Fanfic: ❖Redenção ao Amor❖ | Tema: Vondy
Amélia Venere
Eu estava em minha suíte, terminando de dar os retoques finais em meu cabelo para o jantar, quando bateram na porta. Deixei a escova sobre a cômoda e me voltei, dizendo secamente:
— Entre.
Christopher surgiu. Usava paletó e calça escura, camisa branca por dentro. Estava levemente despenteado e com expressão séria, fechada. Fitei seu olhos azuis, sabendo que não era coisa boa. Ao mesmo tempo, fui arrebatada por sua beleza e masculinidade, dando-me conta mais uma vez que teria que aprender a viver sem aquilo.
Por anos eu o olhei e admirei em silêncio, mas sempre com a certeza de que estaria ali. Agora, eu já tinha aceitado o fato que não seria assim. Tinha mudado todas as minhas táticas, mas um lado meu ainda lamentava. Mas sabia que tudo tinha um propósito e quem me obrigou a mudar os planos foi ele mesmo. Eu só me adaptava às circunstâncias.
Tive raiva ao me dar conta que sentiria falta dele. De fitar seus olhos tão intensos, de ouvir sua voz, de tê-lo entrando ali para me colocar na cama e tran/sar comigo, coisa que não fazia há muito tempo. O desejo só piorou aquela sensação já antecipada de saudade, então o ódio o substituiu. Senti que se espalhava dentro de mim, denso e latejante, devorando tudo o mais.
Tive vontade de rir e jogar na sua cara tudo que eu planejava, toda a pesquisa que fiz, todos os planos que o tirariam da minha vida definitivamente. Eu não queria, mas Christopher desejava sair. Tolo ele por achar que ia conseguir à sua maneira, para ser feliz com a pu/tinha enquanto eu era humilhada. Era escolha dele. Eu só me adaptava às circunstâncias.
— Christopher. – Cumprimentei-o com um aceno de cabeça, friamente.
— Vamos ao escritório conversar.
— Claro. – Elegantemente passei por ele, franzindo os lábios com irritação só por que estava atrás de mim e não podia ver.
Seguimos para o escritório, onde Christopher resolvia todos os negócios, atendia telefonemas, ficava quando queria se isolar de tudo. Sorri lentamente ao entrar lá, pensando nos meus planos naquele local. Eu duvidava que alguém no mundo tivesse uma ideia como a minha. Tão perfeita que só podia dar certo.
Fiquei séria ao me virar e sentar em uma poltrona, cruzando as pernas. Passei os olhos pelo ambiente escuro e sóbrio, a madeira das vigas do teto expostas elegantemente, o mogno sobressaindo nos móveis. Tinha sido o único lugar que Christopher quis à sua maneira, por isso fugia do padrão branco do resto do apartamento e tinha muita madeira. Engraçado como tudo aquilo agora me seria útil.
Não sorri, embora sentisse uma estranha euforia. No dia anterior tinha pesquisado incansavelmente formas de morte sem deixar rastros e era incrível como existiam tantas. Mas uma em especial me agradou bastante. Tive que incrementar, é claro. Para tornar tudo mais crível. Descobri que tinha uma mente privilegiada, pensei em todos os detalhes. Seria um tanto teatral, mas ao menos eu teria testemunhas.
Observei-o se sentar na cadeira em frente e, por um momento, lamentei. Resolvi lhe dar mais uma chance, a última. Pois eu ainda o queria. Se não fosse tão estúpido, perceberia que eu era a única mulher para ele. Que seria capaz de tudo, mas de tudo mesmo para não perdê-lo nem à vida que tinha me dado.
Senti uma tristeza horrível pelo que teria que ser feito. Uma saudade antecipada de tudo que não tinha tido. E ao mesmo tempo muita raiva dele por provocar tudo aquilo. Fui engolfada pelo ciúme, pela ofensa de ser trocada, pela ousadia de Christopher em agir independente da minha vontade.
Seus olhos eram frios e distantes. Eram olhos já de adeus. E o que mais eu poderia fazer diante disso? Além de acreditar e tomar minhas providências? Ele me obrigava, por isso era o único culpado.
Tive uma vontade absurda de machucá-lo. O calor do ódio foi tão intenso, por tudo que me fazia sentir e me negava, que soube que eu teria que ver, ser testemunha do seu fim. Eu daria aquele fim a ele, por minhas próprias mãos. E quando se fosse, eu me rasgaria, eu sofreria, eu passaria dias olhando a minha volta procurando por ele. Mas, eu saberia que foi sua escolha e culpa, quando me fez ter vontade de me arrastar a seus pés e suplicar, quando me abandonou.
Como diziam, a vingança era um prato que se come frio. Mas eu o comeria ainda quente, pois não podia esperar. Tinha que ser antes da minha desgraça pública, antes que toda a sociedade soubesse que eu estava sendo trocada. Seria como provar que ele apenas estava confuso e que ao final me amava, era capaz de tudo por mim. Tudo.
— Eu soube que foi você quem contou ao meu pai sobre Dulce. – Começou Christopher, mais frio do que nunca. Mas seus olhos ardiam. — Mentiu, dizendo que era interesseira, aumentando para ter o apoio dele. Pegou tão pesado, que ele quase morreu. E ainda mandou o convite do nosso casamento para Dulce, para mostrar que foi a vitoriosa. Nunca achei que fosse uma rainha da virtude, mas também não imaginei que poderia jogar tão sujo, Amélia.
A sua raiva e o seu desprezo eram palpáveis. Eu me irritei por estar a par de tudo aquilo. E de imediato não reagi. Apenas o olhei, minha mente maquinando os próximos passos. Por fim, baixei o olhar, envergonhada, arrependida.
