Fanfic: Como tudo aconteceu. — FINALIZADA. | Tema: Portiñon, Dulce e Anahí. AyD.

Dois anos antes...

Pov Anahí

Ela me traiu! Ninguém me disse, ninguém inventou. Eu vi. Simplesmente eu vi a mulher que eu julgava ser o amor da minha vida tinha me traído com uma desclassificada. Uma mulher tão... Baixa. Eu não tinha palavras para descrever o que eu estava sentindo nesse momento. Eu não tinha palavras para descrever a mulher que Dulce tinha me traído. Eu não tinha palavras para descrever a Dulce neste momento.

Estava sentindo tudo, como uma lava de vulcão queimando e dilacerando a minha carne aos poucos, até que eu fique totalmente chamuscada. Os meus olhos estavam vermelhos, e tinha certeza que minhas íris estavam mais azuladas que o habitual. O ódio me consumia. A revolta me consumia. A fúria me consumia. A angustia me consumia. A mágoa me consumia. A dor me consumia. Tudo me consumia, me empurrava para um buraco fundo sem volta.

Eu me sentia uma babaca parada no centro daquela recepção glamorosa. Era a noite de estreia do livro de Dulce... O livro que apoiei tanto para ela fazer, que estive ao seu lado em todos os momentos, os fáceis e os difíceis. Fui companheira, amiga, mulher, amante, conselheira... E para que? Para receber um imenso par de chifres!

Eu queria esbofeteá-la... Queria tirar aquele sorriso que ela exibia... Meu Deus! Eu queria mata-la.

Sinto-me tremula, as lágrimas queimam em meus olhos, mas não eram lágrimas de tristeza. Eram lágrimas de ódio. Dez anos de casamento jogado no lixo por um momento. Ou será que foram vários momentos? Perguntei-me, me torturando.

Aceitei uma taça de vinho que o garçom oferecia, e o virei em um gole. Pegando outra taça em seguida, enquanto, observava a traíra da minha esposa juntamente com a sua amante.

Dulce continua sorrindo, sua mão segurava discretamente a mão de sua assistente, Rose. O seu dedo polegar fazia pequenas caricias na palma da mão de Rose, que sussurrava algo no ouvido de Dulce, que por um momento olhou para os lados e acenou com a cabeça para Rose. Ambas saíram. Na realidade, afastaram-se um pouco da vista dos convidados. Mas não o suficiente para sumir de minha vista, pendi a cabeça para o lado, apenas para presenciar um rápido beijo da minha esposa e sua assistente.

Naquele momento, apertei com tanta força minha taça que se o cristalino fosse fraco, tinha quebrado. Era um pesadelo. Meu Deus. Só pode ser um péssimo pesadelo. Dei um passo a frente, mas uma mão me segurou, virei-me para pessoa.

“Anahí, meu Deus. Você está maravilhosa!” elogiou uma colega de trabalho, Lívia. Eu nem sabia que Lívia tinha conhecimento do trabalho da minha esposa... Aliás, nem sabia que fazia o estilo de Lívia o tipo de livro que Dulce escrevia.

Lívia trabalhava comigo há exatamente seis meses. Ela sempre forçava uma amizade que eu não estava muito disposta a oferecer, tinha algo estranho nela... Talvez, fosse aqueles olhos dourados de predadora que me deixava um pouco intimidada. Sinceramente? A mulher era linda! Esplendorosa era a palavra certa naquele cabelo ruivo natural e sardinhas. Tentei não me focar muito na roupa que ela usava, meus olhos ficaram apenas fixos em seu rosto. Mas eu sabia que ela tinha um corpo magnifico, eu já tinha reparado antes.

“Lívia” eu respondi, tentando não ser áspera na tonalidade da minha voz “Obrigada, muito gentil da sua parte” dei um breve sorriso para ela e meus olhos buscaram novamente Dulce e sua amante.

“Não é gentileza. Você está realmente deslumbrante essa noite, desde que cheguei não conseguir tirar os olhos de você!” Ela continuou a falar, o detalhe que a sua mão continuava pairada em meu braço.

Nesse momento, meus olhos voltaram-se para ela novamente e a olhei direito. Ela usava um vestido longo, elegante... Diferente dos terninhos do escritório.

O meu corpo não era o mesmo de dez anos atrás. Eu tinha passado por uma maternidade. Tinha ganhado mais curvas, mais carnes em lugares que eu não gostaria de ter tanto assim. As pessoas comentavam que a maternidade tinha me deixado divina, e a maturidade também, mas mulher que é mulher sempre acha um pequeno defeito em seu corpo. Meus seios estavam mais volumosos, minhas nádegas e minhas coxas também.

Eu tinha me produzido como uma idiota naquela noite. Tinha largado do trabalho e corrido para o salão de cabelereiro, tinha retocado as luzes dos meus cabelos, tinha me maquiado e escolhido um vestido vermelho sangue que combinava com a cor dos meus lábios... O vestido tinha uma abertura deixava a minha perna direita exposta, e um decote ousado nas costas. E claro, meus queridos louboutins. Usava as joias que Dulce tinha me presenteado quando comemoramos dez anos de casamento no mês passado.

Eu não era mais nenhuma adolescente boba. Eu sabia quando uma mulher estava com intenção em mim. E Lívia deixava isso bem claro. Após olhá-la por um breve segundo, disse “Com licença, Lívia. Obrigada por comparecer”.

Afastei-me de Lívia e me aproximei de Dulce que agora assinava o seu livro. Ela já era uma escritora reconhecida, de renome. Seus exemplares de livros anteriores tinha sido de grande sucesso, então, este livro era bastante esperado pelos críticos.

Dulce gostava de escrever sobre sexo, traição, drama. Os seus livros eram recheados de tragédia e sexo envolvente. O livro de agora, com o título “Absolutamente sua”, era a estória de uma mulher que se apaixonava loucamente pela sua chefe inatingível... Mas ela usava todos os seus ponderes de persuasão até que envolve a sua chefe que se apaixona loucamente pela sua funcionária.

Meu olhar foi de Dulce para Rose que estava próxima dela o tempo todo. Ás vezes, Dulce olhava pra ela e eu percebia um brilho diferente nos olhos âmbar. Eu conhecia aquele brilho, aquele brilho foi direcionado á mim por muito tempo.

Senti-me imensamente esgotada, principalmente que os olhos de Dulce encontraram os meus. Ela me encarou por um longo momento e sorriu, aquele sorriso lindo que por muito tempo eu fui apaixonada, agora só sentia o gosto amargo da traição. Ela franziu o cenho, quando não obteve o meu sorriso, a preocupação pairou na feição dela. Eu levantei a taça num brinde silencioso a ela, virei-me e sair sem olhar para trás.