Fanfic: ❖Redenção ao Amor❖ | Tema: Vondy
Tinha sido uma manhã boa e produtiva no escritório. Eu estava animada por que Fuzz, uma amiga que eu não via há um bom tempo, ia almoçar comigo naquele dia. Tudo corria bem e foi com alegria que entrei naquele restaurante da Barra para esperá-la.
Escolhi uma mesa de canto e sorri para o garçom, pedindo uma água. Sentei tranquilamente, deixando a bolsa e a echarpe na cadeira ao lado, olhando meus recados no celular. Havia alguns de clientes e amigos, mas nenhum de Jhonny. Tinha dito na noite passada que ligaria, mas até agora nada. Eu já estava começando a me acostumar com promessas que ele não cumpria e isso não era bom.
Precisávamos conversar. O problema era pegá-lo em casa. Viajava muito, mas ultimamente mais ainda, por estar implanto novas lojas na Bélgica. Aprendi que quando isso ocorria, Jhonny concentrava toda sua atenção no lugar, para não correr o risco de dar algo errado. Era sistemático em algumas coisas, mas trabalho era sua paixão e seu ponto fraco. Sempre vinha em primeiro lugar.
Balancei a cabeça sozinha, desanimada. Quando casei com ele, sabia disso. Mas achei que com esposa e família, fosse delegar mais funções e diminuir as viagens. Até foi assim no começo. Mas, nos últimos dois anos ficava cada vez mais fora de casa, a ponto de chamá-lo para conversar e até falar em divórcio. O assunto rolava, mas nunca era bem resolvido. No entanto, eu o pressionei e tinha prometido voltar dentro de alguns dias, para resolvermos tudo.
Pensei em minha mãe. Ela tinha me aconselhado a esperar, quando falei em casamento. Por ter pouco tempo que nos conhecíamos, menos de um ano. Por Jhonny ser estrangeiro. Disse para namorarmos primeiro, para curtir a vida, saber se era isso mesmo que eu queria. Mas na época eu estava arrasada, precisando de carinho e companhia e ele foi tudo que precisei. O casamento foi bom tanto para mim quanto para ele.
Recostei-me na cadeira distraída, deixando o celular sobre a mesa, pensando em ligar novamente para Jhonny mais tarde. Naquele momento um grupo de homens entrava no restaurante e lancei um olhar a eles, reparando em alguns japoneses. Já ia desviar o olhar quando algo me chamou a atenção.
Um homem ereto e de andar impositivo. Senti uma pontada de lembrança e fixei meus olhos nele. Só para perder o ar e ser nocauteada em minha cadeira. Christopher.
Fiquei imóvel, paralisada. Meu coração falhou, então disparou como um louco no peito. Dor, amor, saudade, desespero, tudo veio como um rojão e explodiu dentro de mim, deixando-me tonta e fraca, atingida, perplexa. Apenas meus olhos se moveram, acompanhando-o sem poder perdê-lo nem por um segundo, se embebedando de sua presença marcante, única, que nunca saiu de dentro de mim e que agora pulsava e latejava.
Meu peito doeu. Fui tão tocada pela saudade que por um momento pensei que fosse desfalecer, meu corpo todo ficando mole, minha cabeça girando. Christopher, Christopher, Christopher... Eu o chamava dentro de mim, como chamei silenciosamente muitas vezes em meus sonhos, em minha intimidade, em pensamentos que eram só meus.
Estava maravilhoso, ainda mais do que antes. A idade o deixara mais másculo e forte, o cabelo mais curto, a expressão mais dura. Usava um terno preto que caía nele perfeitamente e não havia em sua postura ou em seu andar nada que lembrasse suavidade. Era severo até no sorriso meio de lado que dava ao falar com um dos japoneses enquanto se dirigia a uma das mesas. Um homem completo em sua essência.
