Fanfics Brasil - Convite La Tortura

Fanfic: La Tortura | Tema: MasterChefbr


Capítulo: Convite

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  Acordei com o despertador avisando que já se passara da hora de levantar e vi que estava atrasada para mais uma aula. Grunhi ao me espreguiçar e em passos arrastados fui-me até o banheiro tomar banho e fazer minha higiene diária. De cara lavada e roupas devidamente trocadas, desci até a cozinha para tomar meu café da manhã do qual tinha pães de fermentação natural e leite de amêndoas. Feitos por mim é claro. Cozinhar era uma de minhas paixões. Eu adorava cozinhar, plantar, colher e tratar dos alimentos.


 Cresci assim, aprendendo a respeitar os alimentos desde muito cedo. Talvez eu tivesse sido cozinheira se as coisas naquele tempo fossem mais fáceis, mas não eram. Não existiam mulheres na cozinha naquele tempo, existiam poucos restaurantes onde eu morava na cidade de Buenos Aires, na Argentina. Cheguei a fazer estágio por um tempo em um dos dois restaurantes que havia na esquina, perto de minha casa no qual eu pagava para trabalhar. Foi o único jeito que achei de seguir com meu sonho naquela época. E como eu era a única mulher naquela cozinha, eu tinha que ser mais durona que todos os homens juntos ali.


 


  Nunca fui uma mulher que desiste do que quer. Muito pelo contrário. Sempre lutei com afinco pelas coisas que queria e era difícil eu não conseguir, pois quando eu colocava algo na cabeça, eu ia até o fim. Mas depois de passar por tantas e tantas coisas resolvi deixar aquilo tudo para trás. Não era a profissão que me incomodava, afinal, eu amava a cozinha. Mas sim o fato de que as pessoas passavam uma por cima das outras para conseguir o que queriam. Não existia companheirismo. Era do tipo ‘’se eu puder, eu vou fazer de tudo para foder você’’.  Eu estava ficando desgastada emocionalmente e fisicamente. Ser persistente era bom, mas ser demais não era nenhum pouco saudável.


 


 Eu admirava várias profissões, era bem jovem, queria fazer de tudo. Fiz faculdade de direito e me formei advogada meio que por influência da mãe, já que ela era uma. Eu tinha um lado meio professorita. Gostava de ensinar e dar lições fazendo com que as pessoas aprendessem com aquilo. Passei a dar aulas em faculdades também. Logo de cara consegui emprego em uma das melhores faculdades de direito nos Estados Unidos e em Londres.


 Não era do tipo de pessoa que gostava de se gabar, mas meu currículo era praticamente impecável. Então recebi uma proposta de emprego no Brasil e finalmente me mudei para cá. O Brasil era um belo país e agradável para se morar. O povo brasileiro é bastante caloroso e na minha percepção, um pouco sensível demais. Diferente de nós, argentinos, que temos o humor um pouco mais ácido. Porém eu adorava isso. E depois de perder minha mãe, voltar para Argentina era a última coisa em minha lista.


 


 Terminei meu café, peguei as chaves do carro e lá vou eu dirigir nesse trânsito caótico de São Paulo. E para aturar horas e horas que mais pareciam uma eternidade travada nesse inferno que são essas ruas, só mesmo com uma boa música. Coloquei meu CD do Pixies e fui de encontro á faculdade. Cheguei lá meio em cima da hora, mas como meus alunos tinham o costume de sempre chegarem atrasados, deu tempo de preparar o planejamento da aula e respirar um pouco. Afinal, hoje seria um longo dia. Odiava segundas feiras.


 


 Tudo corria normalmente bem tirando o fato de um ou outro que sempre faziam questão de atrapalhar a aula, mas era só lançar o olhar Carosella que paravam no mesmo instante. Não sei por que, mas pelos corredores daquela faculdade eu tinha a fama de ter um olhar enigmático, apavorador. Acho que era por isso que boa parte das pessoas naquele local não conversava comigo olho no olho. Tinham medo. E eu me divertia muito com isso.


 


A aula já havia acabado e os alunos estavam saindo de sala tranquilamente. Sentei-me um pouco para poder organizar alguns papéis e ir embora, até que sinto a presença de alguém se aproximando.


 


    - Hola Marcos – Digo desvencilhando o olhar do papel o encarando. Era Marcos Baldassari, um de meus alunos ‘’problemáticos’’. Bem, nem tanto, só não era um dos melhores.


 


    - Uhn, oi Paola! – Ele responde sorridente parando de frente para mim.


 


    - Então, o que foi? Alguma duvida?


 


    - Não, não é isso. Eu só... Queria te fazer um convite! – Soltou as últimas palavras em um fôlego só como se temesse que elas não saíssem.


