Fanfic: The Last Hope [FINALIZADA] (MINI WEB) | Tema: Vondy

- Dulce. - Minha mãe puxou a cadeira atrás de mim e então todos se ligaram no que estava acontecendo. Christopher ainda parado feito uma estátua olhando pro líquido que agora estava também no chão.

- Está tudo bem gente, está tudo bem. - Falei. Eu nem estava sentindo dor alguma ainda.

- Tudo bem. É melhor você se sentar. - Minha mãe indicou a cadeira.

- Eu estou bem gente. Não quero estragar o jantar.

- Estragar? - O senhor Lewis veio até mim. - Será uma honra a Bia nascer bem no dia do meu aniversário.

- Seu aniversário é só amanhã senhor Lewis. Segunda feira, lembra?

- Eu sei, por isso mesmo. Antes da meia noite ela não nasce, mas mesmo assim acho melhor levarmos você para o hospital.

- Tudo bem. - Suspirei frutrada. - E Christopher, dá pra se mexer ou pelo menos falar alguma coisa?

- Minha princesinha vai nascer. - Sua voz falhou. - Minha filha vai nascer. É isso mesmo?

- Se quiser posso mantê-la aqui dentro o resto da minha vida. - Olhei Enzo que agora estava todo lambuzado de doces. - O que vamos fazer com o Enzo.

- Deixa que eu cuido dele. - A senhora Ana se prontificou. - E amanhã levo ele pra conhecer a irmã, não se preocupe.


Despedi-me de Enzo e lá fomos nós para o hospital. Blanca passou no nosso apartamento com meus pais para pegar as coisas da Bia. O senhor Lewis foi no carro dele, e no nosso carro fomos Alexandra, Christopher e eu.

Comecei a sentir dores durante o trajeto. Dores bem fortes até.

No meio do trajeto liguei para Scarlete e depois para Brian. Ele fazia questão de estar na sala de parto como esteve quando o Enzo nasceu.

Chegamos no hospital, demos entrada e depois de fazerem ultrassom em mim, me levaram para um quarto.

Apertei a mão de Christopher sentindo mais uma contração.

- Eu juro que não vou mais ter filhos. - Falei fechando os olhos.

- Ainda teremos um clube de futebol meu amor, relaxa. - Christopher beijou minha mão.

- Harram, vai sonhando Christopher. Não é você que vai parir.

- Toma filha, vai te fazer bem. - Minha mãe me entregou um copo enorme com água e eu tomei tudo de uma vez.

- Oi mamãe. - Brian entrou no quarto. - Como está?

- Eu não vou nem responder essa pergunta a você Brian, me recuso. - Fechei meus olhos sentindo outra contração.

- Vim medir sua dilatação. - Ele riu. Olhei Christopher que não gostou nem um pouco da ideia.

- Precisa mesmo ser você?

- O médico pediu. - Ele deu de ombros abrindo minhas pernas. - Eu sou enfermeiro Christopher, isso aqui é estritamente profissional, não seja tão ciumento. - Christopher bufou e eu revirei meus olhos. Era desnecessário o ciúme dele. Brian mediu minha dilatação.

- Está com seis. Vai sofrer mais um pouquinho querida.

- Será que não dá pra induzir isto? Quero acabar logo. - Perguntei impaciente.

- Não é aconselhável Dulce. Vocês duas estão saudáveis, o parto natural é a melhor escolha.

- Não é você que está sentindo a dor. - Grunhi sentindo uma dor horrível. - Ai, ai ai. - Comecei a chorar. Minha coluna doía tanto, como se estivessem enfiando várias facas nela.

- Respira filha, já vai passar. - Minha mãe pediu.

- Eu estou respirando. - Apertei tão forte a mão de Christopher que ele reclamou. - Está aumentando a dor.

- É normal querida. - Alexandra tirou meu cabelo suado do rosto.

- Acho melhor vocês saírem e deixar apenas o Christopher e a mãe dela aqui. Vou colocar vocês em uma sala de espera reservada.

- Ok. - Eles se despediram de mim e ficamos no quarto apenas Christopher, minha mãe e eu.

- Se eu massagear aqui, ajuda? - Christopher perguntou masssageando abaixo da minha barriga. - Dá pra sentir o bebê. - Ele arregalou os olhos.

- Não ajuda muito. Minha coluna está doendo muito. - Enxuguei o rosto. Minha mãe veio com uma toalha e secou minha testa.

