Fanfic: ♥ A Magia do Amor ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Estendi as mãos e me afastei de Ucker e da sua poção.

- Não obrigado, por mim você pode jogar essa porcaria no lixo.

- No lixo? - ele me encarou como se eu estivesse louco. - Da trabalho fazer essa poção sabia? Fiquei a semana toda preparando ela, sem contar alguns ingredientes que eu tive que “roubar” da dispensa da escola.

- Então vende pra algum aluno, na certa alguém vai querer pra fazer alguma pegadinha com alguém.

- Não eu fiz pra você! - declarou irredutível e colocou o frasco em cima da mesa de centro.

- Você é maluco guarda isso! - apontei o frasco.

- Huhum! - negou com a cabeça e sentou no sofá.

A postura relaxada dele, com os braços abertos só serviu pra me irritar.

- Por que você ta me olhando como se fosse me lançar uma azaração? A coisa que você mais quer na vida é uma chance com a Any, esse frasco pode te oferecer isso e você ta recusando. - Ucker me olhou ofendido.

- Não quero uma chance com ela desse jeito, não se passando por outra pessoa, menos ainda o Kuno.

- Pois você vai ter que ficar, esqueci de te contar, mas já acrescentei ai algumas gotas do sangue dele, qualquer um que tomar essa poção vai se parecer com ele, então esquece sua ideia de vender. - deu de ombros.

- Como conseguiu o sangue dele?

- Na enfermaria, esqueceu que tem amostra de sangue de todos os alunos lá? Além disso a validade da poção e o efeito dela vão durar mais tempo do que seria se eu tivesse acrescentado um fio de cabelo.

Revirei os olhos e não acreditei que pudesse ser amigo de um cara tão sem noção como ele. Christopher era capaz de fazer as coisas mais erradas e bizarras sem nem sequer ficar com remorso.

As vozes dos outros se aproximando me assustaram e a passagem pro chegar a nós foi aberta.

- Espero que tenha uma boa desculpa pra explicar o que uma poção dos gêmeos faz aqui. - Ucker apontou.

- Poncho você perdeu o primeiro voo da Edwiges, ela é linda! - a voz animada de Maite invadiu a sala.

Peguei o frasco da mesa e escondi dentro do casaco.

- Depois eu vou jogar fora essa porcaria! - avisei e ele deu de ombros.

Edwiges entrou voando e pousou com elegância no meu braço. Sorri acariciando sua cabeça.

- Se alguém quiser me dar uma coruja de aniversário também, acabei de descobrir que não vou me importar. - Dulce sorriu.

- Vamos anotar isso! - Any sorriu e piscou pra mim antes de voltar seus olhos pra Edwiges.

Na hora do almoço estranhei quando Anahí surgiu de mãos dadas com Kuno e os dois se sentaram à mesa de frente pra mim. Normalmente ela almoçava sozinha com a gente ou na mesa onde Kuno ficava com seu grupo.

Nossos amigos o encararam, mas ficariam na sua com seu almoço.

- E ai ner... Alfonso! - Kuno me cumprimentou com um sorriso malicioso. - Soube que hoje é seu aniversário! - arqueou as sobrancelhas e envolveu o braço em torno do pescoço de Any.

- Pois é! - forcei um sorriso e abaixei a cabeça quando os dois se beijaram.

Ajeitei a haste doa meus óculos e fiquei mexendo na comida. Voltei os olhos para Edwiges que estava no meu ombro procurando coisas pra me distrair.Só voltei a encará-los quando os dois se afastaram.

- E então o que quer de aniversário?

“Que você e seu grupinho me deixem em paz e que fique longe da Any!” pensei em responder, mas fiquei calado.

- Já ganhei tudo o que eu queria. - sorri e encarei minha coruja.

Any sorriu me olhando.

- Muito obrigada por ter aceitado almoçar comigo e meus amigos. - a ouvi sussurrar para Kuno.

- Fiz isso por você gatinha! - ele acariciou o queixo dela.

