Fanfic: ❖Redenção ao Amor❖ | Tema: Vondy
Eu estava sentada no sofá da sala, muda, furiosa, um tanto amedrontada com a maneira que as coisas terminaram. Não era para ser assim. Ia chegar de repente e encontrar todos chorando sobre o corpo de Chistopher, querendo saber por que ele foi fazer a loucura de se matar. Então eu ia chorar, gritar, me lamuriar e dizer que tentei avisar que ele não estava bem, fora de seu juízo perfeito. O suicídio seria confirmado pela polícia e eu seria a vitoriosa.
No entanto, ele estava vivo. Os dois policiais nos mandaram ficar na sala esperando e foram investigar o escritório. Já tinham chamado a Perícia e iam isolar o local. Não achariam pelos do Daniel “Treta Chique” pois ele era careca. E usara luvas o tempo todo, não deixara impressão digital. Até aí tudo bem. Tínhamos evitado as câmeras nas escadas de serviço que eu conhecia. Meu medo era que tivesse alguma a mais que eu não sabia.
Raciocinava tentando encontrar falhas. Para todos os efeitos, eu tinha estado fora da cena. E se eles não encontrassem meu comparsa, não poderiam provar nada. Meu erro foi ter ligado para a putinha. Precisei fazer isso para atrair Christopher ao escritório. Lembrei do que disse a ela, com a voz disfarçada por um lenço:
“Ligue para Christopher. Ele precisa de você. Rápido, é urgente!”
Somente isso e desliguei. É claro que ela se desesperou e ligou. Mas, a desgraçada não tinha ficado satisfeita com isso, tinha chamado a polícia e a ambulância que, junto com os primeiros socorros feitos por André, poderia ter salvado a vida de Christopher. Isso eu não tinha planejado.
Ninguém podia provar também que fui eu que liguei para ela. Eu o fiz de um celular que o brutamontes me arrumou e ele o levou embora para dar fim. Não havia nada contra mim. Nenhuma prova. Então relaxei um pouco mais, só o suficiente até entender que Christopher vivo enrolava ainda mais tudo. Ia contar que foi atacado. E quem tinha motivos para isso? Eu!
— Meu Deus, que tragédia... – Se lamentava minha mãe pela milésima vez.
Eu lancei um olhar a ela, irritada, com vontade de mandá-la calar a boca. Depois olhei em volta, para todos reunidos ali, pois os policiais ainda falariam com a gente. Quis expulsar todo mundo da minha casa, mas tive que suportar em silêncio. Os únicos que não estavam ali eram Eduardo e Karine, que os policiais permitiram ir ao hospital.
Olhei com ódio para Maite, meu rosto doendo e latejando do soco, o olho direito inchado doía até quando piscava. Ela estava recostada perto da janela, falando com Anahi. Mas não tirava os olhos de mim, como se me convidasse a me aproximar. Jurei que a pegaria. Ela me pagaria por aquilo.
— Cadê o meu pai?
Todos olharam para o garoto de quase seis anos parado na entrada da sala de mãos dadas com a babá. Seus cabelos escuros eram despenteados e usava um pijama e chinelos. Era a cópia fiel de Chistopher e franzi os lábios ainda mais irritada. Quase mandei que sumisse dali, mas me contive.
— Desculpe, senhora Uckermann. – Silvana me olhou nervosa. — Tentei de tudo, mas com essa confusão não consegui mais segurar o Lipe dentro do quarto.
— O que você quer? – Forcei-me a indagar ao garoto.
— Meu pai. – Disse de cabeça baixa.
— Ele saiu. – Falei e esperei que isso o fizesse se conformar. Mas continuou lá, olhando em volta de rabo de olho.
— Oi, Lipe. – Anahi se aproximou dele e se ajoelhou ao seu lado, com um sorriso carinhoso nos lábios. Fitou-a de imediato. — Olha, seu pai teve que sair, mas daqui a pouco estará de volta. Soube que você tem cada brinquedo lindo em seu quarto, é verdade?
— É, tia Anahi.
— Podia me mostrar alguns.
— Tem jogos também. – Pareceu mais animado. — Quer ver?
— Eu quero. – Ela se ergueu e deu a mão a ele. Os dois se afastaram seguidos pela babá. Eu apenas suspirei, ainda irritada, furiosa ao extremo.
O frio de medo retornou quando os policiais voltaram à sala. Avisaram:
— O escritório foi lacrado e ficaremos aqui, esperando a perícia. Enquanto isso colheremos depoimentos rápido de vocês. Serão chamados depois a comparecer na delegacia. Precisamos de um local separado para conversar. Onde a senhora indica? – Um deles, o mais velho, indagou.
— Pode ser na biblioteca ou na sala de tevê. – Falei o mais serena possível.
Ele olhou detidamente meu rosto inchado:
— Quem fez isso com a senhora?
Senti os olhares sobre mim, principalmente de Maite, Poncho e Christian. Fervi por dentro, mas soube que não poderia dizer nada. Eles negariam. E isso me colocaria em evidência, a polícia se perguntaria se haveria motivos para ser agredida. Respondi suavemente:
— No meio da confusão acabei caindo e me machucando.
— Entendo. Podemos começar com a senhora. Assim, já nos indica onde podemos colher os depoimentos.
— Claro. – Eu me ergui. E os levei até à biblioteca particular da casa, onde havia uma mesa de leitura com quatro cadeiras a um canto. As paredes do chão ao teto eram repletas de livros.
