Fanfic: ♥ Irresistível - O Caso Portillo ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

- Ele... Ouvi Poncho falar com a perita... - solucei. - Ele foi esfaqueado, uma delas pegou o coração. Ele já tava morto quando deram as outras. Quatorze ao todo. - abaixei a cabeça e abracei Angelique.

- Sinto muito! - as mãos dela acariciaram meu cabelo.

- Ta doendo. Muito. Primeiro meu pai... Agora. Lionel! - meu coração apertou e me senti sufocar.

- Você vai superar isso, a gente ta aqui com você. Poncho ta aqui com você! Você vai superar.

Deitei no colo de Angelique e agarrei o lençol com força. Eu queria que a raiva fosse maior que a dor que eu estava sentindo. Pelo menos a raiva me faria querer brigar, me daria forças para levantar e ir procurar o desgraçado que havia feito aquilo. Mas eu só conseguia sentir dor. Uma dor tão forte e profunda que me tirava as forças e me paralisava, a mesma coisa que acontecera quando meu pai faleceu.

Alfonso

Os dias seguintes foram os piores, dar a noticia a todos e conseguir uma dispensa da editora pra Any fez a minha ficha e a dela cair. E para ela, saber que Lionel tinha ido para sempre e de uma forma tão cruel era a pior parte da história.

Eu acordava várias vezes à noite com Any tendo pesadelos, chorando ou simplesmente desaparecendo. Então eu descia atrás dela e a encontrava sentada na cozinha, sempre no mesmo lugar, com o mesmo olhar perdido e parado. Aquilo estava literalmente me matando pouco a pouco.

Em mais uma dessas noites acordei com a cama vazia e quando desci encontrei Any sentada no sofá da sala. Como sempre ela estava chorando de cabeça baixa e eu sem saber o que fazer me sentei ao seu lado.

- Poncho! - ela me chamou do nada me surpreendendo.

- Oi! - respondi acariciando seu rosto e afastando seus cabelos.

- Sei que pode parecer bobagem eu ficar mal assim, afinal, Lionel já tinha 13 anos, mas... A forma como ele... Foi tirado de mim, igual ao meu pai. É isso que dói. - suspirou.

- Eu entendo meu amor, mas não quero que fique assim, eu queria poder fazer algo pra te ver melhor. Por que você não vem pro quarto comigo? Você precisa descansar e eu não gosto de te ver desse jeito, o que eu posso fazer pra você voltar a ser a de antes? - sussurrei puxando-a pra mim e a abraçando. - Me mata te ver assim!

Any não respondeu, apenas ficou com a cabeça deitada no meu ombro enquanto acariciava seus cabelos.

- Vamos subir? Desde que te conheci não gosto de dormir longe de você. - beijei seus cabelos.

Any assentiu com a cabeça e a peguei no colo levando-a comigo. Quando entrei no quarto a deitei na cama e a abracei por trás entrelaçando seus dedos nos meus. Eu sentia falta do corpo dela, de fazer amor com ela, dos nossos beijos, mas infelizmente não havia clima para ficarmos juntos. Any precisava de mim de outra forma e eu faria o impossível pra suprir as necessidades dela.

- Eu te amo! - sussurrei apertando-a com força.

- Eu também. - ela sussurrou e senti quando as lágrimas dela pingaram no meu braço.

- Eu to aqui com você e vou pegar aquele desgraçado, eu prometo.

Encarei na cozinha na manhã seguinte e suspirei voltando meus olhos pra Christian e Angelique.

- Aqui vivi um dos momentos mais felizes da minha vida, quando a Any aceitou se casar comigo e agora eu piso aqui e parece que to vivendo um pesadelo. - me joguei em uma das cadeiras.

- Poncho você e a Any precisam sair um pouco desse apartamento. - Angelique se aproximou.

- Ela ta certa, não faz bem a vocês dois ficarem aqui. - Christian concordou.

- Você faz seus horários e ela ta dispensada do trabalho, porque não viajam os dois, se afastem de tudo aqui.

- Não posso, só vou descansar quando pegar aquele filho da puta.

- Poncho você já interrogou dez vezes toda a equipe e umas quinze o Noah e o Miguel, não vamos achar mais nada. Alguém ajudou o Felipe a invadir seu sistema de segurança e acabar com ele. Mas não sabemos onde o Felipe pode estar. - Christian argumentou.

- Então eu vou procurá-lo no inferno.

- Poncho pensa um pouco na Any, ela não vai se recuperar ficando presa aqui dentro, se não quer se afastar por você, faça por ela, tira ela um pouco desse apartamento. - Angelique tentou me convencer.

- Tudo bem, ela vai e eu fico. - respondi me levantando.

Anahí

Ouvi quando a porta do quarto se abriu e Alfonso entrou. A cama afundou quando ele deitou de frente pra mim. Sua mão cobriu a minha entrelaçando nossos dedos e levando aos lábios.

- Você vai pra casa da sua mãe.

Pisquei surpresa com a decisão repentina dele.

- Por quê?

- Estava falando com Chris e Angell a pouco e eles acham melhor nós dois, mas principalmente você sair um pouco desse apartamento e dessa cidade. E como eu não posso me ausentar, decidi te levar pra casa da sua mãe. Acabei de falar com ela e ela mais do que concordou comigo.

- Não quero ir. - respondi encarando nossas mãos.

- Any não posso continuar te vendo desse jeito e não fazer nada. Se não consigo pegar aquele desgraçado, devo pelo menos te tirar daqui. Quem sabe longe desse apartamento por uns dias, com sua mãe e seus irmãos você melhore. Sua mãe está preocupada com você, ela me disse que você ficou assim quando perdeu seu pai.

Mordi meu lábio com força e abaixei a cabeça não querendo chorar. Quando encarei Alfonso ele me olhava preocupado e angustiado. Eu queria rir, ou pelo menos esboçar um sorriso que o tranquilizasse, que tirasse aquela aflição e aquela dor dos olhos dele, mas eu não me lembro mais de como fazer isso. Eu só me lembro de como chorar e sentir dor. Eu fecho meus olhos e vejo Lionel morto. Eu vejo meu pai morto e a dor volta como uma onda gigantesca me tirando o fôlego. Então me entrego e deixo que a dor me engula e me consuma.

Alfonso era meu único pontinho de luz naquela escuridão, mas eu ainda não tinha forças para ir até ele.

- Tudo bem eu vou! - respondi o abraçando.

- Vai ser por pouco tempo, eu prometo. - ele sussurrou beijando minha testa.

Cheguei em Juarez ao anoitecer. Eu não estava feliz quando desembarquei do avião e segui Javier até o carro. Ele viera comigo no avião e ficaria comigo pelos próximos dias.

Minha mãe me abraçou com força quando cheguei em sua casa, era estranho saber que a última vez que a vi eu estava radiante de felicidade. Ela me puxou pra dentro e Javier veio atrás trazendo as malas.

- Você vai ficar no mesmo quarto de sempre ok?

Assenti deixando que ela me conduzisse pro andar de cima. Javier deixou as malas no chão e me encarou.

- Vou ficar lá embaixo.