Fanfic: ♥ A Magia do Amor ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Eu tinha certeza absoluta que me daria mal quando contasse o que estava acontecendo comigo. Mas eu não podia ficar calada, eu sempre contava tudo pra ele, não podia guardar isso só pra mim, esse segredo só ia servir pra nos afastar. Então contar a verdade não apresentava um risco tão grande assim.

De todas as hipóteses eu nunca poderia imaginar que Poncho teria aquela reação. Quando ele puxou meu rosto pra si e me beijou senti que o mundo parou de girar por um minuto. E ele me beijou de verdade, não foi como o selinho que dei nele. Ele deixou mais do que claro que ele queria aquele beijo também e aquilo me surpreendeu. Quando foi que paramos de nos ver como amigos?

Apoiei as mãos nos braços dele e parei de raciocinar me deixando levar. Foi ai que comecei a perceber a sensação de frio no estômago enquanto meu coração martelava no peito. Eu queria ficar ali beijando-o pra sempre. Não me assustava mais a ideia de pensar que eu estava me apaixonando pelo meu melhor amigo porque Poncho estava sentindo o mesmo por mim.

Foi difícil criar coragem pra romper o contato com ela. Tinha medo de como Any ia ficar quando me afastasse dela. Mesmo eu tendo entendido tudo como uma declaração e ela ter correspondido ao beijo era impossível não ter certos receios. Me afastei e a primeira coisa que fiz foi encarar os olhos dela. Seus olhos azuis me encaravam de volta e ela abaixou a cabeça sem jeito.

- É... - tentei começar dizendo alguma coisa, mas tudo o que consegui fazer foi abaixar a cabeça e ajeitar a hasta dos meus óculos. - Me desculpa se assustei você é que. Eu não pude me controlar.

- Quando... As coisas mudaram pra você? - ela suspirou e me olhou.

- Não sei, mas acho que sempre gostei de você. Como me disse aquele dia na escada, eu sempre fui diferente com você. Acho que a minha ficha caiu quando vi o que o Kuno estava tentando fazer com você e quando você me beijou. - respondi tentando ser o mais honesto possível com ela.

- Acho que comigo foi igual. - ela sorriu e aquilo me tranquilizou.

Segurei a mão dela sabendo que tinha que dizer aquilo. Era minha única chance.

- Any... Não dá pra gente continuar fingindo que não ta acontecendo nada, eu não vou conseguir ser o mesmo com você depois do que aconteceu aqui. As pessoas estão começando a notar e vão ter certeza se me virem perto de você a partir de agora. E eu não quero mais esconder o que eu sinto.

- Nem eu! - ela negou com a cabeça sem tirar os olhos de mim.

- Você aceita tentar? Arriscar pra ver o que vira entre a gente?

Eu já havia escolhido Anahí a muito tempo, na minha cabeça eu me casaria com ela e teria filhos com ela, mas eu não podia revelar tudo isso sem pressioná-la indiretamente. Eu tinha que fingir que assim como ela tinha acabado de descobrir meus sentimentos. Eu teria que me controlar e ir com calma.

- Aceito. - ela sorriu assentindo.

Quase gritei de puro alivio e alegria quando ela aceitou ficar comigo. Puxei seu rosto pra perto e a beijei de novo, eu tinha que fazer isso pra ter certeza de que aquilo não era um sonho. Anahí envolveu os braços em torno do meu pescoço e aos poucos pedi passagem entre os lábios dela. Ela permitiu que nossas línguas se encontrassem e se buscassem num encaixe perfeito.

Lembrei da nossa primeira vez e todas aquelas sensações me assolaram de novo. Precisei me controlar pra não deitá-la naquelas pedras e fazermos tudo de novo. Eu sabia que quando rolasse nossa segunda vez, seria como se fosse a primeira. E ela seria mais perfeita do que a outra por que dessa vez Any saberia quem realmente estava ali com ela.

Com um suspiro me afastei e apoiei minha testa na dela, precisando de ar para me acalmar e afastar meus pensamentos maliciosos. Durou dois segundos, pois, a necessidade de beijá-la outra vez falou mais alto.

