Fanfic: ❖Redenção ao Amor❖ | Tema: Vondy
Dulce tinha chegado de repente, algo que não planejei. Pensei que poderia ter as duas coisas, ela e minha vida bem orquestrada, já controlada por mim. Seria como um oásis no meio do deserto, que mataria minha sede, mas de onde um dia eu teria que me afastar para seguir meu caminho. Isso já era certo em minha cabeça. Mas então, por que sentia dificuldade em imaginar meu mundo sem ela?
Comecei a sentir a insegurança me espezinhar e isso para mim era como a morte, inaceitável. Eu era um homem determinado, eu não seguia em frente sem planejar e controlar tudo a minha volta. Mas com ela, não planejei nem sabia como me controlar. Parecia me arrastar como uma correnteza, abalar minhas estruturas, mexer com o que eu queria deixar quieto. E tinha muita coisa envolvida ali.
Segurei o volante com força, enquanto sua voz suave e cristalina ecoava no carro, mesclada a voz da Maria Bethânia e a melodia romântica, sabendo que eu não poderia ter tudo. E nem queria abrir mão de nada. Ainda era cedo para desistir dela. Era meu único caminho.
Havia muita responsabilidade em minhas mãos, muitas esperanças da minha família em mim. Lembrei do orgulho do meu pai naquele dia, o modo como sabia que eu o representaria, que eu realizaria nosso sonho de tornar a empresa da família algo nunca visto. Era o sonho de Walmor Venere também. Passei anos me alimentando daquilo, querendo, ansiando, esperando minha hora. E agora, quando tudo estava prestes a se realizar, todos ficarem felizes, Dulce entrava na minha vida como um sopro de vento, desestabilizando tudo.
Sem querer, lembrei de uma poesia de Carlos Drummond de Andrade que tinha lido na escola:
TEU AMOR ENTROU NA MINHA VIDA VIOLENTAMENTE, COMO UM SOPRO DE VENTO ABRINDO UMA JANELA DE REPENTE. TEU AMOR DESARRUMOU MEU DESTINO, ARRANCOU DAS PREDES VELHOS RETRATOS QUERIDO, E QUEBROU UMA JARRA NO CANTO DA MINHA ALMA, CHEIA DE ROSA CHEIA DE SONHOS... DEPOIS... TEU AMOR SAIU DA MINHA VIDA, DE REPENTE, COMO UM SOPRO DE VENTO FECHANDO UMA PORTA VIOLENTAMENTE ....
Não queria pensar em amor. Eu não era romântico e nem sonhava com isso. O que sabia era que tinha entrado mesmo violentamente em minha vida e eu sabia que, como a poesia, ia sair.
O que eu não conseguia aceitar era o modo como me sentia com esse fato. Pois não queria que saísse. Talvez eu me acostumasse com ela e fosse mais fácil. O encanto poderia passar ou ao menos se tornar banal. E então eu poderia seguir em frente. Mas ali, naquele momento, tudo que senti foi angústia. E uma apreensão que não costumava fazer parte de mim.
— Linda, não é, Christopher? – Sua voz interrompeu meus pensamentos pesados, quando a música terminava, para começar outra.
Eu não a olhei. Naquele momento não me sentia preparado para fitar seus olhos ou ver o seu sorriso. A sensação de não ser dono de mim mesmo, as dúvidas, tudo persistiu dentro de mim e me perturbou. Ainda não estava preparado para fazer escolhas, por que elas já tinham sido feitas há muito tempo por mim. E eu nunca me desviava do meu caminho. Era uma característica nata da minha personalidade, controlar e persistir até alcançar meu objetivo. E então fazer novos planos.
Dulce era um caminho novo diante dos meus olhos, uma bifurcação em minhas escolhas. Mas eu tentava me convencer que seria passageiro. Um atalho. Não a minha estrada. Essa eu já havia determinado.
— Eu adoro essa também! Zé Ramalho! – Disse animada, sem notar como eu me consumia por dentro por causa dela.
Era muito diferente de mim. Aproveitava o que a vida lhe dava, não se remoía em indagações. Era feliz, de bem com a vida, leve. E quando estava com ela eu também me sentia um pouco assim, eu relaxava de uma maneira única, por isso me preocupava e tentava me manter firme. Por que Dulce era perigosa para mim, era uma tentação. Uma vontade de arriscar, de tentar, de jogar tudo pro alto.
— Christopher? Tudo bem?
Eu tentei enterrar todas aquelas preocupações que tinham me assaltado de repente. Resolvi me manter ali, com ela. E deixar algumas coisas soltas, sem controle por enquanto. Até eu poder me acalmar e analisar tudo com mais calma.
— Claro, tudo bem. – Consegui lançar um olhar para ela, entendendo por que me perturbava tanto. Por que tinha aquele rostinho lindo e aquele ar de felicidade. Por que me olhava como se fosse muito importante para ela e sorria de verdade. Eu a desejei tanto que senti o peito apertar, até mesmo doer.
— Parece preocupado. – Disse suavemente. — Olha, esqueça o trabalho hoje! Vamos nos divertir com nosso passeio de turista!
— Combinado.
— Isso! – Sorriu amplamente. — Gosta do Zé Ramalho?
— Sim.
— Entre a Serpente e a Estrela. É demais! – Disse animada.
Quase desliguei o som, pois aquelas letras mexiam comigo, pareciam um aviso de um futuro próximo.
