Fanfic: Jardim de Rosas | Tema: Original, Gay, Romance, Rosas
Aquele era o único mundo que conhecia, a parede em rosa muito forte mostrando que ali uma vitima esperava para ser usada. “Que pele linda.”. “Você irá valer o que paguei.”. “Voltarei todos os dias.”. Não importava quantas vezes e em quantos tipos de violência eu já havia passado, sempre desejava morrer para não sentir aquela coisa nojenta em mim.
Havia sido vendido muito jovem para aqueles que me negociavam. Não conhecia o mundo de onde vinham. Apenas desejava que aquele fosse o ultimo a me ter a força, que eu pudesse nem que fosse morrer no meio daquilo tudo... Mas nunca era o ultimo.
- Me solta! – Era inútil lutar, mas eu não poderia ficar quieto. – Pare!
- Não... Paguei por você!... E gosto assim...
Estava vendado, mas o reconhecia pelo cheiro de álcool misturado com a voz de sádico, mas era como se algo se estivesse atrás daquilo. Aos poucos as marcas dos seus anéis de ouro em mim mostraram que era um Conde. Ele aparecia todas as noites com garrafas de vinho me deixando bêbado apenas com o cheiro... Era o pior deles...
- Eu quero ir embora!...
- Não...
Mal falava enquanto me machucava. Não entendia por que toda a noite vinha se eu mesmo sentia sua aliança de ouro. Por que ele não estava com a esposa?
Demorei a perceber que a realeza gostava daquele lugar. Homens que simplesmente saiam em busca de algo doente. Nunca seriam levados e julgados por que eram inatingíveis por serem tão poderosos. Esses pensamentos eram os únicos que me distraiam enquanto... Quando tudo acabava era deixada ali me limpando como podia... Mal me movia.
- Ate amanha...
Desgraçados! Por vezes tentara me matar, mas aquele quarto não tinha nada para isso e sempre que eu tentava me mantinham vivo com remédios e tudo recomeçava. Eu ouvia o movimento do lado de fora, o dinheiro do meu corpo sendo contado e comemorado por quem me pagava e me vendia.
- Você rende muito brinquedinho!
- Essa pele de seda ainda vai nos dar muito dinheiro!
Com o passar dos anos a minha infância foi se tornando mais e mais nojenta ate a adolescência dos meus primeiros anos de força. Era muito jovem, mas já capaz de alimentar a sede de sangue e vingança dos anos de violência. Não sonhava mais com o sol do lado de fora, mas sim com o sangue de todos os que já passaram pelo meu corpo. Ainda era muito pequeno, mesmo para os meus catorze ou quinze anos, mas estava pronto para fazer algo. Nem que eu morresse tentando.
Quase nunca dormia por medo ou algo assim, mas em uma das poucas vezes em que dormi fui levado para longe pela primeira vez. A visão clara das paredes em amarelo fazia doer meus olhos acostumados com a escuridão do meu quarto. O ar corria além de pequena janela a qual estava acostumado. O corpo cansado da ultima noite demorou a responder, mas os olhos logo viram o que seria uma nova doença.
- Senhoras e Senhores esse é o brinquedo da casa... Akira! – Logo tudo ficou mais claro a mim... Estava em uma jaula para ser possuído em público!
A sala estava cheia de homens e mulheres com os olhos vermelhos de álcool, o corpo cheio de nobreza e a mente de desejos nojentos. Eram muitos para tentar fugir, mesmo tentando fugir, apenas levava chicotadas. Fui arrastado pra fora e meu rosto forçado a todos que aplaudiam de pé. Não continha às lagrima escorrendo pelos meus olhos que os deixava muito felizes.
- Faça-o chorar! – Os pedidos vinham aos montes com o dinheiro sendo jogado sobre mim e o meu corpo sendo mais invadido. – Mais!
As horas iam se passando, aquilo era pior do que o quarto. As pessoas iam e vinham aos montes. Eu reconhecia o cheiro de alguns homens que agora estavam abraçados com prostitutas nas mesas se vangloriando pelo que faziam comigo.
Por ultimo fui jogado no chão cansado daquilo. Tudo em mim doía depois de ter sido violentado tantas vezes em seguida. Do nada algo dourado tomou palco... Não pude ver, pois desmaiei.
“Isso é doença”... Era frio e me tocava cada machucando ardendo um pouco... “Esta completamente machucado.”... Os múrmuros eram ouvidos ao longe. Forçava os olhos para entender. Era a aparência mais estranha que já havia visto... Tinha uma pele branca e os olhos azuis como vidro. Em seus olhos via uma dor que chegava a mim. Aquele não era o meu quarto, era todo vermelho e nobre.
-... – Não me vinha nada para dizer.