Tive vontade de chorar. Eu nunca o tinha esquecido, mas aprendi a viver longe dele. Refiz minha vida e não aceitei vivê-la pela metade. Sorri, amei, fiz tudo com dedicação e entrega, mas sempre soube que nunca mais teria o que tive com ele. Era uma daquelas coisas que só vivemos uma vez na vida e às vezes nem isso. Mesmo longe e conformada, eu era de Christopher. Eu sempre seria dele em meus sentimentos mais profundos, em um canto guardado dentro de mim. Mas assim que ficaria, em um canto. Não me impediria de usufruir de meus outros sentimentos nem de viver.
Amei Christopher com o que me restou e não era pouco. Eu poderia passar o resto da vida com ele e ser feliz, se não houvesse tantas diferenças entre nós. Lembro que ouvi uma vez uma amiga falar isso de um namorado e cabia para mim com Jhonny: não foi amor à primeira vista, foi admiração à primeira vista. E o amor tinha muitas formas, algumas mescladas de amizade e carinho.
Mas nunca senti o que Christopher despertava em mim. Aquela entrega total, aquela loucura, aquela fome que nunca era saciada. Era a bendita conexão, que havia só com ele. Que nunca me abandonou, mesmo quando soube que ele seria impossível para mim e deveria ficar só como lembrança e saudade. Eu tinha consciência disso tudo e aceitava.
Agora, olhando-o se sentar elegantemente, passando doloridamente meu olhar por seu corpo e rosto, por seus cabelos negros e traços angulosos, pelo contorno duro das sobrancelhas até aquele azul aceso dos seus olhos, eu me perdi toda. Eu senti tudo voltar, a paixão ensandecida, a saudade latejante, a conexão primordial entre nós. Respirei fundo, pois era mais do que eu podia suportar, mais do que meu corpo e minha alma aguentavam, pegos tão de surpresa.
Havia acompanhado sua vida pelas notícias, quando saíam. Não conseguia evitar. Era uma maneira de saber dele, o que fazia, como estava. Depois de sair da letargia pós-casamento dele, quando sofri a ponto de achar que ia morrer, eu comecei a me preparar. Sim, me preparar para reviver e seguir em frente. Fui desvendar minhas perguntas e, quando achei algumas respostas, reorganizei minha vida. Era algo que eu devia a mim mesma. Mas, não foi fácil.
Era difícil demais não ter Christopher dentro do meu futuro. Ele vivia ali no meu passado e no meu presente, ainda real e vivo demais, mas não havia mais sonhos de tê-lo comigo, de estar ao seu lado. Era como a música do Legião Urbana: “...Dos nossos planos é que tenho mais saudade. Quando olhávamos juntos, na mesma direção. Aonde está você agora além de aqui, dentro de mim?”. Eu sabia onde ele estava, longe e casado, em outra vida. Mas, continuava comigo. E não havia como lutar contra aquilo. Só aceitar, arrumar um lugar para ele e separar espaço para uma nova vida.
Foi difícil no início. Todo dia, mas todo dia mesmo, meu corpo e minha mente lembravam que Christopher estava ali. Tentei muito diminuir sua influência, mas eu sonhava, imaginava, lia jornais, buscava uma explicação ou outra. Tinha medo de saber da sua vida de forma direta. E assim aprendi a pegar de pouquinho em pouquinho o que saía sobre ele, só para alimentar aquela presença que nunca me deixava sozinha, que no fundo só exigia o mínimo: saber que estava vivo e bem.
Ouvi muito aquela música do Legião, pois na época parecia falar comigo, como se me aconselhasse, me mostrasse a realidade do que eu vivia: “...Vai ser difícil sem você. Por que você está comigo o tempo todo e quando vejo o mar, existe algo que diz, que a vida continua e se entregar é uma bobagem. Já que você não está aqui, o que posso fazer é cuidar de mim. Quero ser feliz ao menos.” E assim eu não me abandonei, me recusei a isso. E vivi.