Os dois sentaram-se de um lado da mesa e eu de outro. Um deixou um gravador sobre o tampo, outro abriu um bloco de anotações. O mais velho e calvo se apresentou:
— Sou o policial Custódio e este o policial Fernandes. Diga seu nome e idade, por favor.
— Amélia Venere Uckermann, 34 anos.
O mais novo, encarregado de fazer as anotações, que era bem magro e tinha bolsas sob os olhos, começou:
— Conte o que aconteceu essa noite. Desde o início.
— Sim. Bem, meu marido andava muito estranho e se meteu com uma mulher.
— Estranho como?
— Calado, triste, falando em divórcio. Sentia que no fundo não queria, mas estava sendo dominado. – Meu tom era desolado.
— Pela amante?
— Sim.
— E a senhora sabe quem ela é?
— Sei. Chama-se Dulce Saviñon.
Fernandes anotou. Custódio continuou com as perguntas:
— E o que aconteceu?
— Chamamos nossos familiares e amigos para comunicar que vamos nos separar. Eu comecei a falar com eles, inclusive comentei que não achava que Christopher estava em seu juízo perfeito para pedir a separação, mas então me emocionei muito. – Balancei a cabeça, triste. — São nove anos de casamento e temos um filho. É duro saber que vai perder tudo por causa de outra mulher.
— Continue.
— Bem, eu me emocionei muito. Uckermann se irritou, brigou comigo. E saí correndo.
— Para onde?
— Para fora do apartamento. Passei a mão na chave do carro que fica no aparador, só pensando em ir para bem longe.
— E alguém a viu sair?
— Minha irmã Lavínia me acompanhou. – O tempo todo eu mantinha a voz baixa e o olhar triste, torcendo as mãos no colo. — Desceu comigo, mas eu queria ficar sozinha. Um casal amigo de Christopher também se aproximou, Christian e Anahi. Mas eu os deixei, peguei meu carro e saí do condomínio.
— E foi para onde?
— Dirigi sem rumo para espairecer. Depois parei em frente à praia e fiquei dentro do carro mesmo, olhando o mar.
— Alguém a viu?
— Receio que não. Como eu disse, não saí do carro.
— E ficou fora por quanto tempo?
Sacudi a cabeça, fingindo confusão.
— Como vê, policial, não tenho relógio. Não sei ao certo.
— Aproximadamente.
— Talvez 30 minutos ou 40, por essa média.
— E o que encontrou quando viu?
— O escritório estava cheio, Christopher no chão e o médico tentando ajudá-lo. E vi... Ah, meu Deus! – Enfiei o rosto nas mãos, desesperada. Não consegui chorar, mas fingi meu horror. — Aquela forca! Não dá para acreditar que um homem como meu marido fizesse um loucura dessas!
— E então?
— Tudo aconteceu rápido. – Esfreguei o rosto, desolada, olhando-os. — A ambulância chegou e descemos. E então vocês entraram também e nos mandaram de volta para cá.
— E havia certa confusão. Quem foi a moça que seguiu com a ambulância?
— A amante. Eu é que deveria estar lá! – Olhei-os, suplicante. — Ela esperou a confusão e tomou meu lugar.
— E como ela soube tão rapidamente do ocorrido?
Eu gelei, mas não demonstrei. Sacudi a cabeça.
— Isso eu não sei.
— Algo mais a acrescentar?
— Que eu me lembre, não.
— A senhora será chamada amanhã para comparecer na delegacia, de forma oficial. Não precisa levar advogado, mas é uma opção sua. Pedimos que não saia da cidade nos próximos dias. É o de praxe nesses casos, até termos tudo esclarecido.
— Sim, eu entendo.
— Pode pedir para uma das pessoas da sala entrar?
— Claro.
Eu queria acrescentar que nada daquilo era necessário, que meu marido tentou cometer suicídio, mas fiquei com medo que me achassem preocupada demais. Assim, só acenei com a cabeça e saí.
Autor(a): Ally✿
Este autor(a) escreve mais 3 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Depoimentos Tanto Walmor quanto Eloísa Venere não tiveram muito a acrescentar, dizendo mais apenas que a filha andava preocupada por que Antônio estava triste e estranho. Lavínia confirmou que viu a irmã sair de carro sozinha e só voltar mais ou menos meia hora depois. André disse que achou a família toda muito esquisi ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 442
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
taina_vondy Postado em 08/06/2016 - 09:59:11
ei cade vc vem finalizar a web..
-
gaelli Postado em 30/04/2016 - 23:38:32
Finaliza a web!! GoxxxTo tanto
-
taina_vondy Postado em 24/04/2016 - 14:24:53
ei cade vc vem aqui finalizar a web.... .
-
anni.vondys Postado em 15/04/2016 - 15:18:57
ally cade vocee
-
cmsvondy Postado em 22/03/2016 - 23:31:32
Leitora nova! Por favor continua
-
vondyvida Postado em 10/03/2016 - 11:32:34
AH COMO EU AMO ESSA FIIIIIC! QUE LINDEZA *-* finalmente a Amelia teve o que merecia HSUAUSHAUSHUS
-
millamorais_ Postado em 29/02/2016 - 23:33:10
Por dells muie aparece aquiiiiii já são mais de duas semanas sem capítulos novos :'(
-
isauckermann Postado em 28/02/2016 - 22:30:39
continua
-
julliana.drew Postado em 21/02/2016 - 04:42:29
Continua
-
millamorais_ Postado em 14/02/2016 - 11:17:44
Céus Ally, tanta emoção. Eu tou lendo no trabalho e já chorando rsrsrs, tão lindos, tão quentes contínua gatinha, nem acredito que já estamos já reta final