- que horas são? - Christopher perguntou já tirando o celular do bolso e olhando ele mesmo. - Nossa, já passou da meia noite, nem percebi isso.

- Eu percebi. - Falei entredentes. A dor era constante, não parava mais nenhum minuto. - Droga, eu não estou aguentando, com o Enzo não foi assim. - Me sentei apertando a barriga. - Tem alguma coisa errada.

- Calma meu amor, não tem nada errado ok. - Minha mãe começou a me abanar.

- Só... me ajuda a descer daqui. - Puxei o lençol colocando minhas pernas pra fora.

- Dulce, você precisa ficar deitada.

- Não preciso não. Ouvi dizer que caminhar ajuda com a dor. - Apoiei-me no ombro d eChristopher e desci. Fiquei andando no quarto de um lado para o outro e Christopher atras de mim segurando o soro. - Estou enjoada. - Escorei-me na parede, colocando minha cabeça sobre meu braço.

- Volta pra cama vai. - Christopher massageou meu ombro.
- Eu acho que vou vomitar. - Fechei meus olhos tentando me concentrar em alguma outra coisa.

- Talvêz um banho acelere o processo. - Minha mãe veio até mim. - Eu vou chamar uma enfermeira pra poder ajudar ok?

- Faça isso Blanca. - Ainda de olhos fechados ouvi a porta se abrir e depois se fechar.

- Eu quero falar com meu obstetra Christopher.

- Ele deve estar preparando a equipe Dulce.

- Não interessa. - Gritei irritada. Senti ainda mais dores e me curvei pra frente. Acabei me ajoelhando no chão.

- Dulce, não faz isso.

- Está doendo muito Christopher. Ninguém está dando a mínima pra isso, eu não me senti assim quando o Enzo nasceu, estou falando sério.

- Vem. - Christopher me ajudou a levantar e me levou de volta pra maca. - Assim que sua mãe voltar eu vou procurar por ele. Tenta relaxar um pouco. - Ele se sentou na ponta da maca e começou a massagear meus pés.

Assim que minha mãe chegou Christopher foi procurar o obstetra. Minha mãe e duas enfermeiras me ajudaram no banho e depois voltei a me deitar. A dor parecia ter se intensificado ainda mais e eu apenas gritava e chorava com minha mãe me impedindo de apertar a barriga.

Brian voltou com Christopher e o obstetra e mais uma vez ele mediu a dilatação.

- Continua com seis. - Brian falou. Notei um semblante preocupado no rosto dele e do médico.

- O que você está sentindo realmente Dulce? - Ele mediu minha pressão.

- Muita dor nas pernas e na coluna. Minha cabeça dói um pouco também e estou enjoada.

- Sua pressão está um pouco alta. Talvêz precisaremos induzir seu parto ou apelar para uma cesárea.

- Cesárea? - Engoli seco. Eu tinha pavor de cesárea. Ele tirou um termômetro do bolso do jaleco e colocou em baixo do meu braço.

- Se for para sua segurança e a do bebê, sim. Você já deveria estar com dez de dilatação querida.

- Eu disse que tinha algo errado, eu disse. - Me sentei sentindo uma do muito mais forte como se navalhas estivessem passando por todo meu corpo. Soltei um grito tão alto que até o médico se assustou. Comecei a ficar sem ar, e sem ar e tudo começou a ficar turvo à minha volta. Senti minha cabeça se chocar contra algo macio e apaguei.










Ouvi um chorinho fino e abri meus olhos. A claridade fez minha cabeça doer. Vi uma enfermeira passar algo par Christopher. Algo rosa. Só então me dei conta do que estava acontecendo. Era minha Beatriz nos braços dele.

- Chris. - Esfreguei meus olhos e consegui focalizá-los bem.

- Oi mamãe. - Ele se aproximou. Minha filha chorava muito. - Até que em fim acordou, tem alguém aqui com muita fome.

- O que houve? Como eu... - Passei a mão pela barriga e senti uma dor leve.

- Tiveram que fazer uma cesárea em você de última hora. Você desmaiou e não acordava por nada. - Ele apertou um botão e senti meu corpo se erguer. Só então vi o rostinho dela. Ela era tão linda.

- Oi meu amor. - Christopher me entregou Bia com cuidado. - Oh mamãe, eu estou com tanta fome.

