmeras. Ninguém vai te tirar de perto de mim.
Todo o medo foi se afastando e a respiração dela foi se acalmando aos poucos. Becky voltava naquele momento, segurando as duas bandejas com os pratos, fazendo com que os dois voltassem aos seus lugares tentando fingir que nada aconteceu.
- Obrigado, Becky. - Christopher falou educado, como de costume, e a mulher se abaixou um pouco mais, mostrando o desnecessário decote.
- Sempre que quiser, Christopher. – ela disse dando um sorriso – Sempre que quiser.
- Acho que ele já entendeu, Becky. – candy balançou a mão, espantando a garota.
Christopher riu abaixando a cabeça, mas a garota o ignorou, pegando um pedaço de peixe e colocando na boca. Ele fez o mesmo. Almoçaram em meio a conversas aleatórias e risos sem sentido. Viram-se transformar em pessoas diferentes. Christopher já não tinha aquela aparência carregada e toda a culpa do mundo em suas costas, nem mesmo parecia odiar a garota que estava na sua frente. Dulce não tremia mais de medo ou olhava assustada para ele. E, num acordo perfeito, os dois esqueceram a briga de mais cedo. Era um recomeço.
Na hora de fechar a conta, outra garçonete foi atendê-los. Christopher não foi menos educado com a desconhecida, mas ela, sem dúvida, fora menos oferecida que a Becky. Uma caminhada pela orla e logo eles estavam envoltos numa conversa sobre seus passados.
- Você sente falta do Brasil, né? – ele perguntou, fazendo com que Dulce parasse de frente para o mar cinzento.
Pela primeira vez não conseguiu lembrar do tom esverdeado dos mares de seu país.
- Sim. Mas a saudade maior me acompanharia aqui ou no Brasil. – ela respondeu simplesmente.
- Como você entrou nessa furada, candy? – Christopher continuou com o questionamento – Porque eu não consigo imaginar o que seria de você se tivesse sido vendida para outro e...
- Sua dor me salvou, Christopher. – ela falou sem olhá-lo – Uma vida pela outra, é o que dizem. Aposto que não faria essa troca se pudesse escolher.
- Eu não vou dizer que escolheria uma desconhecida e não a... a natalia. – Christopher disse – Mas eu arrumaria um jeito de fazer com que tudo desse certo para as duas. Não admito apenas duas opções.
- Eu aceitei apenas uma opção. Dinheiro fácil para sair da miséria, para ajudar minha irmã a ter uma vida digna. – candy começou a explicar – Meus pais morreram num incêndio na fábrica que trabalhavam e minha irmã e eu fomos deixadas com uma tia nossa. Eu precisava dar um futuro a ela e surgiu essa oportunidade. É ridículo, eu sei. Tão inocente, tão boba.
- Não, não penso isso. – Christopher a interrompeu – Você fez o que achava bom e certo. Há quanto tempo você não vê sua irmã?
- Três meses, talvez mais, talvez menos. Fiz alguns ‘cursos’ durante um tempo, depois fiquei um mês trancada num quarto sujo de um hotel qualquer, até uma semana atrás, quando você me achou.
- E sua irmã...
- Deve achar que estou morta, agora. – ela disse – E provavelmente seja o melhor.
- Você não pensa em voltar para o Brasil? – a pergunta fez com que ela o olhasse.
- Eu posso voltar?
Ele não respondeu.
– Foi o que eu pensei.
- Não estou dizendo que você não pode voltar, mas eu não sei. Ninguém saberia o que fazer com você. – Christopher se defendeu, dando um passo à frente.
- Me venda de volta e você se livra do problema.
Christopher se aproximou dela calmamente.
- Desista, o cara mau morreu hoje de amanhã. Conheça o verdadeiro Christopher Urckermann, e esse Christopher não gosta de se livrar dos problemas. – ele disse sorrindo, puxando-a pelo braço – Ainda mais quando o problema tem um sotaque brasileiro tão engraçado assim.
- Então o Christopher bonzinho é mais irritante do que o malvado? – ela implicou.
- Provavelmente. – ele respondeu sem se importar.
Caminharam por mais alguns minutos, deixando que as palavras fluíssem por elas mesmas até que uma pequena aglomeração de pessoas chamou a atenção deles. Dois jovens, aparentando ter a mesma idade deles, tocavam violão e cantavam animadamente enquanto esperavam os trocados caírem no chapéu de coco jogado no chão. Os aplausos marcaram o fim de uma música, que não chegaram ouvir, e o início de outra. O ritmo marcado e leve começou e Dulce fechou os olhos, movendo o corpo lentamente. Para espantar os fantasmas do passado, as inseguranças do futuro. Para se deixar, se jogar numa onda de sons.