Quando a dor vem assim tão grande, tão permeada de desespero, vinha a revolta. Passei um período com muita raiva, tão logo ele se casou. Apesar de ter até entendido a situação, eu me sentia abandonada e usada. No final, Christopher ficou com a noiva e a família e eu fiquei sozinha. Tive um período em que não quis ver ninguém, em que quis sumir. Entendi por que muitas pessoas piravam e saíam fazendo loucuras pela vida, para tentar tapar um buraco sem fundo que ficava por dentro.
Mas, essa condição não durou muito. Talvez pelo fato de ter uma família bem estruturada e poder contar com eles, foi ali que recebi abrigo e acalanto. Minha mãe cuidou de mim, meu pai esteve presente com carinho, meu irmão me distraiu com sua alegria. Quando voltei para casa, Jhonny continuou a me levar em jantares, teatros, festas. Mesmo com seu jeito meio fechado, até polido demais, foi uma companhia perfeita para equilibrar tudo o que eu sentia e me ajudar a encontrar o caminho certo. Acho que por isso se tornou tão importante para mim.
Fiquei um ano com ele. Um ano em que aprendi a viver sem Jhonny e finalmente me conformei. No fundo, sabia que ainda era muito jovem e não devia me precipitar. Como minha mãe dizia, tinha tempo pela frente. Mas, quando Jhonny me pediu de novo em casamento, pensei que poderia ser o início de uma nova vida. Podia não ter aquela paixão e loucura que tive com Christopher, mas nos dávamos bem, ele era mais velho e cuidava de mim. Analisei bem. Mas, o fator preponderante foi a notícia que vi no jornal, de Christopher em um grande evento junto com a esposa grávida. GRÁVIDA. Isso foi o fim para mim.
Nunca imaginei que sofreria tanto de novo, mas foi o que aconteceu. E não sabia mais lidar com aquilo. Era como se toda luta fosse em vão. E soube que precisava de ajuda. Sozinha estava difícil demais. Assim, me casei com Jhonny.
Agora, quando começávamos a falar em divórcio, eu pelo menos, chegava a conclusão que tanto eu quanto Jhonny casamos por motivos errados. Queríamos companhia. Acreditei que era possível criar a própria felicidade e parei de buscar notícias de Christopher no jornal. Dediquei a minha vida e formei uma família. Na verdade, eu não me arrependia de nada. Pois vivi e fui feliz. Principalmente depois que Maju nasceu.
Autor(a): Ally✿
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Ela era tudo pra mim. Ocupou um lugar que ninguém conseguiu desde Christopher. Só quem tinha filho podia entender o que era aquilo, aquele amor incondicional e maior que tudo, aquela alegria permanente só por ver um sorriso do filho ou ouvir uma palavrinha dele. Maju foi meu bálsamo e meu alívio, minha companheira e amiga. Minha felicidade ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 442
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taina_vondy Postado em 08/06/2016 - 09:59:11
ei cade vc vem finalizar a web..
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gaelli Postado em 30/04/2016 - 23:38:32
Finaliza a web!! GoxxxTo tanto
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taina_vondy Postado em 24/04/2016 - 14:24:53
ei cade vc vem aqui finalizar a web.... .
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anni.vondys Postado em 15/04/2016 - 15:18:57
ally cade vocee
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cmsvondy Postado em 22/03/2016 - 23:31:32
Leitora nova! Por favor continua
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vondyvida Postado em 10/03/2016 - 11:32:34
AH COMO EU AMO ESSA FIIIIIC! QUE LINDEZA *-* finalmente a Amelia teve o que merecia HSUAUSHAUSHUS
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millamorais_ Postado em 29/02/2016 - 23:33:10
Por dells muie aparece aquiiiiii já são mais de duas semanas sem capítulos novos :'(
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isauckermann Postado em 28/02/2016 - 22:30:39
continua
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julliana.drew Postado em 21/02/2016 - 04:42:29
Continua
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millamorais_ Postado em 14/02/2016 - 11:17:44
Céus Ally, tanta emoção. Eu tou lendo no trabalho e já chorando rsrsrs, tão lindos, tão quentes contínua gatinha, nem acredito que já estamos já reta final