Fanfic: Um olhar de amor AyA (Adaptada) | Tema: AyA - Ponny

Alfonso queria dizer mil coisas diferentes para Anahi sobre a idiotice de seu ex-marido. Queria dizer que não era culpa dela acreditar que ele fosse um homem melhor e mais gentil do que era na verdade. Queria mostrar sua revolta contra a justiça com a qual o ex-marido a tratara. Porém, não queria fazer nem dizer nada que pudesse interrompê-la. Assim, esforçou-se para engolir seus sentimentos e apenas perguntar:

- Quando você decidiu ir embora?

- Um dia, eu estava sentada no clube de campo com as esposas de vários amigos dele, com quem eu não tinha nada em comum, e percebi que tinha sido engolida pela situação. Tentei conversar com ele a respeito, mas ele não estava interessado em ouvir. - Ela engoliu em seco. - Foi a primeira vez que ele me assustou.

Alfonso fez força para evitar que seus músculos se endurecessem de raiva e ela pudesse perceber.

- O que ele fez?

- Nada físico. Mas começou a beber mais e mais e parecia não escutar nada do que eu dizia. Quando acordei na manhã seguinte, todo o meu material de quilting tinha desaparecido. Meus tecidos. Minhas máquinas. Tudo.

Desta vez, Alfonso não se conteve.

- Que imbecil!

Anahi estava mais tensa quando continuou.

- Algumas semanas depois, quando finalmente enxerguei como seria o restante da minha vida vazia com um homem que não me amava de verdade, pedi o divórcio e me mudei para Lake County.

- De alguma maneira, você deve ter percebido que não seria seguro ficar na cidade.

Ela balançou a cabeça, dizendo:

- Não. - depois fez uma pausa e franziu as sobrancelhas. - Bom, talvez. Acho que por isso senti que precisava ir embora... Eu amo São Francisco, mas senti que precisava de um novo começo. Não queria o dinheiro dele, só queria minha liberdade de volta. Liberdade para trabalhar nas minhas colchas. Liberdade para escolher meus amigos. E até liberdade para usar jeans velhos ou sapatos que não fossem assinados por um designer. Meu apartamento nunca pareceu minha casa, por mais que eu quisesse. or mais que eu precisasse disso.

Ela suspirou.

- Mas não tinha problema. Dizia a mim mesma que, um dia faria dele um lar, porque achava que pedir o divórcio, deixar o Rodrigo e mudar de casa tinha funcionado. Não tive notícias dele por meses e, assim, pensei que ele tivesse aceitado o divórcio.Ela colocou a mão no rosto e tocou o ferimento que desaparecia.

- É óbvio que ele não aceitou.

- O que aconteceu na noite em que encontrei você? - Alfonso quase não conseguia fazer as palavras passarem por entre os dentes.

Os olhos dela escureceram.

- Eu mesma estava me preparando para pintar a sala de estar quando ouvi alguém bater na porta. O Rodrigo estava lá e eu fiquei tão surpresa ao vê-lo que o deixei entrar sem pensar, sem nem imaginar que não estava segura com ele. Mas, então, percebi que ele estava bêbado. Não sei como pude esquecer o quanto ele estava bebendo mais no final do nosso casamento, mas ele estava. Não sei, talvez eu tenha me forçado a esquecer aquilo de que não queria lembrar.

- Isso é natural, querida.

Mas era como se ela não pudesse ouvi-lo, não pudesse fazer nada além de reviver o que acontecera com o ex-marido.

- Ele disse: "Você não vai fugir de mim, você é minha". Eu não acredito que ele teve a coragem de ir até a minha codade, parar no meio do meu apartamento e me dizer aquilo. Eu não quis discutir... Disse para ele ir embora, que conversaríamos depois, quando ele não estivesse bêbado.

Alfonso sabia o que viria depois.

- Nada pior para um bêbado do que ouvir que está bêbado.

Ela concordou, balançando a cabeça.

- Ele me mandou calar a boca e disse que tinha cometido o erro de não me punir por muita coisa quando estávamos casados e que, daquela vez, seria diferente.

Alfonso repetiu as palavras:

- Daquela vez?

Ela fechou os olhos.

- As palavras exatas foram: "você vai para casa comigo agora e, desta vez, vai fazer o que eu mandar".

Alfonso mal segurou uma chuva de palavrões enquanto ela proseguia:

- Ele nunca tinha sido assim, nunca tinha me assustado tão completamente. Mas eu não queria recuar, não queria que ele pensasse que podia continuar me controlando. Por isso, disse que já estava em casa. Disse que não iria a lugar nenhum com ele e queria que ele saísse. Na mesma hora.

As palavras dela o afetaram ainda mais.

- Ele perdeu a cabeça e agarrou meu cabelo. E, quando eu tentei escapar, ele me deu um soco.

Ela levou a mão para o rosto, mas a mão dele já estava lá, cuidando da pele macia, desejando de todo coração que ela nunca houvesse sido ferida, que nunca mais fosse ferida novamente.

- Fiquei pasma por um minuto. Sinceramente, não podia acreditar no que ele tinha acabado de fazer. Fiquei esperando que ele começasse a pedir desculpas, que admitisse estar fora de controle. Mas a expressão dele não era de arrependimento. Era como se, por fim, tivesse vencido, olhando sua marca no meu rosto. Fiquei tão assustada e com medo de que ele me batesse de novo ou algo pior que não pensei, simplesmente peguei a lata de tinta mais próxima e joguei nele. E, depois, enquanto ele estava caído, peguei minha mochila e saí correndo.