Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Dias depois... As coisas estavam começando a ficarem complicadas comigo. Eu estava pisando na bola com Audrey e Dulce. O motivo? Eu estava saindo tarde do trabalho. Não era porque eu queria, mas por fatores externos, por um momento, achei que Maite estava maquinando contra também. Ela sabia que eu estava me relacionando com a Dulce... Eu mesma tinha contado que tinha retomado a minha relação. Ela ficou surpresa e deu um sorrisinho bem estranho, mas nada demais... Ela não continuava sem dar em cima de mim e por isto, nossa parceria no trabalho estava dando certo, com exceção das minhas largadas tardes.

Mesmo sem a minha ajuda, Audrey continuava indo para o muay thai, apenas usava outra desculpa. Acho que estava na hora de ela contar aos seus pais. Claro que seria ruim para mim, já que não teríamos nenhuma obrigação uma para com outra. Ela não teria mais que lavar as minhas mãos. Mas cara, o corpo dela estava se transformando e ficando definido, estava na cara que ela estava fazendo alguma coisa pra ganhar aquela massa muscular. Ninguém ganha massa comendo bobagens.

Hoje era completava oito meses de relacionamento com a Dulce. E eu não tive tempo de comprar nada para ela! Eu tinha pegado no trabalho cedo hoje, a Angelita tinha tido um problema de pressão e não podia estar presente. Então a rendi. O que foi péssimo para mim!

Eu sabia que Dulce me esperava. E que ela preparava algo, então, quando o relógio atingiu oito horas da noite, comecei a ficar preocupada. Eu estava atrasada em duas horas! Mordi o meu lábio inferior e olhei para recepção, ainda faltavam quatro pacientes. Maite estava se superando na lentidão. Ela nunca demorava tanto como hoje.

O que me restava fazer? Esperar...

Nove e dez que finalmente fiquei livre. Parecia mais um foguete pelas ruas de Rosewood. O meu carro tinha recém saído da oficina e estava a todo vapor. Eu tinha que comprar uma droga de celular pré-pago, daqueles que só servia para ligações e mensagens. Estava foda esse pós-pago! O Enrique analisava número por número toda vez que a conta chegava e se tivesse um número desconhecido para ele, tinha a capacidade de ligar para o número para saber quem era. Patético!

Eu estava tão cansada, mas tentei melhorar a minha cara para minha namorada. Parei o carro na trilha do chalé e caminhei até o mesmo. Estranhei ao ver o caminho após o chalé iluminado. Dulce não estava no chalé. Chamei pelo seu nome e segui as luzes que eram de velas. Ela tinha organizado tudo! Os meus olhos pararam na mesa arrumada próximo ao lago... Estava linda, seria um jantar a luz de velas. Fiquei com remorso por chegar tão tarde.

Porém, Dulce não estava lá. Chamei novamente o seu nome e nada. Fiquei preocupada. Onde ela teria se metido? O seu carro estava estacionado, caminhei mais para dentro da floresta, com dificuldade por conta dos saltos e encontrei a Dulce sentada em um tronco com uma garrafa de bebida na mão. Ela olhava para o horizonte, mas ao escutar os meus passos olhou para mim.

Ela não estava feliz! Era nítida em seus olhos, em seu rosto e em seu movimento selvagem. Ela se levantou em pulo e cambaleou para trás. Estava bêbada. Eu tentei ajuda-la, porém, ela não permitiu. Bateu em minhas mãos e gritou. “Saia da perto de mim, sua traidora!”.

Foi uma curta frase, mas como efeito devastador em mim. Olhei para ela surpresa, os meus olhos marejaram. “Traidora? Do que você está falando, Dulce?”. Perguntei com voz baixa.

“Estou falando de você sua traidora! Que prefere ficar se esfregando com aquela morena aguada do que estar comigo!”. Ela gritou novamente, cambaleando para frente e gesticulando como uma louca. “Por que você não é sincera comigo uma vez na vida? Você está apaixonada por ela!”. Jogou ela na minha cara, me olhando furiosa.

Respirei fundo. Eu tinha que me manter no controle, aliás, ela estava bêbada, incoerente e ciumenta.