Estreitei os olhos e abaixei a cabeça fitando minha comida e espiando os dois. Fiquei imaginando como seria para Kuno poder tocar em Any tão intimamente, ser livre para poder beijá-la, olhá-la e tocá-la quantas vezes quisesse. Muitas vezes eu fiquei me imaginando exatamente assim com ela. Mas se eu a tocasse assim ou se a olhasse como realmente queria todos, inclusive ela, descobririam que eu estava apaixonado e eu a perderia. Perderia a única coisa que tinha dela: sua amizade.

Os lábios dos dois se aproximaram e senti meu estômago embrulhar. Edwiges vôo do meu ombro e aterrissou em cima da mesa pegando todos de surpresa. Suas asas bateram no suco derrubando o copo em cima de Kuno.

- Hei controla a sua coruja! - ele reclamou agitando os braços.

Edwiges agitou as asas e se meteu entre Kuno e Any. Quando ele tentou afastá-la ela bicou suas mãos. Acabamos rindo da figura de Kuno todo sujo e desesperado pra se livrar dela.

- Ai, sai fora! Ela só podia ser sua mesmo. - levantou da mesa furioso. - Nunca mais me peça pra vir aqui Anahí.

- Kuno espera! - ela saiu atrás dele tentando conter o riso.

- Acho que ela precisa de treinamento. - Ucker respondeu rindo.

Edwiges vôo de novo e graciosamente sem fazer nada de sujeira pousou de frente pro meu prato. Seus olhos negros me encararam e ela piscou como se quisesse me dizer alguma coisa. Sorri conseguindo entendê-la.

- Obrigado Edwiges! - sussurrei piscando pra ela.

Ela piscou de volta e bateu suas asas voltando para o meu ombro. Peguei um pedacinho da carne e dei para ela em mais uma forma de agradecimento.

Kuno ficou chateado com o ataque de Edwiges, mas nada que com o correr dos dias não se resolveria. Alfonso não ganhou presentes apenas da gente, mas dos pais, do diretor e da maioria dos professores. Fiquei feliz por ele e com um pouquinho de inveja, Alfonso era querido por muitas pessoas.

O dia vôo e quando dei por mim já era hora de dormir, mas eu estava sem sono. Fiquei no salão da torre encarando a fogueira e rodando a caneta que o professor me dera nas mãos. Edwiges pousou na mesa me assustando, mas logo sorri e com ternura acariciei a cabeça dela.

- Não consegui dormir? - Poncho surgiu no meu campo de visão e sentou ao meu lado.

- To com medo do que vou encontrar amanhã. - forcei um sorriso e apertei a mão dele.

- Sua família será muito tola se não ficar feliz em te ver. Mas seja o que for que acontecer você sempre pode contar comigo e nossos amigos. - ele sorriu acariciando minha mão.

Edwiges piou se manifestando.

- Viu até ela concorda. - Poncho sorriu a apontando.

- Eu quero te mostrar uma coisa, espera um minuto. - sorri ficando de pé.

Me afastei, subi as escadas e voltei. Alfonso me viu e seu queixo literalmente caiu. Eu sabia por que. Eu estava usando calça jeans, sapatilha, uma blusinha preta e uma jaqueta rosa por cima. Bem diferente do uniforme do colégio que sempre usávamos: meias até o joelho, saia de moletom azul marinho com sandália de salto baixo para as meninas. Calça de moletom azul marinho para os meninos e sapato social. Blusa branca, moletom marrom por cima, gravata e o casaco que servia como um sobretudo fechava o nosso visual.

- Nossa... Você ta diferente!

- Diferente estranho ou... Diferente normal pra um humano? - o encarei na dúvida.

- Vestiu essas roupas pra se parecer com um humano? Por quê? - Poncho questionou se aproximando.

- Não quero que meus pais me achem diferente... Quero parecer o mais normal possível pra eles. Não quero que se assustem como da última vez. - respondi e abaixei a cabeça.

- Bom se eu fosse um humano e você passasse na minha frente eu tentaria ficar com você.

- De verdade? - sorri erguendo as sobrancelhas.

Poncho abaixou a cabeça e ajeitou a haste dos óculos, ele sempre fazia isso quando ficava nervoso ou envergonhado. Comecei a rir do jeito fofo que ele sempre era comigo.

- Obrigada por conseguir me animar. - sorri.

- De nada! - ele sorriu relaxando.