Fanfics Brasil - exposição, chá, beijo La Tortura

Fanfic: La Tortura | Tema: MasterChefbr


Capítulo: exposição, chá, beijo

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 Os dias passavam-se arrastados, lentos. Era como se aquele maldito dia não fosse chegar nunca. Mas finalmente havia chegado. Não aguentava mais tamanha ansiedade para ver Paola além da sala de aula. Praticamente não a vi a semana toda. Só tive uma aula com ela e foi tudo tão corrido que quando fui tentar falar com ela, ela já havia ido embora. Pensei em ligar, mas fiquei receoso. Não sabia qual seria sua reação ou o que dizer a ela.


 ‘’Deus, tudo isso é uma loucura. Que tipo de pessoa convida a outra para sair e mal se falam a semana toda? Isso não vai dar certo. Não poderia dar certo, não tinha como dar’’ eu me repetia essas palavras mentalmente enquanto andava de um lado para o outro pensando no que iria fazer. Talvez eu estivesse levando essa queda por ela longe demais. Afinal, ela era minha professora e não poderia acontecer nada.


 Sou interrompido de meus pensamentos por um barulho irritante de celular tocando incessantemente. Peguei-o na mão e engoli seco ao ver que era Paola, atendi:


- Alô? – Digo num tom de voz baixo


- Marcos? Hola. Desculpa ligar assim, espero não estar atrapalhando... – Sua voz soava ainda mais tranquila e suave pelo telefone do que normalmente era pessoalmente. Acho que fiquei um bom tempo perdido no doce timbre de sua voz porque acabei esquecendo o que ela tinha acabado de falar e consequentemente não a respondi – Marcos? – Ela diz perguntando se eu ainda estava na linha


- Desculpe. Você dizia? – Digo balançando a cabeça tentando voltar á realidade


- Sei que tá meio em cima, é que apareceu um caso de última hora e infelizmente não vai dar mais para eu ir á exposição hoje. Mil desculpas.


 - Ah, tá tudo bem então... –Respondo tentando não evidenciar a decepção em minha voz. Deus, eu estava tão ansioso. – Deixa pra próxima.


- Ok, tchau. E mais uma vez, desculpe-me. – Ela diz desligando o telefone apressada não dando nem tempo para eu me despedir.


 Depois que Paola desligou, eu não sabia se ficava triste ou aliviado. Acho que sentia um pouco das duas coisas naquele momento, um tanto ou quanto confuso isso. Decidi ir só, ajudaria a me distrair um pouco. E apesar de não parecer, eu adorava artes.


                                                                               ~xxxxxxxx~


 Praticamente desliguei na cara de Marcos. Não sei bem o que acontecia, mas não me sentia confortável falando ao telefone. Então disse o que deveria dizer e rapidamente desliguei, sem dar espaço para muita conversa. Olhei para o relógio e já eram cinco horas. Eu teria exatamente uma hora para me arrumar se quisesse chegar naquela exposição a tempo.


 Tomei um belo banho e me arrumei em tempo record. Coloquei um vestido longo preto com alguns detalhes coloridos que o deixava com um ar mais leve, divertido e saltos de mesma cor não tão altos. Eu já era bastante alta, então procurava não abusar dos saltos altos. Preferia os sapatos mais baixos mesmo.


 Resolvi ir de metrô dessa vez e aposentei as chaves do carro, pelo menos por um dia. Deduzi que seria difícil chegar lá no tempo exato em pleno horário de pico com aquele trânsito infernal da AV Paulista. Então isso me pareceu uma ótima solução. Agradeci mentalmente quando cheguei e vi que não estava tão cheio, assim eu poderia passear e admirar as obras tranquilamente.


 Parei em frente ao quarto intitulado ‘’A Cama Voadora’’ onde Frida parecia estar deitada na cama, no leito do hospital flutuando, segurando em sua mão esquerda por meio de artérias um feto do sexo masculino, um caramujo e um modelo anatômico de abdome e de pelve. No chão, abaixo do leito, são vistos uma pelve óssea, uma flor e uma autoclave. Estava tão envolvida com o quadro que nem dei importância ao sentir alguém se aproximar. Pensei ser um desconhecido qualquer admirando as obras como tantos outros. Mas não era.


- Como vai o caso de última hora, Paola? – Disse o rapaz um pouco mais baixo do que eu com as mãos no bolso da calça, encarando o quadro e logo o reconheci pela voz. Era Marcos. Gelei ao ouvir sua voz, de fato não esperava sua presença ali.


