Fanfics Brasil - Capítulo 16 Amanhecer Contigo - AyA

Fanfic: Amanhecer Contigo - AyA | Tema: RBD, AyA, Ponny Love


Capítulo: Capítulo 16

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Ficou tonta por aquela estranha necessidade de tocá-lo, cruzou os braços com força sobre o colo.


- Qual é a sua fraqueza? - perguntou ele - Você disse que todo mundo tem uma. Fale-me de seus tormentos, Anahí.


A pergunta era tão inesperada que Anahí não pode conter a onda de dor e um súbito estremecimento que recorreu seu corpo.


A fraqueza de Alfonso era evidente, qualquer um podia vê-la em suas pernas atrofiadas e inertes. A sua era também uma ferida que quase havia sido fatal, apesar de que ninguém pudesse vê-la.


Havia tido uma época escura em que a morte lhe havia parecido a saída mais fácil, um suave colchão para uma mente e um corpo golpeados que haviam recebido abusos demais. Mas, no fundo de sua alma, havia também uma centelha de vida luminosa e enérgica que lhe havia impedido inclusive de tentá-lo, como se soubesse que dar o primeiro passo seria já demasiado. Havia lutado, e vivia, e havia curado suas feridas o melhor possível.


- O que há? - insistiu ele suavemente - Você pode fuçar nos segredos dos demais, assim que porque não compartilha um pouco dos teus? Quais são as suas debilidades? Rouba lojas? Dorme com estranhos? Sonega impostos?


Anahí se estremeceu outra vez. Tinha as mãos tão fortemente apertadas que faziam transparecer os nós dos dedos. Não podia contar para ele, ao menos não tudo, e sem embargo, em certo modo, Alfonso tinha direito de conhecer parte de sua dor. Ela já havia presenciado grande parte da sua, sabia o que pensava, conhecia seus anseios e sua desesperação. Nenhum outro paciente lhe havia exigido tanto, mas Alfonso não era como os demais. Estava lhe pedindo mais do que pensava, igual que ela, que lhe pedia um esforço sobre-humano.


No fundo, Anahí sabia que, se o rejeitasse agora, ele não voltaria a confiar nela. Sua recuperação dependia dela, da confiança que pudesse estabelecer entre os dois.


Estava tremendo a olhos vistos, seu corpo se estremecia da cabeça aos pés. Sabia que a cama vibrava, sabia que ele notava. Alfonso franziu as sobrancelhas e disse em tom indeciso:


- Anahí, escuta, eu...


- Sou filha ilegítima - disse ela com esforço, enquanto apertava os dentes. O esforço de falar a fazia ofegar, e sentia uma película de suor em todo o corpo. Respirou com um soluço que voltou a estremecê-la e logo, fazendo um esforço, conseguiu aquietar seu corpo - Não sei quem era meu pai. Minha mãe nem sequer sabia seu nome. Ela estava bêbada, ele andava por ali, e enfim... Teve uma filha. Eu. Mas não me queria. Me dava de comer, suponho, já que vivi para contar. Mas nunca me abraçou, nem me beijou, nem me disse que me queria. Em realidade, aproveitava qualquer oportunidade para me dizer que me odiava, que detestava ter que se ocupar de mim, que nem sequer suportava me ver. Seguramente me teria abandonado em uma lata de lixo se não tivesse sido pela pagamento de bem estar social que lhe davam por mim.


- Isso você não sabe - respondeu, incorporando-se sobre um cotovelo.


Anahí notou que lhe surpreendia o tom amargo de sua voz, mas agora que havia começado, não podia parar. Tinha que soltar o veneno, ainda que a matasse.


- Ela que me disse - insistiu com voz chorosa...


- Já sabe como são as crianças. Fazia tudo o que podia para tentar que ela me quisesse. Não podia ter mais de três anos, mas lembro que subia nas cadeiras e me pendurava nos armários para pegar-lhe a garrafa de whisky. Não servia de nada, claro. Aprendi a não chorar porque, se chorasse, me dava uma bofetada. Aprendi a comer o que pudesse, se ela não estava em casa, ou estava bêbada e se desmaiava. Pão duro, um pedaço de queijo, dava no mesmo. Às vezes não havia nada para comer porque ela gastava todo o pagamento em whisky. Se esperasse um pouco, ela acabava fugindo com algum homem e voltava com algum dinheiro, o justo para agüentar até o pagamento seguinte, ou até o próximo homem.


- Meu Deus, pare! - disse ele com aspereza, pondo a mão no braço dela e sacudindo-a.


Ela se separou bruscamente.


- Foi você quem perguntou - disse ofegando. Os pulmões lhe doíam pelo esforço que lhe custava insuflar ar em seu peito consternado - Assim que terá que ouvir. Cada vez cometia o erro de incomodá-la, e para isso não fazia muita falta, me batia. Uma vez me atirou uma garrafa de whisky. Tive sorte porque só me fez um pequeno corte na testa, e ainda que estivesse tão aborrecida por ter ficado sem o whisky, me deu uma surra com o sapato. Sabe o que ela me dizia uma e outra vez? «Você só é uma bastarda, e ninguém quer uma bastarda». Uma e outra vez, até que cheguei a acreditar. Recordo o dia preciso em que me convenci disso. Era meu sétimo aniversário. Havia começado a ir ao colégio, sabe?, e eu imaginava que os aniversários tinham que ser algo especial. Era quando seus pais te faziam presentes para demonstrar o quanto te queriam. Acordei e fui correndo ao quarto dela, convencida de que esse dia por fim me quereria. Me pegou uma bofetada por ter acordado ela e me meteu a empurrões no armário. Me deixou trancada lá o dia inteiro. Era essa a importância que merecia meu aniversário, entende? Ela odiava me ver.


