Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Mesmo estando no melhor hospital, era um saco. Eu não via a hora de voltar para Rosewood, para casa, para minha vida. Os dias se passaram arrastando-se, a sorte que eu tinha sempre a Dulce e Marichelo coladas em mim. Eu estava feliz por estar ao lado do amor da minha vida e da minha mãe, porém, alguma coisa dentro de mim estava errada. Não era nada fisiologicamente, era psicologicamente mesmo e eu sabia o que se tratava... O meu coração estava perdoando o Enrique e eu me sentia mal por não expressar isso para ele. Eu sei que ele foi terrível, mas era o meu pai. O meu coração era puro, eu não sabia guardar rancor por muito tempo, aliás, acho que eu nem sabia o que era palavra rancor. Por um lado, eu era muito feliz por não ter ódio em longo prazo de ninguém, mas por outro lado, era meio ruim, porque as pessoas que sabiam da minha capacidade de perdoar, ás vezes, pisavam na bola, mas sabendo que não daria em nada, já que eu desculparia de todo o jeito.

Amanhã eu iria receber alta médica. Graças a Deus, não apresentei nenhuma anormalidade. Então, não tinham porque me prender mais no hospital, mas eu precisava cumprir o prazo de sete dias.

Dulce tinha saído para almoçar e Marichelo estava assistindo alguma coisa na televisão. Eu fiquei olhando para minha mãe por um longo tempo, sem saber como iria abordá-la. Resolvi ser direta.

“Mãe...”. Chamei baixinho. Ela rapidamente olhou para mim e se levantou preocupada. O ruim de estar no hospital, é que as pessoas acham que qualquer chamado ou movimento era sinal de alguma coisa ruim.

“Oi meu amor. Sente-se bem?”. Ela perguntou, me olhando fixamente.

“Sim...”. Respirei fundo. “Eu só queria saber como você está com o papai...”.

Marichelo ficou dura, por um momento, os seus olhos se perderam no nada, achei que ela não iria responder. “Eu estou muito magoada com o seu pai, sempre que olho para ele, me lembro de você em coma...”. Respondeu com os seus olhos cheio de lágrimas.

“E o que você pretende fazer? Amanhã estou de alta e voltaremos para Rosewood. Como ficará o papai?”. Perguntei entristecida, não queria ser o motivo da separação dos meus pais.

“Eu não sei querida. Mas acho que o seu pai terá que passar um tempo em algum hotel”. Ela respondeu com os olhos doloridos.

“Mãe...”. Eu peguei a sua mão, os meus olhos lacrimejavam agora. “Eu sei que o papai foi um idiota e que fez coisas que tenho certeza que nessa altura do campeonato, ele está muito arrependido. Não acha que ele merece uma segunda chance? Todo mundo merece uma segunda chance nessa vida. Eu acredito que aprendemos com os nossos erros. Eu aprendi, você aprendeu e o Enrique deve ter aprendido também”.

Marichelo segurou a minha mão. “O que você que dizer com isso? Que perdoou o seu pai?”. Ela me perguntou atentamente.

“Sim”. Respondi com um sorriso. “E acho que você deveria fazer o mesmo. Somos humanos, temos a tendência a fazer babaquice. Enquanto eu estive no leito desse hospital, pensei muito sobre o papai... E não quero carregar essa sensação horrível dentro do meu peito. Então, decidi que quero vê-lo. Você poderia ligar para ele? Por favor?”.

Minha mãe ficou muito surpresa com o meu pedido, mas ligou para o meu pai. Dulce voltou do almoço e não aparentou surpresa quando eu disse que queria falar com o meu pai. Ela sabia que iria acontecer, porque sabe como é o meu coração e como ele funciona Então, quando bateram na porta do quarto, uma hora depois... Ela e minha mãe saíram do quarto para me dar privacidade com o meu pai.

Eu não estava mais no leito. Estava em pé, olhando a cidade de São Paulo pela janela, as pessoas pareciam formiguinhas caminhando rapidamente. Cada pessoa tinha o seu drama, a sua história e o seu sofrimento. Cada pessoa carregava uma cruz. A minha cruz não era a mais pesada e nem a mais leve do que de outra pessoa, apenas era a minha cruz. Eu não olhei em direção do meu pai ainda, mas o meu coração bateu aceleradamente no peito e os meus olhos já choravam. Eu podia sentir os soluços do meu pai. Era a primeira vez que nos vínhamos depois de quase uma semana, depois que acordei do coma.