- Você precisa agir com cautela querida. - A enfermeira explicou. - E tomar cuidado para os pontos não se romperem.

- Eu sei, eu sei. - Christopher me ajudou com a roupa e então eu comecei a amamentá-la. Sentir isso de novo dava uma sensação tão boa. - Cadê minha mãe?

- Foi tomar um café pra ver se se mantinha acordada. Passou toda a noite ao seu lado preocupada com você.

- E os outros? Já foram embora?

- Eu disse que era melhor eles irem. Ficou apenas sua irmã, sua mãe e a minha. Estão juntas.

- Entendi. - Foquei meu olhar em Bia. Ela era bem menor que Enzo quando ele nasceu. - Está tudo bem com ela?

- Está sim. Fizeram uma série de exames nela mas ela não tinha nada. - Sorri aliviada e depositei um beijo na testa dela. - Fiquei preocupado com você sabia? Me pregou um susto daqueles.

- Eu não queria, desculpa.

- Não tem que se desculpar. - Christopher beijou minha cabeça e se sentou desajeitadamente ao meu lado enquanto olhava Bia amamentar. - Ela se parece com você. - Christopher segurou a mãozinha dela. - Sua mãe disse que é igualzinha a você quando era bebê. Então você era a bebê mais linda do mundo.

- Você é suspeito pra dizer isso.

- Olha quem veio ver a mais nova irmãzinha. - A porta acabara de se abrir e por ela entrou Brian e Enzo.

- Oi meu amor. - Brian o trouxe até nós.

- Mamae. - Ele fez um biquinho de mimo mas logo parou quando viu Bia em meus braços. Brian o entregou para Christopher.

- A dona Ana veio trazê-lo. Está lá na lanchonete com sua mãe.

- Obrigada.

- De nada. Como está se sentindo? Deixou todo mundo preocupado.

- Melhor. Um pouco de dor mas bem.

- Nenem. - Enzo apontou Bia.

- É meu amor. É sua irmã. - Christopher o sentou ao meu lado e ele ficou olhando curioso.

- Eu vou deixar vocês quatro sozinhos. Qualquer coisa é só chamar.

- Obrigada mais uma vez Brian.

- Não há de quê. - Ele depositou um beijo na cabeça de Enzo e depois saiu.

- Estamos completos agora. - Christopher comentou segurando a mão de Enzo que queria cutucar Bia.

- Sim, estamos. Eu, você e nossas duas vidas. - Enzo ficou de pé tentando enxergar melhor. Ele estava bem curioso.

Assim que terminei de amamentar e Bia dormiu, Christopher colocou Bia no colo dele. Ele ficou rindo feito bobo e falando “nenem”. E Christopher todo bobo ajudando a segurar Bia no colo dele, embora ele quisesse segurá-la sozinho como se tivesse tamanho pra isso.

Fiquei feliz dele não ter sentido ciúmes assim de primeira. Terei que arrumar um jeito de não deixá-lo se sentir abandonado. Ainda bem que tenho uma família que sempre está disposta a ajudar. Tenho o senhor Lewis e a dona Ana também. Sei que quando precisar eles estarão lá.

Vendo essa cena consigo imaginar todos os meus sonhos se realizarem no futuro. Meus dois filhos correndo dentro do meu apartamento dos sonhos. Christopher e eu brincando com os dois. Era exatamente assim que eu queria desde o início.

Aprendi que existe um preço alto que devemos pagar mas que no final, a vida colabora bastante pra nos dar o que merecemos. Eu derramei tantas lágrimas, sofri tanto, senti como se o mundo fosse acabar. Mas ver o sorriso de Enzo, escutar o chorinho de Bia me fez esquecer tudo isso.




--------------------------------FIM?--------------------------------





Seis anos depois.



Acordei no meio da noite sentindo mais uma onda de enjoo.
Christopher veio atrás de mim, preocupado. Já tinha alguns dias que isso vinha acontecendo.

- Dulce. - Christopher me olhou da porta. Levantei-me do chão e fui enxaguar a boca.

- Não me olha assim. - Fechei meus olhos. Meu estômago ainda estava embrulhando.

- Será? - Ele me abraçou por trás.

- Eu acho que sim. - Respondi quase convicta de minha resposta. Christopher sorriu e eu coloquei a mão sobre meu ventre e Christopher colocou sua mão sobre a minha.


Fim.