Olá meninas, desculpa a demora.
bia_herrera: Seja bem vinda <3 espero que goste.
Algun_Dia_AyA: Vai ter muito hot, é só esperar mais um pouquinho HAHAHAHA´
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Acabou não sendo tão difícil encontrar Alfonso Herrera. O jornal falava mais sobre ele. Era dono de boates e casas de show espalhadas pelo Brasil e havia o endereço de várias delas. Com um dinheiro emprestado de Benedita, fui em uma delas e acabei descobrindo onde ficava a sede das empresas de Alfonso, no centro do Rio de Janeiro. Benedita ficou em minha casa com Lucas e Manuela.
O prédio era imenso, na Avenida Rio Branco e a sede das empresas Herrera ocupava os últimos andares. Foi fácil entrar no elevador e subir,entre várias pessoas bem vestidas. Eu usava minha melhor roupa, mas sabia que o vestido estava surrado e largo, pois eu emagrecera demais.
Meu cabelo longo estava solto, mas eu sabia que ele precisava urgentemente de um corte. Tentei manter-me tranquila, apesar da grande tensão que me dominava. O elevador parou no vigésimo segundo andar e eu saltei com mais umas três pessoas. Havia uma grande recepção onde três moças bonitas e uniformizadas atendiam os visitantes. E vários seguranças de terno espalhados em lugares estratégicos. As pessoas que vieram no elevador comigo cumprimentaram as recepcionistas e seguiram adiante, na certa trabalhavam ali e eram conhecidas.
Eu tive que ir até a recepção, pois as moças já me olhavam e uma delas indagava polidamente:- Posso ajudá-la?
Era jovem, morena e muito bem maquiada. Parei em frente ao balcão de vidro, impecavelmente limpo e fitei-a, procurando esconder o meu nervosismo.- Bom-dia. – Forcei um sorriso. – Eu gostaria de falar com o senhor Herrera.
- Tem hora marcada? – Sua voz era fria e seu olhar impessoal.
- Não.
- Lamento. O Senhor Herrera é muito ocupado e só atende com hora marcada.
- É muito importante. Você poderia ao menos avisar a ele o meu nome e perguntar se pode me receber?
- Lamento. – Ela repetiu. – Ele nem está aqui, saiu para almoçar e talvez nem volte hoje.
- Posso esperá-lo?
- Não vai adiantar. Se quiser pode deixar seu nome e telefone comigo e eu marco uma data com ele. Depois a aviso.
Meu nervosismo aumentou e olhei-a nos olhos.- Preciso falar com ele hoje. Eu o conheço há mais de dez anos. Por favor, diga que sou a esposa do irmão dele. Meu nome é Anahi Puente.
A garota olhou-me com mais interesse, mas não pareceu acreditarmuito. Insisti: - Posso ao menos esperá-lo? Você avisa quem eu sou. Se ele não quiser me receber, vou embora.
- Aguarde um minuto. Vou falar com a secretária dele.
- Obrigada. –
Deixei o ar escapar lentamente e esfreguei as mãos úmidas na saia do vestido, para secá-las. Eu não sabia o que temia mais: não ser recebida e sair dali com os mesmos problemas, ou ser recebida e voltar para casa com mais problemas ainda. Como não era covarde, resolvime acalmar e ir com aquilo até o fim. A moça falou baixo pelo interfone e meu nervosismo não me deixou entender uma palavra.
Por fim ela desligou e voltou-se para mim. - Siga pela direita até o fim do corredor. Só pare ao chegar em um pequeno hall, onde há um elevador particular. Suba até o último andar e sairá na sala da secretária do sr. Herrera.
- Obrigada. – Sorri de leve, mais nervosa do que aliviada. Mal pude reparar no luxo que me cercava. Fiz exatamente como a moça falou e cumprimentei o ascensorista no elevador, que me fitou com curiosidade, mas retribuiu o cumprimento. Desci no último andar e deparei-me com uma sala enorme, luxuosa e acarpetada, muito bem decorada e onde, atrás de uma mesa de madeira maciça, uma senhora muito elegante me fitava. Aproximei-me nervosa e forcei um sorriso.- Boa-tarde. –
Ela me cumprimentou. Tinha cabelos curtos e claros entremeados de fios grisalhos, era esguia e bonita, muito bem vestida e maquiada suavemente. Devia ter por volta de cinquenta anos. – O sr.Herrera não está, mas voltará hoje. Deseja esperá-lo?
- Sim.
- Não sei exatamente a que horas ele volta ou se poderá recebê-la. –Avisou a senhora, educada.
- Tudo bem. – Sorri.
- Sente-se e fique à vontade. Deseja um café ou água? Eu estava na rua procurando o endereço dele desde cedo e já passava da hora do almoço. Um café distrairia a fome e me acalmaria um pouco, mas não quis incomodar a senhora. Ela pareceu perceber meu desconforto e sorriu, dizendo:- Não será trabalho nenhum. Temos uma copa aqui ao lado e uma moça que espera ardentemente visitas para poder trabalhar.
Retribui o sorriso, mais à vontade.- Aceito um café.
- Ótimo.
Retribui o sorriso, mais à vontade.- Aceito um café.
- Ótimo.