Um grande amor do passado Se transforma em aversão E os dois lado a lado Corroem o coração... Não existe saudade mais cortante Que a de um grande amor ausente Dura feito um diamante Corta a ilusão da gente...
Toco a vida pra frente Fingindo não sofrer Mas o peito dormente Espera um bem querer... E sei que não será surpresa Se o futuro me trouxer O passado de volta Num semblante de mulher...
Tentei me concentrar em outra coisa e dei graças a Deus quando chegamos ao nosso destino. Parei o carro em um local fora da estrada, embaixo de umas árvores. Na mesma hora Dulce me entregou as roupas que tinha comprado para mim, parecendo uma criança sapeca:
— Vai se trocar no carro ou no mato?
— No mato?
Ela riu da minha cara. Já abria a porta do carro e pulava fora com a outra sacola, dizendo:
— Vou até ali, ficar de costas.
— Pode ficar e olhar, não me incomodo. – Provoquei, o que só a fez rir mais, aproximando-se do início da estradinha de terra.
Olhei para o mato e para a estrada. Suspirei e comecei a desabotoar a camisa. Deixei-a no banco de trás, junto com o paletó e a gravata. Tirei os sapatos de couro e as meias. Desci a calça e a cueca. Totalmente nu, semi ereto, olhei para as costas e o cabelo comprido de Dulce do lado de fora, pensando em chamá-la para dentro do carro. Mas é claro que não o fiz.
Enfiei a sunga de praia e a bermuda colorida, que eu nunca teria usado por conta própria. Acabei rindo daquilo, enquanto vestia a blusa branca de malha e enfiava os chinelos azuis.
Quando saí do carro e tranquei a porta, ela se virou e me olhou de cima a baixo. Foi um olhar tão quente, tão cheio de carinho, que fiquei imóvel. Sentia-me diferente e não eram só as roupas. Fitando-a, me aproximei.
— Você está lindo. – Sorriu, parecendo encantada.
Era engraçado. Já tinha me visto muito mais bem vestido.
Parei a sua frente, estranhamente me sentindo realmente mais atraente. Era uma loucura. Disse baixo e rouco:
— Vou juntar esse elogio ao do belo sorriso e daquele sobre meus olhos.
— Faça uma listinha, por que virão mais. – Sorria, tão encantadora, tão jovial e sincera, que mais uma vez senti um baque por dentro, uma comoção de sentimentos intensos, profundos.
Dulce me deu a mão.
— Vamos aproveitar esse dia lindo?
— Vamos. – Peguei a sacola que segurava e seguimos uma trilha que tinha demarcada entre a mata, em direção às cachoeiras. Indaguei: — O que tem aqui?
— Lanche. – Ela carregava as duas toalhas de banho na mão livre.
Dulce parecia em casa. Ria e falava comigo coisas da vida. Apontava as belezas da trilha, elogiava tudo, como se estivesse em um paraíso. Eu não consegui tirar os olhos dela, encantado com sua beleza e alegria, com seu modo de encarar a vida e as pequenas coisas de braços abertos.
Quando chegamos a uma cachoeira linda, rodeada pela mata, a água da cascata caindo em uma piscina natural rodeada de pedras, refletindo o verde que a cercava, paramos, constatando que naquela segunda-feira não havia mais ninguém ali além de nós.
Ela suspirou maravilhada e eu virei a cabeça, fitando-a de modo penetrante. Não aguentei e perguntei:
— Por que está tão feliz, Dulce?
— Amo as cachoeiras, Christopher. Mais do que as praias. Fui criada em roça e tomava muito banho de cachoeira. Quando soube desse lugar aqui no Rio, foi só uma forma de estar mais perto de casa e espantar o medo e a solidão por estar longe da minha família. Para mim, este é o melhor lugar da Cidade Maravilhosa!
Autor(a): Ally✿
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Olhou-me com um grande sorriso e me enchi de ternura. Senti-me um bobo ali, completamente ligado na dela. Sem ação. Eu me vi indagando: — Ainda sente medo e solidão? — Não. Eu estou me acostumando. E agora... – Calou-se, corando. — Agora o quê? — Agora você está aqui comigo, Christopher. A culp ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 442
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taina_vondy Postado em 08/06/2016 - 09:59:11
ei cade vc vem finalizar a web..
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gaelli Postado em 30/04/2016 - 23:38:32
Finaliza a web!! GoxxxTo tanto
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taina_vondy Postado em 24/04/2016 - 14:24:53
ei cade vc vem aqui finalizar a web.... .
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anni.vondys Postado em 15/04/2016 - 15:18:57
ally cade vocee
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cmsvondy Postado em 22/03/2016 - 23:31:32
Leitora nova! Por favor continua
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vondyvida Postado em 10/03/2016 - 11:32:34
AH COMO EU AMO ESSA FIIIIIC! QUE LINDEZA *-* finalmente a Amelia teve o que merecia HSUAUSHAUSHUS
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millamorais_ Postado em 29/02/2016 - 23:33:10
Por dells muie aparece aquiiiiii já são mais de duas semanas sem capítulos novos :'(
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isauckermann Postado em 28/02/2016 - 22:30:39
continua
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julliana.drew Postado em 21/02/2016 - 04:42:29
Continua
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millamorais_ Postado em 14/02/2016 - 11:17:44
Céus Ally, tanta emoção. Eu tou lendo no trabalho e já chorando rsrsrs, tão lindos, tão quentes contínua gatinha, nem acredito que já estamos já reta final