Fanfic: ♥ A Magia do Amor ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

- Desculpa não quis te assustar. - ele me olhou sem jeito.

- Tudo bem! - assenti quase sem fôlego.

Nos abaixamos ao mesmo tempo e nossas mãos se tocaram quando fomos pegar o livro. Me levantei sem jeito, de cabeça baixa e Poncho fez o mesmo segurando o diário nas mãos.

- Posso falar com você? - ele me olhou nos olhos por trás daqueles óculos e algo dentro de mim se agitou.

- To ocupada agora, não pode ser outra hora? - respondi mordendo o lábio o que denunciou que eu mentia.

- Não você não ta ocupada, ta fugindo de mim como fez a semana toda. Será que você pode me ouvir por cinco minutos apenas?! - ele arqueou as sobrancelhas.

Me senti uma criança idiota e me obriguei a parar com aquilo de uma vez por todas. Levaria mais um ano e meio até Poncho e eu nos formarmos e sairmos da escola, eu não podia continuar fugindo dele até lá.

- Tudo bem! - assenti com medo de que ele pudesse ouvir meu coração acelerado.

Só por Any ter aceitado me ouvir eu já considerei um grande avanço.

- Eu fui conversar com as meninas e elas me disseram que você vai ficar na escola.

- É eu vou! - ela assentiu abaixando a cabeça.

- Por quê? Você não quer ir pra minha casa como sempre fazemos? - a encarei.

Senti um aperto no peito, achei que aquele beijo pudesse significar algo que pudesse nos juntar, mas pelo jeito só tinha nos afastado de um jeito irreversível.

- Não é isso. Eu só não quero que você me leve por educação.

- E quando foi que eu te convidei por educação? - perguntei confuso.

- É que... Achei que você não ia me querer por perto depois do que eu fiz. - ela mordeu o lábio nervosa.

- É claro que não Any, como você pode pensar um absurdo desses. - sorri. - Foi por isso que ficou fugindo de mim? Não seja boba, eu quero que você vá fazer suas malas ok?

- Ta! - ela assentiu e vi quando suas bochechas coraram, adorei aquilo.

- Espera. - segurei sua mão e tive que controlar uma vontade dolorosa de beijá-la.

- O que?! - ela olhou minha mão cobrindo a dela e depois me olhou.

- Seu livro. - estendi pra ela.

- Ah, obrigada! - ela sorriu pegando o livro da minha mão e saiu.

Encostei na estante com um sorriso idiota no rosto. Any estava diferente. Diferente de um jeito bom. E nós dois sozinhos em casa era a oportunidade perfeita pra entender o que estava havendo.

Levei o restante do dia para fazer minhas malas. Eu não costumava demorar pra separar as roupas, mas dessa vez, por um motivo que não entendi eu não queria levar qualquer coisa. Então separei as melhores roupas e meus perfumes preferidos. Parei na metade do quarto quando me dei do porque estava fazendo aquilo. Eu queria impressionar o Poncho. Queria ficar bonita pra ele? Mas por que isso se a gente sempre foi amigo e ele já me viu das melhores e piores formas?

Uma batida na porta me assustou e me fez dar pular. Dulce entrou em seguida.

- Ah resolveu viajar com o Poncho. - Dulce sorriu.

- Sim, eu estava literalmente viajando quando achei que ele não queria que eu fosse. Pra ele não mudou nada ainda somos os velhos amigos de sempre. - sorri dando de ombros.

- E pra você mudou alguma coisa? - ela estreitou os olhos me olhando.

- Não. - menti. - Mas não vamos falar de mim, quero saber se você está curiosa pra conhecer os pais do Ucker.

- Ah um pouco, eu to achando meio rápido sabe? Mas ele faz questão de que eu conheça sua família e depois ele vai conhecer a minha. Vamos ficar uma semana na casa de cada um. - sorriu animada.

- E depois a gente vai se encontrar no Triângulo de Lyly né? Vai todo mundo certo?

- Uhum! - assentiu sorrindo. - Duas semanas passeando pelo Triângulo, mal posso acreditar. - sorriu empolgada.

- Eu também, to juntando o dinheiro desde já. - sorri.

- Oh já vou te avisando que você pode espernear, virar a cara pra todo mundo, mas a gente vai fazer sua festa de aniversário entendeu?

