Fanfic: Senhor Das Terras Altas FINALIZADA | Tema: AyA, Romance de Época

Na verdade, havia uma pequena vantagem de estar ali, embora até se

considerasse culpada por pensar nisso. Os Menzie não a encontrariam, nem poderiam

imaginar onde ela estaria. Por enquanto, Anahi decidiu, seria egoísta e iria se

aproveitar desse fato.

Declarando que a refeição estava pronta, ela pegou sua parte e forçou Simon a

fazer o mesmo. Sir Alfonso e Christian estavam voltando ao acampamento quando ela

disse aos homens que eles poderiam comer. Saiu rapidamente do caminho e sentouse,

encostando-se a uma árvore. Sorriu para Simon quando ele apareceu oferecendolhe

um pedaço de pão.

— Seu líder viaja com bons suprimentos — murmurou Anahi.

— Ah, sim, este pão nos foi dado por duas irmãs que foram pegas com nosso

Christian — disse Simon. — As moças gostam de nosso Christian. — Simon meneou a

cabeça. — Ele já tem dois bastardos. É coisa de homem, mas isso me preocupa.

Marca um rapaz e é uma marca da qual nunca se livra. E marca também a moça que

teve os filhos.

— É verdade — Anahi concordou. — Eu tenho um irmão que tem cinco

bastardos, embora ele possa não ser o pai de todos eles. As mulheres disseram que

ele era o pai quando deixaram as crianças na nossa porta e ele os aceitou. É um

homem afortunado, pois sua nova esposa também aceitou as crianças.

— Oh, isso é bom. Minha mãe encontrou um marido e não me quis. Então Alfonso

me pegou. Eu tinha apenas três anos e não era útil aos homens. Era outra boca para

alimentar. E isso foi bom, pois se eles tivessem ficado comigo eu seria usado na

lavoura ou para tomar conta dos animais. Em vez disso, fui treinado para ser um

guerreiro.

Não foi fácil, mas Anahi concordou com o rapaz. Nunca deixaria que ele

percebesse que ela tinha pena dele. Nascera como um menino sem pai e abandonado

pela própria mãe. Simon estava certo em dizer que tivera uma vida melhor do que

poderia ter tido. Simon havia sobrevivido e estava prosperando. Isso era, no final, o

mais importante.

Anahi foi afastada dos pensamentos sobre o triste começo de Simon, quando foi

distraída pelos outros homens. Um por um deixava o prato vazio aos seus pés. Anahi

pensou que era um modo de agradecer pelo alimento, mas era para que ela lavasse

as tigelas. Era um fato irritante, mas não inesperado.

O olhar divertido de sir Alfonso, entretanto, a fez ficar com mais raiva, como se

estivesse esfregando urtigas na sua pele. Apenas Simon se ofereceu para ajudá-la

salvando os homens de terem as orelhas vigorosamente esbofeteadas. Resmungando,

ela e Simon limparam tudo depois da refeição que fora obrigada a preparar.

— O que foi? — Alfonso perguntou a Christian, ao vê-lo observar Anahi e Simon,

enquanto se afastavam.

— Estou procurando os punhais.

— Ainda bem que achei todos — Alfonso disse, sorrindo. — E estou em dívida

com Simon, por me salvar de uma provável agressão.

— Você a viu olhando como se quisesse esganar você?

— Sim. Ela estava furiosa. Mais como um homem do que como uma mulher.

Suspeito que logo seremos capazes de dizer o motivo.

Christian concordou.

— Você poderá ser capaz de fazê-la cuspir algumas verdades se a deixarmos

com raiva.

— Pode ser. Este plano é melhor do que o outro que você teve.

— Sedução é uma maneira comprovada de arrancar verdades de uma mulher —

Christian insistiu. — Se você tiver urgência, eu posso...

— Não. Não precisamos de mais inimigos e acho que lucraremos se a usarmos

para o resgate.

Alfonso achou que este era um bom argumento e não ignorou o olhar divertido do

irmão.

— Seja como quiser. Devo protegê-la durante a noite? Não sei como, mas acho

necessário. Desconfio que essa moça poderia nos causar um grande problema.

Alfonso resmungou e olhou para Anahi. Não seria tão difícil alterar o horário da

guarda que ele organizara para que ela fosse vigiada durante toda a noite. Para seu

desânimo, ele não gostava da idéia de outros homens ficarem perto dela enquanto ela

dormia, ou mesmo terem a oportunidade de ganhar o interesse dela.

Que loucura, pensou Alfonso, era uma fraqueza que poderia lhe trazer muitos

problemas. Se estivessem em Scarglas, ele teria lugares para ir e serviços para fazer

na tentativa de tirar Anahi da sua mente. Mas ali não havia onde se esconder.

Alfonso suspirou, aceitando a própria contrariedade. Não queria outro homem

perto demais dela durante muito tempo, desse modo ele teria que ser um dos guardas

da noite. Seria, sem dúvida, uma noite insone.

— Eu a vigiarei — ele declarou. — O horário da guarda já foi organizado e é

melhor não alterá-lo. Eu ficarei de guarda. Preciso apenas de um pedaço de corda.

— Corda? — Christian perguntou, enquanto acompanhava o irmão até o setor de

suprimentos. — Pretende amarrá-la?