Fanfic: ♥ A Magia do Amor ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Infelizmente precisávamos dormir e foi por isso que subimos cada um pro seu quarto. Fechei a porta e tirei o casaco, o barulho de algo caindo no chão chamou minha atenção. Peguei o frasco com a poção dos gêmeos só agora me lembrando dela. Fui pro banheiro e abri o vidro em frente a pia.

Me lembrei da cena entre Kuno e Any e das palavras do Ucker: “A coisa que você mais quer na vida é uma chance com a Any, esse frasco pode te oferecer isso e você ta recusando!”. Fechei os olhos com força e mesmo sabendo que era errado, fechei o frasco e desistir de jogá-lo fora. Não que eu fosse usar a poção, de jeito nenhum, mas achei melhor esperar pra jogá-la fora. Tentando me convencer que estava fazendo a coisa certa me deitei. As imagens de Any vestida como uma “humana normal” povoaram minha cabeça a noite toda.

Ainda não havia amanhecido totalmente quando aterrissei em frente à rua de casinhas discretas, o dedo ainda fincado no botão da caneta. Aos poucos a guardei dentro do bolso da minha mochila olhando em volta. Era sábado de manhã e as ruas estavam quase desertas, mas eu estava no lugar certo.

Mesmo fazendo anos que eu não voltava ali eu reconhecia a rua, as casas e até algumas pessoas. Com o coração aos pulos eu virei à esquina que daria na rua da minha casa e respirei fundo.

Meu coração acelerou quando avistei a casa. Mesmo que agora as paredes fossem azuis claras e houvesse uma moto e dois carros diferentes na garagem eu nunca deixaria de reconhecê-la. Eu estava em casa.

Com as mãos geladas eu toquei a campainha. Meus olhos marejaram quando minha mãe abriu a porta.

- Pois não? - ela sorria do jeito que eu nunca me esquecera.

- É... - respirei fundo sem saber o que dizer, ela não estava me reconhecendo? - Eu sou uma amiga distante dos seus filhos, será que poderia entrar?

Minha mãe me encarou com desconfiança, mas por fim assentiu e se aproximou. Quando ela abriu o portão senti o perfume dela, o que me lembrava dela usar desde quando era menina. Tive que me segurar pra não falar nada e a segui pra dentro da casa.

Não agüentei quando vi a sala, a escada que dava pros quartos, o corredor pra cozinha, tudo exatamente igual. Exceto alguns móveis que haviam sido substituídos por outros novos. Comecei a chorar.

- O que você tem? - minha mãe se aproximou preocupada.

- Mãe sou eu a Any, não ta me reconhecendo?

- Você me chamou de mãe? Acho que esta me confundindo, eu não tenho uma filha. - ela sorriu.

- O que? Mãe...

- Quem to ai?

A voz de Thiago meu irmão mais velho sôo no alto da escada. Sorri quando o vi descer os degraus.

- Sou eu meu irmão a Any, ta me reconhecendo? - sorri.

Thiago parou no meio da escada e encarou nossa mãe.

- A dona Dorotéia quer falar com a senhora, acho melhor ir lá vê-la. Eu recebo a visita, ela é minha amiga.

- Tudo bem então, com licença. - minha mãe sorriu e saiu.

- Amiga? Por que não disse pra ela que sou eu? - ataquei meu irmão assim que ficamos sozinhos.

- Porque ela não saberia quem você é, pra isso eu teria que lhe explicar toda a história.O que ta fazendo aqui? - ele segurou meu braço com força.

- Vim só visitar vocês e do que ta falando? - o encarei magoada por ele não demonstrar nenhuma alegria ou saudades em me ver.

- Nossa ou melhor minha mãe não sabe que teve uma filha. Nem ela nem nosso pai sabe que você existe.

- O que? Do que ta falando?

- O pai e a mãe ficaram com bastante raiva depois que você apareceu aqui com aquelas roupas e com aquele moleque, mamãe vivia repetindo que preferia não ter uma filha a ter uma como você. - respondeu com desprezo. - Papai sempre concordou com ela, diziam que preferiam esquecer de você, esquecer que tinham uma filha de sangue impuro, uma aberração, descendente de uma raça que era adoradora do demônio. Você acha que essas roupas escondem o sangue ruim que você tem? - me olhou com desprezo.