Estava inclinada, o corpo crispado pela dor, mas tinha os olhos secos e doídos.


- Aos dez anos eu vivia na rua - sussurrou; as forças começavam a abandoná-la - Estava melhor ali que em casa. Não sei o que houve com ela. Um dia voltei para casa e estava vazia.


Sua áspera respiração era o único som que se ouvia no quarto.


Alfonso jazia petrificado, os olhos ardentes cravados nela. Anahí poderia ter se derrubado; de repente se sentia esgotada. Fazendo um esforço, se endireitou.


- Alguma outra pergunta? - perguntou com voz apagada.
- Só uma - disse Alfonso, e Anahí se tencionou dolorosamente, mas não se queixou. Aguardou, perguntando-se, exausta, o que mais ele queria saber - Afinal, alguém te adotou?


- Não - sussurrou e, fechando os olhos, se balançou um pouco - Acabei em um orfanato, um lugar como outro qualquer. Tinha comida e um lugar onde dormir, e podia ir ao colégio com regularidade. Era muito grande para que me adotassem, e ninguém queria me acolher. Suponho que tinha um aspecto muito estranho.


Movendo-se como uma anciã, se pôs em pé e saiu devagar do quarto, consciente de que o ar seguia carregado de perguntas que Alfonso queria formular para ela, mas já havia recordado o suficiente. Dava no mesmo o que tivesse conseguido, quantos anos tinham se passado desde que era uma menina solitária e desconcertada. A falta de amor de uma mãe seguia sendo um vazio a preencher. O carinho materno era a base da vida de qualquer criança, e sua ausência a havia deixado aleijada por dentro, do mesmo modo que o acidente havia deixado aleijado a Alfonso.


Se derrubou de barriga para baixo na cama e dormiu profundamente, sem sonhar, mas ao soar o alarma do relógio se despertou instantaneamente. Com o passar dos anos havia aprendido a funcionar inclusive quando sentia como se uma parte de seu ser tivesse sido massacrada, e assim era como se sentia essa manhã.


Ao princípio teve que se obrigar a cumprir a rotina diária, mas ao cabo de um tempo sua dura autodisciplina tomou o mando, e conseguiu afugentar de sua memória a crise dessa noite.


Não permitiria que a afundasse.


Tinha um trabalho a cumprir, e cumpriria.


Pode ser que levasse a determinação escrita na cara quando entrou no dormitório de Alfonso, porque ele levantou as mãos e disse com voz suave:


- Eu me rendo.


Anahí parou em seco e o olhou inquisitivamente. Ele sorria um pouco ; sua cara pálida e magra tinha uma expressão cansada, mas já não parecia uma máscara de indiferença.


- Mas eu nem te ataquei ainda - protestou ela - Assim não tem graça!


- Sei quando estou em desvantagem - fez uma careta e admitiu - Não sei como vou me render sem ter tentado pelo menos outra vez. Você não se rendeu, e eu nunca me acovardei ante um desafio.


O nó de angústia que Anahí sentia no estômago desde que ele havia caído de novo na depressão foi aflorando lentamente até se desfazer por completo. Seu espírito alçou vôo, e lhe dedicou um sorriso deslumbrante .


Com sua ajuda, se sentia capaz de fazer qualquer coisa.



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Autor(a): livros adaptados aya

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No princípio apenas pode levantar pesos. Até os mais pequenos podiam com ele, apesar de que apertava os dentes e tentava seguir inclusive quando Anahí lhe dizia que parasse. Estava empenhado em chegar ao limite de sua resistência, que por sorte não era muita. Depois, sempre lhe fazia falta uma larga sessão na banheira de hidromassagem ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 9



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  • francielle_oliveira Postado em 01/08/2016 - 01:46:26

    Posta mais!

  • fersantos08 Postado em 31/05/2016 - 13:54:11

    Oiie leitora nova! Só de ter lido a sinopse eu amei *---* começando a ler. Continuaaa

  • livros adaptados aya Postado em 30/05/2016 - 12:35:36

    Francielle_oliveira: Vou postar hoje mais sim querida, voce é minha xará.. beijoss

  • francielle_oliveira Postado em 30/05/2016 - 03:51:47

    adorando a fic! Posta mais!

  • ponyyaya Postado em 26/02/2016 - 13:22:42

    Continuaaaaaaaaaaaaaaaaa

  • ponyyaya Postado em 19/02/2016 - 18:57:57

    Amo essa história **----------------------** Já pode postar mais kkkkkkkkk Continuaaaaaa

  • camillatutty Postado em 18/02/2016 - 00:44:14

    Ai, gente... Eu amo essa história! É muito linda!

  • tatianaportilla106 Postado em 17/02/2016 - 00:49:49

    Esse Poncho é meio ignorante

  • tatianaportilla106 Postado em 17/02/2016 - 00:47:33

    Continua <3


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