Fanfic: ♥ Irresistível - O Caso Portillo ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

- Acho melhor você se entender com a Anahí antes que comece a demitir os funcionários. - Christian entrou na minha sala sexta-feira ao fim do expediente. Me irritou ver o sorrisinho de deboche estampado em seu rosto.

- Vou começar por você se não parar de me encher. - devolvi.

- Meu, até quando você e a Any vão insistir nessa queda de braço?

- Até ela mudar de ideia e se desculpar. - resmunguei.

- Olha eu entendo seus motivos pra não querer que ela treine, eu fiz a mesma coisa quando Angelique quis entrar pra equipe, mas... Vale a pena isso?Tanta briga, tanto sofrimento e mau humor só pra defender um ponto de vista? É só olhar pra vocês pra ver que nenhum dos dois está bem.

- Ela falou algo pra você ou pra Angelique? - o encarei.

- Não falou, mas nem precisa. Tudo isso começou porque ela quis fazer uma surpresa pra você, isso não te diz nada? - ele arqueou a sobrancelha.

Fiquei quieto e voltei os olhos pro computador esperando pela hora que Christian sumiria da minha frente.

- Sei que você quer protege-la, mas se fizer isso em excesso vai sufoca-la, é isso que ela ta tentando te dizer. Ela não vai te amar menos se tiver um pouco de independência e souber se virar sozinha. Lembre-se que ela veio atrás disso quando se mudou pra cá. - ele sorriu pra mim e deu as costas.

Anahí

Fiquei rodando o canudo dentro do copo e foquei no suco girando em movimentos circulares. O distanciamento entre eu e Poncho estava acabando comigo. Parecia que meus dias se arrastavam entediantes e sem graça. Eu não tinha vontade ou prazer de fazer nada. Nem quando fiquei uma semana em Juarez me senti daquele jeito e eu sabia por que. Não estávamos brigados quando viajei.

Às vezes eu ficava um tempo encarando o telefone, minhas mãos coçando de vontade de ligar pra ele, ouvir a voz dele. Um milhão de vezes nessa semana fui tentada a desistir de tudo só pra poder me entender com ele. Mas Alfonso estava acostumado a todos fazerem suas vontades e eu não podia agir assim também. Eu só queria que ele entendesse que estava fazendo isso por nós dois. Eu não queria mais ser a pobre garota traumatizada que vivia correndo perigo. Queria que Alfonso entendesse que ele ficaria mais tranquilo se soubesse que posso me defender sozinha se algo acontecer. Eu o havia deixado furioso ao me colocar em perigo deliberadamente, mesmo sem saber, mas queria que ele entendesse meu lado. Eu não aguentava mais continuar dando esse gelo nele, morar na mesma casa que ele e nunca nos vermos ou nos falarmos. Eu estava definhando longe dele.

Encarei a aliança na minha mão, a responsável por salvar minha vida. Me lembrei do momento perfeito em que Alfonso me dera ela e senti vontade de chorar.

O único momento em que a dor sumia um pouco, era quando ele deitava ao meu lado. Na terça à noite eu acordei quando ele deitou na nossa cama e me abraçou. Minha surpresa foi tanta que eu travei e Alfonso entendeu que eu ainda dormia. Eu fechei os olhos e fiquei ali sentindo ele me abraçar, querendo entrelaçar meus dedos nos dele até que o sono venceu e eu adormeci. Fiz isso nas noites seguintes, permanecendo acordada até ele chegar e só dormindo depois de estar nos braços dele.

Se Alfonso fazia questão de me abraçar todas as noites e dormir na nossa cama significava que ele também estava odiando aquela distância. Então porque ele não cedia uma vez na vida e entendia meu lado? Se eu fosse obrigada a ceder teria que abandonar as aulas que eu estava gostando e tudo o que estava aprendendo. Alfonso não tinha ideia de como eu era dependente dele. E não digo financeiramente, mas emocionalmente e isso nenhum treino ou técnicas de defesa iria mudar. Alfonso me tinha nas mãos dele e poderia me destruir quando quisesse.

- Anahí?! - a voz de Gael, meu professor me trouxe de volta. - Vamos?! - ele acenou no meio do tatame.

Assenti forçando um sorriso e tomei o resto do suco. Desci os degraus da arquibancada e fui até o tatame.

- Pronta?!

- Uhum! - sorri precisando colocar pra fora toda a frustração que eu estava sentindo.

- Vamos lá então. Quando der o sinal eu te ataco e você usa o golpe da última aula pra se defender.

- Ta! - respirei fundo me preparando.

Senti a presença de Alfonso naquele momento pela primeira vez. Eu tinha ficado surpresa por ele não ter vindo atrás de mim e me arrastado embora no primeiro dia de aula. Sabia que Angelique havia contado tudo pra ele e ela mesma havia dado um jeito de segurá-lo. Queria saber que jeito foi esse. E se isso era bom ou ruim.

Os braços de Gael me envolveram e quando vi eu estava no cão.

- Anahí, concentre-se. - ele pediu enquanto eu me colocava de pé.

- Desculpe. - olhei em volta procurando por Alfonso, mas não o vi. Constatei com tristeza que aquilo devia ser coisa da minha cabeça. - Vamos de novo. - ajeitei meu rabo de cavalo e me preparei.

Dessa vez consegui me defender girando e usando o corpo do meu professor pra me libertar.

- Muito bom é assim que eu gosto de ver meus alunos. - sorriu.

Sorri dando uma última olhada pelo lugar e me convencendo de que Alfonso não estava ali, que minha saudade por ele havia feito imaginá-lo lá. Respirei fundo tentando relaxar e manter a concentração.

O treino foi puxado, Gael pegou pesado comigo aquela tarde. Uma por ser sexta-feira e nosso próximo treino só ser na segunda-feira e outra porque ele viu que eu estava dispersa e me forçou a me concentrar.

Tomei um banho e quando deitei na cama troquei meu travesseiro pelo de Alfonso. Abracei o mesmo e respirei fundo. Não consegui ficar acordada esperando-o como nas outras noites. Quando Chris e Angelique me contaram que Alfonso ficava no centro de treinamento até tarde aquilo me reconfortou um pouco. Estávamos fazendo a mesma coisa: usando a luta pra não pensar no outro.

Fiquei me perguntando se Alfonso estava se sentindo no limite como eu me sentia e qual de nós dois ia dar o braço a torcer primeiro. Foram com essas dúvidas que eu peguei no sono exausta.

Não sei se foi sonho ou imaginação, mas senti quando Alfonso se juntou a mim na cama eme abraçou. No meu sonho ele falava comigo pela primeira vez em dias.

- Você fica linda treinando! – sussurrara.

Senti os lábios dele em meus cabelos e aquilo me fez esboçar um sorriso. Pela primeira vez em semanas eu estava sonhando com algo bom. Ah como eu queria que tudo se transformasse em realidade.