“Dulce... Eu não estou apaixonada pela Maite e não prefiro ficar com ela. O meu único compromisso com ela é literalmente trabalho. Ela é minha patroa. Você sabe disso. Cansei de falar”. Expliquei mais uma vez com voz cansada. Eu estava cansada, não precisava de um DR. Eu só queria estar com a minha namorada, de bem.

“Simples: Peça demissão. Eu posso lhe bancar de tudo. Eu não me importo em fazer isso. Você é minha mulher e eu não quero você perto de Maite!”. Ela disse, com os olhos irritados.

“Dulce. Já tivemos essa conversa antes e eu deixei bem claro que não queria que você me sustentasse e que não iria pedi demissão”. Falei calmamente, embora que ela estivesse o contrário de mim.

Ela deu mais um passo para frente. “Você não quer se demitir, por quê? Desenvolveu paixão pela patroazinha? Quer que ela leve você pra cama? Eu não estou sendo o suficiente para você?”. Senti o cheiro forte de álcool saindo dela.

Fechei os meus olhos com o peso das palavras. Abrir os meus olhos e pisquei algumas vezes, tentando dispersar as lágrimas. Eu estava magoada. “Não fale assim comigo, você está me desrespeitando!”.

“Eu falo do jeito que eu bem entender”. Gritou ela novamente e desta vez, segurou forte no meu braço. “Você vai ligar pra aquela maldita e vai dizer que não irá mais trabalhar para ela!”.

Puxei o meu braço. “Não irei fazer isso. Você não manda em mim!”. Respondi com a voz agora alterada, as drogas das lágrimas caindo. Eu odeio quando a Dulce fica assim.

“Você vai!”. Ordenou ela. “Por que se você não for se demitir, também não precisa mais voltar, o nosso relacionamento estará terminado aqui e agora! O que decidi?”. Perguntou ela, com os olhos desafiadores.

Mais uma vez fiquei surpresa, mas desta vez também estava indignada. “Você não pode fazer isso!”.

“Ah não?”. Ela arqueou a sobrancelha, ainda com os olhos desafiadores. Ela não estava raciocinando direito. Essa não era a Dulce que eu conhecia, ou, essa era a parte de Dulce que eu não conhecia.

“Não. Você não pode impor a sua opinião e espera que eu aceite com chantagem. Você está relacionando com um ser humana e não uma marionete. Eu não irei cair nessa sua chantagem, também não irei me demitir. Você sabe o que trabalhar significa para mim!”. Eu disse, limpando as minhas lágrimas que caiam desesperadamente, eu estava tão indignada.

Ela apontou o dedo pra minha cara. “Comigo é assim. Se quiser ficar é de acordo como eu quero. Se não está de acordo, a porta da rua é serventia da casa”. Falou com voz fria.

Arregalei os meus olhos, chocada com a sua frieza e o modo que estava colocando um fim em nosso relacionamento. “V-você está terminando comigo?”. Perguntei estupidamente.

“Sim. Vá embora! Não estrague minha noite mais do que estragou. Pode ir atrás daquela ridícula”. Dulce se virou e se afastou de mim, indo em direção da floresta.

Eu ainda fiquei uns minutos parada olhando-a ir. Não tinha caído na real ainda. Ela tinha realmente terminado comigo por uma besteira! Dei a volta e corri para o meu carro. Entrei em meu carro e dei partida, mas parei no meio da estrada por as lágrimas atrapalharem a minha visão. Tive uma crise de choro, sem acreditar no que tinha me acontecido. Esmurrei o volante diversas vezes. A dor era forte, toda parte de mim, não estava aceitando isso. Eu não aceita perder o amor da minha por conta de uma enorme besteira. Mas era impossível falar com Dulce daquele jeito.

O meu celular tocou, enxuguei as minhas lágrimas e atendi. “Alô?”.

“Onde você está Anahí?”. Era o meu pai.

“Já estou chegando”. Desliguei sem esperar a resposta.

Liguei o meu carro e fui para minha casa, ainda chorando pelo caminho. Parei no estacionamento. Ainda demorei uns cinco minutos para me recompor. Peguei a minha bolsa e entrei em casa.

O Enriquei veio pra cima de mim, berrando. “Já viu a hora? Onde estava? No trabalho que não foi!”.

Eu estava sem paciência para o meu pai e suas coisas. “Estava dando uma volta de carro. Satisfeito? Não? Então, problema teu. Agora não me enche!”. Gritei furiosa.

