Fanfic: Um olhar de amor AyA (Adaptada) | Tema: AyA - Ponny

Anahi fez a mala bem cedo pela manhã e tornou a vestir seus jeans e camiseta.

Chegara longe demais na noite anterior. Desejava Alfonso com força demais. Por isso, não podia ficar no vinhedo mais tempo.

Uma nova cesta de doces e frutas estava no balcão para ela e o orgulho deveria tê-la feito passar direto, mas isso teria sido pura estupidez. Ela não tinha dinheiro para um táxi. O que significava que iria embora andando, por longas estradas do interior até achar uma parada de ônibus.

O orgulho era bom e elegante. Mas não quando ela precisa de combustível para seguir adiante.

Porém, o que parecera tão delicioso na manhã anterior agora parecia ter gosto de serragem e ela teve que se forçar a comer um croissant.

É claro que o bilhete dobrado com Anahi escrito nele na letra de Alfonso também não ajudou. Enquanto ela mastigava e engolia, ficou encarando o papel.

Podia jurar que o papel a encarava de volta.

Seria melhor não ler. Apenas sair, distribuir seus agradecimentos e despedidas e esquecer que havia conhecido um homem lindo cujos beijos tinha gosto de paraíso.

No entanto, Alfonso havia sido muito gentil com ela. Tão gentil, na verdade, que, em vez de levá-la pelo caminho que estivera desesperada por tomar na noite anterior, ele havia interrompido os beijos. Até afastara a mão de sua calcinha depois de ela ter um org**** e a levara para casa sem tocar nela de novo.

Aquele primeiro beijo havia sido intenso. Maravilhoso. Perfeito. Ela poderia tê-lo beijado por toda a noite. Anahi havia sonhado com aquele beijo a noite inteira, podia ainda sentir a maneira como quase estiveram respirando o ar do pulmão um do outro. Havia acordado morrendo de vontade de outro beijo ... e de poder ficar abraçada a Alfonso sob uma coberta em algum lugar e apenas beijá-lo a noite toda.

Foi aquela ânsia por ficar abraçada a ele, aquele desejo desesperado de se sentir quente e segura, que deixou tudo mais claro em sua mente. Tinha que ir embora.

Entretanto, a verdade era que ficaria se perguntando o que estava escrito naquele bilhete por todos os segundos de todos os dias se não o lesse. Acabou pegando o papel tão nervosamente que o amassou.

    Anahi, espero que você tenha dormido bem. Algum dia, em um futuro não muito distante, poderei aproveitar o café da manhã ao seu lado. Estou ansioso por isso. Muito.

Venha nos ver de novo hoje, por favor. Todos adoraram você.

Até breve, Sr. Gostosão. SR. GOSTOSÃO.

p.s: precisa mesmo das letras todas maiúsculas, você não acha?

Em algum lugar entre o muito e o Sr. Gostosão riscado, todas as sensações de formigamento e paixão que Anahi estava tentando esmagar dentro de si despertaram para a vida mais uma vez. Até mais intensas e fortes do que eram antes.

Na noite anterior, ela ficara um pouco tonta e divertira-se, antes de ouvir as perguntas inocentes de Marcus. Fora quando começara a beber o vinho em grandes goles. Alfonso havia percebido que ela não estava consciente por completo, que o vinho a havia entorpecido o suficiente para que ela abrisse mão do controle sem pensar em se proteger.

Porém, eles haviam chegado bem perto do que ela queria e uma parte sua não muito secreta desejava que ele não houvesse parado e eles houvessem feito amor. Uma grande parte dela desejava que ele houvesse tirado proveito do fato de ela estar um pouco bêbada.

O que estava errado com ela? Se era isso que desejava, então tinha sérios problemas. E sabia que, se não podia controlar a mente - ou o corpo -  perto de Alfonso, então permanecer lá estava fora de questão.

Não importava que ainda não tivesse para onde ir. Não importava que sua situação com o ex-marido não houvesse mudado e ela ainda precisasse lidar com a polícia e ver o que eles poderiam fazer - se pudessem fazer alguma coisa - para ajudá-la. Já bastava daquela fantasia de "vinhedo das maravilhas", com roupas bonitas, fingindo que aquele homem maravilhoso era dela. Nada daquilo era realidade. Era apenas prolongar o inevitável por mais três dias: lidar com ex-marido, certificar-se de que ele nunca mais a machucasse e, depois, recontruir sua vida do zero, garantindo que fosse a vida que ela quisesse desta vez.

Chegara a parte mais difícil: dizer adeus a Alfonso.

Algo lhe dizia que seria mais difícil do que apanhar do ex-marido. Mais doloroso do que cair com o carro naquela vala. Pior do que ficar embaixo de uma tempestade de granizo.

Alfonso havia sido incrivelmente digno. Ela devia a ele o mesmo respeito. Não sairia às escondidas. Não deixaria apenas um bilhete, como uma covarde.

Precisava ir até o local onde ele estava fotografando as modelos com a equipe, agir como adulta e despedir-se dele corretamente, cara a cara. Fugir era para os fracos. Embora a covarde dentro dela ansiasse por levar a melhor, estava na hora de aprender a ser forte.

Era hora de dizer adeus a Alfonso.