- Não se mova, por favor. – Sua voz era gentil e amável comigo... Isso era ate estranho pra mim. – Estou acabando.
Meu corpo estava coberto de ataduras o que mostrava que havia passado horas cuidando dos meus machucados. Ele era muito alto e seu corpo estava coberto de seda o que mostrava que era alguém da realeza... Aquilo devia ser um jogo doentio como os outros... Tinha que sair dali o mais rápido possível.
- Não... Por favor, não se mova ainda. – Parecia... Preocupação?!
- Deixe-me ir... – Tentava me mover, mas cai novamente na cama... Uma cama enorme! – Eu estou cansado seu monstro!
- Não vou te violentar... – Ficou na minha frente. – Eu não vou te tocar daquela maneira, apenas estou cuidando dos seus machucados. Eu te tirei daquele lugar nojento.
Não podia ser verdade, era apenas mais um monstro pervertido. Era impossível correr no meu estado. Mesmo assim não deixaria de correr dele.
- Não corra, por favor. – Ele ficava sentado me olhando como se não soubesse o que fazer comigo, mas quisesse me ajudar?! – Você só irá se machucar se sair correndo dessa maneira. Fique quieto, por favor, e me deixe cuidar de você.
Ele não poderia ser sincero, era um homem como os outros e simplesmente um mentiroso que apenas iria me enganar. Só que por que ele não me pegava a força? Aquele era o jogo sádico mais estranho que já havia visto ou passado. Olhava-me como uma criança que acabava de achar um passarinho machucado. Não! Ele era apenas um mero desgraçado como tantos outros que eu já havia visto.
Todos os nobres são nojentos e pervertidos e apenas pensam em desejos imundos. Já havia passado por muitos deles, homens que usavam belas roupas de seda e ate fios de ouro puro, seus corpos cobertos dos mais caros perfumes e suas mãos e pescoços exibindo joias raras e caras. Só que eu via bem o que eles eram sem aquilo tudo.
- Você é apenas mais um nobre nojento! – Tentei me equilibrar em pé, mas cai sentado como um boneco. – Qual é o jogo? Espera que eu implore pela liberdade e que me humilhe lhe satisfazendo sexualmente com a promessa de ser livre para depois você ir embora rindo das marcas que me deixou? Nunca!
Não continha o choro em lembrar às vezes em que já havia passado por isso. Fora iludido com a promessa da liberdade quando garoto, mas tudo não passava de uma mentira para usar bolinhas tailandesas em mim.
- Eu não estou fazendo isso! – Levantou-me nos braços em devolvendo para a cama. – Eu não vou usar bolinhas tailandesas em você. Eu nem sei o que é isso.
- Mentiroso!
- Eu estou falando a verdade... – Começaram a bater na porta e ele foi ate ela. – Pensei que teria que ir buscar eu mesmo a comida e roupas para o Conde Akira...
- CONDE AKIRA?
Uma bandeja enorme em um carinho entrou no quarto pelas mãos de uma empregada muito bem vestida que ficou me olhando de cima a baixo. Ao lado aquela figura masculina estranha segurava roupas de seda pura, conseguia sentir o cheiro da comida e da lavanda das roupas.
- Quero que sempre traga as refeições aqui para o quarto. Comeremos aqui ate Akira poder andar melhor. – Indicou à saída a empregada e começou a arrumar as roupas. – Mandei que trouxessem roupas do seu tamanho. Não conheço seus gostos então pedi por cores variadas.
- Conde Akira? - Aquilo só poderia ser uma brincadeira de mau gosto. – Que brincadeira é essa?
- Não é nenhuma brincadeira. Você será Conde por um tempo, é uma maneira de não chamar a atenção da sua presença no castelo. – Tirou a tampa da bandeja revelando todos os tipos de comidas deliciosas e doces. – Como também não sabia seu gosto por comida, mandei que fizessem todos os tipos para te agradar.
- Acha mesmo que alguém com a vida que eu tive têm gostos sobre comida e roupas. – Os toques me voltavam à mente. – Você viu muito bem.
- Foi a pior visão que eu já tive em minha vida. – Sentou ao meu lado. – Deus sabe que eu jamais entenderei o que você passou na mão daqueles que abusavam de você, mas sei que não se faz isso nem com a pior das pessoas tão pouco com um anjo de doçura como você.
Os cabelos soltos se mostravam tão compridos que chegavam a centímetros de mim. Não contive pega-lo um pouco, era muito macio e bonito. Mesmo correndo o risco de ser enganado, estava começando a acreditar nas palavras e gestos dele.
- O que aconteceu lá?
- Eu juro que não sabia o que acontecia naquele lugar. Fui convencido a ir por insistência de alguns membros da corte. Eu fui um dos últimos a chegar, quando vi o que acontecia eu não me contive, não poderia deixar que fizessem mais aquilo com você, então subi no palco e matei todos os que estavam lá e te trouxe comigo.
