Fanfic: ♥ Irresistível - O Caso Portillo ♥ | Tema: Anahi e Alfonso

Anahí

Encarei Alfonso dormindo ao meu lado e sorri. Ele parecia um pouco tenso quando chegou, tanto que percebi que fez amor comigo na banheira lentamente. Era como se ele quisesse ter certeza de que eu realmente estava ali com ele. A última vez que Poncho agiu assim foi quando reatamos após ele tomar um tiro pra me salvar. Passei a ponta dos dedos pelo ombro dele, a cicatriz que ficara ali era quase invisível.

Sentindo o estômago roncar, levantei da cama e fui até a cozinha preparar um lanche. Abri a geladeira e quando fui pegar o suco dei de cara com Alfonso. Ele estava de braços cruzados me encarando, um sorriso zombeteiro no rosto me deixando com as pernas bambas. 

- Pelo jeito eu não posso cochilar que alguém usa isso pra fugir da cama. - sorriu com malícia.

- Eu estava com fome. - sorri dando de ombros tentando me fingir de inocente.

Alfonso estreitou os olhos e veio na minha direção, inconscientemente dei dois passos pra trás e minhas costas bateram na bancada da pia. Alfonso parou na minha frente e apoio as mãos na bancada me encurralando.

Eu já estava me sentindo sem fôlego e em brasas, será que sempre seria assim? Verdadeiramente eu esperava que sim.

Mordi o lábio inferior tentando conter a expectativa. Alfonso suspirou abaixando a cabeça, e ao invés de me puxar, me beijar e sussurrar coisas obscenas, ele me abraçou. Seus braços me apertaram com força e ele enterrou o rosto entre meus cabelos, a respiração pesada.

- O que ta acontecendo? - perguntei, agora tinha toda a certeza do mundo que algo estava errado. Muito errado.

- Problemas. - ele suspirou sem intenção de me soltar.

- É o Carlos não é? Ela não quer te dizer onde o Felipe está. - deduzi tentando manter a voz calma.

Alfonso me soltou e deu as costas indo pro outro lado da bancada, suas mãos apoiaram na pia quando ele abaixou a cabeça. Encarei as asas que ele tinha tatuado nas costas, uma homenagem a sua mãe e fiquei na expectativa de que ele fosse se abrir comigo. Me lembrei que estávamos prestes a nos casar e da promessa que ele me fez logo que reatamos.

- Você prometeu nunca mais me esconder às coisas, mas ta fazendo isso de novo. - respondi com calma. - A gente vai se casar em menos de dois meses Poncho. Esposas também servem para ajudar a dividir algumas cargas e responsabilidades e também pra conversar, não servem só pra carregar o nome do marido. - forcei um sorriso e dei de ombros, mesmo ele de costas pra mim e não podendo me ver.

- Eu te amo sabia?! - ele suspirou e senti o sorriso que ele estava dando em seu tom de voz.

Alfonso se virou e seus olhos me encararam com ternura. Sorri aliviada, meu discurso ajudara.

 - Eu te fiz uma promessa e por mais que eu queria não posso quebrar ela. Menos ainda perder você de novo.

- Não vai me perder. - neguei com a cabeça e me aproximei. Alfonso fez o mesmo deixando apenas a bancada de mármore entre a gente. - Eu sei que é alguma coisa com o Carlos.

Lembrar dele, de que eu confiara nele quando pensava que ele era um dos seguranças de Alfonso e que foi tudo uma estratégia pra ele se aproximar e me atingir ferindo Lionel trouxe toda a dor de volta a superfície. Cerrei o punho esquerdo, escondendo às minhas costas para que Alfonso não visse e decidi que só ia chorar quando ele não estivesse por perto. Algo que eu já tinha feito algumas vezes.

- Você acertou! - ele suspirou começando a falar. - Mas não é que ele se nega a dizer onde o Felipe está. Segundo, ele, o desgraçado do Carlos não sabe onde ele está.

- Como não sabe? Quando ele me seqüestrou ele ia me levar até ele.

- Sim, mas ele ia te deixar com o Felipe em um determinado lugar e de lá Felipe desapareceria com você.

Senti um calafrio me percorrer ao imaginar o que teria me acontecido, se Alfonso não tivesse me encontrado.

- Eu acho que ele está mentindo. - Alfonso continuou. - Mas hoje ele disse algo diferente. Me falou que você é a chave para eu chegar ao Felipe, que se eu quiser encontrá-lo deveria colocar você no caminho dele.

- Mas você não vai fazer isso! - respondi com total certeza. - Com certeza Felipe instruiu Carlos a te dizer isso, caso fosse apanhado. É tudo um jogo pra ele conseguir essa maldita vingança dele.

- É horrível te admitir isso, mas Carlos não está ajudando em nada e não sei como pegar o desgraçado do Najera. De qualquer forma você não tem que se preocupar, eu nunca vou te usar como isca. Vou continuar protegendo você e os dois lados ficarão frustrados. Felipe porque nunca vai conseguir te pegar e eu porque nunca vou conseguir pegá-lo. Como não consegui pegar o assassino da minha mãe. - suspirou.

Senti meus olhos marejarem ao ver o quanto Alfonso se sentia impotente. A verdade é que Felipe conseguia aparecer e desaparecer como fumaça e aparentemente, nem mesmo Carlos, cúmplice dele sabia onde ele estava. Eu entendia a sensação de impotência de Alfonso, mas ele não tinha culpa.

- Você vai prender o Felipe, meu amor. Eu sei que vai porque só assim a gente vai poder viver em paz. Confio em você. - respondi o olhando nos olhos, minha mão esquerda repousada no seu rosto.

- Obrigado meu amor. - ele pegou minha mão e beijou o anel de noivado.

Na manhã seguinte após uma noite de insônia cheguei à editora me sentindo quebrada, nem parecia que era terça-feira. Pra mim era como se eu estivesse trabalhando há dias sem descanso.

- Any!

Me virei e sorri ao ver Dulce vindo na minha direção.

- Tudo combinado pra hoje né?

- Que combinado? - estranhei.

- De irmos atrás do seu vestido de noiva, já ta na hora né? Faltam menos de dois meses pro seu casamento lembra?

Suspirei colocando as mãos no rosto. Aquele frio na barriga por causa do casamento voltou com tudo deixando minha visão turva.

- Any! Eu, Angelique e a Mai estamos adiantando o máximo possível, mas tem coisas que só a noiva pode decidir. Você já deixou parte da festa e a lista de convidados por conta do Alfonso. Eu entendo que as coisas andaram difíceis, mas tem coisas que a noiva precisa decidir, o vestido é uma delas.

- Tudo bem você tem razão, acha que em uma hora e meia de almoço conseguimos fazer isso?

- Quem disse que vamos fazer isso na hora do almoço? A gente vai fazer isso depois do expediente.

- Mas as lojas fecham as cinco, seis horas.