Enrique parou e me olhou de queixo caído. Virei-me e subi as escadas correndo e me tranquei no meu quarto antes que ele viesse encher. Deitei em minha cabeça e voltei a chorar.

Droga de vida!

**

“Eu sabia que minha irmã iria estragar o seu relacionamento de alguma maneira”. Disse o Poncho, balançando a cabeça em negativa, depois que eu contei tudo o que falei para ele sobre ontem.

“Sua irmã não tem culpa pela estupidez de Dulce”. Defendi a Maite, porque verdade seja dita. Ela realmente não tem culpa.

Estávamos dando um role pela cidade. Não tinha nada para fazer e eu estava me prendendo para não correr atrás de Dulce. Queria que ela colocasse a mão na consciência e percebesse o seu erro.

“Mas se no início, ela não tivesse jogado charme com você, a Dulce não teria essa implicância com ela! É lei de Newton, minha querida: Cada ação, uma reação. A reação de ontem de Dulce, foi de acordo com a ação de Maite no passado”. Contrabateu o Poncho, defendendo firmemente a Dulce.

O olhei de relance. “Você acha certo que Dulce tenha terminado comigo por isso? Acha coerente? Está dando razão a ela?”. O questionei irritada.

“Não. Não acho certo, mas estou apenas dizendo que esse ciúme tem um fundamento, mesmo que você não tenha nada com a Maite. Ela tem medo de te perder”.

“Tem tanto medo de me perder que terminou comigo e...”. Eu ia continuar falando quando vi a minha ex-namorada saindo de um restaurante com uma morena de tirar o fôlego, pisei no acelerado, fazendo o Poncho ir de vez para frente, já que ele estava sem cinto.

“Porra, Any! Tá louca?”. Perguntou o Poncho, esfregando a sua testa. Ao ver que eu estava paralisada, olhou na direção que eu olhava. “Tá vendo o que, mona... Ah, é a Dulce?”.

“Sim!”. Eu gritei assustando o meu amigo. “É aquela cretina com outra mulher”. As duas estavam próximas, a desconhecida falou alguma coisa no ouvido de Dulce e ela sorriu. “Ela não está nem... Nem sofrendo por mim. Eu pensei que ela estaria arrasada, mas está aqui com outra, enquanto eu estou me roendo por ela!”. Já estava chorando. Eu era muito trouxa mesmo. “Agora eu entendo o motivo do término! Não foi por causa de um suposto ciúme por mim! Foi por ter outra!”. Falei aos soluços.

“Amiga, não tire conclusão precipitada, você não sabe que está acontecendo e...”. Não o deixei terminar de falar e pisei no acelerador, jogando novamente o Poncho para frente.

Ele me xingou, mas parou ao ver que eu estava realmente muito mal. A minha cabeça parecia que estava girando com essa nova informação. Todo o meu relacionamento com a Dulce passou diante dos meus olhos. Desde quando ela estava com outra? Desde quando estava me traindo? E eu era tão fiel!

Poncho tentava conversar comigo, mas eu só chorava presa em meus pensamentos. Até que parei novamente. Mas desta vez, ele estava preparado e usava o cinto de segurança. Abri o porta-luvas e retirei a minha carteira de dentro. Tirei meu cinto e sai do carro. Ele logo correu atrás de mim.

“Amiga. O que você vai fazer?”. Quis saber ele, curioso ao me ver abrindo a carteira e tirando a identidade falsa.

Apontei para o pub. “Encher a cara até não poder mais!”. Aproximei-me e mostrei a minha carteira para o segurança que liberou o meu acesso.

“Anahí não!”. Ainda gritou o Poncho, porém, era tarde demais. Eu já tinha entrado no pub que tinha gente mais velha. De cara, percebi que era um pub GLS. Tinha algumas lésbicas masculinas, que me olharam como se eu fosse um grande pedaço de carne.

Sentei-me no bar. “Dose dupla de tequila”. Pedi para barman, que deu uma rápida olhada em mim e sorriu de canto dos lábios.

“Dia difícil?”. Perguntou ela ao me dá o drinque.

“Sim”. Respondi, virando o drinque sem me preocupar com sal ou limão. Fiz uma enorme careta e bati o copo na bancada. “Outra”.

A barman riu, enchendo o meu copo novamente...