- Dulce não quero comemorar. - suspirou.

- Você escapou todos esses anos por seu aniversário ser nas férias e a gente não se ver, mas vamos estar no Triângulo de Lyly dessa vez, você merece comemorar.

Abaixei a cabeça sabendo que não ia convencê-la. Não era a primeira vez que Dulce me dizia aquilo e eu sabia que os outros concordavam com ela. Mas que mal tem você não querer comemorar seu aniversário?

E eu tinha um motivo forte pra não querer festa. Quando eu acreditava que era uma humana, meus pais me levavam todos os anos no dia do meu aniversário pra um parque de diversões e passávamos o dia em família. Não importava se era dia da semana ou não. Pros meus pais, os aniversários dos filhos eram datas únicas e especiais que deveria ser comemorada no dia com muita festa. Mas agora eles pensavam diferente, porque seria o oitavo ano que eles esqueciam meu aniversário. Ainda mais agora que eu sabia que meus pais haviam tomado o Desmemorium. Resumindo eu não encontrava muitas razões pra comemorar. E também não queria fazer meus amigos gastarem dinheiro comprando presentes para mim.

Na manhã seguinte nos despedimos do pessoal e cada casal, podemos chamar assim, embarcou em um trem. O combinado era nos reencontrarmos em duas semanas no Triângulo de Lyly.

Anahí e eu entramos e nos sentamos na nossa poltrona, um do lado do outro, encarei a janela e depois a olhei.

- Com sono? - sorri.

Ela assentiu e escorou a cabeça no encosto do banco fechando os olhos. Sorri olhando-a, Any sempre pegava no sono fácil quando viajávamos. Era como se o balanço do trem fosse uma música de ninar pra ela.

Encarei a janela e me surpreendi quando a cabeça dela pendeu no meu ombro, ao mesmo tempo uma de suas mãos descansou sobre a minha. Olhei as sardas dela bem de perto e entrelacei meus dedos nos dela. Com a outra mão acariciei seu rosto e depositei um beijo em sua testa.

- Bons sonhos meu amor! - sussurrei apoiando minha cabeça na dela.

Fiquei boa parte da viagem acariciando sua mão até que fui vencido pelo sono e adormeci.

Acordei com o apito de trem e me assustei ao ver que estava com a cabeça escorada no ombro de Poncho. Senti um calafrio quando vi nossas mãos entrelaçadas. Engoli seco e soltei a mão dele com cuidado.

- Poncho! - chamei ajeitando os cabelos. - Poncho acorda. - o chacoalhei de leve.

Poncho acordou passando a mão pelo rosto e sorriu ao me ver. Aquele sorriso me tirou o fôlego.

- Chegamos?!

- Aham! - assenti e abaixei a cabeça sentindo meu rosto esquentar.

O trem deu o segundo apito e descemos levando nossas malas e a gaiola de Edwiges. Os pais de Poncho nos esperavam.

- Olá queridos! - Alicia sorriu abraçando o filho e me abraçou em seguida. - Oh que linda! - encarou a coruja.

- Presente de aniversário da Any e meus amigos. - Poncho sorriu e me olhou, senti minhas pernas fraquejarem.

- Oi! - sorri indo cumprimentar Alicia e depois Estevan.

- Como foi de viagem? - Estevan me abraçou e encarou o filho.

- Tudo bem, foi perfeita. - sorriu e seu olhar caiu sobre mim.

Abaixei a cabeça sem jeito sentindo meu rosto pegar fogo.

- Vamos? - Alicia sorriu animada.

Os pais de Poncho nos ajudaram com as malas e fomos pra casa deles. Alicia e Estevan tinham uma casa de campo afastada da cidade e direto íamos nas férias para lá, era uma forma de ficarmos mais à vontade.

Alicia havia preparado o mesmo quarto pra mim, o que ficava ao lado do quarto do Poncho. Larguei minhas malas no chão e tirei de dentro da mala o diário que havia trazido comigo. Em seguida desci e fui até a cozinha.

Alicia cozinhava alguma coisa pra gente. Acostumada a ser cercada de vizinhos humanos, até se mudar, ela se acostumara e gostara de cozinha sem usar qualquer tipo de magia.Era a única bruxa que eu conhecia que fazia isso. Ela me fazia lembrar minha mãe nesses momentos, esse era um dos motivos por adorá-la tanto.