Fanfic: Um olhar de amor AyA (Adaptada) | Tema: AyA - Ponny

A ansiedade quase o impediu de notar a luz trêmula à direita da estrada. Nos últimos 30 minutos, não havia passado por nenhum carro, pois, em uma noite como aquela, a maioria dos californianos lúcidos, que não tinham ideia de como dirigir em segurança com o clima ruim, ficava em casa.

Alfonso diminuiu a velocidade e acendeu os faróis altos para enxergar melhor com tanta chuva. Não apenas havia um carro na vala, mas uma pessoa caminhando sozinha no canto da estrada cerca de 90 metros à frente. Ela provavelmente ouviu o carro se aproximar e virou-se para olhá-lo, e Alfonso pôde ver o movimento dos longos cabelos molhados em torno do ombro da moça sob a luz dos faróis.

Enquanto se perguntava por que ela não estava dentro do carro, seca e aquecida, ligando para o serviço de emergência da estrada e aguardando pelo socorro, ele parou o carro no canto da pista e saiu para tentar ajudá-la. Ela tremia enquanto o observava se aproximar.

__ Você está ferida?

Ela cobriu um dos lados do rosto com uma das mãos, mas balançou a cabeça.

__Não.

Ele teve que se aproximar mais para escutá-la com o barulho da água que atingia o asfalto e rapidamente se transformava em granizo. Embora houvesse desligado os faróis, já que seus olhos logo se acostumariam à escuridão, conseguiu observar com atenção o rosto dela. Alfonso sentiu um aperto no peito. Apesar dos longos cabelos colados ao rosto e ao peito e do ato de que "rato molhado" seria uma boa expressão para descrever-lhe a aparência, a beleza da mulher o impressionou.

Em um instante, seus olhos de fotógrafo analisaram os traços dela. A boca era um pouco grande demais; os olhos um pouco separados no rosto. Ela não chegava perto da magreza das modelos, mas, pela maneira como a camiseta e o jeans se colovam à sua pele, ele pôde perceber que ela aproveitava bem suas tentadoras curvas. No escuro não podia adivinhar-lhe a cor exta dos cabelos, mas pareciam de seda, perfeitamente macios e lisos no ponto que cobriam os seios. Foi apenas quando Alfonso a ouviu dizer "mas meu carro está bem danificado" que ele perdera por completo a ideia do que pretendia fazer ao estacionar e ir ao encontro dela.

Como sabia que estivera bebendo a imagem daquela mulher como se morresse de sede, esforçou-se para recuperar o equilíbrio. Já podia ver que o carro levava a pior. Não era necessário um mecânico como seu irmão Zach para concluir que o horroroso carro hatch estava beirando perda total.  Se o veículo estivesse em uma situação menos precária, ele provavelmente diria para ela permanecer dentro dele enquanto tentaria tirá-lo de lá. Porém, um dos pneus traseiros estava pendurado na borda da vala. Alfonso fez um movimento com o polegar na direção de seu automóvel

__Entre no meu carro. Podemos esperar lá pelo guincho.

Teve a vaga sensação de que as palavras soaram como uma ordem, mas o granizo começava a machucar, maldição! Os dois precisavam sair da chuva antes que congelassem. Contudo a mulher não se mexeu. Em vez disso, lançou-lhe um olhar que parecia dizer que ele era completamente maluco.

__Não vou entrar no seu carro.

Ao perceber o quanto devia ser assustador, para uma mulher, ficar presa e sozinha no meio de uma estrada escura, Alfonsoafastou-se um pouco dela. Teve que falar alto para que ela o ouvisse em meio ao granizo.

__Não vou atacá-la. Juro que não vou fazer nada para machucá-la.

Ela só faltou se encolher ao ouvir a palavra "atacá-la" e Alfonso ficou alerta. ele nunca fora um imã para mulheres problemáticas, não era o tipo de homem que gostava de salvar passarinhos feridos. Porém, como havia vivido com duas irmãs por muito tempo, sempre podia adivinhar quando alguma coisa estava errada. E alguma coisa com certeza estava errada com aquela mulher, além do fato de o carro dela estar praticamente preso na vala lamacenta. Como queria fazê-la se sentir segura, ele ergueu as mãos.

__Juro pela alma do meu pai que não vou machucá-la. Pode entrar no meu carro.

Ela não recusou imediatamente e ele aproveitou essa vantagem, acrescentando:

__Só quero ajudar.

E ele queria mesmo. Queria mais de que seria normal com uma desconhecida.

__Por favor - insistiu. - Me deixe ajudar.

Ela o observou por um longo tempo. O granizo caía entre eles, ao redor deles, sobre eles. Alfonso percebeu que prendia a respiração, esperando a decisão dela. Não deveria se importar com o que ela fizesse. No entanto, por algum estranho motivo, ele se importava.