Fanfic: Um olhar de amor AyA (Adaptada) | Tema: AyA - Ponny

Mais um dia.

Mais uma noite.

Anahi tinha apenas mais 24 horas para ficar com Alfonso naquele conto de fadas. Ela queria que cada uma daquelas horas, daqueles minutos preciosos, durasse para sempre. Sabia que ficaria contando até o sinal tocar e ela ir embora.

Ela precisava ir embora. porque, como dissera a Alfonso na noite anterior, precisava cuidar de tudo sozinha.

Não precisava?

Durante todo o dia, enquanto trabalhara com todos, quando fora verificar como Alice estava e a encontrara bem melhor no quarto do hotel, Anahi ficara com esse pensamento na mente.

No início, havia sido fácil dizer a si mesma que precisava manter distância de Alfonso porque todos os homens eram maus.

O que se mostrara ridículo. Porque, embora o ex-marido fosse certamente louco, Alfonso não tinha nenhum traço de maldade. Nunca, em toda a vida, ela havia pensado que encontraria um homem como ele à beira da estrada, no meio de uma tempestade de granizo, naquela que ela pensara ser a pior noite de sua existência.

Não deveria acreditar que ele podia ter se apaixonado por ela. Não em apenas três dias.

Não deveria ficar relembrando o momento em que ele dissera "Eu amo você. Para sempre. Sempre."

Perdida nos pensamentos confusos, suas mãos ficaram paradas sobre a renda do corpete que estava amarrando para Amanda.

- Precisa que eu encolha mais a barriga?

Anahi franziu as sobrancelhas. Encolher mais? Como Amanda poderia ficar ainda mais magra?

- Não, você está perfeita assim.

Amanda olhou para o próprio corpo.

- Estou engordando.

Não! Em sua mente, ela sabia que precisava parar, acalmar-se Mas havia passado muito anos ouvindo Rodrigo dizer isso a ela. Não podia suportar Amanda repetir o mesmo sobre si mesma.

- Você é linda Amanda.

Entretanto, embora Anahi visse que a garota havia gostado do elogio, também percebeu que Amanda não acreditava de verdade.

Conforme a modelo se afastava, Anahi desejou intensamente que ela acreditasse na própria beleza. No próprio valor. Ela queria salvá-la de anos de ódio contra si mesma. De maus relacionamentos. De homens que não mereciam nem um minuto do tempo dela... ainda menos anos.

Sentiu o olhar de seu amante nela e a atração foi tão forte que não pôde deixar de olhar para trás e, de repente, perguntar-se de novo se era isso que representava para ele. Era apenas uma mulher que ele estava desesperado para salvar porque era, no fundo um homem protetor?

Não. Ela sabia que não deveria pensar assim. Em especial quando ele nada havia feito para sufocá-la, para enfraquecê-la.

Em vez disso, ele não havia lhe dado as ferramentas para ficar mais poderosa? Ele não havia pedido para ela usar seus talentos, suas habilidades, para criar beleza? Para ficar mais forte?

E, naquele momento, como se um raio cortasse o céu azul perfeito, a verdade da situação atingiu-a: não era Alfonso quem precisava salvá-la e protegê-la a fim de que ela nunca mais tivesse que enfrentar o perigo.

Ela precisava fazer isso sozinha.

Estava escondida no vinhedo, não pegara o maldito telefone para chamar a polícia, não se forçara a encarar o fato de que precisava encontrar uma maneira de se proteger de Rodrigo quando estivesse lá fora, de novo por sua própria conta e risco.

Havia se escondido durante o casamento. Escondera-se da verdade, do quanto aquele relacionamento era ruim, porque parecera muito mais doloroso lidar com a realidade.

Parada no meio do vinhedo com os olhos de Alfonso ainda nela, Anahi percebeu que ele não merecia ser arrastado para dentro de seus problemas. E, até que pudesse ser digna dele, sabendo cuidar de si sozinha, não poderiam ficar juntos.

Nesse momento, a música Single Ladies, de Beyoncé, começou a tocar alto no celular e Amanda arrastou-a para o grupo, que havia começado a dançar em seus belos vestidos de seda.

Anahi sempre adorara dançar, adorava sentir as pernas, os braços, os músculos ficarem mais soltos e quentes. O sol ainda estava no céu, despejando luz sobre eles, e, quando o elástico que prendia seu cabelo caiu, ela não se importou e balançou os cabelos em volta do rosto.

Enquanto dançava, enquanto Sara a segurava pelo quadril e balançava o corpo com ela, Anahi quase podia fingir que os últimos dez anos não haviam acontecido. Sim, ela estivera se escondendo da realidade, mas poder passar um tempo com Alfonso e as modelos e a equipe nos últimos dias havia ajudado muito a arrancar as camadas sob as quais estivera enterrada.

Sim, aquela sensação de liberdade, de alegria, era apenas temporária; os problemas a esperavam do lado de fora da fantasia daquele mundo coberto de videiras, mas ainda tinha algumas horas de diversão pela frente, não tinha?