— Não me orgulho de nada disso. – Falei baixo. — Eu era jovem e não queria perder você. Acabei me desesperando.
— Você nunca se desespera. Sabe bem o que faz. É controladora e maquiavélica.
— Não! – Ergui os olhos rapidamente e, surpreendendo-o, caí de joelhos no chão e fui assim até onde estava sentado, com olhar suplicante: — Apenas te amava demais, Christopher. Mais do que sequer supus. E tive muito medo quando seu pai passou mal. Vivi com essa culpa todos esses anos! Mandei aquele convite num momento de raiva. Me arrependo de tanta coisa! De tanto que não falei e mostrei! De tanto que fiz e que não fiz!
Meus olhos ficaram cheios de lágrimas quando parei diante dele, prostrada, ainda de joelhos. O pior é que tinham vindo aos meus olhos de verdade, provocadas por todos os sentimentos intensos e complexos que me dominavam: o amor que existia enterrado no fundo, o ódio por não sentir o mesmo e me deixar, o ciúme avassalador, a saudade pelo que teria que fazer e o extinguiria da minha vida e a humilhação que me obrigava a passar. Nunca imaginei que chegaria a tantos extremos. E era tudo culpa de Christopher!
— Levante-se. – Estava imóvel, ainda frio, mas evidentemente surpreso.
— Não, precisa me ouvir. Agora quero falar tudo. – Estava lá prostrada, humilde, como nunca fiquei na vida. — Eu te amo. Tudo que fiz foi por você. Eu me enganei dizendo que era pela vida que podia me dar, eu me recusei a demonstrar meus sentimentos por medo, eu me escondi sempre e não vivi. Fiquei fechada todo esse tempo em minha concha. E de que adiantou? Você vai embora de qualquer jeito!
— Amélia...
— Eu preciso falar! Jurei que tiraria tudo de você e que o faria sofrer como fez comigo a cada vez que me olhou sem amor, a cada vez que me acusou em silêncio por ser eu a estar aqui e não ELA! Mas estou cansada, Christopher. Muito cansada. Chega de lutar e fingir. Chega! Eu quero uma vida. Quero alguém que me ame e queira me conhecer. Quero ser feliz!
Seus olhos azuis nem piscavam. Parecia não acreditar no que via. Eu também não, pois estava de verdade abalada. Boa parte do que disse era real. Por isso fui tão convincente. Respirei fundo, dei o golpe final:
— Eu desisto. Aqui e agora.
— Como assim? – Nem se mexia na cadeira, atento.
— Não vou lutar pela guarda do nosso filho. Nunca consegui ser boa mãe. Mas, você é um bom pai. Não vou querer dividir as empresas. Quero só o que é meu por direito. Aceito o divórcio.
Christopher não demonstrava o que pensava, mas eu sabia que estava confuso, sem saber se podia acreditar. É claro que ficaria. Mas com o tempo, acreditaria em mim. Era com isso que eu contava.
Baixei a cabeça, derrotada. E esperei. Eu conhecia seu coração. Apesar de sua frieza comigo, de ser controlador e até duro, era um homem que tinha colocado o amor pelo pai e a preocupação com a família na frente da própria felicidade. Ele amava sem limites. Era com tudo isso que eu contava. E Antônio não me decepcionou. Segurou meus braços e me ajudou a levantar.
— Saia desse chão.
Senti o coração disparar e ergui os olhos para os dele, tão perto de mim. Há tanto tempo não me tocava! Lamentei pelo que perderia, pelo cheiro dele que não sentiria mais, pela intensidade do seu olhar. No fundo, quase quis alertá-lo. Mas então fitei seus lábios, imaginei-os beijando a pu/tinha para sempre, rindo para ela, e o ódio veio violento. O que não podia dar para mim, não daria a mais ninguém.
— Preciso de paz, Christopher. Chega de lutar. Vou refazer minha vida. Vou ser feliz também.
Ele me soltou e deu um passo para trás, analisando-me detidamente.
Autor(a): Ally✿
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— Está desistindo da guerra? Assim, sem mais nem menos? — Estou desistindo. Pensei muito. E estou cansada. – Tateei uma poltrona e me sentei, sem deixar de olhá-lo. — Não é sem mais nem menos. Eu lutei à minha maneira. Mas agora... Chega. — Vou sair desse apartamento com Lipe e já falei para os advogad ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 442
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taina_vondy Postado em 08/06/2016 - 09:59:11
ei cade vc vem finalizar a web..
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gaelli Postado em 30/04/2016 - 23:38:32
Finaliza a web!! GoxxxTo tanto
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taina_vondy Postado em 24/04/2016 - 14:24:53
ei cade vc vem aqui finalizar a web.... .
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anni.vondys Postado em 15/04/2016 - 15:18:57
ally cade vocee
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cmsvondy Postado em 22/03/2016 - 23:31:32
Leitora nova! Por favor continua
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vondyvida Postado em 10/03/2016 - 11:32:34
AH COMO EU AMO ESSA FIIIIIC! QUE LINDEZA *-* finalmente a Amelia teve o que merecia HSUAUSHAUSHUS
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millamorais_ Postado em 29/02/2016 - 23:33:10
Por dells muie aparece aquiiiiii já são mais de duas semanas sem capítulos novos :'(
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isauckermann Postado em 28/02/2016 - 22:30:39
continua
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julliana.drew Postado em 21/02/2016 - 04:42:29
Continua
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millamorais_ Postado em 14/02/2016 - 11:17:44
Céus Ally, tanta emoção. Eu tou lendo no trabalho e já chorando rsrsrs, tão lindos, tão quentes contínua gatinha, nem acredito que já estamos já reta final