O segundo beijo foi mais intenso que o primeiro e o terceiro mais intenso que o segundo. Quando nos afastamos de novo mordisquei o lábio dela. Foi um alívio ver que eu não era a único que estava a ponto de perder a cabeça. Any estava com o rosto corado e os lábios vermelhos, tive vontade de beijá-la de novo.

- Acho... Acho melhor voltarmos antes que eu faça uma besteira. - ofeguei.

Ela abaixou a cabeça envergonhada e concordou enquanto ficava de pé. Segurei sua mão e nos levantamos. Quando fui me virar, meu pé escorreu na pedra e me desequilibrei. Com um grito Any caiu junto comigo.

- Aaaahhh ta gelada! - ela subiu a superfície os dentes batendo de frio.

- Merda! - xinguei ajeitando o óculos. - Me desculpa me desequilibrei e fiz nós dois cair.

Anahí me encarou tremendo e do nada começou a rir. Comecei a rir junto com ela eAny começou a bater e jogar água em mim.Fiz o mesmo com ela me aproximando até agarrá-la pela cintura e beijá-la.

Any envolveu os braços em torno do meu pescoço e busquei a língua dela acariciando toda sua boca com a minha. O beijo nos aqueceu espantando o frio pra longe. Eu ficaria o dia todo naquela água gelada usando o corpo dela e o meu pra nos esquentar. Mais uma vez foi difícil conseguir me separar dela.

- Conhece algum feitiço que deixa as roupas secas? - perguntei.

- Não! - ela respondeu e voltamos a rir de novo.

- Bom então é melhor a gente voltar pra casa. Vem. - a puxei pela mão.

Com as roupas molhadas foi difícil subir nas pedras sem cair de novo. Quando consegui puxei Any pelas duas mãos, ela também derrapou, mas conseguiu subir. Os cabelos pingavam e ela tremia.

- Se eu tivesse uma blusa seca eu te emprestava. - acariciei os braços dela tentando aquecê-la.

- Tu-tudo b-bem! - ela forçou um sorriso.

- Vem, vamos de uma vez pra casa. - segurei sua mão.

- Mas por todos os serem mágicos, o que deu em vocês pra entrarem na cachoeira de roupa e tudo? - meu pai criticou ao nos ver.

- Pai foi sem querer já disse que a gente caiu. - argumentei.

- Atchim! - Any espirrou do meu lado.

- Pai não tem nenhum feitiço pra secar a roupa?

- O que aconteceu com vocês? - minha mãe entrou na sala.

- A gente caiu na cachoeira, foi um acidente. - dei de ombros, senti os ossos gelados.

- Pelos seres mágicos. - minha mãe reclamou indo pra cozinha.

Vi ela mexer nos armários e em seguida trouxe um frasco verde.

- Estendam as mãos.

Fizemos o que ela mandou e minha depositou algumas ervas na minha mão e da Any.

- Esfreguem nas mãos e depois inalem a fumaça.

Fizemos o que ela pediu, com o atrito de nossas mãos as ervas viraram fumaça e quando a inalamos senti meu corpo aquecer e mesmo a roupa estando molhada não senti mais frio. Sorri ao ver que Any estava igual.

- Agora subam, tomem um banho e façam o favor de trocarem de roupa.

- Ok, obrigado mãe. - sorri e subimos.

Depois do banho sentei na cama de bruços e peguei o diário que havia encontrado na biblioteca. Abri a página e comecei a ler.

Diário.

Era verão de 1927 e apesar de só ter 06 anos na época eu nunca iria me esquecer daquele dia. O dia em que Thony se mudou para a casa branca que ficava de frente para a mim.

Fiquei encarando aquele menino humano descer do carro com seu cachorro no colo. Eu tinha uma coruja de estimação e estranhei ele ter um cachorro. Devia ser coisa de humanos, como dizia mamãe.

Eu subi pro meu quarto e da minha janela fiquei observando Thony. O quarto dele era de frente pro meu, que sorte a minha.