 


    - Hum... Um convite? – O encaro curiosa


 


    - Sim, vai rolar uma exposição de obras de algumas artistas mexicanas no Instituto Tomie Ohtake esse fim de semana e eu gostaria de saber se você... Iria comigo? – Ele diz claramente nervoso mordendo o lábio inferior e mexendo nos cabelos fazendo com que seus fios levemente cacheados se bagunçassem


 


    - Agradeço pelo convite, Marcos. Pero creo que esto no és mucho apropriado, no?! – Respondo me referindo ao fato dele ser um de meus alunos. E bem mais jovem do que eu.


 


    - ‘’Não é muito apropriado?’’ – Ele repete minhas palavras finais como se estivesse confuso


 


    - Sou sua professora! A faculdade não permite esse tipo de envolvimento entre professor e aluno.


 


    - Envolvimento? Só estou te convidando para ir a uma exposição de artes comigo. – Seu tom de voz era pidão


 


    - Marcos, não! – Digo de uma forma mais clara para que ele pudesse finalmente entender.


 


    - Tudo bem. Mas caso mude de ideia... – Ele diz estendendo um papel com um número de telefone – É só ligar.


 


    - Ok, obrigado. – Dou um sorriso de canto pegando o pequeno papel de sua mão o observando sair pela porta.


 


                                                                  ~xxxxxxxx~


 


 Sai apressado da sala após me dar conta do que havia acabado de fazer. Eu tinha convidado uma das minhas professoras para sair. Ela não era uma simples professora. Era A professora. Sei que pode parecer clichê o jovem aluno na faculdade se apaixonar pela professora mais impossível na face da terra, mas sim, eu tinha uma queda pela Paola Carosella. Megera indomável, como o Fernando gostava de chamar. Fernando era um de meus melhores amigos e participava do time dos que detestavam Paola.


 Há essa altura ele já deveria ter inventado uns dez apelidos para ela. Só naquele semestre. Paola tinha uma personalidade forte, era bem fechada, mal falava com os demais professores pelo que pude notar e era bastante ríspida com o restante das pessoas.  E isso fez com que ela ganhasse alguns apelidinhos maldosos dentro e fora da faculdade. Mas eu não via esse monstro sem coração que falavam.


 


 Ás vezes eu me pegava pensando nela. Como se... Como se tentasse decifrá-la. Paola parecia uma incógnita para mim. Acho que foi por isso que tomei coragem e a convidei para sair hoje. Estava cansado de só tentar entendê-la em meu pensamento, queria realmente poder fazer isso. E só poderia fazer isso a conhecendo melhor. Por isso o convite.


 


 Tomei um longo banho gelado e desci para comer alguma coisa. Deitei-me no sofá e lá estava eu, pensando em Paola novamente. Era a única coisa que fazia quando não estava com ela: pensar nela. Estava quase pegando no sono quando sinto o celular vibrar e vi a mensagem pelo visor da tela. O número era desconhecido, a mensagem não tinha assinatura. Eu estava sorrindo feito bobo... Não precisava de assinaturas para saber de quem era.


 


                                      ~xxxxxxxx~


 


 Cheguei ao meu apartamento logo me deparando com a pilha de processos que me esperavam. Tirei os sapatos e joguei a bolsa em um canto qualquer. Sentei-me um pouco e respirei fundo: aqueles papéis todos estavam me deixando louca. Larguei meus óculos em cima da mesa, levei as mãos até as têmporas esfregando-as e pensei que talvez eu devesse aceitar o convite de Marcos. Aquele seria o primeiro final de semana em tempos que eu teria uma folga da minha vida atordoada e eu precisava fazer algo além ler e estudar processos.


 


 ‘’Não. Não Paola, não. ’’ Minha consciência cravava uma dura batalha comigo mesma entre ir ou não ir. E a parte que não queria estava perdendo feio. Parte de mim ansiava por essa exposição. Afinal, viriam 20 obras exclusivas de Frida Kahlo e eu a admirava, admirava sua história. Adorava seus autorretratos e a forma que ela se expressava atrás da pintura. Em um momento súbito de insanidade eu pego o número de Marcos e envio uma mensagem confirmando o convite. Estranhamente eu não estava arrependida, estava ansiosa.


 


 


 


 


 


 


 



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Autor(a): sweetheart

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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 Os dias passavam-se arrastados, lentos. Era como se aquele maldito dia não fosse chegar nunca. Mas finalmente havia chegado. Não aguentava mais tamanha ansiedade para ver Paola além da sala de aula. Praticamente não a vi a semana toda. Só tive uma aula com ela e foi tudo tão corrido que quando fui tentar falar com ela, ela j&aa ...



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