- Chega! - pedi tapando os ouvidos.

- Fomos atrás e descobrimos de uma tal poção do esquecimento, conseguimos comprá-la com uma senhora que vende artigos da sua gente e demos ao pai e a mãe. Foi uma decisão minha, do Miguel e deles.

- Deles? Eles sabiam o que estavam tomando? O que aconteceria? - perguntei desesperada com esperanças de que eles tivessem sido enganados pelos meus irmãos.

- Sabiam e ficaram muito felizes em saber que nunca mais se aborreceriam por pensar em você. - ele respondeu aquilo com prazer e foi uma das coisas que mais me machucou. - Olhe em volta Anahí.

Fiz o que ele falou e vi os porta-retratos, fotos antigas dos meus irmãos quando crianças. Fotos onde em outra época eu aparecia, mas em havia sido apagada de todas elas, esquecida.

- Por que vocês fizeram isso, eu ainda sou a irmã de vocês.

- Deixou de ser quando foi embora com aquele senhor, você nos traiu primeiro Anahí. - esbravejou.

Passos na escada chamaram a atenção e me impediram de responder.

- Papai quem é ela?

Me virei para a garotinha ruiva parada no meio da escada, a mesma garotinha que eu vi na minha visão. Antes que eu tivesse tempo de chegar perto dela, Thiago passou por mim e a pegou no colo.

- Vai embora Anahí, não chega perto da minha filha.

- Filha?! - o encarei espantada e sorri para a menina.

- Sim me casei há 03 anos. - ele me encarou irredutível.

 - Thiago, ela é minha sobrinha, deixa eu dar um beijo nela pelo menos? - me aproximei da escada.

- Fica ai, você não percebeu que não é bem-vinda aqui? Vai embora, se Miguel a vir fará pior que eu, anda Anahí suma daqui e de preferência tome essa poção do esquecimento para nunca mais lembrar-se de nós e de como chegar a nossa casa. Não nos faz falta, você não é bem vinda aqui.

- Thiago, por favor! - supliquei. - Vocês são minha família, só tenho vocês.

- Não, você não faz mais parte da nossa família, para mim e Miguel você ta morta e pros nossos pais nunca existiu, agora vai embora. Não quero que meu pai e Miguel cheguem e te vejam aqui. - ele me olhou com desprezo e subiu com a filha no colo.

Sai da casa correndo e sentei na calçada sentindo meu peito doer. Como meus irmãos puderam fazer isso? E como meus pais concordaram e tomar a poção do esquecimento? Escondi o rosto entre os joelhos e chorei tentando colocar pra fora tudo que eu estava sentindo. A caneta caiu do bolso do meu jeans e a peguei.

- Me leva pro colégio, por favor. - supliquei e apertei o botão com força.

Encarei as peças do tabuleirome sentindo entediado e pensando em como Any estaria. No fundo do coração eu desejava que ela estivesse bem, que seus pais finalmente a aceitassem.

- Poncho é sua vez. - Ucker me encarou.

- Torre três casas a direita. - suspirei.

A peça se moveu como ordenado e quando parou foi à vez de Ucker.

- Cavalo à direita.

A peça se mexeu e destruiu a minha torre. Não me importei, normalmente eu me importaria, mas não hoje.

- Desse jeito você vai perder Poncho, se concentra, não tem graça jogar assim. - protestou.

- O que deu na Maggie? - a voz de Chris chamou minha atenção.

Maggie andava apressada pelo corredor e quando nos viu apertou o passo. Tive certeza de que a coisa era com a gente quando ela parou na nossa mesa.

- Venham comigo até a diretoria, por favor!

- O que aconteceu? - Maite perguntou tão preocupada quanto eu.

- A senhorita Anahí precisa de vocês. - Maggie respondeu.

Assim que ouvi aquelas palavras sai correndo com a certeza de que algo tinha dado muito errado.

Cheguei em frente a gárgula e antes que dissesse a senha, a mesma girou liberando a escada. Subi os degraus correndo e só parei quando entrei na sala do diretor.

- Any?! - chamei.

Ela levantou da cadeira e veio até mim e me abraçou. Meu coração se quebrou em mil pedaços quando ela começou a chorar de soluçar.