- Matou?
- Sim. Eu poderia ate ter prendidos eles, mas os outros nobres iriam querer solta-los. Os matei com gosto. – Fez carinho na minha cabeça. – Não poderia deixa-los vivos depois da crueldade que fizeram com você.
- Eu sei que me salvou. Pelos menos eu acredito nisso agora, mas por que você fez isso por mim? – Me afastei da sensação estranha que seus toques me davam.
- Encantei-me por esses olhos verdes. – Abriu um sorriso.
Meu rosto ficou completamente quente, sentia ele totalmente vermelho. Escondi-me nos cobertores vermelhos que cobriam a cama. Ele ficou rindo da minha vergonha e colocou a cabeça perto da minha deitando na cama, não poderia negar sua beleza.
- Não fique se escondendo. – Tirou os cobertores. – Venha comer. Mandei que sempre trouxessem nossas refeições aqui.
- Vai ficar aqui comigo o tempo todo? E os outros? – Sai me sentando na pequena mesa para duas pessoas.
- Eles não me importam nem um pouco sequer. Prefiro o prazer da sua companhia. – Se sentou na minha frente. – Por favor, coma.
O quarto era enorme e se dividia em banheiro, um escritório, uma pequena copa, sacada e uma enorme cama. Tudo era decorado em um vermelho forte e muito bonito, havia ouro por todo o quarto. Seja lá quem fosse aquele homem, era muito mais importante e poderoso do que aqueles que me fizeram mal.
Ele era muito gentil me servindo comida e sempre sorrindo, parecia querer amenizar minha dor. Não poderia julga-lo por não conseguir, meu corpo já não doía por seus cuidados, mas as marcas continuariam comigo para sempre.
- Gosta? – Interrompeu meus pensamentos. – Tem algo que quer que eu mande trazer mais?
- Não. Esta tudo uma delicia. – Fiquei olhando pra ele. – E quem é você?
- Pensei que nunca fosse me perguntar. – Sorria feito uma criança. – Anthony.
-... – Não sabia bem o que pensar. – E como será agora?
- Do que esta falando?
- Eu não sei pra onde ir nem mesmo o que fazer. É doloroso, mas real que minha vida nunca existiu para além daquelas paredes de motel. – Lagrimas escorriam pelos meus olhos.
Ergueu-me nos braços e foi ate a sacada me mostrando que estávamos no ultimo andar de um enorme castelo. Era o castelo do Grão-Duque Michaelis, eu o via da pequena janela do meu quarto. Era o castelo mais bonito de toda a Europa, os nobres sempre se gabavam desse castelo.
- Esse é o...
- Castelo de Michaelis. – Ele sorria com minha surpresa.
Tudo parecia estar em paz ate que um empregado entrou correndo no quarto. Ele parecia estar correndo há muito tempo para chegar lá depois de ter passado por algo ruim já que suas roupas estavam rasgadas e sujas.
- O que esta havendo? – Seu rosto se tornou rígido e serio. – Por que entrou aqui dessa maneira?
- Desculpe, mas o rei me mandou com urgência sobre o incidente da casa de sexo...
- Mande que rei se pendure em uma jaula e se exiba nu a um bando de pervertidos cobertos de ouro. – Era uma voz grossa e exaltada. – Ele quer o que? Que eu deixe tudo para lá? Nunca, uma criança foi violentada pela vida toda.
- É sobre a criança a que venho falar. – Se curvou me mostrando que Anthony era mais importante do que eu pensava. – O rei quer que a criança seja levada e executada para a proteção da corte...
Queriam me matar? Eu não tinha força alguma contra eles, mas por algum motivo tinha certa esperança em Anthony. Por um instante esse seria uma loucura, ele nunca se voltaria contra o rei por minha causa. Mas ele estava com os olhos cheios de raiva e me colocou no chão pegando uma espada e apontando para o mensageiro.
- Reporte ao rei que isso não será discutido! – Guardou a espada. – Diga a ele que Akira esta sobre minha proteção e que não irei sacrificar a vida de um anjo para proteger a reputação de pervertidos. Eu mesmo reconheci metade da corte da Inglaterra naquele salão e que todos serão investigados. E que principalmente diga ao rei que se convença de uma vez que o Grão-Duque Anthony Michaelis III não será o fantoche do rei!
Autor(a): theodor
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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Alto, magro, pálido, gentil, bonito, olhos azuis, e longos cabelos loiros. Grão-Duque Anthony Michaelis III! - Por que tão surpreso Akira? - Tomava chá com uma elegância de berço. - Não entendo o porquê de estar contra o rei e a meu favor... - Por que o rei sempre foi um sádico e você é a vitima. &n ...
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