Fanfic: ♥ A Magia do Amor ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

- Você quer ajuda? - perguntei fazendo um rabo de cavalo.

- Se quiser ir me ajudando a cortar a salada pra rechear os tacos. - ela sorriu.

- Claro! - assenti e peguei uma das facas em cima da pia.

- Meninas?!

Deixei a faca cair quando Poncho entrou na cozinha, um sorriso deslumbrante no rosto. Droga isso não devia estar acontecendo, eu sempre cozinhava com a mãe dele, então por que estava tão nervosa agora?

Abaixei pra pegar a faca preocupando-me se Poncho ia me achar bonita com o cabelo preso.

- O que foi filho?

- Vou na cidade com o pai, a gente volta pro almoço.

- Ok! - Alicia sorriu.

Poncho me encarou antes de se retirar da cozinha. Deixei a faca sobre a pia e me apoiei na bancada, sentia meu rosto queimar e meu coração bater acelerado.

- Any tudo bem?

- Uhum! - assenti sem olhar pra ela.

- Você ficou assim por causa do Poncho? - ela me olhou desconfiada.

- Ahn?! Por causa do... Poncho?! Não de maneira nenhuma. - forcei minha voz a sair e sorri.

Alicia me olhou e parecia desconfiada. Eu queria que um chão se abrisse e me engolisse, quem eu queria enganar? Alicia sempre me viu com o Poncho e na certa percebeu que tinha algo diferente. De repente, pela primeira vez, desejei que aquelas duas semanas passassem voando.

Minha mãe pode não usar a magia para cozinhar, mas o mesmo não acontece com a louça suja. Então assim que acabamos de comer, ela fez toda a louça literalmente voar de volta pro armário completamente limpa.

Fui pra sala e encontrei Any lendo, cruzei os braços e escorei no batente da porta. Fiquei namorando-a de longe, estava acostumado a aproveitar momentos assim pra admirá-la.

- Filho?!

- Oi mãe. - disfarcei encarando-a.

- Tudo bem entre você e a Any? - ela me olhou e olhou pra Any em seguida.

- Sim por quê?

- Vocês estão diferentes. - estranhei e ao encarar minha mãe vi que ela sorria.

- Diferentes como?

- Não sei explicar, mas tem algo diferente entre vocês. Vocês estão mais atentos um ao outro. Você a encara com mais intensidade, ela parece sem jeito, olha pra você como se estivesse envergonhada... Não parecem mais os dois amigos cheio de cumplicidade que vieram aqui da última vez.

- É impressão sua mãe. - respondi ajeitando a haste dos óculos.

- Se é impressão minha porque você está ficando vermelho? - ela sorriu.

- Não to ficando vermelho, a senhora ta vendo coisa. - cobri as bochechas com as mãos e às pressas me afastei dela. Como eu queria que um buraco se abrisse e me engolisse. Se um dia eu tivesse filhos eu teria essa perspicácia também?

Bati a porta do quarto e me joguei na cama. Em sempre consegui disfarçar meus sentimentos pela Any, mas a cada dia essa tarefa se tornava mais difícil. E depois da noite que passamos juntos e do beijo que ela me dera, havia se tornado impossível. Eu não entendia como Any ainda não havia se dado conta.

Fiquei encarando o teto não sei por quanto tempo até que resolvi descer.

Any já não estava mais na sala, apenas meu pai que assistia a um programa de t.v.

- Any e minha mãe saíram?

- Sua mãe ta no jardim e a Any foi até a cachoeira.

- Até a cachoeira? Sozinha?

- Sim!

- Mas... - me calei e sai correndo. - Vou lá encontrá-la.

Eu não completei a frase pra não preocupar meu pai, mas Any não sabia chegar a cachoeira sozinha, ela sempre se confundia com as trilhas. E se ela se confundisse de novo e se perdesse? Rezei pra que ela estivesse com a varinha dela.

Cheguei à cachoeira tropeçando nas pedras, quase caindo de bunda no chão. Meu coração quase parou de alivio quando a vi sentada em uma das pedras. Seu olhar estava perdido no rio e ela usava a varinha para fazer desenhos abstratos na água.

- Oi! - me aproximei sem fôlego.

- O que ta fazendo aqui? - ela me olhou surpresa.

- Fiquei com medo de você se perder. - dei de ombros e sentei ao lado dela.

- Consegui seguir o mapa que você me fez. - ela me mostrou o pergaminho.

- Que bom que meus rabiscos ajudaram. - sorri aliviado e a encarei. - Por que não me chamou pra vir com você? A lenda das Bestas Ferozes que habitam o interior da cachoeira ainda existe sabia? - brinquei.

Aquilo arrancou um sorriso do seu rosto e ela me encarou.

- A sua mãe percebeu sabia? - ela respondeu abaixando a cabeça.

- Percebeu o que?

- Que a gente ta diferente. - ela respondeu e rodou a varinha fazendo um redemoinho surgir na água.

Não soube o que responder e achei melhor esconder a parte em que minha mãe tinha me dito a mesma coisa.

- Você concorda com ela? - arrisquei.

- Concordo, mas acho que quem ta diferente sou eu. - suspirou e parou de mexer a varinha.

Fiquei olhando o redemoinho se desfazer até desaparecer completamente.

- Diferente como?

- Eu... - ela começou, mas mordeu o lábio e então me encarou. - Talvez o que eu te diga vai acabar com a nossa amizade e eu to disposta a comprar uma passagem e voltar pra escola hoje mesmo, se você quiser.

- Por que eu iria querer isso?

- Porque eu não sei mais o que ta acontecendo comigo. - ela voltou os olhos pra água e o redemoinho voltou a tomar forma. - É como se a minha cabeça estivesse assim, dando voltas. - apontou o redemoinho que ficou maior e subiu numa vórtice. - Até poucos dias atrás você era meu melhor amigo, alguém que eu sabia que podia contar e confiar completamente, mas não é mais assim.

- É como é agora? - perguntei com medo da resposta dela.

- Não quero mais ser sua melhor amiga. - senti como se uma faca tivesse sido cravada no meu coração. - Quero ser outra coisa Poncho.

- O que?! - senti meus olhos arderem atrás da armação dos óculos.

- Quero ser pra você o tipo de garota com quem você faz planos, planeja o futuro, apresenta pra família... Quero ser sua melhor amiga, mas não só isso.

A vórtice se fundiu na água com o baque.Seus olhos azuis e marejados me encararam.

- Quero ser a garota dos seus sonhos, como você virou o garoto dos meus.

Encarei Any paralisado tentando absorver as palavras dela, custando a acreditar que a coisa que eu mais queria no mundo havia acabado de se tornar realidade.

Segurei o rosto de Any e o puxei pra perto de mim. A beijei como a muito tempo queria fazer, como havia sonhado a minha vida inteira. A beijei tentando mostrar em um milhão de formas que ela era e sempre foi a garota dos meus sonhos, a única com quem eu desejava ficar. Queria que visse que eu estava completamente apaixonado por ela. Que estive prestes a enlouquecer achando que a perderia. Queria provar pra ela que meu coração sempre foi dela e sempre seria assim. Não tinha espaço pra mais ninguém.

Suas mãos envolveram meus braços e suspirei aliviado por ela não ter me empurrado. Any queria aquele beijo também, ela queria me beijar outra vez. Meu coração parecia que ia sair pela boca, Any sempre me roubava o ar e agora não seria diferente. Aquilo sim era a felicidade. Pura, simples e verdadeira.