Sentei-me em uma poltrona confortável perto de uma janela com vista para a avenida Rio Branco, enquanto a secretária pedia o café pelo interfone. Vi minha imagem refletida no vidro da janela e percebi o quanto parecia tensa. Alisei os cabelos castanhos compridos e sem querer perguntei a mim mesma se eu mudara muito naqueles dez anos. Agora eu era uma mulher de vinte e oito anos. Alfonso se lembraria da moça de dezoito anos que morara alguns meses sob o mesmo teto que ele e a quem ele infernizara a vida? Uma moça jovem e bonita, com uniforme de copeira, logo entrou na sala e veio me servir café, sorridente. Peguei a xícara quente e agradeci, ansiando pela cafeína. Depois que ela saiu, a secretária ficou fazendo anotações em algumas folhas sobre a mesa e eu tomei um gole do café, olhando em volta com interesse. A sala era muito bonita e luxuosa. Tudo era do maior bom gosto e requinte. Lembrei-me que Alfonso ficara furioso ao ter de dividir a herança do pai com a madrasta, mas fora o que dizia o testamento do pai dele. Pelo jeito ele não gastara sua parte com besteiras e investimentos ruins, como fizera Lúcia e Lucas. Devia ter, pelo contrário, aumentado em muito a sua fortuna inicial.
Terminei o café e logo depois a copeira voltou para buscar a xícara, indagando se eu desejava mais alguma coisa. Recusei com um sorriso. Os minutos passaram-se lentos para mim, que ficava cada vez mais ansiosa. Era uma loucura estar ali. Eu duvidava que Alfonso movesse um dedo para ajudar Lucas. Se pudesse, talvez até nos ajudasse a afundar de vez. Suspirei, tendo certeza de que não seria bem recebida ali. Isso se ele se dignasse a me receber. Mas eu precisava tentar. Já nem conseguia dormir, com tantas preocupações e com pavor que aquele agiota tentasse qualquer coisa contra a minha filha. Isso sem contar com o fato de estarmos praticamente passando fome. Olhei novamente pela janela, mas sem enxergar nada. Por mais que eu pensasse, não encontrava solução. Queria entender como as coisas puderam chegar aquele ponto. Eu já estava ali há quase uma hora, tensa e nervosa, quando ouvi o barulho suave do elevador e vozes de homem quando as portas se abriram.Vi Alfonso imediatamente. Muito alto e ereto, ele estava bronzeado e incrivelmente bonito, muito mais do que na foto ou do que eu me lembrava. Aos trinta e dois anos, sua beleza era mais máscula e agressiva. Usava um terno escuro impecável e sorria ironicamente do que o homem que caminhava ao seu lado dizia, andando com passos largos e olhar altivo. O outro homem parecia animado, falando alto e fazendo gestos com as mãos. Fiquei gelada e trêmula. Imóvel, apenas observava-o, lembrando-me do passado e mesclando-o com a imagem de Alfonso à minha frente. Somente ao chegar perto da mesa da secretária ele me viu.
Primeiro lançou-me um olhar frio e impessoal. Depois seus olhos fixaram-se nos meus e eu percebi que ele me reconheceu. Parou, sem desviar o olhar. Meu nervosismo aumentou e, por um momento, fiquei sem ação, imobilizada pelos olhos de um cinza quase prateados, muito penetrantes.
- Sr. Herrera. – Disse a secretária. – A esposa de seu irmão está querendo falar com o senhor. Tudo pareceu muito silencioso. O homem ao lado de Alfonso ficou quieto, me olhando com curiosidade. Saindo do torpor e rezando para que as pernas bambas me suportassem, levantei-me, sem desviar o olhar do dele.
- Eu não tenho irmão. – Ele disse, com a voz grossa e levemente rouca do passado. Estava frio. Algo nele era ameaçador. – Que surpresa, Anahi.
- Olá, Alfonso. Ele fez um leve movimento de cabeça. Tentei não sair correndo dali.
- A que devo a honra dessa visita tão inesperada? – Era óbvio que ele não via honra nenhuma em me ver ali.
- Preciso falar com você. Em particular.
Ele ergueu uma sobrancelha negra. Um leve sorriso arrogante curvou seus lábios. - Imagino que seja algo muito importante. Infelizmente tenho outros negócios para resolver. Escolheu um dia ruim.
- Eu espero. Não vou tomar muito do seu tempo. Ele avaliou-me com o olhar por um momento.
- Tudo bem. – sem mais palavras, dirigiu-se à sua sala e outro homem praticamente correu atrás dele. Depois que a porta foi fechada, respirei fundo e sentei de novo,muito trêmula. Nem olhei para a secretária, que eu sabia estar curiosa. Apertei as mãos sobre o colo, percebendo o quanto estavam geladas. Sentia-me como se tivesse acabado de sair de uma luta. Procurei me acalmar. Pelo menos ele aceitara me receber. É claro que não parecia nada feliz em me ver ali, mas eu sabia que seria assim. A espera foi horrível e deixou-me mais tensa e ansiosa. O homem que o acompanhara saíra da sala dele após uns trinta minutos e agora o tempo se arrastava sem que ele me chamasse. Após mais de uma hora e meia esperando, desde que ele chegara, eu já estava uma pilha de nervos. Sentia fome, preocupação com Lucas e Manuela, sem saber se Benedita estava conseguindo cuidar dos dois. A coluna dela não estava boa e Lucas às vezes dava um trabalho enorme. Sem falar na tensão em ficar ali, sem saber como seria recebida depois de ter que me humilhar para Alfonso. Se eu pudesse escolher, aquele seria o último lugar do mundo que eu gostaria de estar.