Where do I begin?
Should I tell you
How bad I need you now
Estendendo-lhe a mão, Christopher a olhou com o pedido. Ele queria aquela dança, queria entrar no movimento de palavras e sons. E se a alegria impressa em cada trecho daquela canção não fosse o suficiente para espantar todos os fantasmas, ele o faria.
But I`m confused
My head is spinning all around
Dulce aceitou e, dançando conforme o ritmo, ela foi se aproximando de Christopher. Logo, sua cintura fora enlaçada por um braço dele, enquanto o outro segurava sua mão na altura do coração. Seguiam os acordes dos violões, tentavam ignorar as palavras das vozes que cantavam e o compasso marcado pelos corações.
And I might even want to hide
Cause I never knew what I wanted
‘Til I looked into your eyes
- Mais feliz agora? – Christopher perguntou num sussurro em seu ouvido.
- Mais do que eu poderia estar. – ela respondeu.
O corpo quente de Christopher saiu de perto do seu por um instante, até que ela percebeu estar sendo guiada para rodopiar, ainda segurando a mão do garoto. Riu quase no compasso da música e foi puxada novamente para perto dele. Seu rosto não estava escondido no pescoço cheiroso dele como antes, não.
Olhos nos olhos. Onde habitava o perigo.
- Você correria? – ele perguntou franzindo o cenho.
Ele não estava falando necessariamente da música.
- E para onde eu iria? – ela retrucou com uma nova pergunta.
Christopher não respondeu. Não era preciso. Apenas levou-a novamente até seu peito, juntando-se, escondendo seus olhos. Escondendo-se dos olhos dela.
My heart is beating double time, yeah
And do you feel the same? (Do you feel the same)
Don`t leave me in the dark, no
But baby don`t put out this spark, no
- Ainda tenho medo do escuro. – ela disse, não parando de dançar.
- Eu sei. Do jardim dá pra a luz do quarto acesa. – Christopher falou – Eu ainda acho que a natalia poderia estar viva se eu não tivesse terminado tudo.
- Não consigo sentir o cheiro de laranja sem chorar. – candy comentou, encostando o rosto no pescoço dele, como se tivesse vergonha.
- Não consigo me lembrar como era o gosto do beijo dela. – ele disse.
- Nunca namorei sério com ninguém. – a garota riu.
- Não consigo tirar o gosto do seu beijo da minha cabeça. – com a voz baixa e os lábios roçando levemente no ouvido da garota, Christopher lançou a bomba.
A música terminou e os aplausos fizeram com que se separassem. Ainda seguraram o olhar por alguns instantes, até que se puseram andar como se nada tivesse acontecido.
Autor(a): Anna Uckermann
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 11
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cmsvondy Postado em 04/11/2015 - 01:10:09
Muitooo linda essa fanfic, parabéns foi mega bem escrita, a história foi incrível !!!! Ameei
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stellabarcelos Postado em 22/10/2015 - 00:56:14
Amei muito! Muito lindo! Parabéns
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ana_vitoria_gadelha_de_souza Postado em 21/10/2015 - 17:32:36
Postado
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marianasvs Postado em 20/10/2015 - 22:47:47
CONTINUAAAAAAAAAAAAAAA MDS, VICIEI, CONTINUA
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Dulce Amargo Postado em 20/10/2015 - 19:47:16
Continuaaaaaaaa
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stellabarcelos Postado em 20/10/2015 - 15:21:29
Eles não podem conseguir fazer nada com ela!!! Por favor! Continua
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stellabarcelos Postado em 20/10/2015 - 05:14:33
Leitora nova chegando agora! Haha tô louca pra você continuar! Postaaaaa
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heloise_savinon_uckermann Postado em 20/10/2015 - 03:59:46
Meus* sofrendo* desse* faz* meu* simplesmente tudo* teclado loco eu hein pirou na batatinha ta louco
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heloise_savinon_uckermann Postado em 20/10/2015 - 03:53:06
Criatura eu TO chorando aqui com menús bebés sorprendo desde jeito. Gosto de fanfics Assim q me faxes chorra de emoção,qué faz ter Raiva quando algo da errado,ou seja,que mechem com me u emocional,e essa é simplemente tu do isso!! Quando se le essa web VC pensé "O MUNDO PRECISA LER ISSO" e é ISSO q eu desejo q varios leitores venham aqui ler essa Coisa MARAVILLOSA e se emocione tbm......CONTINUUUAAA esto u ansiosa para os próximos capítulos bjinhos:)
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Juju Uckermann_ Postado em 19/10/2015 - 13:11:55
Continuuaaa!!!! Q fofos :))!