“Anahí...”. A sua voz era quase um suspiro, senti uma dor ao perceber tanto sofrimento em sua voz. “Filha... Eu sei que eu fui um canalha com você, que fiz muitas besteiras, que deixei o meu orgulho sufocar a sua felicidade. Tudo se resumiu nisso: Em orgulho. E hoje, eu sofro muito por isso, eu... Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo errado, minha filha! Eu fiquei cego, no fundo, também fiquei com medo de que você deixasse de me ver como herói, a Dulce é tão melhor que eu... Ela sabe bem mais do que eu e você a olhava com uma admiração tão grande que me fez se sentir ciúme e raiva por nunca ter recebido esse olhar de você. Eu não entendia que os motivos eram distintos”. A sua voz sufocou por uns minutos pelo choro. Ele tocou o meu ombro, no primeiro momento me fez se encolher um pouco ao me lembrar da surra, depois relaxei, sabia que ele não iria me fazer mal. Não mais. “Eu fiquei com medo de perder você, de perder o lugar que exercia em sua vida...”.

“Você nunca iria me perder... Você é o meu pai. O homem que ajudou na minha concepção. E Dulce é a mulher que eu escolhi para amar. Eu e Dulce poderíamos acabar algum dia, porém, eu e você não...”. Virei-me para ele, chorando, o meu pai estava mais magro, parecia que tinha ficado mais velho desde a última vez o que vi. O meu coração ficou fragilizado quando o vi daquela maneira. “... Nosso vínculo, nosso laço sempre seria e sempre será eterno, pai. Não precisava fazer o que fez comigo. Você quase destruiu a minha vida, me tirou do País no meio do ano letivo, perto do Sat! Não me fez apenas sofrer, mas como também a Dulce, a minha mãe, o meu irmão, os meus amigos, você mexeu na vida de tantas pessoas apenas por ser achar o dono da razão, por não ter humanidade e nem humildade para aceitar que estava errado... Adiantou alguma coisa pai?”.

“Não! Eu sei que não. Eu sei que o que eu fiz foi imperdoável”. Ele segurou em meu rosto e me olhou nos olhos. “Eu fui tão idiota, não conseguia enxergar isso, a única coisa que pensei era que tinha que lhe tirar perto da mulher que me roubava você. Demorou tanto para minha ficha cair, foi preciso você tentar tirar a sua... Vida, para eu me dá conta o quanto estava sendo tirano. Eu sempre vou me punir pelo resto da vida pelo o que fiz pra você, pra Dulce, pra nossa família... A minha subconsciência é o meu pior inimigo. Eu estou me destruindo todos os dias, porque basta eu fechar os olhos para ser torturado pelas minhas memórias. Quando me lembro das coisas que fiz, me envergonho das minhas atitudes, da minha irracionalidade. Destruir a minha vida também, o meu casamento á troco de nada. Minha ignorância foi maior que tudo e Deus sabe como estou amargando... Eu sei que é difícil, mas você acha que poderia me perdoar? Nesse momento, eu preciso do seu perdão para viver. Eu sinto que vou deteriorar se não tiver o seu perdão. Eu sei que podemos resgarar novamente o que tínhamos antes. Eu posso voltar a ser o seu pai e você ser a minha filha?”. Ele pediu chorando, os seus olhos eram verdadeiros.

Lembrei-me no aeroporto de Rosewood quando ele disse que não precisava do meu perdão para viver... Como o mundo dá voltas e as pessoas acabam pagando pela própria língua. Mas eu não estava aqui para julgar o meu pai, eu sentia sinceridade em suas palavras, eu sabia que ele estava sofrendo, acho que até mais que eu que passei por tudo. Eu não iria ficar me vitimando. Eu sabia que o meu pai estava segurando a sua cruz e que neste momento, a cruz era pesada demais para ele. Eu já o tinha perdoado mesmo, não tinha porque colocar mais peso nessa cruz.

Eu limpei as suas lágrimas e sorrir carinhosamente. Eu não sei como a vida dele seria daqui para frente, a única coisa que sabia é que ele iria precisar de muito para ter tudo que perdeu de volta. Mas eu estaria de consciência limpa por fazer a coisa certa, esse peso, eu não iria carregar comigo. “Eu te perdoo”. Foi uma simples palavra, mas eu vi um grande peso saindo das costas do meu pai.

Ele me abraçou firmemente entre lágrimas e risos, ele parecia não acreditar que eu tinha o perdoado. Não demorou muito para que Dulce entrasse no quarto juntamente com a Marichelo. Minha namorada sorriu levemente com a cena, acho que eu não era a única que tinha perdoado o Enrique... Agora Marichelo, apesar dos olhos cheio de lágrimas não parecia que iria perdoá-lo por muito tempo. Bem, isso não dependia de mim.

O Enrique ainda ficou um tempo conosco. As coisas estavam estranhas, como eu disse... Ele iria precisar construir novamente o que perdeu, como a nossa confiança. O vazio que eu tinha dentro do meu peito foi preenchido e agora eu me sentia completa e em paz...

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Obrigada meninas por me desejar melhoras! Eu acho que estou com a bendita de dengue! Argh! :( Obrigada também pelos comentários, adoro vocês!

A web está na etapa final...

Agora a pergunta que não quer calar: Segunda temporada? Sim ou não?