Fanfic: Um olhar de amor AyA (Adaptada) | Tema: AyA - Ponny

- Ela é linda mesmo.

Alfonso virou-se e viu Ellen parada ao seu lado. Estivera totalmente extasiado observando Anahi dançar com as modelos.

Mas era mais do que beleza que tornava impossível deixar de  olhar para Anahi.

Dia a dia, minuto a minuto, ela estava se transformando. Ela já fora uma borboleta, mesmo parada na beira da estrada, encharcada e com aquele machucado horrível maculando sua pele macia. Mas ainda não saíra do casulo.

Agora, as cores de suas asas estavam ficando mais brilhantes, mais magníficas, conforme os fardos, os medos que estivera carregando, caíam pedaço a pedaço.

- Por dentro e por fora - ele concordou.

Ellen continuou ao lado dele, os dois observavam Anahi dançar. Era a primeira vez que Alfonso se encontrara com ela durante as sessões de fotos. Era quase como se a moça evitasse ficar no caminho dele.

Alfonso sentiu-se mal por ter abandonado Ellen naquela primeira noite e disse:

- Sinto muito mesmo por...

Ela colocou a mão no braço dele e o toque dela pareceu estranho. Errado. A música acabou e, quando Anahi os viu juntos, sua expressão se fechou. Ellen logo abaixou a mão e acenou.

- Oi Anahi!

Alfonso viu a boca de Anahi se abrir em um sorriso que não era inteiramente natural enquanto caminhava na direção deles.

- Hum - Ellen murmurou - ela parece muito possessiva com você.

Alfonso não teve tempo de dizer que o que sentia era mútuo antes de Anahi chegar.

- Oi, Ellen.

Ellen sorriu para ela.

- Uau seu cabelo é maravilhoso.

Anahi piscou, surpresa com o elogio.

- Obrigada.

A brisa do fim de tarde passou, soprando uma mecha no rosto de Anahi. Alfonso estendeu a mão e deslizou os dedos pelos fios sedosos enquanto os colocava para trás da orelha dela.

Ele a sentiu prender a respiração mais do que ouviu, quando seus olhos se encontraram. Havia esperado o dia todo para tocar nela novamente, pela chance de mergulhar seus sentidos na maciez dela, em seu aroma doce, em suas reações sensuais inatas. A mão dela cobriu a dele, segurando sua palma contra o rosto em uma reação instintiva a seu toque.

Até que Ellen quebrou o feitiço, ao perguntar.

- Vocês gostaram de ficar aqui esta semana?

Anahi largou a mão dele como se estivesse contaminada e um leve rubor pintou seu rosto já vermelho. Estava claro que havia acabado de perceber que ela e Alfonso estavam se tocando na frente de Ellen.

- Tem sido como viver dentro de um conto de fadas. - ela respondeu suavemente. Fez um gesto na direção das montanhas ondulantes, cobertas por fileiras regulares de verde. - Deve ser maravilhoso trabalhar aqui todo dia.

Ellen concordou balançando a cabeça.

- É ótimo, exceto quando recebemos uma noiva maluca, exigindo saber porque as uvas não estão mais maduras para o grande dia dela. Mas, na verdade, é o único caso em que o trabalho é ruim.

Alfonso ficou feliz ao ouvir Anahi rir e ao observar que o desconforto inicial por ver Ellen ao lado dele diminuía.

Gostava daquele brilho possessivo nos olhos dela. Adorava, na verdade. Duvidava que ela houvesse percebido que aquele brilho estava lá... e que se aproximava cada vez mais dele, declarando inconscientemente seu direito sobre ele diante de uma possível rival.

Anahi podia ter dito várias vezes que não havia condições de ficar com ele, mas esse era seu lado racional. O coração dela parecia saber mais. Parecia entender melhor. Ele também sabia mais.

- O Marcus queria estar aqui para se despedir de todods, mas foi chamado de repente para a cidade - Ellen contou - Ele pediu desculpas.

Anahi ficou triste.

- Ah, não. Eu queria muito vê-lo de novo antes de ir embora, para agradecer direito por ter me dado um lugar para ficar essa semana.

Ela mordeu o lábio em um gesto tão sensual que Alfonso não conseguiu desviar o olhar, sem a menor esperança de evitar que o restante do corpo reagisse de acordo.

Ele nunca desejara uma mulher assim. Não apenas com o corpo. Não apenas com o cérebro. Não apenas com o coração. Mas com toda a alma.

Ellen parecia bastante confusa.

- Você vai vê-lo de novo, não, Anahi?

Nesse momento, Sara gritou:

- Anahi, não consigo sair desta coisa estúpida. Estou começando a enlouquecer. Pode me ajudar?

Com uma expressão de alívio, Anahi respondeu:

- Preciso ajudar as meninas a tirarem as roupas. Foi muito bom rever você Ellen.

Estendeu a mão e as duas se cumprimentaram. Anahi voltou-se e fugiu de mais perguntas.

- Espere um pouco - Ellen disse, ainda confusa. - Por que ela não vai ver o Marcus de novo? Vocês não estão juntos?

Alfonso passou a mão pelo cabelo, entregue à frustração que já o vinha devorando durante toda a sessão de fotos.

- É complicado.

Ellen olhou para Anahi, que ajudava uma das modelos a se despir de um vestido de festa estilo bondage.

- Não parece tão complicado do meu ponto de vista. Pelo amor de Deus, eu quase fiquei chamuscada quando vocês dois se tocaram.

Ele sabia que Ellen estava certa. Não deveria ser complicado em um homem se apaixonar por uma mulher. Engraçado; em todos aqueles anos em que as mulheres se apaixonaram por ele, nunca pensara que fosse acabar assim, entregando seu coração para uma mulher que tinha medo de entregar o dela.

E restava apenas uma última noite para tentar fazê-la mudar de opinião, do não posso para o para sempre.

Sentiu a mão de Ellen em seu braço de novo.

- Há algumas noites fiquei decepcionada por nada ter acontecido entre nós dois, mas, para ser sincera... - Ela lançou um olhar para Anahi - Espero de verdade que dê certo para vocês. Ela é um doce. Vocês formam um belo casal. - Abriu um grande sorriso para ele. - Que tal eu reservar um fim de semana para vocês no ano que vem, só por garantia?

Alfonso logo teve uma visão de tirar o fôlego de Anahi em um longo vestido branco esperando por ele, cercada de videiras.

- Boa sorte, Alfonso.

Ellen se afastou e ele voltou a observar Anahi, que libertava, com cuidado, outra das modelos de um dos vestidos usados naquela tarde. Ele nunca desejara tanto poder contar com a sorte como naquele momento. Jamais apostara no ilusório e no imprevisível. Sempre acreditara no trabalho e no trabalho duro para chegar aonde queria. Contudo, dessa vez, Alfonso temia que sorte fosse a única coisa capaz de ajudá-lo.