 Ele não fazia o tipo ‘’intelectual’’, muito menos tinha cara de quem curtia esse tipo de programa. Na sala ele fazia o típico popularzinho metido. E vê-lo ali me deixou realmente bastante surpresa. Achei que o convite dele só poderia ser algum tipo de fetiche louco por professoras e que ele quisesse me impressionar me convidando para uma exposição de uma artista que eu admirava tanto.


- Não lhe devo satisfações, Marcos. – Digo com o tom de voz um pouco alterado


- Não perguntei nada de mais. Não sei por que está na defensiva.


- Não estou na defensiva. – Respondo ríspida.


- Bonito o quadro, não? – Ele pergunta mudando de assunto, tentando desfazer o clima tenso que havia se formado.


- Depende dos olhos de quem vê.


- Como assim? – Pergunta interessado


- Bem... Realmente é um quadro muito bonito. Mas com uma história muito triste por trás. Frida pintou após ficar grávida e perder o bebê. Seu corpo havia mudado muito depois do acidente e não conseguiu suportar o pobre feto. Então ela acabou sofrendo um aborto. Há quem ache bonito, e há quem ache triste também.


- E você? O que você acha?


- Eu acho extremamente incrível! Incrível a forma que ela expressava toda sua dor, trações e frustrações da vida em cada pincelada, cada quadro.


- Já tinha lido um pouco a respeito. Mas nunca cheguei a me aprofundar na história dela que de fato é bastante sofrida. Seu relacionamento doentio e cheio de trações com Diego, a perda dos dedos do pé direito e depois a amputação do mesmo, o problema na coluna, o acidente...


 Não sei como isso aconteceu, mas de repente eu estava em uma lanchonete qualquer tomando um chá com Marcos em um papo super entrosado sobre Frida e diversos assuntos aleatórios da vida. Para mim era estranho estar sentada em uma mesa conversando com um aluno fora da sala de aula sem ser algo relacionado ao conteúdo dado. Sempre tínhamos alguma coisa para falar. O assunto nunca morria, tornava-se cada vez mais interessante. Tão interessante que nem vi a hora passar e quando me dei conta, já era quase meia noite.


                                                     ~xxxxxxxx~


 Cheguei praticamente no final daquela sessão. Tudo graças ao maldito trânsito.  Há essa hora já estava um pouco cheio, mesmo assim deu tempo para ver algumas obras e perceber alguns conhecidos, inclusive da faculdade. E para minha surpresa, Paola estava lá. Pensei em ir até ela perguntar o porquê de ter desmarcado, mas depois ver de perto o quão ela estava linda, parece que eu havia esquecido isso.


- Caramba... Está tarde. O tempo passou tão rápido que nem vi. – Ela diz assustada olhando para o relógio


- Realmente passou bastante rápido. Mas fica mais um pouco, vai.


- Não vai dar. A audiência que seria hoje foi remarcada para amanhã de manhã. Então eu preciso acordar hiper cedo.


- Ah... Posso te acompanhar até seu carro pelo menos?  


- Não vim de carro, vim de metrô.


- Então eu te deixo em casa.


- Não Marcos, não precisa. Tem um ponto de taxi logo ali, eu pego um.


- De jeito nenhum vou deixar você andar sozinha na rua nesse horário.


- Eu sei muito bem me defender sozinha, Baldassari.


- Não tenho duvidas disso. Mas é sempre bom tem uma companhia masculina ao lado


 Depois de muita insistência minha e relutância da parte dela, ela acabou cedendo e deixou que eu a levasse para casa. Ela me guiava pelo caminho e eu a obedecia atentamente enquanto retomávamos nossa conversa de antes.


                                                            ~xxxxxxxx~


- Chegamos senhorita. – Ele diz parando o carro, voltando seu olhar para mim.


- Eu disse que não precisava. Mas mesmo assim, obrigada. – Digo abrindo a porta me dirigindo para fora do carro. Ele vem logo em seguida e me segura pelo braço


- Espere. Quero te dar uma coisa. – Diz enquanto posiciona suas mãos na minha cintura me trazendo para mais perto de si


- O que pensa que está fazen... – Antes que eu pudesse terminar a frase, Marcos toma meus lábios em um beijo desesperado, sua língua explorava cada canto de minha boca e eu tentava resistir, mas acabei me entregando e deixei que nossas línguas dançassem em um só ritmo naquele beijo desesperador.


Quando o ar começou a faltar e recuperei minha consciência me dando conta do que estava fazendo o empurro para longe:


- O que quê foi isso? - Digo limpando a boca


- Um beijo.


- Você está louco? Sabia que posso mandar te prender por assédio, moleque? - Ele ri - Calma, foi só um beijo.


- Não toque mais em mim novamente. Está avisado.


Virei-me e sai andando o deixando parado em frente ao seu carro sem nenhuma reação.


 


 


 


 



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Autor(a): sweetheart

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